Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

sábado, 30 de junho de 2012

Vulcões e o caos aéreo



As cinzas vulcânicas são compostas de gases tóxicos e de partículas que podem estragar a estrutura do avião, entupir a turbina e causar pane no motor.
As provas dos vestibulares e do ENEM costumam cobrar questões contextualizadas, que exigem que o aluno esteja atualizado com as notícias e acontecimentos mundiais.
Pensando nisso, vale a pena abordar um assunto bastante comentado no ano de 2011, principalmente nos meses de maio e junho, que foi o caos aéreo causado por erupções vulcânicas. Quanto a isso, muitos pensam que os voos foram cancelados apenas em virtude da falta de visibilidade. No entanto, um fato que poucos sabem é que as cinzas resultantes da erupção vulcânica podem estragar as janelas dos aviões e suas demais estruturas. Além disso, até mesmo as turbinas podem parar em pleno voo.
*Por dentro do assunto:
O vulcão Eyjafjallajokul, na Islândia, causou um caos no sistema aéreo europeu. Em menos de um mês, a Espanha fechou 19 aeroportos por causa da nuvem de cinzas lançada pelo mesmo vulcão. Ele chegou a expelir cinzas de até 9,1 mil metros de altura.
Até mesmo na Argentina e no Uruguai houve um caos aéreo, com aeroportos paralisados em razão da nuvem de cinzas do vulcão chileno Puyehue, que ofereceu risco ao tráfego aéreo. A Austrália, que também sofreu os efeitos da nuvem vulcânica, teve atrasos em suas operações.
* Aspectos em destaque:
Esse tema é importante, pois tais problemas afetaram várias áreas da sociedade mundial, sendo que a mais importante foi a economia; uma vez que milhões de passageiros não puderam viajar e estima-se que a indústria de aviação tenha sofrido prejuízos de quase US$ 6 bilhões.
Porém, outro aspecto relevante e que pode ser cobrado nos vestibulares tanto na matéria de Química, como também em Geografia e Biologia, é a constituição química das fumaças vulcânicas e quais riscos elas oferecem para o ecossistema ao redor dessas áreas e para a saúde da população.
* Entendendo o conteúdo:
Os vulcões são aberturas no solo, que ficam normalmente entre placas tectônicas, pelas quais sai o magma, que está em seu interior, para a superfície da Terra. Esse magma é constituído de rochas quentes em fusão, isto é, que estão passando do estado sólido para o líquido. Pelos vulcões saem também gases, que serão abordados melhor mais para frente.
O magma pode ser de três formas: como poeira fina e quente, como lava ou como grandes pedras vulcânicas. Isso acontece porque, dependendo da temperatura e da composição química, a erupção pode se dar de três modos básicos: efusiva, explosiva e mista.
Essa composição química – se é ácida ou básica – é que determinará as características do magma, como a viscosidade e as condições de expulsão dos gases existentes nele.
* Composição Química das Cinzas Vulcânicas:
A porção gasosa do magma contém compostos voláteis tais como o dióxido de carbono (CO2) e o gás sulfídrico (H2S). Este é altamente tóxico, forma misturas explosivas com o ar e ataca o aço e selos de borracha rapidamente.
Porém, os principais constituintes dessa fumaça são:
• Vapor de água (H2O(V));
• Poeira, e;
• O principal vilão, o enxofre (S).
Esse último elemento é agressivo à saúde tanto das pessoas, quanto dos animais e vegetais. Seus compostos são muito ácidos, como o dióxido de enxofre (SO2), que compõe uma rocha magmática típica com um teor que varia de 35% a 75 %.
Esse gás pode gerar ácido sulfúrico (H2SO4). Isso ocorre quando ele é oxidado, formando o trióxido de enxofre (SO3). Esse, por sua vez, sofre uma reação com a água, formando então uma solução aquosa de ácido sulfúrico, conforme mostrado pelas reações abaixo:
Por conter enxofre, a fumaça pode causar irritação nos olhos, intoxicação respiratória e até inflamação nos brônquios.
* Consequências de se voar durante esses fenômenos:
Entendendo a composição química das cinzas vulcânicas, fica mais fácil de ver o que ocorreria se um avião tivesse que atravessar uma dessas nuvens:
• As partículas das cinzas vulcânicas entrariam em uma turbina, acumulando-se, e seu material derretido entupiria o motor, travando a turbina;
• Haveria riscos de explosão em razão da presença de faíscas e dos gases citados anteriormente;
• O avião seria atingido pela poeira;
• O enxofre adentraria o avião, inclusive a cabine de comando, forçando os tripulantes a usar máscaras de oxigênio;
• As vidraças seriam quebradas;
• Causaria grande prejuízo econômico para a empresa aérea, pois a turbina ficaria inutilizada. Mesmo se ela voltasse a funcionar, passaria a gastar muito mais combustível;
• Os motores danificados seriam jogados fora, mesmo representando um terço do custo total do avião.
 Turbina do avião 747 da British Airways, que ficou totalmente danificada após passar por cinzas vulcânica

