INTRODUÇÃO
O processo de industrialização alemão apresenta uma grande via de
peculiaridades que foram fundamentais para a estrutura apresentada nos dias
atuais da indústria alemã. Tais peculiaridades só foram possíveis, e foram
também consequências, devido à estrutura política que o que hoje conhecemos
como o Estado Alemão apresentava no início do século XIX.
Esta estrutura política e econômica que é caracterizada pelo Estado
Prussiano a partir do século XVIII até a unificação em 1871 sob a tutela de
Otto Von Bismack, é o que analisaremos no primeiro capítulo deste texto. A
partir da unificação e da aceleração do processo industrial alemão, é que a
Alemanha surge como grande potência industrial e a sua inserção no comércio
internacional com maior intensidade trás a tona diversas consequências
políticas que seriam verificadas no início do século XX.
Não entraremos no mérito das consequências deste processo de
industrialização, nosso texto ficará restrito à aspectos gerais da
industrialização, tendo em vista, principalmente, a participação do Estado e as
características bases da indústria nascente. Este será o objeto do nosso
segundo capítulo.
Por fim, buscaremos analisar um pouco do legado deixado por este
processo para a Alemanha, e de como a indústria alemã desenhada naquele período
permanece até os dias atuais.
A ALEMANHA PRÉ-INDUSTRIAL
É importante salientar que embora o processo industrial alemão tenha
sido tardio, a Alemanha pré-industrial não se caracterizava pelo subdesenvolvimento.
Portos, cidades comerciais e bancos alemães eram fortes atores na economia europeia.
A contribuição alemã para as ciências, para a literatura e para a música eram
de grande magnitude. Também os alemães foram os que formularam as exigências da
Reforma Protestante, que ajudara na autonomia dos Estados frente à Igreja
Católica. Tal industrialização tardia pode ser considerada por seu sistema
político descentralizado e sobretudo à existência (e persistência) de relações
de caráter feudal e semifeudal (servidão) em suas regiões de maiores riquezas
potenciais.
Com a Paz de Westfália, a Alemanha dividida politicamente fora um grande
entrave ao processo de industrialização. A classe dominante, dos senhores de
terra, tinham seus interesses principalmente voltados para a manutenção das
relações vigentes de trabalho e excedente, o que impossibilitava maiores
avanços industriais. Coube ao Estado Prussiano o papel impulsionador da indústria
para que pudesse suprir interesses do mesmo como suprir necessidades do
exército, diminuir a dependência de produtos estrangeiros, sobretudo dos
ingleses e franceses. Tais ações eram burocraticamente controladas e dependiam
em larga escala da eficiência administrativa dos oficiais do Estado Tal
centralização é fundamental para entendermos as razões pelo qual o
desenvolvimento industrial alemão se deu basicamente através de grandes
conglomerados, monopólios ou oligopólios.
Vale ressaltar que, embora a Prússia fosse o maior dos Estados alemães,
este não representava necessariamente os interesses de todos. Tanto que mesmo a
União Alfandegária (Zollverein) em 1834, representava 18 dos 39 Estados da Confederação
Alemã. Somente a partir de 1866 quando a Prússia derrota a Áustria e sobretudo a
partir de 1871, com a total adesão dos Estados do Sul, é que tais políticas
econômicas ganham o impulso necessário para o boom industrial.
A partir da Zollverien é que as bases para a desenvolvimento industrial
são lançados. Com tarifas unificadas. O objetivo de impulsionar o comércio e
indústria nacional, aos poucos vai se concretizando. A criação do Banco da
Prússia em 1846, a expansão ferroviária vertiginosa, transformações na política
como a Confederação da Germânia do Norte, o processo substitutivo de
importações e altas taxas protecionistas, foram os elementos responsáveis para
a revolução industrial que se sucedeu à unificação alemã em 1871.
A partir deste momento, a Alemanha experimenta o seu período de
revolução industrial, que se estende até 1914 onde tal poderio é parte
fundamental das razões que levaram à Primeira Grande Guerra.
A INDÚSTRIA ALEMÃ
Como já antecipamos, a indústria alemã é fortemente caracterizada por
conglomerados, monopólios e oligopólios que são facilmente explicados pela
política realizada pela Prússia Cameralista e também pelo I Reich (Império), de
intervenção em prol de cartéis e de altas barreiras protecionistas.
