Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

terça-feira, 12 de maio de 2015

A localização no espaço e os sistemas de informações

1- Introdução:
Localizar-se, estabelecer caminhos e orientar-se para seguir a direção certa: isso sempre acompanhou a história do homem na Terra. O que mudou, ao longo do tempo, foram os recursos (equipamentos, instrumentos), as características do espaço geográfico e, por consequência, os referenciais para localização e para orientação. 
Dependendo das características do espaço geográfico, dos aspectos culturais dos povos, da disponibilidade de equipamentos, recursos, como plantas e mapas, e dos referenciais, a maneira de orientar-se e localizar-se variam. 
Pode-se localizar tomando por base referenciais como ruas, construções, estradas, rios, etc (situação comum à maioria das pessoas), ou por meio de conhecimentos geográficos, tais como: interpretação de plantas e mapas; domínio de noções sobre coordenadas geográficas - latitude e longitude -, manuseio e leitura de equipamentos, como GPS, bússola. 

1.1- As Coordenadas Geográficas
A localização de um lugar é definida pelas coordenadas geográficas (latitude e longitude) e pela altitude. Sua posição está ligada ao conjunto de relações que foram estabelecidas entre esse lugar e os outros lugares, dentro do espaço geográfico.
Embora o conceito de espaço geográfico envolva elementos concretos e abstratos, para a localização de um lugar no espaço precisamos trabalhar com algo concreto: um local onde podemos nos mover, levando em conta as direções e a altitude.
Existem diversas formas de orientação, uma delas é a dos pontos cardeais. Pontos cardeais correspondem aos pontos básicos para determinar as direções e são concebidos a partir da posição na qual o Sol se encontra durante o dia. Os quatro pontos são: Norte (sigla N), denominado também de setentrional ou boreal; Sul (S), chamado igualmente de meridional ou austral; Oeste (O ou W), conhecido também como ocidente; e Leste (E), intitulado de oriente.
Para estabelecer uma localização mais precisa são usados os pontos que se encontram no meio dos pontos cardeais. Esses pontos intermediários são denominados de pontos colaterais: Sudeste (entre sul e leste e sigla - SE), Nordeste (entre norte e leste - NE), Noroeste (entre norte e oeste - NO) e Sudoeste (entre sul e oeste - SO).
Existem ainda maneiras mais precisas de orientação, oriundas dos pontos cardeais e colaterais. Nesse caso, refere-se aos pontos subcolaterais que se encontram no intervalo de um ponto cardeal e um colateral, que totalizam oito pontos. São eles: norte-nordeste (sigla NNE), norte-noroeste (NNO), este-nordeste (ENE), este-sudeste (ESE), sul-sudeste (SSE), sul-sudoeste (SSO), oeste-sudoeste (OSO) e oeste-noroeste (ONO).
Para inserir todos os pontos apresentados foi criada a rosa dos ventos, chamada também de rosa dos rumos e rosa-náutica.

Em geografia, a ideia de direção nos é dada pela orientação, baseada nos pontos cardeais, colaterais e Subcolaterais, representados na figura denominada rosa-dos-ventos.


Vale salientar também que existem também outras denominações para os pontos geográficos a saber:
ü  meridional ou austral significa dizer que está ao sul;
ü   setentrional ou boreal significa dizer que está ao norte;
ü   ocidente quer dizer que está ao oeste;
ü   oriente quer dizer que está ao leste;
ü   sul-oriental que dizer que está ao sudeste;
ü   sul-ocidental quer dizer que está ao sudoeste;
ü   norte-oriental quer dizer que está ao nordeste;
ü  norte-ocidental quer dizer que está ao noroeste.

1.2. Paralelos e Latitude

Paralelos são linhas imaginárias traçadas paralelamente ao Equador, círculo máximo que divide a Terra em dois hemisférios: norte e sul. Onde a Linha do Equador é considerado o principal paralelo e é definida como 0º.
Além da Linha do Equador, há quatro outros paralelos importantes:
No Hemisfério Norte, temos o Círculo Polar Ártico e Trópico de Câncer. No Hemisfério Sul, temos o Círculo Polar Antártico e Trópico de Capricórnio.




Latitude é a distância, medida em graus, de qualquer lugar da superfície terrestre a Linha do  Equador.



1.2.1- A importância da latitude
A latitude é um fator importantíssimo para explicar as diferenças térmicas, isto é, as diferenças de temperatura na superfície terrestre. Geralmente as temperaturas diminuem do Equador para os polos.
Assim, quanto menor a latitude, maior a temperatura, e vice-versa. As áreas de altas latitudes, ou seja, mais distantes do Equador, são mais frias que as de baixas latitudes.
É importante saber que essas diferenças de temperatura são aproximadas, não absolutas. Em geral as áreas temperadas são mais frias que as equatoriais e mais quentes que as polares, mas há exceções. Existem áreas muito frias situadas dentro da zona tropical e áreas quentes, dentro da zona temperada. Porque além da latitude outros fatores influenciam na temperatura, como a altitude.

OBS. A ALTITUDE  é a distância vertical medida entre um determinado ponto, e o nível médio do mar. A altitude e a temperatura do local em que ela é mensurada são grandezas inversamente proporcionais, pois quando a altitude aumenta, a temperatura ambiente diminui aproximadamente de 0,6 a 1 grau Celsius.

