Conquistar um diploma de curso superior não garante
às mulheres a equiparação salarial com os homens, mostra o estudo "Mulher
no mercado de trabalho: Perguntas e Respostas", divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta segunda-feira, quando se
comemora o Dia Internacional da Mulher.
Segundo o trabalho, baseado na Pesquisa Mensal de
Emprego (PME) de 2009, nos diversos grupamentos de atividade econômica, a
escolaridade de nível superior não aproxima os rendimentos recebidos por homens
e mulheres. Pelo contrário, a diferença acentua-se.
No caso do comércio, por exemplo, a diferença de
rendimento para a escolaridade de onze anos ou mais de estudo é de R$ 616,80 a
mais para os homens. Quando a comparação é feita para o nível superior, ela é
de R$ 1.653,70 para eles.
No entanto, no grupamento da Construção, as
mulheres com onze anos ou mais de estudo tem rendimento ligeiramente superior
ao dos homens com a mesma escolaridade: elas recebem em média, R$ 2.007,80,
contra os R$ 1.917,20 dos homens.
No geral, informa o IBGE, o rendimento de trabalho
das mulheres, estimado em R$ 1.097,93 continua inferior ao dos homens (R$
1.518,31). No ano passado, comparando a média anual de rendimentos dos homens e
das mulheres, verificou-se que as mulheres ganham em torno de 72,3% do
rendimento recebido pelos homens. Em 2003, esse percentual era de 70,8%.
Mesmo em um grupo mais homogêneo, com a mesma
escolaridade e do mesmo grupamento de atividade, a diferença entre os
rendimentos persiste. Tanto para as pessoas que possuíam onze anos ou mais de
estudo quanto para as que tinham curso superior completo, os rendimentos da
população masculina eram superiores aos da feminina.
Aumentou a escolaridade das mulheres que procuram
trabalho
Em 2009, entre o 1,057 milhão de mulheres
desocupadas e procurando por trabalho, 8,1% tinham nível superior. Houve um
aumento na escolaridade dessas mulheres, visto que em 2003, em média, 5% tinham
nível superior. Esse crescimento resulta do aumento da escolaridade de uma
forma geral.
O aumento da escolaridade também pode ser observado
em outros níveis. Em 2003, em média, 44,7% das mulheres desocupadas tinham onze
anos ou mais de estudo. Em 2009, essa proporção ultrapassou significativamente
a metade da população (59,8%). Verificou-se que a população feminina desocupada
é proporcionalmente mais escolarizada que a população feminina acima de 10
anos. Enquanto, em média, 81,2% da população feminina desocupada tinham oito
anos ou mais de escolaridade, na população em idade ativa este percentual era
de 61,1%.
Já a parcela das mulheres ocupadas com nível
superior completo era de 19,6%, também superior ao dos homens (14,2%). Com
ensino médio completo (com onze anos ou mais de estudo), eram 61,2% das
trabalhadoras, enquanto que para os homens, a parcela é de 53,2%. Por outro
lado, nos grupos de menos escolaridade, a participação dos homens era superior
a das mulheres.
35,5% das mulheres tinham carteira de trabalho
assinada
O Estudo do IBGE acrescenta, no entanto, que, em
2009, aproximadamente 35,5% das mulheres estavam inseridas no mercado de
trabalho como empregadas com carteira de trabalho assinada, percentual inferior
ao observado na distribuição masculina (43,9%). As mulheres empregadas sem
carteira e trabalhando por conta própria correspondiam a 30,9%. Entre os
homens, este percentual era de 40%. Já o percentual de mulheres empregadoras
era de 3,6%, pouco mais da metade do percentual observado na população
masculina (7,0%).
Mulheres trabalham 38,9 horas semanais em média
Apesar de desde 2003 ter ocorrido uma redução de
aproximadamente 36 minutos na diferença entre a média de horas trabalhadas por
homens e mulheres, no ano passado as mulheres continuaram trabalhando, em
média, menos que os homens. Cabe esclarecer que essa queda foi ocasionada pela
redução na média de horas trabalhadas pelos homens. As mulheres, em 2009,
trabalharam 38,9 horas, 4,6 horas a menos que os homens.
As mulheres trabalhavam menos que os homens em
todos os grupamentos de atividade. Com a exceção das mulheres ocupadas em
"Outros Serviços", as demais atividades apresentaram aumento da média
de horas trabalhadas para as mulheres. No grupamento "Administração
Pública", as mulheres trabalharam, em média, 36,4 horas semanais.
Em 2009, as mulheres com 8 a 10 anos de estudo
foram as que declararam trabalhar mais horas semanais (39,4 horas). No entanto,
aquelas com 11 anos ou mais de estudo foram as que apresentaram a menor
diferença na média de horas trabalhadas em relação aos homens, 3,6 horas. Em
2003, esta diferença era de 4,4 horas.
As mulheres com 01 até 03 anos de estudo foram as
que apresentaram a maior diferença (7,2 horas) na média de horas
trabalhadas, quando comparadas aos homens. Tal realidade é similar à verificada
em 2003, quando a diferença era de 7,3 horas.
O número de horas trabalhadas pelas mulheres que
possuíam curso superior completo somente ultrapassava ao das que tinham até 03
anos de estudo.
Já as mulheres com 11 ou mais anos de estudo foram
as únicas a aumentar a média de horas trabalhadas semanalmente, em todo o
mercado de trabalho: de 38,8 horas em 2003 para 39,1 horas em 2009.
Cresceu o percentual de mulheres adultas querendo
trabalhar
A população feminina desocupada (1,057 milhão de
mulheres, em 2009) está muito concentrada no grupo etário entre 25 e 49 anos de
idade. Em 2003, as mulheres, nesta faixa etária correspondiam a 49,3% da
população feminina desocupada. Em 2009, elas já eram mais de metade: 54,2%.
O Globo - 08/10/2010
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