Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Países de industrialização Planificada



Os países do bloco socialista tiveram uma industrialização inserida numa economia planificada. Na economia de mercado, a indústria é uma propriedade privada que produz visando o lucro.
Na economia planificada, as indústrias são de propriedade do Estado, visa produzir para satisfazer necessidades sociais. As necessidades sociais eram definidas pela burocracia dos governos socialistas.
A maioria dos países da Europa oriental, quando eram de economia planificada, tinha como prioridade o desenvolvimento da indústria de base (siderúrgica, petroquímica, maquinaria e veículos pesados), o que deixou as indústrias de bens de consumo e, segundo plano, indústrias de automóveis, vestuários e eletrodomésticos tinham baixa prioridade nos parques industriais das nações socialistas.
O cenário, até a queda da URSS, era de um bloco de países sem sociedade de consumo, fato que começou a mudar quando estes países iniciaram processo de transição econômica nos anos 90. Dentre os países que se industrializaram através da economia planificada, destacam-se a Rússia, a República Tcheca, Alemanha Oriental, Polônia, Hungria, Eslovênia, Croácia e Bulgária.
A industrialização planificada se esgotou com a queda do socialismo soviético. A transição industrial nestes países foi traumática na década de 90, a passagem para a produção de mercado aberto gerou desempregos, inflação, privatização e fechamento de fábricas obsoletas.
- União Soviética/ Rússia: ( Origem e crise da economia planificada, o fim da URSS e o ressurgimento da Rússia, a indústria Russa)
A industrialização soviética
No final do século XIX, a Rússia era um império sob a liderança do czar Nicolau lI, que governava com poderes absolutistas. Apesar de a economia ser essencialmente agrária, o país possuía uma indústria desenvolvida nas cidades de São Petersburgo (então capital do Império Russo), Kiev e Moscou. Os trabalhadores urbanos eram submetidos a longas jornadas de trabalho e viviam em moradias em péssimas condições, o que promovia um sentimento geral de insatisfação popular. Isso ajudou na formação de uma classe operária organizada.
Os camponeses também estavam descontentes com as condições de vida nas áreas rurais. O descontentamento popular e o desastre militar na Guerra Russo-Japonesa (1904- I 905) e na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), associados à crise econômica, fizeram eclodir levantes de operários e camponeses contra o czarismo. As manifestações, inspiradas nas ideias de Karl Marx e Friedrich Engels, precipitaram o processo revolucionário, iniciado em fevereiro de 1917 e que culminou com o fim do regime monárquico. Em novembro de 1917, o Partido Bolchevique, com o apoio dos sovietes (conselhos de trabalhadores), tomou o poder, iniciando assim o período da Rússia socialista.
Até a Segunda Guerra Mundial ( 1939-1945), podemos identificar três importantes períodos para a construção da União Soviética.
Os planos quinquenais (1928-1938)
Foi nesse momento que o governo da URSS, então comandado por Josef Stalin (secretário-geral do Partido Comunista), começou a planificar a economia. Extinta a NEP, foram adotados os planos quinquenais (de cinco em cinco anos), que contribuíram para o aumento da produtividade na indústria e agricultura. Entre as características do período estão o incentivo à indústria pesada e de material bélico, a intensa urbanização e a coletivização forçada da agricultura, processo com grande uso de violência e de repressão, com os estabelecimentos rurais kolkhozes e sovkhozes, extinguindo assim a propriedade privada.

A Guerra Fria
Os planos quinquenais foram interrompidos com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e a invasão da URSS em 1941 pelas tropas alemãs, que seriam derrotadas pelo Exército Vermelho e a resistência popular.
O fim da guerra em 1945 marcou o início da Guerra Fria, período de grande conflito político e ideológico entre os EUA e a URSS, as duas superpotências antagonistas da época. O período teve entre suas características a corrida armamentista e espacial, além da divisão do mundo em duas áreas de influência, sobre controle das superpotências. Essa polarização levou a uma série de conflitos, como a Guerra da Coréia e a Guerra do Vietnã.
