A
superfície de gelo ártico registrou neste verão (hemisfério norte) a segunda
maior redução desde 1979, informou o Centro Nacional de Dados da Neve e Gelo
(NSIDC), com base em imagens de satélites.
Os
gelos do oceano Ártico cobriam uma superfície de 4,33 milhões que quilômetros
quadrados em 9 de setembro, o menor nível desde 2007 e o segundo menor desde
1979, afirma o "National Snow and Ice Data Center" em um comunicado.
A área
do gelo ártico é medida por satélite desde 1979 e a tendência é de uma redução
cada vez mais intensa.
A
extensão do gelo no Ártico chegou neste verão boreal ao mínimo já registrado,
ou está bem perto disso, disseram dois institutos diferentes na terça-feira,
confirmando uma tendência que pode levar a verões sem gelo algum na região
dentro de uma década.
Em 32
anos de medições por satélites, os últimos cinco foram os que tiveram os
maiores degelos, o que provavelmente é consequência de padrões naturais de
temperatura e da mudança climática provocada pelo homem.
A
ausência de gelo no verão ártico pode afetar o clima no mundo todo. Cientistas
dizem que os recentes invernos na Europa e América do Norte, excepcionalmente
frios, já são um sinal disso, pois o mar mais quente e aberto no Ártico desvia
os ventos polares para o sul.
Pesquisadores
da Universidade de Bremen (Alemanha) disseram que este ano destronou 2007 como
o de menor extensão do gelo no Ártico, na medição feita em 8 de setembro.
Já o
Centro Nacional de Dados da Neve e do Gelo (NSIDC) dos EUA diz que este ano
deve permanecer em segundo lugar, mas numa espécie de "empate técnico".
Mais
importante que o recorde é a tendência, disse Georg Heygsterall, da
Universidade de Bremen, citando o fato de que todos os verões boreais desde
2007 tiveram degelos maiores do que antes daquele ano.
A
camada de gelo que cobre o Oceano Glacial Ártico registrou um novo e
preocupante recorde de descongelamento no atual verão europeu, tendo sua
superfície reduzida em até 4,24 milhões de quilômetros quadrados.
Um
porta-voz do Instituto de Física do Meio Ambiente da Universidade de Brêmen
anunciou nesta sexta-feira que o novo índice supera a marca de 2007, quando
haviam sido registrados 4,267 milhões de quilômetros quadrados de superfície de
gelo, número mais baixo até então. Pesquisadores da Universidade de Washington
também levantaram o alerta sobre a diminuição de gelo da região no começo desta
semana.
"A
superfície de gelo se reduziu cerca de 50% desde 1972. Os seres vivos que
ocupam o ecossistema sob a camada de gelo e que são o ponto de partida da
cadeia alimentar também para nós, os humanos, têm cada vez menos espaço
vital", advertiu Georg Heygster, cientista do instituto.
Heygster
explicou que a superfície gelada do Oceano Glacial Ártico oscila normalmente
entre 15 milhões de quilômetros quadrados em março e 5 milhões em setembro. O
recorde atual supera o de 2007 em 0,6% e o especialista acredita que a redução
da superfície gelada pode se tornar ainda maior até o fim deste mês.
O
cientista alemão confirmou que tanto a rota marítima a nordeste, próxima à
costa da Rússia, quanto a rota a noroeste, que faz limite com o Canadá, ficaram
abertas como consequência do descongelamento do Oceano Ártico, fenômeno
semelhante ao que aconteceu em 2008.
Heygster
acrescentou que a diminuição da superfície de gelo do Ártico já não se explica
mais pela variação natural que acontece de ano a ano, mas pela mudança
climática. Por fim, o cientista ressaltou que com o fenômeno a camada média de
gelo também perde espessura.
Degelo
do Ártico abre duas rotas entre Europa e Ásia
Recentemente,
a Organização Meteorológica Mundial declarou que 2010 empatou com 1998 e 2005
como o ano mais quente desde o início dos registros, há cerca de um século e
meio.
Os
pesquisadores da Alemanha e dos EUA usaram satélites para medir a radiação de
micro-ondas da camada de gelo, mas com métodos ligeiramente diferentes. O NSIDC
obtém uma imagem mais nítida, mas a Universidade de Bremen consegue uma
resolução mais alta, de 6 quilômetros, contra 25 no outro estudo.
Os
pesquisadores são unânimes em dizer que o gelo marinho no verão está
desaparecendo em um ritmo maior do que se previa. "Um verão sem gelo no
Ártico está rapidamente a caminho. A maioria dos dados indica que os modelos
estão subestimando o ritmo da perda de gelo", disse Kim Holmen, diretor de
pesquisas do Instituto Polar Norueguês.
"Isso
significa que vemos uma mudança mais rápida do que os modelos sugeriram.
Significa também que há por aí processos que ainda estamos por compreender
influenciando o gelo."
O recuo
do gelo no verão já atingiu níveis que eram previstos só para daqui a três
décadas nos modelos usados no importante relatório de quatro anos atrás do
painel climático da ONU.
Esse
grupo de cientistas previu que o Ártico ficaria sem gelo no verão no fim deste
século, mas isso pode acontecer já em 2013, segundo uma das estimativas mais
agressivas. Outros especialistas preveem que a eliminação total do gelo vai
acontecer entre 2020-50.