1.3 – Meridianos e Longitude
Meridianos são linhas imaginárias que cortam perpendicularmente os paralelos e vão de um polo a outro. O ponto de partida para a numeração dos meridianos é o de Greenwich (que recebe esse nome porque passa pelo observatório de nome Greenwich, em Londres) ou meridiano inicial. Esse meridiano divide a Terra em hemisfério ocidental ou oeste e hemisfério oriental ou leste.
O meridiano de Greenwich e a longitude têm um papel importante na definição das diferenças de horas que ocorrem entre vários lugares da Terra.
Em 1884, os Estados Unidos e o Reino Unido assinaram o Acordo de Washington, pelo qual os norte-americanos passariam a tomar Greenwich como seu meridiano referencial.
Pesaram nessa decisão a hegemonia britânica no mundo, além da necessidade da precisão horária num país como os Estados Unidos, em que uma ferrovia transcontinental atravessa, de costa a costa, cerca de 4 mil quilômetros.
Alguns países opuseram-se à definição de Greenwich como meridiano principal, entre eles a França. Foram realizadas várias negociações, até que foi encontrada uma solução: todos adotariam Greenwich, e o sistema métrico, cujo padrão é o metro, seria adotado como o sistema de medidas internacional. O Reino Unido, a partir de então, usaria esse sistema em substituição ao uso de medidas em polegadas. Assim, oficializou-se o meridiano de Greenwich como o meridiano inicial para a definição das posições dos pontos sobre a superfície terrestre no Congresso Internacional de Geografia realizado em Londres em 1895.



Longitude é a distância, medida em graus, de qualquer lugar da Terra ao meridiano de Greenwich.



1.4- As Zonas Térmicas e as estações do ano
Vocês já sabem que os meridianos e os paralelos são indicados por graus de circunferências e que algumas dessas linhas recebem nomes especiais. É o caso da linha do Equador e do meridiano de Greenwich, que são as coordenadas iniciais, isto é, 0°.
Além do Equador, há outros paralelos que recebem nomes próprios, pois são muito importantes. São eles:
ü  Trópico de Câncer – a 23° 27’ de latitude norte;
ü  Trópico de Capricórnio – a 23° 27’ de latitude sul;
ü  Círculo Polar Ártico – a 66° 33’ de latitude norte;
ü  Círculo Polar Antártico - a 66° 33’ de latitude sul.


Os trópicos e os círculos polares são importantes porque servem de limite para as zonas da Terra. Essas zonas são chamadas assim para destacar a influência da insolação ou luminosidade solar e porque há uma inclinação de aproximadamente 23°.
Essa inclinação favorece, associada ao movimento de translação da Terra, o surgimento das estações do ano caracterizado pelos solstícios e equinócios.
ü  Zona tropical: é a faixa, das baixas latitudes, localizadas entre os trópicos. Por isso, também chamada de zona intertropical. Caracteriza-se por receber mais intensamente a luz solar, pois nela os raios do Sol incidem verticalmente, ficando “a pino” ao meio-dia. Como o calor da superfície terrestre vem do Sol, é fácil concluir que esta é em média a zona mais quente do nosso planeta.

ü   Zonas temperadas: são zonas localizadas em latitudes médias, compreendidas entre o trópico e o círculo polar, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul. Nessas zonas, os raios do Sol nunca ficam realmente “a pino”, pois incidem de modo mais ou menos inclinado. Quando maior o afastamento em relação ao Equador, maior será a inclinação dos raios solares, o que reduz a quantidade de luz e calor recebidos do Sol. Assim, as zonas temperadas são menos quentes e iluminadas que a zona tropical.

ü  Zonas polares: são as zonas de altas latitudes, localizadas além dos círculos polares, tanto no hemisfério norte como no hemisfério sul. Essas zonas recebem os raios do Sol muito inclinados e, portanto, muito fracos. Por causa disso, são muito frias. Há períodos do ano em que o Sol nem aparece.

A maior parte do território brasileiro, por exemplo, situa-se na zona intertropical. Daí porque no Brasil, em geral, predominam temperaturas elevadas.

1.4.1- As estações do ano
O planeta Terra não apresenta uma dinâmica climática homogênea, ou seja, igual em todos os seus pontos. Boa parte dessas variações é explicada pela existência das diferentes estações do ano, que ocorrem principalmente por causa da existência do movimento de translação e também por causa da inclinação do eixo de rotação terrestre, que se encontra 23,5º inclinado em relação ao seu plano orbital.



Em virtude dessa dinâmica, o planeta possui um total de quatro estações do ano: primavera, verão, outono e inverno. Na verdade, essa divisão é hoje adotada em razão da matriz europeia sobre a qual se constituíram as ciências, pois nesse continente elas são mais facilmente percebidas dessa forma. Em regiões mais próximas à Linha do Equador, por exemplo, o mais comum é que se perceba, geralmente, apenas duas grandes estações, uma mais seca e outra mais chuvosa.
De toda forma, é importante entender que as estações do ano apresentam-se de forma inversa nos hemisférios norte e sul. Assim, quando é inverno no norte, é verão no sul; da mesma forma que quando é primavera no norte, é outono no sul, e vice-versa.
Além disso, quando estamos no período de verão/inverno nos hemisférios, estamos na época dos solstícios e, quando estamos no período de outono/primavera, estamos na época dos equinócios.

Durantes os solstícios, como podemos observar na figura acima, a Terra recebe níveis diferentes de iluminação, por isso os dias e as noites possuem durações diferentes. Já durante os equinócios, os dias e as noites possuem a mesma duração. Vamos acompanhar, a seguir, as principais características das diferentes estações do ano:

Primavera – durante a primavera, dias e noites possuem a mesma duração. Pelo menos isso é o que ocorre em seu início, pois, com o passar do tempo, os dias vão ficando gradativamente maiores. Essa estação é conhecida por ser o período de crescimento das folhas e flores das árvores, embora apresente diferentes características nos diferentes lugares.(Equinócio)
Datas aproximadas de início: 21 de março no hemisfério norte e 21 de setembro no hemisfério sul.

Verão – em tempos de verão, os dias são mais longos do que as noites. Esse maior período de exposição aos raios solares faz com que as temperaturas médias elevem-se proporcionalmente.(Solstício)
Datas aproximadas de início: 21 de junho no hemisfério norte e 21 de dezembro no hemisfério sul.

