Começou
no dia 13 de junho a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20. A cúpula vai discutir um conjunto de metas para
conciliar, nas próximas décadas, o crescimento econômico com a preservação do
meio ambiente.
A
conferência, que acontece até 22 de junho no Rio de Janeiro, reúne chefes de
Estado, diplomatas, empresários e integrantes da sociedade civil (ONGs,
universidades etc.). Ela é considerada o maior evento promovido pela ONU.
A
Rio+20 – chamada assim em homenagem aos 20 anos de realização da Rio-92 (ou
Eco-92) – apresentará, ao final dos debates, um documento que reafirmará os
compromissos estabelecidos em protocolos como a Agenda 21.
Há
décadas cientistas alertam para os efeitos da poluição e o esgotamento de
recursos naturais, como a água doce. Num futuro próximo, mudanças drásticas no
clima poderão levar à extinção de um terço de todas as espécies conhecidas no planeta.
A
população mundial, que hoje é de 7 bilhões, atingirá a marca de 9 bilhões em
2050. Com isso, a produção de alimentos terá que aumentar em 70%. Hoje, quase
um bilhão de pessoas passam fome todos os dias.
Mas
como promover o desenvolvimento da economia (e, assim, reduzir os índices de
exclusão social) sem agredir a natureza? Isso demanda novos modos de produção
que substituam o modelo atual, baseado em petróleo. É a chamada economia verde,
um dos principais temas em discussão na Rio+20.
Economia
verde é aquela baseada na baixa emissão de gás carbônico e no uso mais
inteligente dos recursos naturais. A proposta é conservar os avanços
científicos e econômicos do capitalismo e, ao mesmo tempo, empregar estratégias
que reduzam os impactos ambientais.
Na
prática, isso consiste em mudança de hábitos: nas cidades, economizar energia e
reciclar o lixo; nos campos, harmonizar interesses da agropecuária com a
preservação de florestas; nas indústrias, investir em energias alternativas,
como a solar e a eólica.
Para
isso é preciso o comprometimento também dos governos. Como fazer, por exemplo,
que um pecuarista deixe de desmatar uma floresta para alimentar seu rebanho? É
necessário regulamentação e fiscalização do setor.
ONU
“verde”
E em
um nível global? Como fazer com que países mudem a conduta? Para resolver essa
questão, a Rio+20 discutirá a estrutura institucional, que trata da organização
entre países para que cumpram leis, acordos e protocolos da economia verde.
Uma
das propostas mais polêmicas, nesse sentido, é a criação de uma Organização
Mundial do Meio Ambiente, ou seja, uma ONU para assuntos ambientais.
Apesar
de haver um consenso sobre a necessidade da conservação dos ecossistemas, não é
uma tarefa tão simples convencer países ricos a refrearem suas economias. Ainda
mais em um contexto de recessão pós-crise econômica de 2008.
De
200 parágrafos do acordo, dois terços estão em aberto. Além disso, a pauta é
extensa para poucos dias de debates.
Um
exemplo de desacordo é aquele que envolve os Estados Unidos e a China. Essas
potências econômicas são também as sociedades mais consumidoras e poluidoras do
planeta. Desse modo, a efetivação das políticas de desenvolvimento sustentável
depende da participação de americanos e chineses.
Só
que, em razão da competição entre ambas as nações, o acordo torna-se difícil: a
China é resistente a qualquer medida que retarde seu crescimento, e os Estados
Unidos, por sua vez, rechaça qualquer proposta que favoreça o adversário
comercial.
O
Brasil se destaca nas questões de desenvolvimento sustentável, pois possui
energia limpa em abundância, a maior reserva de água potável do planeta e
campos férteis. A redução das taxas de desmatamento da Amazônia e dos índices
de pobreza são pontos favoráveis, mas medidas como o estímulo à indústria
automotiva e a euforia com a exploração da camada pré-sal estão na contramão da
agenda da Rio+20.