Uma das principais razões para o rápido avanço da indústria alemã foram
fatores que a diferenciavam das demais indústrias europeias entre eles o alto
grau de instrução da classe trabalhadora. Tal nível de educação foram
fundamentais para o desenvolvimento de tecnologias eficientes e o alto nível de
inovação apresentado por todos os setores. Outra grande razão para o sucesso
alemão foi a articulação financeira entre os seus bancos e indústrias, tanto
privados quanto bancos de fomento públicos. Os cartéis permitiam que bancos e
indústrias tivessem sempre o retorno desejado com os investimentos, o que
incentivava cada vez mais a expansão industrial e tecnológica. Por fim, a
política de "potência de bem-estar" realizada pelo Estado,
aperfeiçoada por Bismarck. Tal política era responsável pela forte presença do
Estado na Economia, permitindo o crescimento qualitativo e quantitativo das
ferrovias, serviços postais e telegráficos, e também propiciando bases para o
alto nível de instrução.
A Indústria Alemã foi caracterizada principalmente pela indústria
química e elétrica. A indústria química favorecida pelo forte investimento em
pesquisa e desenvolvimento e pela disponibilidade de matérias-primas. Já a
indústria elétrica, responsável pela invenção do dínami e a lâmpada elétrica de
filamento branco, foi de vital importância para o êxito alemão. Com destaque
também temos a indústria naval e também as indústrias de base que foram
fomentadas anteriormente pelo governo prussiano.
Porém, é importante notar que, embora a industrialização alemã seja
considerada de grande êxito, ainda uma grande parte da Alemanha ainda
apresentava características pré-industriais. Tal fato pode ser visto através da
grande atividade agrícola e da sobrevivência de artesões que perduram até os
dias atuais. A Alemanha fora também pioneira nos direitos sociais dos
trabalhadores e tais políticas se sustentavam primeiro pelo fato da indústria ser
financiada e protegida pelo Estado, o que faz com que os industriais fossem
induzidos a aceitar tais políticas e também pelos interesses nacionais
militaristas que se desenvolvia no processo industrial alemão. Tais interesses incluíam
a segurança bélica do Estado Alemão e a expansão do mercado para as indústrias
alemães. Estes fatores são fundamentais no entendimento das crises políticas e
das guerras que se seguiram[9].
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de industrialização alemão foi um processo rápido e que foi
impulsionado por objetivos específicos do Estado Alemão. Não sendo
caracterizada pelo liberalismo econômico e sim pelo protecionismo estatal,
permitiu a condução do processo no sentido de suprir interesses da nação alemã
(representada no Reich). Somada a isso, ao entrar direto da chamada
"segunda revolução industrial", permite competir em condições iguais
com seus principais concorrentes que também só estavam chegando naquele momento
à indústria do aço, da eletricidade e da química.
A política interna, com a existência de socialdemocratas, socialistas e
comunistas, obrigavam a Alemanha é dar passos importantes na condição de
igualdades sociais e o papel centralizador do Estado na condução da política
econômica nos aproximam de que a Alemanha fora o embrião do Welfare State
(Estado de bem estar social) e do estado intervencionista teorizado
posteriormente por Keynes em seu livro "Teoria Geral do Emprego, do Juro e
do Dinheiro."
Com as derrotas nas duas Grandes Guerras, o Estado Alemão e sua
indústria ficaram bastante enfraquecidos, no entanto a êxito da política
industrial foi tamanho que permitiu o reerguimento da potência posteriormente.
Hoje a Alemanha é a grande potência industrial da Europa, com vantagem sobre
Ingleses, Franceses e Italianos, sendo o Vale do Ruhr[10] o principal pólo
industrial Europeu até os dias atuais.
ALEMANHA:
Crescimento de uma potência
Mostraremos como a Alemanha,
apesar de passar por duas guerras mundiais, conseguiu superar outros países e
se tornar hoje uma potência, e como a guerra também contribui para o
crescimento.