Outono – quando o outono se inicia, os dias novamente voltam a ter a mesma duração das noites, equilibrando um pouco as temperaturas. Com o passar do tempo, os dias vão ficando cada vez menores. É nessa estação que as árvores costumam trocar suas folhas.(Equinócio)
Datas aproximadas de início: 21 de setembro no hemisfério norte e 21 de março no hemisfério sul.

Inverno – na estação do inverno, os dias são menores do que as noites, acontecendo o processo inverso do verão, o que contribui para a diminuição média das temperaturas. (Solstício)
Datas aproximadas de início: 21 de dezembro no hemisfério norte e 21 de junho no hemisfério sul.

Vale lembrar que, como já dissemos, essa divisão é utilizada mais por uma herança científica europeia do que pela forma como percebemos diretamente o clima. Nas regiões do Brasil mais próximas à Linha do Equador (em que a luminosidade do sol acontece mais intensamente o ano todo), essa divisão é menos perceptível no cotidiano do que na região sul, onde as quatro estações do ano são mais bem definidas. Em outras sociedades, por exemplo, outros tipos de divisões das estações foram realizadas, tal qual o Egito antigo, cujas estações eram: cheia, plantio e colheita.
De três em três meses começa uma nova estação do ano, também chamada época. As estações começam por volta do dia 21 dos meses de março, junho, setembro e dezembro.


Hemisfério Norte
Primavera: 21 março até 20 junho
Verão: 21 junho até 20 setembro
Outono: 21 setembro até 20 dezembro
Inverno: 21 dezembro até 20 março

Hemisfério Sul
Primavera: 21 setembro até 20 dezembro
Verão: 21 dezembro até 20 março
Outono: 21 março até 20 junho
Inverno: 21 junho até 20 setembro

1.5- Os Fusos Horários
Os fusos horários, também denominados zonas horárias, foram estabelecidos através de uma reunião composta por representantes de 25 países em Washington, capital estadunidense, em 1884. Nessa ocasião foi realizada uma divisão do mundo em 24 fusos horários distintos.
A metodologia utilizada para essa divisão partiu do princípio de que são gastos, aproximadamente, 24 horas (23 horas, 56 minutos e 4 segundos) para que a Terra realize o movimento de rotação, ou seja, que gire em torno de seu próprio eixo, realizando um movimento de 360°. Portanto, em uma hora a Terra se desloca 15°. Esse dado é obtido através da divisão da circunferência terrestre (360°) pelo tempo gasto para que seja realizado o movimento de rotação (24 h).
O fuso referencial para a determinação das horas é o Greenwich, cujo centro é 0°. Esse meridiano, também denominado inicial, atravessa a Grã-Bretanha, além de cortar o extremo oeste da Europa e da África. A hora determinada pelo fuso de Greenwich recebe o nome de GMT. A partir disso, são estabelecidos os outros limites de fusos horários.

A Terra realiza seu movimento de rotação girando de oeste para leste em torno do seu próprio eixo, por esse motivo os fusos a leste de Greenwich (marco inicial) têm as horas adiantadas (+); já os fusos situados a oeste do meridiano inicial têm as horas atrasadas (-).
Alguns países de grande extensão territorial no sentido Leste-Oeste apresentam mais de um fuso horário. A Rússia, por exemplo, possui 11 fusos horários distintos, consequência de sua grande área.

A compreensão dos fusos horários é de extrema importância, principalmente para as pessoas que realizam viagens e têm contato com pessoas e relações comerciais com locais de fusos distintos dos seus, proporcionado, portanto, o conhecimento de horários em diferentes partes do globo.


1.6- A Linha Internacional de Data (LID)

A “linha internacional de data” é uma linha imaginária que, por convenção, é representada pelo meridiano de 180 graus que  é oposto ao Meridiano de Greenwich de 0 grau e que atravessa o Oceano Pacífico separando o mundo em dois: a leste é um dia a menos do que a oeste dela. Ou seja, quando nos países localizados a oeste (Japão por ex.) da linha internacional de data, for dia 4, nos países localizados a leste (Américas, por ex.) da linha internacional de data, será dia 3. O horário continuará o mesmo (respeitando-se os fusos).
Embora a Linha Internacional de Data não obedeça nenhum padrão científico para sua localidade ou traçado (a linha está situada no meio do Pacífico por ser um dos locais menos habitado do planeta, causando menos transtornos, e seu traçado passa comodamente em volta de algumas ilhas, sendo, portanto, irregular), se faz necessária essa separação de dias diferentes por causa do tamanho da terra.
Explicando, como todos sabemos o sol nasce do leste para o oeste. Desta forma, quando o dia está amanhecendo na China, por exemplo, no Mediterrâneo ainda é noite e ainda vai amanhecer. Assim, sempre haverá uma diferença de horário entre dois lugares localizados em pontos diferentes no planeta e, quanto mais afastados estes dois lugares, maior a diferença. Suponhamos dois lugares diametralmente opostos no globo, enquanto em um deles é dia, no outro já será noite, porque neste lugar onde é noite (mais a oeste da linha internacional de data) o sol “nasceu primeiro” do que no lugar onde ainda é dia.
Sua função é a de estabelecer a separação entre o início e o final do dia civil na Terra. Ela separa o extremo oeste do planeta do extremo leste que, apesar de distantes um do outro no mapa-múndi, são regiões muito próximas, pois a Terra é uma esfera, e não um plano. Observe o mapa abaixo:

A LID é a linha que está apontada pelas setas.