Cortina de Ferro foi uma expressão usada para designar a divisão da Europa em duas partes, a Europa Oriental e a Europa Ocidental como áreas de influência político-econômica distintas, no pós- Segunda Guerra Mundial conhecido como Guerra Fria. Durante este período, a Europa Oriental esteve sob o controle político e/ou influência da União Soviética, enquanto a Europa Ocidental esteve sob o controle político e/ou influência dos Estados Unidos.
A expressão foi celebrizada pelo então primeiro-ministro britânico Sir Winston Churchill, que a usou num discurso em Fulton, em 1946, para designar a política de isolamento adotada pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e seus estados-satélites após a Segunda Guerra Mundial.
O fim da URSS
Na década de 1980 ocorreram profundas mudanças políticas nos países socialistas. O grande símbolo da Guerra Fria, o Muro de Berlim, foi derrubado em 1989. Esse fato constituiu um marco do processo que levaria ao fim dos regimes socialistas e da própria União Soviética. Vários eventos contribuíram para esse processo, alguns dos quais destacamos a seguir.
No campo externo, a política militarista fomentada pelo governo dos EUA, obrigando os soviéticos a aumentar os gastos com armamentos para manter o equilíbrio com seus antagonistas, ao mesmo tempo em que eram derrotados após terem invadido o Afeganistão, causou uma crise intensa na URSS.
Internamente, o descontentamento era imenso com a falta de liberdade e de bens de consumo de primeira necessidade. Isso estimulou a população a reivindicar mudanças. A abertura da economia (Perestróica) e a transparência política (glasnost), comandadas por Mikhail Gorbatchev, proporcionaram o fim do sistema soviético em dezembro de 1991.
A maioria das repúblicas que compunham a URSS tornou-se independente no início dos anos 1990. O período subsequente caracterizou-se por crises internas relacionadas a processos de transição política e econômica. Em 1991, sob o governo de Boris Yeltsin, foi criada a Comunidade de Estados Independentes (CEI), formada pela maioria das antigas repúblicas soviéticas. A CEI oficializou a extinção da URSS.
A partir de 1998, após atravessar uma das mais graves crises de sua história, a Rússia, país mais industrializado da CEI, passou a adotar uma política nacionalista, reforçando a economia interna. Auxiliada pelo crescente aumento do preço do petróleo, abundante no país, conseguiu reconstruir sua economia e reinserir-se na política internacional.

Formação e Desintegração da URSS
A história da humanidade sempre foi marcada pela ascensão, hegemonia e queda de grandes impérios, nas mais diversas regiões do globo, como exemplos destes podemos citar o Império Egípcio, Babilônico, Romano, SIRG ( Sagrado Império Romano Germânico), Inca , Asteca, Árabe, Otomano, Alemão e mais recentemente o Império Russo que atinge seu colapso com o fim da URSS em 1991.
As conquistas destes impérios sempre foram marcadas por inúmeras guerras deflagradas por disputas territoriais, diminuição, incorporação e extermínio de etnias, ou seja, por imposição forçada de um determinado grupo ( mais forte belicamente ) contra outros mais vulneráveis.
Com o grande Império Russo não foi diferente, na presente pesquisa vamos verificar todas as etapas que vão desde a formação do Estado Russo no século IX, todo seu processo de expansão territorial ( para a Sibéria, Cáucaso e Báltico), passando por fatos importantes de sua história como a Revolução Bolchevique de 1917 que implantou o socialismo real, sua participação na 1ª Guerra Mundial , formação da URSS em 1922, participação na 2ª Guerra Mundial, guerra fria, fatores que levaram a crises econômicas e políticas, perestroika, glasnost, CEI e atualidades como a explosão de graves conflitos étnicos envolvendo chechenos e outras minorias que fazem parte da Federação Russa e que lutam por independência.
Não há dúvida em que a desintegração da URSS foi o principal fato geopolítico do final do século XX, fato este que gerou profundas modificações em todo leste europeu e mudou a ordem mundial que agora possui apenas os EUA como grande superpotência.