A Alemanha apesar de
hoje ter a terceira maior economia do mundo, se industrializou depois do Reino
Unido e da França. Foi somente em 1870 que a Alemanha teve sua arrancada
industrial. Esse atraso ocorreu por fatores geopolíticos, visto que até 1871, a
Alemanha era dividida em 39 unidades políticas.
O Segundo Reich
alemão, surgiu após vitórias importantes contra a Dinamarca, a Áustria, e na
guerra Franco-prussiana. Assim, começou a surgir a Alemanha como Estado
unificado, tanto política como territorialmente.
Início da
industrialização
O processo de
industrialização alemão foi rápido. Em fins do século XIX, a Alemanha já havia
ultrapassado o Reino Unido e a França, e junto com os Estados Unidos, liderou
os avanços para a Segunda Revolução Industrial. Esse crescimento foi muito
rápido, mas por quê? Porque com a unificação político-territorial em 1871, a
Alemanha se tornou não só um único Estado, como também um único mercado. Ou seja,
houve também uma unificação econômica. As possibilidades de se acumular
capitais aumentou com a instituição de uma moeda única, com a constituição de
um grande mercado interno e a padronização das leis.
Devido à facilidade
de transportes, e a disponibilidade de jazidas de carvão mineral, se concentrou
indústrias quase na fronteira com os Países Baixos, aonde os rios Ruhr e Reno
se encontram. Nessa região, que antes era rota de comércio ligando o norte da
Itália a Flandres, os banqueiros concentraram capitais, e passaram a investir
cada vez mais na indústria.
Aos poucos a
população que residia no campo, foi migrando para as cidades e, formando a
mão-de-obra necessária. Assim, com o trabalho assalariado aumentando, crescia
paralelamente o mercado consumidor. Também se deve lembrar que a França, após
perder a guerra de 1871, foi obrigada a pagar uma grande indenização à
Alemanha, de acordo com o Tratado de Frankfurt, e ceder as províncias da
Alsácia e da Lorena, ricos em carvão e minério de ferro. Isso significou mais
recursos e novas fontes de energia e matérias-primas. Todos esses fatores
juntos ajudaram na industrialização alemã.
A Alemanha se
deparou com vários problemas para sustentar seu processo de industrialização.
Com a derrota na Primeira Guerra Mundial, os vitoriosos impuseram várias
sanções através do Tratado de Versalhes: pagar indenizações, restrições em
termos militares e perdas territoriais, sendo que a Alemanha teve de devolver
as províncias de Alsácia e Lorena.
Em consequência do
Tratado Versalhes, a Alemanha caiu em uma crise econômica e social, que criou
as condições necessárias para o Terceiro Reich, com Adolf Hitler no poder, em
1933. Com a influência nazista, o país procurou conquistar territórios que eram
considerados vitais para a expansão econômica.
Mas o resultado
dessa busca de territórios foi a derrota na Segunda Guerra Mundial. Os alemães
ganharam: destruição, maiores perdas territoriais e fragmentação política.
Porém, a Alemanha mostraria que mesmo sofrendo perdas territoriais é possível
um país crescer economicamente.
Reconstruindo o
Estado alemão
Com a derrota na
Segunda Guerra Mundial a Alemanha foi praticamente destruída. Suas industrias,
suas cidades, sua infraestrutura foram arrasadas. Mas, então, como ela é hoje a
terceira economia do mundo?
Em 1949, o país foi
dividido em dois. A RFA (República Federal Alemã) foi constituída com a
administração norte americana, francesa e britânica, tendo a capital em Bonn.
Os soviéticos constituíram a RDA (República Democrática Alemã), com a capital
em Berlim oriental. Berlim ocidental tinha influência capitalista, mesmo sendo
no meio da RDA. Assim, em 1961, foi construído pelos comunistas o muro de
Berlim. Com isso Berlim oriental ficou isolada, pois esse muro visava impedir
que alemães se deslocasse para o setor ocidental da cidade.
Com a divisão a
Alemanha passou a ter dois Estados, duas economias e uma nação. Na Alemanha
Ocidental passou a ter uma economia de mercado, baseada na livre concorrência e
estruturou-se uma política pluripartidária, sob a forma republicana de poder.