1.7- Fuso Horário no Brasil
Desde o ano de 2013, a população voltou a contar com quatro fusos horários no Brasil.
Como a Terra leva aproximadamente vinte e quatro horas para completar o ciclo do movimento de rotação – que resulta na existência alternada entre dias e noites –, o planeta é dividido em 24 fusos horários, em que cada fuso representa uma hora em sua área de abrangência. Essa contagem é feita a partir do Meridiano de Greenwich, uma linha imaginária estabelecida por convenção e que “corta” a cidade de Londres e toda a sua extensão em direção ao sul.
Dessa forma, todos as localidades que se encontram a leste (oriente) em relação a Greenwich tem suas horas somadas pelo número de fusos de distância, enquanto tudo o que se encontra a oeste (ocidente) tem suas horas diminuídas.
O território brasileiro, por se encontrar no hemisfério ocidental, possui o seu horário atrasado em relação ao meridiano mencionado. Além disso, em razão de o país possuir uma ampla extensão, sua localização é dividida em quatro fusos horários, cuja demarcação oficial (a hora legal) é estabelecida conforme o mapa a seguir:


As linhas verticais traçadas acima representam o horário “real” dos fusos, isto é, a hora exata em relação ao distanciamento de cada um dos fusos horários. No entanto, se essa divisão fosse adotada à risca, ficaria muito complicado para certas localidades que estariam posicionadas em dois fusos diferentes ao mesmo tempo. Por isso, estabelece-se no Brasil – e também no mundo – a hora legal, que é adotada oficialmente pelos governos, representada pelas diferenças de cores no mapa acima.
O primeiro fuso horário brasileiro encontra-se duas horas atrasado em relação ao Meridiano de Greenwich e uma hora adiantado em relação ao horário de Brasília. Esse fuso abrange apenas algumas ilhas oceânicas pertencentes ao Brasil, como Fernando de Noronha e Penedos de São Pedro e São Paulo.
O segundo fuso horário do país encontra-se três horas atrasado em relação a Greenwich e abrange a maior parte do território nacional, com a totalidade das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, além dos estados do Pará, Amapá, Tocantins, Goiás e o Distrito Federal. É o horário oficial de Brasília.
O terceiro fuso horário encontra-se quatro horas atrasado em relação a Greenwich e uma hora em relação ao horário de Brasília. No horário de verão, essa diferença aumenta para duas horas, pois os estados abrangidos (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Rondônia e a maior parte do Amazonas) não fazem parte desse horário especial.
O quarto fuso horário encontra-se cinco horas atrasado em relação a Greenwich e duas horas em relação ao horário de Brasília, aumentando para três horas durante o horário de verão. Abrange somente o estado do Acre e uma pequena parte oeste do Amazonas. Esse fuso foi extinto no ano de 2008, onde a área passou a integrar o fuso de -4, no entanto, em setembro de 2013, essa extinção foi revogada após aprovação em um referendo promulgado em 2010.


1.7.1- Afinal quantos fusos existem no Brasil
O Brasil, por possuir uma ampla dimensão territorial no sentido Leste-Oeste, perfazendo um total de 4.319,4 km entre a Ponta do Seixas (PB) e a Nascente do Rio Moa (AC), inscreve a sua área em quatro zonas de fusos horários. Mas, como se sabe, mesmo com os meridianos apontando exatamente o local desses fusos, é o poder público quem define a hora legal do país, estabelecendo o número de demarcações e em que local elas serão feitas.
Atualmente, então, o país é dividido em quatro fusos horários, mas não foi sempre assim. Na verdade, houve uma alteração no ano de 2008 que resumia o território nacional a apenas três diferentes horários. No entanto, em 2013, parte do estabelecimento anterior foi retomado. Acompanhe as alterações realizadas no esquema a seguir:

OBS. Em 2008, no entanto, em um projeto de lei sancionado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o fuso de -5GMT foi extinto, com a sua respectiva região integrando, a partir de então, o fuso de -4GMT. Além disso, todo o estado do Pará passou a integrar um único fuso: o de -3GMT.
Porém, em 2010, realizou-se um referendo para a população do Acre e de parte do Amazonas. Decidiu-se pelo restabelecimento do horário antigo. Com isso, o fuso -5GMT foi retomado, mas o Pará ainda continuou a fazer parte totalmente do fuso -3GMT.
Por causa dessa diferença, o estado do Acre, por exemplo, encontra-se a duas horas atrasado em relação a Brasília, diferença essa que se eleva para três horas na época do horário de verão, em que a capital brasileira, juntamente a alguns estados, adianta o seu horário em uma hora.


1.7.2- Horário de Verão
é a alteração do horário de uma região, designado apenas durante uma porção do ano, adiantando-se em geral uma hora no fuso horário oficial local. O procedimento é adotado costumeiramente durante o verão, quando os dias são mais longos, em função da posição da Terra em relação ao Sol, daí o nome em português, espanhol, francês, alemão e outras línguas. Em inglês, por exemplo, o termo "Daylight saving time" (Horário de economia com luz do dia, em tradução livre) enfatiza a função prática da operação, enquanto em italiano "Ora legale" (Hora legal), destaca o caráter artificial da medida.
A ideia de adiantar os relógios para aproveitar melhor as horas de sol foi lançada em 1784 pelo político e inventor americano Benjamin Franklin, isso quando ainda não existia luz elétrica. Mas sua ideia não sensibilizou nem o governo do seu país, nem o da França, onde foi publicado um artigo seu sobre a possível economia em cera de vela que seria gerada caso a medida fosse adotada.
O primeiro país a adotar oficialmente o horário de verão acabou sendo a Alemanha em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial, como medida para economizar carvão.

1.7.4- Horário de Verão no Brasil
O horário de verão no Brasil foi adotado pela primeira vez em 1 de outubro de 1931, através do Decreto 20.466, abrangendo todo o território nacional. Houve vários períodos em que este horário não foi adotado.
Desde 1985 o horário de verão é adotado anualmente. Nesse período a abrangência, inicialmente nacional, foi reduzida sucessivas vezes até que em 2003 atingiu a atual.
Atualmente, o horário de verão é adotado nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste. Depois de oito anos sem adotá-lo, o estado da Bahia, no Nordeste, o adotou em 2011.
Em 2012, no entanto, a Bahia voltou atrás nessa decisão. Desde 2008, o início é no terceiro domingo de outubro, e o final no terceiro domingo de fevereiro, exceto quando este coincide com o Carnaval, sendo então o horário prorrogado em uma semana.