Devido a todos estes fatores é imprescindível que compreendamos toda a dinâmica que levou a ascensão e queda do “Império Vermelho” e seus reflexos no mundo.
Formação e Expansão territorial da Rússia
Não se pode falar da Rússia atual sem antes entender o processo de territorialização e todos os caminhos que levaram a formação da URSS, sua ascensão e posterior extinção. Pois a Rússia de hoje é reflexo deste processo já que sempre esteve na liderança do bloco socialista e é a maior herdeira da antiga URSS.
Para tanto, vamos fazer um pequeno retrocesso histórico que vai desde a expansão territorial até atual situação político-econômica da Rússia.
Formação Territorial
O longo processo de expansão territorial russo se estende desde o século IX até o inicio do século XX. Partindo de uma pequena faixa de terra localizada, de forma bem genérica, entre os mares Báltico e Negro, grupos russos se expandiram para todas as direções. A expansão trouxe como consequência a conquista e a submissão de muitos povos pelos russos e a constituição de um estado com nítidas características de heterogeneidade étnica.
A Industrialização sob uma economia planificada
A União Soviética, em sua maior expansão territorial, no pós-guerra passou a ser composta por quinze repúblicas, ocupando um território de 22,4 milhões de quilômetros quadrados; englobando mais de uma centena de povos.
Enquanto o mundo se guiava pelos padrões tecnológicos, da 2º Revolução Industrial, a economia soviética funcionou bem. A URSS cresceu em termos tecnológicos se fortaleceu militarmente. Até então seu modelo de economia estatizada e planejada funcionou bem. A industrialização foi beneficiada pelos recursos do subsolo, principalmente o carvão e a linhita. Isso favoreceu a instalação de poderosas usinas termelétricas localizadas em áreas carboníferas, nas Ucrânia e em Moscou e diversas usinas hidrelétricas. Também há imensos recursos em minerais ferrosos e não ferrosos.
A partir do ingresso da URSS na 2º Guerra Mundial, foi priorizada a indústria bélica. Isso aconteceu no 3º plano quinquenal.
O quarto plano quinquenal (1946-1950) foi direcionado para a recuperação da economia reconstrução das fábricas e das obras de infraestrutura destruídas pela guerra. Investiu-se na construção de barragens, ferrovias, redes de transporte etc.
Os planos que vieram a seguir continuaram a priorizar o setor industrial pesada e bélica. Principalmente indústrias como a siderúrgica, a petrolífera a de maquina e equipamentos. O setor bélico destacava-se na produção de: aviões, navios, submarinos, helicópteros, carros de combate, bombas, mísseis, metralhadoras, fuzis, canhões, obuses etc.
A União Soviética por um grande período ditava juntamente os Estados Unidos, ritmo das pesquisas cientificas ciência e tecnológica.
Destacou-se nas indústrias aeroespacial, nuclear, de informática, na tecnológica bioindustrial, engenharia genética e outros ramos da pesquisa avançada.
Do pós-guerra até os anos 70 a União Soviética conseguiu acompanhar e por diversas vezes liderar os níveis tecnológicos e produtivos, mantendo-se como potência não só militar, mas econômica.
Uma das características mais marcantes nos países socialistas foi a estatização da propriedade privada dos meios de produção. Entendia-se que essa seria a maneira de o Estado assegurar um gerenciamento mais eficaz da economia, garantindo o emprego e a produção. Foi atribuída, de modo geral, maior ênfase à indústria de base, pois era o meio de alavancar o restante da produção, que depende dos seus insumos.
Com o planejamento era possível estabelecer maior distribuição industrial no território, evitando-se as grandes concentrações industriais que as economias de mercado acabam gerando. Assim, as indústrias eram instaladas de acordo com um planejamento estratégico que levava em conta vários aspectos sociais, políticos e de organização territorial, e não apenas o lucro, como nos países capitalistas.
Foram poucos os países que se industrializaram por meio do planejamento centralizado do Estado. O primeiro foi a URSS, na primeira metade do século XX; depois vieram os países do Leste Europeu que ficaram sob influência soviética após a Segunda Guerra Mundial, como a Polônia, a Hungria, a Romênia, a antiga Iugoslávia e a Bulgária. Com a descolonização da África e da Ásia, alguns países desses continentes também adotaram medidas de planificação; foi o caso de Moçambique, Angola, Vietnã e China.