Devido a elevação da produtividade e, consequentemente, dos salários houve uma
melhora na qualidade de vida e capacidade de consumo da população.
Ao mesmo tempo, na
RDA passou a vigorar uma economia planificada, sendo que os meios de produção
eram controlados pelo Estado. Estruturou-se uma ditadura de parido único sob a
influencia soviética. A produtividade se desenvolvia lentamente, e o padrão de
vida e de consumo não era o mesmo da parte ocidental, por isso houve um
descontentamento da população, que foi detida pela censura e à repreensão.
A Alemanha Ocidental
tinha um sistema econômico bem dinâmico e competitivo. Beneficiou-se, também,
com o Plano Marshall, que forneceu milhões de dólares em forma de subsídios. O
país entrou para a atual União Europeia, que foi essencial para a rápida
reconstrução econômica do país no pós-guerra. Quando ocorreu a reunificação
política, foi percebida não só diferenças econômicas, sociais e políticas, mas
também culturais.
Localização
Industrial
As indústrias foram
reconstruídas nos mesmos lugares antes da guerra. As principais concentrações
continuaram sendo na confluência dos rios Reno e Ruhr. No período pós-guerra,
porém, o parque industrial se modernizou rapidamente, tendo ganhos de
produtividade superiores aos do Reino Unido e França.
Mapa da Alemanha
Na região do Ruhr
(cidades como Colônia e Essen) estão situados vários setores industriais. A
reconstrução dos Konzerns possibilitou a formação de vários conglomerados
voltados aos setores carboquímica, siderúrgico, metalúrgico e bélico.
A Renânia é uma das
maiores regiões industriais do mundo. Stuttgart é uma das cidades de destaque
da região, apresentando uma importante concentração de industrias mecânicas.
Nessa cidade está sediado o maior grupo industrial da Alemanha, o
Daimler-Benz, que fabrica os automóveis Mercedes-Benz.
Na cidade de Munique
destaca-se indústrias químicas e é sede da Bayer, um dos maiores conglomerados
químicos do mundo. Na Baviera se encontra a sede da indústria e veículos BMW.
Em Frankfurt se
concentram várias indústrias, e é a cidade de maior mercado de capitais da
Alemanha e do mundo; tem um aeroporto que faz conexões com várias cidades de
toda Europa, sendo um dos mais movimentados do continente.
Da cidade de
Wolfsburg até Hannover, há uma concentração variada de indústrias. Em Wolfsburg
se situa a sede da Volkswagen, que compete com a montadora de veículos da
Itália, a Fiat.
Nessa densa
concentração industrial na Alemanha, há uma enorme e moderna rede de
transportes, que inclui rodovias nas quais não existe limite de velocidade
(isso nos ajuda a entender porque os carros atingem uma velocidade bem alta,
sendo que no Brasil as melhores rodovias só se permitem a velocidade de até 120
km/h), modernas ferrovias e vários rios e canais que ligam os principais
produtores aos portos.
Na antiga Alemanha
Oriental está havendo uma profunda crise, resultante do seu pouco dinamismo. As
indústrias ocidentais estão entre as mais modernas e, isso faz com que as
indústrias da região oriental percam a concorrência, e muitas fecharam. Isso
provocou o aumento do desemprego e problemas sociais.
Um exemplo da
diferença entre as indústrias da antiga Alemanha Oriental para a Ocidental era
os Trabies. Eles eram carros feios, barulhentos e de baixo rendimento. Com os
novos da Mercedes-Benz, Volkswagen, etc, os Trabies foram parar literalmente no
lixo, eles eram abandonados nas ruas pelos seus donos. Os alemães do leste já
não queriam mais os produtos que eles mesmos produziam, pois eram antiquados.
Com a reunificação
alemã, o governo tem direcionado grandes recursos para modernizar a infraestrutura
da ex-Alemanha Oriental. Isso acabou levando ao aumento do déficit público e da
unificação. O Bundesbank (banco central alemão) manteve em, em 1992 e 1993, uma
política de altas taxas de juros para captar recursos do mercado. Essa política
acabou causando problemas para o sistema monetário europeu.
No entanto, a
economia alemã se estabilizou e retomou ao crescimento, sendo uma das maiores
economias do mundo, e como vimos nesse ano (2006) foi sede da Copa do Mundo,
com modernos estádios.