1.8- Sistemas de Informações Geográficas (SIGs)
Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) são equipamentos e meios tecnológicos para se estudar o espaço terrestre. São utilizados por pesquisadores, empresas, ONGs, governos, serviços de inteligência, entre outros.
Os SIGs resultam da combinação entre três tipos de tecnologias distintos: O sensoriamento remoto, o GPS e o geoprocessamento.

1.8.1- Sensoriamento Remoto: consiste na utilização de ferramentas, como satélites e radares, para a captação de informações e imagens acerca da superfície terrestre. Podem oferecer informações importantes, como a extensão de uma área agrícola, o tamanho de uma determinada cobertura vegetal, localizar focos de incêndios e desmatamentos, o movimento das massas de ar, entre outros.
Além do uso de satélites, o sensoriamento remoto pode funcionar através do uso de fotografias aéreas, o que também é chamado de aerofotogrametria. Tal procedimento se faz com a realização de fotografias tiradas em câmeras acopladas em aviões e helicópteros.

1.8.2- GPS (Sistema de Posicionamento Global)
é um aparelho que está se difundindo cada vez mais no cotidiano das pessoas. Apoiado com uma cobertura de dezenas de satélites, o GPS pode emitir informações de qualquer local do mundo, a partir das coordenadas geográficas. Além de informar as posições de latitude e longitude, o GPS hoje pode informar endereços, ensinar rotas mais curtas para se chegar a um determinado local e, até mesmo, gravar os caminhos percorridos e informar a velocidade de deslocamento.

Globalização e Redes da Economia Mundial

4- Introdução:
A Globalização adquiriu importância na economia capitalista mundial a partir dos anos 1970, com impactos em todas as regiões do mundo, definindo uma nova organização do espaço geográfico e uma nova política econômica, o neoliberalismo. Algumas de suas consequências são a concentração de riqueza nas mãos de poucas pessoas e em poucos países; a expansão econômica de países como a China e Índia; e a intensificação das trocas comerciais e financeiras. Para o Brasil, as transformações foram profundas; a integração econômica ao MERCOSUL; o processo de privatização de empresas estatais; a desnacionalização da economia; e o aumento da dependência de investimentos estrangeiros são alguns exemplos.
Os efeitos da crise econômica de 2007/2008 abalaram alguns pilares da globalização e evidenciaram a sua fragilidade. Atualmente países europeus são os que mais têm sentido os efeitos dessa crise, iniciada na principal potência econômico-financeira do globo; os Estados Unidos.

4.1- Globalização:
Globalização é um conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial visíveis desde o final do século XX. Trata-se de um processo de aprofundamento da integração econômica, social, cultural e política, que tornou o mundo interligado, uma Aldeia Global.
O processo de globalização é a forma como os mercados de diferentes países interagem e aproximam pessoas e mercadorias. A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista onde foi possível realizar transações financeiras e expandir os negócios - até então restritos ao mercado interno - para mercados distantes e emergentes.
Podemos definir o neoliberalismo como um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total liberdade de comércio (livre mercado), pois este princípio garante o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país.

4.1.1- Globalização Econômica
Expansão das Multinacionais e de Investimentos. • Avanços no meio de Transporte e Comunicação. • Intensas transformações tecnológicas • Terceira revolução Industrial. • Desigualdade na distribuição.

4.1.2- Revolução técnico-científica
A Revolução Técnico-científico ou Terceira Revolução Industrial entrou em vigor na segunda metade do século XX, principalmente a partir da década de 1970, quando houve uma série de descobertas e evoluções no campo tecnológico.
Essa nova etapa de produção está vinculada à inserção de uma enorme quantidade de tecnologia e informação. Essa revolução, por sua vez, está ligada diretamente à informática, robótica, telecomunicação, química, uso de novos materiais, biotecnologia, engenharia genética, entre muitos outros, que recentemente fazem parte de praticamente todos os segmentos produtivos que marcam essa etapa, assim como outros fatos marcaram as revoluções industriais do passado.
Essa revolução é um dos principais combustíveis para o desenvolvimento do capitalismo moderno e especialmente do processo de globalização que visa uma flexibilidade de informações, além de um acelerado dinamismo no fluxo de capitais e mercadorias. Diante dessa afirmativa, veja a seguir alguns itens indispensáveis na economia contemporânea.

4.2- As Redes Geográficas
Os fluxos de globalização ocorrem através de redes, que abarcam o mundo inteiro, mas não todo o espaço geográfico. Eles atingem principalmente os lugares mais bem equipados com infraestrutura de transportes, comunicações, hospedagem, etc. Esses lugares forma os pontos de interconexões das redes globais.
O espaço geográfico é composto por um denso emaranhado de redes, por meio das quais ocorrem fluxos dos mais variados tipos .Há redes de comunicação(televisão, radio, telefone, computadores, ligados por satélites e cabos de fibras ópticas), redes de rodovias, ferrovias, hidrovias e aerovias, pelas quais flui mercadorias e pessoas, e muitas outras. Essas redes podem abranger o espaço geográfico local, nacional, regional e mundial.