Alguns problemas oriundos da planificação, como o excesso de burocratização, contribuíram para a falta de mobilidade na industrialização, prejudicando o dinamismo tecnológico desses países.
O declínio da URSS.
Os movimentos separatistas que tiveram início nas republicas Bálticas (Lituânia, Estônia e Letônia) foram decisivos para desencadear uma desintegração em série das republicas soviéticas.
A grande diversidade étnica existente no leste europeu também tiveram uma grande parcela de contribuição para que essa desintegração acontecesse, mas a principal causa desses movimentos separatistas e movimentos nacionalistas era o descontentamento da população em relação ao sistema de governo existente. A população começou a perceber que à distância que os separava dos ocidentais estava ficando cada vez maior e atribuíram esses retardos tecnológicos ao modelo econômico utilizado pelos governantes ultraconservadores que não apostaram na economia de mercado, não abriram mão do unipartidarismo, preferiram sempre estar com o poder centralizado nas mãos do estado, enfim não contribuíram em quase nada para que um país de tão grandes dimensões não tivesse mergulhado em tão profunda crise tecnológica e econômica.
O descontentamento da população gerando movimentos nacionalistas também desencadeou uma série de conflitos no leste europeu, a maioria das repúblicas soviética partiu em busca de sua independência. Poucas republicas conseguiram sua independência sem derramamento de sangue.
Foi nesse contexto que em 1985 MIKHAIL GORBACHEV assume o governo e tenta reverter à situação, tentando fortalecer as republicas soviéticas e evitar a desintegração.
GORBACHEV inicia a dura transição da economia planificada para a economia de mercado. Inicia um período de reformas na URSS implantando a Glasnost e a Perestroika, que nada mais eram senão a abertura ou transparência política e a abertura da economia. A intenção era regularizar a situação econômica e política do país. Com essa abertura econômica, a URSS estava aceitando investimentos estrangeiros no país, coisa que até então não era possível. Outra tentativa para que não ocorresse esta desintegração foi à autorização à criação de outros partidos político além do PCUS. Apesar das tentativas de GORBACHOV em manter as republicas unidas, isso não foi possível, uma a uma as repúblicas soviéticas foram conquistando a sua independência. A URSS organizou até 30 de Dezembro de 91 quando se formou a CEI e a Rússia deixando o país então de ter um poder central único exercido pelo estado para construir sociedades democráticas. Os planos de Gorbatchov exigiam a perestroika (“reestruturação”) da economia nacional e uma glasnost (“abertura”) na vida política e cultural.

O que é a CEI?
A CEI não é um país, como era a URSS, nem foi criada para substituir essa grande potência. É uma organização de cooperação entre antigas repúblicas que passaram muitos anos ligados pelo governo central de Moscou, porém dessa vez cada qual tem assegurado a sua soberania.

A Rússia hoje
Mesmo com a dissolução da União Soviética, a Rússia ainda hoje é o país com o maior território do mundo (17 milhões de km²) e a 8ª maior população (aproximadamente 142.905.200 hab. Censo 2010 ). Parte do seu território se localiza na Europa, e outra porção na Ásia, favorecendo as relações comerciais com países de ambos os continentes.
O seu imenso território é dotado de muitas riquezas minerais, o que possibilita a produção em larga escala de prata (7° maior produtor do mundo), carvão (5° maior), diamante (2° maior), ferro (3° maior) e urânio (4° maior), além de bauxita, ouro, cobre, níquel e estanho. Também possui uma das maiores reservas mundiais de petróleo e gás natural, o que tem sido fundamental para sua economia nos últimos anos, tanto para consumo interno como para exportação.
A Rússia dispõe de uma indústria diversificada e possui bom desenvolvimento nos setores de bens de consumo e de produção. Destacam-se as indústrias siderúrgica, naval, automobilística, bélica, petroquímica, de eletrodomésticos e têxtil, entre outras. As indústrias localizam-se principalmente na parte ocidental do país, onde a proximidade com a Europa permite melhores condições para o comércio.