INDUSTRIALIZAÇÃO DO JAPÃO
O
Japão é atualmente a segunda maior economia do planeta. Conseguiu emergir dos
destroços deixados pela Segunda Guerra Mundial tornando-se umas das economias
mais importantes do planeta. Seu processo de industrialização explica esse
vertiginoso crescimento.
ORIGENS DO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO
Do
séc. XVII ao séc. XIX o Japão foi governado pelo clã Tokugawa, país isolado do
mundo exterior. Em 1639, sob o Xogunato Iyemitsu (regime militar feudal),
iniciou-se um período de reclusão em que os japoneses não poderiam sair do
território e os estrangeiros eram proibidos de entrar. A única exceção eram as
trocas comerciais feitas com holandeses. Em 1853, os Estados Unidos aportam no
Japão pondo fim ao isolamento do país e encontram um país ainda feudal e
defasado economicamente. Em 1854, os EUA forçam a abertura do Japão através da
assinatura do tratado de Kanagawa, fato que influencia na aceleração da
desintegração do sistema feudal vigente. Em 1868 é dado fim ao domínio do clã
Tokugawa.
»No
final do séc. XIX os Estados Unidos emergem como potência e se lançam a busca
de pontos estratégicos no Oceano Atlântico e no Pacífico. Desde então o Japão
se torna um país muito importante. Entretanto, os interesses da elite japonesa
se chocam com os interesses estrangeiros e o Japão inicia um período de
viabilização da sua industrialização com intervenção do Estado na economia e do
militarismo. Assim como a Alemanha e a Itália, o Japão é um país de capitalismo
e imperialismo tardio, e em consequência, ocorre uma aliança entre esses três
no contexto da 2ª Guerra Mundial, formando o eixo Berlim-Roma-Tóquio, na
tentativa de dominar o mundo. Nesse momento, a maior pretensão do Japão é
dominar territórios que viabilizassem sua expansão econômica.
A
industrialização e modernização só irá ocorrer efetivamente em 1868 com o fim
do Xogunato e restauração do império com ascensão do imperador Mitsuhito, dando
início à Era Meiji. Essa Era foi de fundamental importância para a arrancada
industrial do Japão, pois caracterizou-se pela implantação de políticas
modernizantes como:
»
investimentos na criação de infraestrutura;
»
fábricas;
»
maciços investimentos na educação, voltada para qualificação da mão-de-obra;
» abertura
(tecnologia e produtos estrangeiros);
A
Constituição de 1889 estabeleceu que o Imperador seria o chefe (sagrado e
inviolável), e também a Dieta (Parlamento).
Por
conta dessas políticas modernizantes implantadas pela Era Meiji o Japão passou
por um vertiginoso processo de industrialização, mas enfrentava problemas
estruturais, como escassez de energia e matérias-primas, e limitado mercado
interno.
Para
suprir esses problemas o Japão se lança a busca de novos territórios,
principalmente na Ásia e Pacífico, investindo maciçamente em seu fortalecimento
militar.
Ocupa
Taiwan com a vitória na Guerra Sino-Japonesa (1894-1895); Em 1910, anexa a
Coréia ao seu território; Em 1904-1905, tomam as Ilhas Sacalinas, até então
território russo, com vitória na guerra contra a Rússia. Em 1931, ocupam a
Manchúria (território chinês) e implantam Manchukuo, em 1934, estabelecendo um
Estado Fantoche sob o governo de um ex-imperador chinês destituído pela adoção
da República.
Em
1937 inicia uma confrontação total com a China, por conta dessa política
expansionista, que estende-se até a 2ª Guerra Mundial, mas essa política irá
causar grande destruição do Japão que sai derrotado da Guerra.
Em
1941, o Japão ataca de surpresa a base naval de Pearl Harbor (Havaí)
superestimando seu poderio militar e antecipando a entrada dos EUA na guerra
que acaba o derrotando.
Em
resposta, em 1945 os EUA lançam as bombas atômicas sobre Hiroxima e Nagasaki. A
única saída do Japão é render-se, fato que acontece com a assinatura, em
setembro de 1945, da rendição do Japão. Essa rendição torna-se símbolo da
superioridade tecnológica e militar norte-americana.