4.3- Fluxo de Informações
As pessoas estão cada vez mais, descobrindo na Internet uma maneira rápida e eficiente de entrar em contato com pessoas de outros países, ou, até mesmo, de conhecer aspectos culturais e sociais de várias partes do planeta. Junto com a televisão, a rede mundial de computadores quebra barreiras e vai, cada vez mais, ligando as pessoas e espalhando as ideias, formando assim uma grande Aldeia Global. Saber ler, falar e entender a língua inglesa torna-se fundamental dentro deste contexto, pois é o idioma universal e o instrumento pelo qual as pessoas podem se comunicar.
A globalização produtiva ocorreu com o crescimento e a expansão das multinacionais. Elas estão presentes em todos os países do mundo e atualmente passam por incorporações e fusões, com a ampliação do seu ramo de atuação.
Muitas multinacionais já são mais ricas que países. Em 1999, as dez maiores corporações mundiais General Motors, Wal-Mart, Exxon Móbil, Ford, DaimlerChrysler, Mitsui, Mitsubishi, Toyota, General Electric e Itochu venderam US$ 1,4 trilhão. Essas empresas possuem 50% dos seus ativos no exterior, mais de 60% das vendas são para o mercado internacional e 60% dos empregados são mantidos fora do país sede.
A globalização das comunicações tem sua face mais visível na internet, a rede mundial de computadores, possível graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de ideias e informações sem critérios na história da humanidade. Outra característica da globalização das comunicações é o aumento da universalização do acesso a meios de comunicação, graças ao barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de infraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica. Hoje uma inovação criada no Japão pode aparecer no mercado português ou brasileiro em poucos dias e virar sucesso de mercado. Um exemplo da universalização do acesso a informação pode ser o próprio Brasil, hoje com 42 milhões de telefones instalados, e um aumento ainda maior de número de telefone celular em relação a década de 1980, ultrapassando a barreira de O Brasil terminou Jan/15 com 281,7 milhões de celulares e 138,3 cel/100 hab. Redes de televisão e imprensa multimídia em geral também sofreram um grande impacto da globalização. Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, alguma vezes por televisão por assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro.
Pode-se dizer que este incremento no acesso à comunicação em massa acionado pela globalização tem impactado até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação a democracia, ajudando pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de radiodifusão de informação a terem acesso a informação de todo o mundo, mostrando a elas como o mundo é e se comporta .
Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinados governos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem gasto enorme quantidade de recursos para limitar o tipo de informação que seus cidadãos têm acesso.

4.3.1- Redes Sociais
Redes Sociais são estruturas sociais virtuais compostas por pessoas e/ou organizações, conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns na internet.
Estrutura social refere-se à colocação e à posição de indivíduos e de grupos dentro desse sistema. Em outras palavras, Segundo Brown e Barnett, “o agrupamento de indivíduos, de acordo com as posições que resultam dos padrões essenciais de relações de obrigação, constitui a estrutura social de uma sociedade”. E são virtuais, obviamente, porque se refere às comunicações via Internet que extrapolam as quatro paredes convencionais.
As redes sociais têm transformado a forma de comunicar das pessoas, tamanha a capacidade do seu alcance mundial, influenciando opiniões, mobilizando e criando grupos e trazendo informações em questão de segundos.

4.4- Fluxos de Capitais
No mundo globalizado em que vivemos existe um grande fluxo de capital (transações financeiras, como compra e venda de ações de empresas, títulos e moedas), esse tipo de atividade ocorre a partir de evoluções que aconteceram nos meios de comunicação. O mundo atualmente está interligado por meio de uma complexa rede de comunicação, como: telefonia móvel e fixa, satélites, internet e etc. Esses permitem que bilhões de dólares sejam transferidos entre os mais variados países do mundo em um único dia. Através de um mouse um brasileiro pode investir milhões de reais em outra parte do mundo, isso é um exemplo claro de fluxo de capital.
Operações dessa natureza são executadas entre distintos países quase que em tempo real, isso é possível entre nações integradas no mercado financeiro internacional. Em minutos vultosos negócios sucedem e inúmeros outros são abertos, e envolvem um volume gigantesco de capitais (dinheiro), sendo que as negociações movimentam no planeta em um único dia aproximadamente 1 trilhão de dólares.
O lugar onde grande parte dessas negociações ocorre é nas bolsas de valores espalhadas por diferentes pontos do planeta, e essas se encontram interligadas. Atualmente, as principais bolsas estão localizadas em cidades de países desenvolvidos, entre as quais podemos citar: Nova Iorque (Estados Unidos), Londres (Inglaterra), Paris (França) e Tóquio (Japão). Além daquelas localizadas em países em desenvolvimento, como: São Paulo (Brasil), Buenos Aires (Argentina). Incluindo ainda nações subdesenvolvidas industrializadas, como: Jacarta (Indonésia) e Seul (Coreia do Sul).
Tais cidades abrigam também sedes administrativas ou filiais de multinacionais, principais bancos e instituições financeiras, entre outras de renomes internacionais. Isso quer dizer que essas cidades são centros financeiros, incluídas na rota global de capitais, geralmente as mesmas possuem o “status” de cidades globais ou mundiais.

4.4.1- Qual a diferença entre capitais especulativos e capitais produtivos?
Capitais especulativos são aqueles aplicados apenas no mercado financeiro: uma massa de capitais que "migra" de país para país em busca de taxas de juros e remunerações de papéis oficiais (letras do tesouro, bônus da dívida externa etc.) mais atraentes. Por isso, boatos e especulações que fazem essa remuneração flutuar levam os investidores a fugir, vender seus ativos e buscar outras oportunidades de lucro. É um capital volátil, que se movimenta rapidamente. Já os capitais produtivos são aqueles aplicados na produção diretamente: investimentos para que a economia produza, as fábricas se desenvolvam, o comércio siga em frente. É um capital mais estável e de longo prazo, sendo mais atraente para os países.