Apesar de ter vivido períodos em que os investimentos agrícolas entraram em declínio, como consequência da grande crise gerada pela passagem da economia planificada estatal para a de mercado, a Rússia ainda possui uma agricultura importante. No sudoeste do país, onde o clima é mais ameno, destaca-se a produção de aveia, trigo, cevada e beterraba açucareira. Já a pecuária do país caracteriza-se pela diversidade, destacando-se os rebanhos ovino, caprino, suíno e bovino.
Os principais parceiros comerciais da Rússia são a União Europeia, a China, a Ucrânia, o Japão e os Estados Unidos. A maior parte de suas exportações (cerca de 72% em 2007) é constituída de combustíveis e produtos do extrativismo mineral e vegetal, e de produtos industrializados (aproximadamente 19% em 2007). Por outro lado, os produtos industrializados compõem a principal parcela de sua pauta de importações: 83,1 % do total.
A economia russa é altamente dependente do petróleo, o que proporciona períodos de crescimento, quando a cotação desse recurso está em alta no mercado mundial, e crises com a queda do preço, que foi notável em 2008. Essa situação também afeta as antigas repúblicas soviéticas, que ainda mantêm importante ligação econômica com a Rússia. Assim, nos momentos de crise, outros países da região também sofrem com a diminuição do comércio e com a intensificação do desemprego, que afeta, sobretudo os trabalhadores imigrantes.
A Rússia é uma Democracia Federal, baseada num sistema de Estado de Direito sob a forma de República. Os três poderes do Estado, Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes uns dos outros. As decisões políticas são tomadas na Assembleia Federal Russa que é constituída por duas câmaras - a Duma e o Conselho Federal.

- China: ( A formação da China comunista, o processo de industrialização, a economia que mais cresce no mundo e suas contradições)
A China
A sociedade chinesa começou a desenvolver-se muitos séculos antes de Cristo. Estabelecidos às margens dos rios, os chineses cultivavam cereais, como o trigo e o arroz. A cultura do arroz teve enorme importância, pois era fonte de alimento para a população, além de estimular o trabalho coletivo de irrigação.
Outro fator essencial na formação da sociedade chinesa foi o nascimento de filosofias como o confucionismo (século VI a.C.) e o taoísmo (cerca de VI d.C.). Elas contribuíram para o desenvolvimento de um Estado centralizado.
Do processo de formação da civilização chinesa, destacam-se a criação de uma rede de canais de irrigação e represas e o pioneirismo tecnológico. Os chineses já conheciam a fundição do ferro desde o século VI a.C., produziam aço desde o século II a.C. e conheceram a pólvora muito antes dos europeus (a utilizavam para a fabricação de fogos de artifício).
As primeiras tentativas de penetração econômica ocidental na China se deram apenas nos séculos XV e XVI. Elas visavam obter um intercâmbio para constituir laços comerciais entre a China e as nações europeias, o que ganhou força apenas nos séculos seguintes.
No século XIX, com a expansão do imperialismo europeu, a China foi obrigada a abrir os seus portos ao comércio com a Europa e, depois, teve boa parte do seu território ocupado por nações estrangeiras. Tais ocupações foram de grande importância para a união dos chineses contra a dominação externa. Foi o que aconteceu em relação à dinastia Manchu, que governou a China do século XVII ao século XX.

A Revolução Chinesa e o Grande Salto para a Frente
A reação contra a ocupação estrangeira redundou na derrubada da monarquia e proclamação da República em 1911, liderada pelo Partido Popular Nacional (Kuomintang). Em 1921, foi fundado o Partido Comunista Chinês (PCCh). Na década de 1920, membros do Kuomintang e do PCCh uniram-se contra a invasão japonesa e, depois, durante a Segunda Guerra Mundial. As forças comunistas, agora lutando contra os nacionalistas do Kuomintang, tomaram o poder definitivamente em 1949, sob a liderança de Mao Tse-tung. Instaurou-se, assim, a República Popular da China, sob regime comunista.