RECONSTRUÇÃO INDÚSTRIAL APÓS A 2°
GUERRA MUNDIAL
O
Japão prosperou muito após a Segunda Guerra Mundial, ocasião em que o país foi
parcialmente destruído; para tanto, contribuíram para os seguintes fatores:
ajuda militar e financeira dos Estados Unidos (o Plano Marshall foi só para a
Europa); política de controle populacional; prioridade à educação e ao domínio
da tecnologia; produção voltada para a exportação. Após a Segunda Guerra
Mundial o Japão renunciou à postura imperial e militarista, inserindo-se nas
relações internacionais através de uma aliança subordinada com os Estados
Unidos (especialmente durante a Guerra Fria), país que possui grandes bases
militares em território japonês. Não se deve esquecer que o "império do
sol nascente" foi o único país do mundo a sofrer um bombardeio nuclear, e
isto fez com que a elite nipônica jamais houvesse pensado novamente em seguir
uma linha independente. Assim, se desenha outra característica das relações
internacionais do país, centradas especialmente no plano econômico, também em
associação com os EUA, nação em grande parte responsável pelo crescimento
econômico japonês. O Japão chegou a ser apontado como sucessor dos EUA como
primeira potência mundial. Mas esta análise desconsidera o fato de que o país é
vulnerável em termos de matérias primas e energia e depende dos EUA.
Contrariando as expectativas otimistas, no início dos anos 1990 a “bolha
especulativa” explodiu, com uma desvalorização dos ativos japoneses e uma
estagnação econômica surpreendente (crescimento de apenas 1% ao ano desde
1990). Enquanto isto, a China crescia quase dez vezes mais, estando atualmente
em vias de ultrapassar o Japão como segunda potência econômica, além do fato de
Pequim ter assento no CS da ONU como membro permanente, indústria aeroespacial,
armas nucleares e uma força militar autônoma, fatores que Tóquio (a cidade mais
populosa do mundo) não possui.
Na
primeira metade dos anos 1990 o consenso político doméstico desmoronou e o país
simplesmente não consegue definir um novo equilíbrio interno, nem definir uma
política externa. Por um lado, há os que desejam manter a aliança com os EUA,
dentro de uma estratégia antichinesa, o que tem sido a tendência do governo
Koisumi. Outros, contudo, consideram que o fim da Guerra Fria e a crescente
integração entre as economias do leste asiático fazem com que uma aliança com a
China e a inserção regional seja o caminho futuro. Um grupo menor, saudosista,
deseja um Japão independente, armado e buscando seus interesses isoladamente. O
processo de tomada de decisões em política externa é extremamente fragmentado
no Japão, com agências governamentais concorrendo entre si, além do papel das
grandes companhias. Assim, o país arrisca ser colocado no centro da estrutura
de poder mundial, sem ter definido seus interesses, apenas seguindo diretrizes
norte-americanas. Isto tudo alimentado pela estagnação econômica e a regressão
demográfica (a população está em declínio). Desta forma, a elite japonesa
necessita identificar seus objetivos diplomáticos, o que provavelmente só
ocorrerá em decorrência de algum acontecimento mundial impactante, que obrigue
o país a reagir.
DISTRIBUIÇÃO DAS INDÚSTRIAS
A
industrialização no Japão teve inicio em 1880, onde predominavam as indústrias têxteis.
A partir do início do séc. XX, começaram a investir nas indústrias de base. Em
1901 foram construídas as primeiras metalúrgicas pelo governo de Iawata. E ,
logo após, investiram nas indústrias de bens de consumo. Ocorreram alguns
avanços tecnológicos.
Apesar
de todo esse progresso, o Japão é muito dependente de matéria-prima
internacional, pois o país possui pouca jazida de minério e as reservas de
combustível fóssil são insuficientes.
Para
compensar as despesas com importações e as limitações do mercado interno, o
Japão passou a exportar mais produtos industrializados e importar produtos
primários.
O
parque industrial japonês está localizado próximo de grandes portos, nas planícies
litorâneas, onde estão as maiores aglomerações urbano-industriais, porque o
solo era próprio para o plantio de arroz.