4.5- Espaço Geográfico e Redes de Produção e Distribuição
O meio geográfico é cada vez mais impregnado de técnica, ciência e informação, o que nos permite falar na formação de um meio técnico-científico-informacional neste período histórico da globalização, conforme os pressupostos defendidos pelo geógrafo Milton Santos. O meio técnico-científico-informacional constitui o meio geográfico característico do atual período histórico e, como o próprio nome indica, é composto de sistemas de objetos (estradas, aeroportos, fábricas, redes de internet) altamente modernizados, que permitem uma grande fluidez ou mobilidade aos produtos e aos fluxos de informação das grandes corporações transnacionais.
Cabe à Geografia, pesquisar e interpretar esse padrão de produção e distribuição de mercadorias ao nível mundial. Quais teriam sido as causas do aumento extraordinário de fluxos comerciais e por que apenas algumas regiões do planeta se destacam quando o assunto é comércio internacional?
O aumento na demanda em todos os países por todo tipo de produto
No período técnico-científico-informacional em curso, ocorreu um expressivo aumento populacional - de 2,5 bilhões de habitantes, em 1950, o mundo passou a contar com 7,8 bilhões em 2011. Em parte, o acréscimo de mais de 4 bilhões de pessoas no mundo, durante esses 59 anos, explica o aumento do comércio internacional. Contudo, é importante salientar que, além do crescimento da população mundial, houve também, em algumas regiões do mundo, uma melhoria da qualidade de vida, principalmente nos países do centro da economia capitalista: Estados Unidos, alguns países da Europa Ocidental e Japão, além de um incremento do consumo em todos os níveis. A expansão do meio técnico-científico-informacional permitiu que essas regiões se industrializassem ainda mais e diversificassem a sua produção, propiciando o assalariamento da maioria da população e, em consequência, a sua entrada no consumo de massa. Além das diferentes características naturais (presença ou não de petróleo, minerais etc.) e diferentes tipos de sistemas produtivos, visto que algumas regiões são essencialmente agrícolas, outras mais industriais e outras especializadas no setor de serviços, há uma tendência para que se ampliem as trocas comerciais entre essas regiões, pela diminuição dos custos dos transportes.
Em princípio, a complementaridade entre as regiões (cada uma exporta aquilo que produz em excesso e importa o que não produz ou o que não produz o suficiente) cria uma interdependência entre elas, típica da atual fase da globalização. Essa interdependência não é neutra, isto é, como, no mundo capitalista, as trocas comerciais acabam sempre favorecendo um conjunto de certas regiões em detrimento (prejuízo) de outras. Desse modo, tais desigualdades são resultantes da divisão internacional do trabalho, porque certas regiões, com sistema produtivo mais moderno, conseguem exportar produtos com maior valor agregado, forçando as regiões menos modernizadas (principalmente os países em desenvolvimento) a produzir apenas alguns tipos de mercadorias, em especial aqueles de origem agrícola ou mi­neral. Ao produzirem somente bens do setor primário (carvão, petróleo, minerais e produtos agrícolas), cujos preços no mer­cado internacional, no geral, têm declina­do, essas regiões são forçadas a aumentar a produção e a venda desses produtos para poder adquirir mercadorias mais moder­nas, como aviões, computadores e apare­lhos eletrônicos.

4.5.1- Multinacionais
A globalização produtiva ocorreu com o crescimento e a expansão das multinacionais. Elas estão presentes em todos os países do mundo e atualmente passam por incorporações e fusões, com a ampliação do seu ramo de atuação. Várias multinacionais industriais apresentam lucro maior no setor financeiro que na produção industrial.
Muitas multinacionais já são mais ricas que países. Em 1999, as dez maiores corporações mundiais (General Motors, Wal-Mart, Exxon Móbil, Ford, DaimlerChrysler, Mitsui, Mitsubishi, Toyota, General Electric e Itochu) venderam US$ 1,4 trilhão. Essas empresas possuem 50% dos seus ativos no exterior, mais de 60% das vendas são para o mercado internacional e 60% dos empregados são mantidos fora do país sede.

4.5.2- Mão-de-obra barata
A cadeia produtiva se fragmentou e as empresas dividem as etapas de produção em vários países, de acordo com suas vantagens comparativas (mão-de-obra barata, localização mais próxima da matéria-prima ou do mercado consumidor, leis ambientais brandas, disponibilidade de energia barata etc).
As atividades mais criativas (como o desenvolvimento do projeto e da tecnologia e o marketing) e de comando se concentram na matriz, geralmente em um país desenvolvido.
As atividades repetitivas de montagem, com baixo conteúdo tecnológico, se concentram em países não desenvolvidos que oferecem incentivos fiscais, mão-de-obra barata e subsídios. Em países que adotaram o neoliberalismo nas relações de trabalho (flexibilização e desregulamentação), as vantagens são ainda maiores.

4.5.3- O caso Nike
Várias indústrias têxteis dos EUA não conseguiam concorrer com produtos similares produzidos na Ásia, por causa do alto custo da mão-de-obra americana. Com a criação do Nafta, elas transferiram a linha de produção para o norte do México, onde a mão-de-obra é muito mais barata. Depois, o produto acabado é reexportado para os EUA.
A Nike americana não possui nenhuma fábrica nos EUA e mais de 90% da sua produção ocorre no sul e sudeste da Ásia, cabendo à matriz o desenvolvimento do projeto e o marketing.

4.5.4- Fusões
As fusões e incorporações marcam este período de globalização. As grandes empresas estão se associando para não quebrar ou para aumentar a sua competitividade.
A Mercedes Benz (alemã) comprou a Chrysler (americana), criando a DaimlerChrysler, que exportava mais que a África do Sul. Em seguida, essa nova empresa comprou 34% da Mitsubishi Motor Cars (japonesa). Essa é uma tendência generalizada. Em 1999, dos US$ 865 bilhões investidos pelas multinacionais, 83% destinavam-se a compras e fusões.
As corporações financeiras também crescem e espalham seus investimentos especulativos pelo globo. Os fundos de investimentos recebem bilhões de dólares de pequenos investidores. Por exemplo, um especulador médio como Edward Jones maneja US$ 225 bilhões e a Merrill Lynch algo como US$ 1
trilhão.