O novo governo reorganizou a economia do país, tomando como modelo o socialismo e a economia planificada da União Soviética. Os chineses implantaram uma reforma agrária, nacionalizaram as propriedades estrangeiras e estatizaram as indústrias.
Houve grande esforço na estruturação econômica da China, mas, mesmo assim, na década de 1950 o país ainda encontrava dificuldades para alimentar milhões de pessoas.
Em 1958, o presidente Mao lançou um plano cujo objetivo era acelerar a coletivização do campo e a industrialização. Esse plano ficou conhecido como o Grande Salto para a Frente. Seus resultados, porém, foram desastrosos, com uma profunda crise econômica, que causou escassez e fome.
A crise originou sérios conflitos políticos, que desembocaram, em 1966, na Revolução Cultural. Os opositores da linha defendida por Mao foram reprimidos e perseguidos. Em 1978, dois anos depois de sua morte, teve início o processo de abertura econômica do país.

As quatro modernizações na China
As mudanças econômicas adotadas a partir de 1978 no governo de Deng Xiaoping foram responsáveis pelo intenso crescimento econômico chinês, que chegou à média de 9% ao ano nas três últimas décadas.
Esse crescimento foi acompanhado por uma mudança no padrão de consumo. Em 1978, os três principais bens de consumo eram o relógio, a máquina de costura e a bicicleta. A partir do início dos anos 1990 já se percebia um aumento considerável no consumo de produtos considerados até então menos essenciais e com elevado valor agregado, como geladeiras, gravadores, televisores, máquinas de lavar, etc.
Apesar da ampliação do mercado interno e dos seus efeitos favoráveis à indústria chinesa, foram as exportações as maiores responsáveis pelo crescimento econômico da China. A participação do comércio exterior no PIE (Produto Interno Bruto, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) passou de 10%, em 1978, para 44%, em 1995, atingindo 71 % em 2007.
Houve três momentos com características diferenciadas nas estratégias de industrialização chinesa após 1978. O primeiro (1980-1983) caracterizou-se pela expansão do setor primário, criando-se as bases para uma nova onda de industrialização. No segundo período (1983-1988), a indústria leve (de bens de consumo) alavancou o desenvolvimento industrial, o que possibilitou a criação de um mercado para a indústria de bens de capital, que no terceiro período, a partir de 1988, foi a responsável pelo dinamismo da industrialização.
A política econômica posta em prática pelo governo de Deng Xiaoping estava baseada nas quatro grandes modernizações, priorizando-se os investimentos em agricultura, indústria, defesa e ciência e tecnologia. Para isso se aplicou uma estratégia de adoção de diversas políticas fundamentadas em sua própria história.
Houve ampla reforma na utilização da terra, que permitiu aos camponeses comercializar o excedente agrícola. Isso possibilitou grande aumento da produtividade na agricultura.
Também foi criado um programa de incentivo às exportações e de proteção ao mercado interno. Assim, foram concebidas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) próximas às zonas costeiras. Seu objetivo era uma aproximação com Hong Kong, Taiwan e Macau, que serviriam de base para a atração de capitais de empresas exportadoras. As ZEEs ofereciam condições para os investidores estrangeiros, como facilidades fiscais, liberdade cambial e isenção de impostos. Observe o mapa abaixo.
As empresas estatais também passaram por reformulações, combinando alguns mecanismos de mercado com as metas estipuladas pelo planejamento centralizado. Assim, conseguiu-se aumentar a produção e a produtividade do trabalho por meio de premiação dos dirigentes das empresas que conseguissem melhorar o desempenho econômico.
Outra importante medida foi a promoção das Empresas Coletivas de Vilas e Municípios (TVEs). São indústrias localizadas em áreas rurais que normalmente aproveitam o tempo em que o camponês não está se dedicando à atividade agrícola. Essas empresas de grande dinamismo são responsáveis por significativa melhoria da renda das populações rurais.