Outra
aglomeração se encontra no eixo Tóquio- Osaka. Nessa região se concentra cerca
de 85% da produção do país, sendo Tóquio e Osaka as principais responsáveis por
cerca da mertade dessa produção.
O
Japão é o maior fabricante de produtos industrializados e nele está sede de
várias corporações multinacionais do planeta: Honda e Toyota.
Ele
é um dos líderes em novas tecnologias e nele há vários centros de pesquisas e
muitas indústrias de alta tecnologia.
A
Cidade da Ciência de Tsukuba é o principal tecnopolo japonês e um dos mais
importantes do mundo. Ali se instalaram vários centros de pesquisas
governamentais. Hoje existem 46 institutos de educação e pesquisa em
funcionamento.
Outro
tecnopolo é o Kansai, que abrange os municípios de Kyoto, Osaka e Nara e é a
segunda região mais industrializada do Japão.
O
Japão é líder mundial na robótica. Porém, com a crise de 1990, os robôs vem
perdendo terreno desde 1998. Mas com a utilização dos robôs em várias
indústrias principalmente na automobilística, ocorreu um grande aumento na
produção e na venda deles, fazendo com que aumentasse a competitividade. No
Japão há mais de 200 empresas de robôs.
Andando
sempre em grandes grupos econômicos, o Japão, após Segunda Guerra Mundial,
conseguiu conquistar um lugar no mercado exterior.
Em
1990, houve a crise japonesa, que é consequência dos sucessos nos anos
anteriores, pois acumularam grandes riquezas e os bancos começaram a fazer
empréstimos sem critérios e acabavam não recebendo de volta, o que levou muitos
bancos e empresas a falência. Com isso, a população começou a reduzir o
consumo, o que aumentou a taxa de poupança interna e dificultou a retomada do crescimento
econômico.
O
Japão é hoje um dos países mais desenvolvidos do mundo. Suas técnicas com
eletroeletrônicos não são conhecidas na maioria das demais nações e o mais
impressionante é que o país esteve constantemente em conflitos durante seu
desenvolvimento, todos os possíveis para atrasar e dificultar ao máximo seu
processo de desenvolvimento, e é claro, de industrialização.
O
Japão está concentrado em um território de muito risco, suas cidades, altamente
desenvolvidas, estão localizadas sob fendas de placas tectônicas e, veja bem,
estar perto desses encontros tectônicos já não é boa coisa, imagine estar sob
duas fendas, exatamente em cima das fendas, já pensou? Tudo isso causa muito
transtorno pois terremotos são comuns, os perceptíveis, que atingem 4 ou 5 na
escala, mas já houveram muitos que chegaram a 6 ou 7 na mesma escala e estes
deixaram para trás grandes heranças.
Sempre
que o país começava a se fortificar aconteciam estes estragos. Outro fator que
ajudou no atraso do país foi o estopim da Segunda Guerra Mundial, o Japão
estava ao lado da Alemanha, ou seja, estava contra todos os demais países, e
quando Alemanha e Itália já haviam se rendido, o Japão tentou segurar a Guerra,
mas foi tarde de mais: Havia uma hipótese de que os Estados Unidos da América
teriam conseguido construir uma bomba atômica, mas eram poucos os que
acreditavam, mas para acabar oficialmente com a guerra e tornar-se a primeira
grande potência, os Estados Unidos jogaram esta bomba sob Hiroshima, de certa
forma também era uma vingança devido a Pear Harbor, mas não satisfeitos,
jogaram outra bomba, desta vez em Nagasaki, três dias depois da primeira.
Mesmo
com todos esses possíveis atrasos o Japão conseguiu se reerguer e hoje é uma
das maiores potências do mundo. Tem a mais alta tecnologia em seus limites
locacionais, tem indústrias que investem em expandir a tecnologia. É do Japão
que sai, praticamente, todos os modelos de celulares, todos os modelos de
computadores, de notebooks, de pen-drives. Tudo que é tecnologia é sinônimo de
Japão!
FONTE: Sene, Eustáquio de. Geografia geral e do
Brasil, volume 3: espaço geográfico e globalização: ensino médio / Eustáquio de
Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2011.
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