4.6- O Estado na Economia Globalizada
No sistema capitalista, o Estado sempre desempenhou funções fundamentais à manutenção desse sistema: manter a lei e a ordem, preservar a propriedade privada, resolver conflitos entre grupos sociais e econômicos, defender as fronteiras do país, estabelecer e controlar as regras comerciais e econômicas, estabelecer relações políticas e comerciais com outros Estados. Com algumas variações de país para país, o Estado foi agregando uma série de outras funções, como vemos a seguir:
  • Instalação de empresas estatais, ligadas principalmente ao setor de infraestrutura, como o siderúrgico e o petroquímico;
  • Construção e manutenção de equipamentos de infraestrutura (rodovias, ferrovias, viadutos, portos, aeroportos, usinas e redes de distribuição de energia elétrica etc.);
  • Participação acionária em empresas dos mais variados setores;
  • Investimento em educação, saúde, moradia e pesquisa;
  • Criação do sistema de aposentadorias, pensões e seguro-desemprego;
  • Controle da circulação da moeda;
  • Realização de empréstimos a juros baixos e isenção de impostos para determinados grupos econômicos ou sociais (subsídios);
  • Estabelecimento da taxa de juros, que serve de base para as atividades financeiras, inclusive as bancárias.
Na década de 1980. abriu-se uma nova discussão sobre o papel do Estado, por causa das crises econômico-financeiras existentes em vários países subdesenvolvidos e dos elevados déficits públicos de muitos países. Para os teóricos das organizações financeiras internacionais (Banco Mundial e FMI) e o governo dos EUA, a crise e a nova economia globalizada exigiam um Estado que não interferisse no livre comércio, facilitasse a atuação das grandes empresas, cobrasse menos impostos e reduzisse seus gastos, inclusive nos setores sociais (saúde, educação, moradia, previdência). Essas ideias e propostas foram chamadas de NEOLIBERAIS.
  • O Estado, na concepção neoliberal, deve intervir pouco na economia, procurando eliminar barreiras ao comércio internacional, atrair investimentos estrangeiros, privatizar empresas públicas, manter o equilíbrio fiscal (diferença entre arrecadação de impostos e gastos) e controlar a inflação.
  • Para os neoliberais, não é papel do Estado extrair petróleo ou minérios, administrar refinarias e siderúrgicas nem participar de qualquer outro tipo de atividade econômica.
  • Cabe ao Estado estimular a pesquisa tecnológica para apoiar a iniciativa privada, assegurar a estabilidade econômica e facilitar o livre funcionamento do mercado.
  •  A produção de mercadorias é papel das empresas particulares.

4.7- A Crise Financeira e Econômica iniciada em 2007/2008
A crise que afeta o mercado financeiro nos EUA e arrasta os negócios no mundo teve origem nas hipotecas americanas. Com o baixo juro e as boas condições de financiamento, muitas pessoas compraram imóveis e se endividaram. O juro subiu, a economia desaqueceu e a inadimplência aumentou. Os bancos que emprestaram dinheiro começam a mostrar o rombo. Além disso, o preço dos imóveis caiu. Pagando uma prestação mais alta e com o valor do bem menor, os norte-americanos reduziram o consumo. Às portas da recessão, os EUA anunciaram a maior reforma no sistema de regulamentação financeira desde 1929. O plano vai mudar a forma como o governo regulamenta milhares de negócios.

4.7.1- As causas da Crise
As causas da crise estão relacionadas à expressiva expansão dos financiamentos para compra de imóveis nos Estados Unidos, em razão dos juros baixos, que o governo norte-americano vinha mantendo desde o início do século. Isso gerou uma forte valorização no preço dos imóveis que inclusive estimulava as pessoas que haviam contraído financiamentos (mutuários) a refinanciar suas dívidas. Nesse refinanciamento, os mutuários recebiam uma diferença em dinheiro, em geral utilizada para consumo. Diversos bancos criaram títulos que tinham como garantia os financiamentos para compra de imóveis (títulos garantidos com hipotecas). Investidores que adquiriram esses títulos emitiram, por sua vez, outros títulos que tinham como garantia os títulos anteriores. Isso se espalhou por todo o sistema financeiro.
No entanto, com o consumo em alta, a inflação aumentou. Para frear esse aumento, o governo dos Estados Unidos elevou os juros, o que afetou também as mensalidades dos financiamentos dos imóveis, que ficaram mais caros. Como consequência, centenas de milhares de proprietários deixaram de pagar os financiamentos, os preços dos imóveis despencaram e os títulos se desvalorizaram acentuadamente.

4.7.2- A Crise e o estado neoliberal
Com a crise, a desregulamentação do sistema financeiro internacional, um dos pilares do neoliberalismo, passou a ser fortemente questionada. A necessidade de fiscalização, de controle mais rigoroso da economia por parte do Estado e de investimentos públicos em saúde, educação, infraestrutura e saneamento básico, entre outros setores, passaram a ser novamente discutidos, com o objetivo de discutir quais as melhores políticas econômicas a serem  adotadas dentro do sistema capitalista.   Com efeito, é cada vez maior o volume de dinheiro aplicado nos bancos e nas bolsas de valores, sendo que boa parte dele circula em busca de melhores ganhos e lucros. Se em 1980, o PIB mundial era de US$ 10 trilhões, o volume aplicado no mercado financeiro e de ações era de US$ 12 trilhões. Já em 2007, enquanto o PIB era de US$ 48 trilhões, os investimentos em títulos e ações atingiam US$ 167 trilhões. Com isso, as possibilidades de intensa especulação, de riscos e de crises são maiores.
Os países em desenvolvimento tiveram um desempenho econômico muito superior ao dos países desenvolvidos durante a crise. O crescimento econômico da China foi de 8,5% em 2009, reduzindo em apenas 0,5% em relação a 2008. A Índia teve um crescimento no PIB de 5,4% em 2009, frente a 7,3% de 2008. Em 2008, o Brasil tinha apresentado um crescimento econômico de 5,1%, e com a crise, em 2009, o país recuou 0,7%, fechando em 4,4%.

Os Estados Unidos, com a crise, cresceu apenas 1,6% em 2008, e em 2009 o país teve um crescimento negativo de 3,1%. A Rússia, após crescer 5,6% em 2008, teve uma queda de 7,5% na sua economia em 2009.