A China hoje
Socialismo de mercado é um conceito utilizado pela China para definir seu sistema econômico em processo de transição de uma economia planificada para uma economia de mercado. Embora esta transição econômica tenha sido iniciada ainda no governo de Mao Tsé-Tung, o conceito de "socialismo de mercado" passou a ser utilizado apenas em meados dos anos 1980 e amplamente difundido apenas nos anos 1990. Atualmente Cuba declara adotar este modelo, enquanto a China defende ter uma típica economia de mercado, embora regulada pelo Estado. Teoricamente o chamado socialismo de mercado consiste em uma economia de mercado onde a regulação, orientação e iniciativa do Estado se sobrepõe à iniciativa privada.
Com um vasto território e a maior população do planeta (cerca de 1,3 bilhão de habitantes), a China possui grandes riquezas minerais e energéticas, o que possibilita enorme dinamismo na sua economia, chamada por
alguns estudiosos de economia socialista de mercado. No entanto, seu crescimento tem sido tão intenso que ela se tornou dependente de vários outros recursos vindos de todos os continentes.
Tem grande destaque na China a produção camponesa na agricultura. O país é o maior produtor mundial de arroz, trigo, batata, algodão, tabaco, maçã e cebola. Também possui os maiores rebanhos caprino, equino, suíno, ovino e de aves, além de ser o terceiro maior em bovinos. Na produção mineral destaca-se como maior produtor mundial de ferro, zinco, alumínio, estanho, cimento e carvão.
Seu parque industrial é altamente diversificado, atuando em vários setores, como petroquímica, química, eletrônicos, metalurgia, siderurgia (maior produtor mundial de aço), indústria naval (3a maior do mundo), automóveis e pesca (maior do mundo).
A China é um dos maiores exportadores do mundo e alcançou entre 2000 e 2007 um crescimento médio do PIE de 10% ao ano. No mesmo período, seu volume de exportações obteve um crescimento de 23% ao ano.
Os investimentos externos são de grande importância para esse crescimento econômico, e um vasto número de empresas estrangeiras tem se instalado na China para aproveitar os benefícios da mão de obra barata e qualificada, além do potencial exportador do país. Hoje a importância da economia chinesa é tão grande que uma diminuição do seu crescimento atingiria toda a economia mundial, pois é uma das maiores compradoras de commodities vindas dos países em desenvolvimento (emergentes) e uma das principais compradoras dos títulos públicos da dívida dos EUA.
O setor financeiro chinês é altamente desenvolvido, e seus bancos são majoritariamente estatais, o que permitiu que a crise financeira mundial iniciada em 2008 não os atingisse tão violentamente. O pacote de medidas adotado pela China para enfrentar a crise praticamente não direcionou nenhum centavo para os bancos, ao contrário do que ocorreu na Europa e nos EUA. A força do capital financeiro chinês pode ainda ser constatada pelo fato de que, no início dos anos 1980, nenhum banco chinês figurava entre os mais importantes do mundo; já em 2009, os três maiores bancos do mundo eram chineses. Outra demonstração da força da nova China, como potência mundial, foi a realização da Olimpíada de Pequim de 2008, evento altamente grandioso e bem planejado.
Apesar da prosperidade econômica, o desenvolvimento chinês gera muitos problemas ambientais. Os mais graves decorrem da atividade industrial, que causam impactos como a degradação da qualidade da água, a contaminação do solo e a poluição atmosférica. Nas grandes cidades, a poluição do ar é tão intensa que traz prejuízos ao próprio dinamismo industrial, já que atinge diretamente a saúde dos trabalhadores, diminuindo sua produtividade.
Os problemas ambientais, no entanto, começam a ser tratados com grande preocupação pelo Governo chinês. A substituição das usinas termoelétricas baseadas em carvão por usinas mais modernas e menos poluentes tem sido uma diretriz das autoridades. Um dos exemplos da atual política energética chinesa é a construção da usina hidrelétrica de Três Gargantas, a maior do mundo. No entanto, apesar de não emitir poluentes atmosféricos, a usina provocou outros impactos ambientais relacionados ao alagamento de uma área imensa.

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