RIO + 20: qual o legado, afinal?


Mais uma vez o Rio de Janeiro teve a honra – e o ônus – de receber uma conferência das Nações Unidas voltada à discussão das questões ambientais, a Rio + 20.
Duas décadas após a Rio-92, que pretendeu lançar as bases e apontar caminhos para uma mudança efetiva nas relações do ser humano com a Natureza – no sentido mais amplo do termo -, encontraram-se no Rio representantes de 193 nações para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
Em paralelo aos encontros oficiais, como há 20 anos, repetiu-se a manifestação veemente da sociedade civil, representada pelos mais diversificados segmentos e setores de atividade.

Qual o balanço destas duas semanas de debates, apresentações, tentativas de consenso em torno da questão sustentabilidade?
Oficialmente, foi redigido um documento final que, apesar do título promissor - “O futuro que queremos" - foi duramente criticado por ambientalistas e por formadores de opinião ligados às causas ambientais e que esperavam medidas de ordem prática para garantir um desenvolvimento sustentável efetivo.

Principal motivo das críticas: a inconsistência das propostas apresentadas no texto definitivo.
Vale a pena resaltar as principais barreiras que separaram a Rio+20 de seu propósito fundamental:

• A ausência de definições claras sobre responsabilidades específicas, repasses financeiros e discriminação de prazos para a adoção de medidas promotoras de desenvolvimento sustentável pelas autoridades competentes em cada país;

•  Os negociadores dos países desenvolvidos e em desenvolvimento entraram várias vezes em rota de colisão, especialmente quando a discussão envolvia a liberação de recursos: o fundo de 30 bilhões de dólares para a preservação ambiental em países em desenvolvimento não foi aprovado. Continua o impasse: quem paga a conta para a implementação de estratégias voltadas ao desenvolvimento sustentável nesses países?

• O PNUMA (Programa das Nações Unidas para meio ambiente) não virou agência como se esperava  e, em consequência, o programa continua com poderes restritos e  sem estrutura para levar adiante a efetivação de medidas práticas para preservação ambiental.

Certamente estes temas farão parte, novamente, da agenda da próxima conferência.
Para os otimistas, no entanto, os resultados e desdobramentos da Rio+20 não podem ser restringidos ao que se lê no documento oficial do evento.
Os 10 dias de discussão em torno da questão ambiental ratificaram a força da mobilização da sociedade civil quanto ao assunto, concretizada através de inúmeros compromissos voluntários entre empresas e parcerias que somaram mais de US$ 500 bilhões para ações sustentáveis.
Fazendo um paralelo entre o foco da Rio-92 e o que se viu na Rio+20, é inquestionável a ocorrência de um grande avanço: o conceito de desenvolvimento sustentável foi ampliado, deixando de abarcar apenas questões relacionadas ao meio ambiente.
Sustentabilidade, a partir da Rio+20, passa a incluir de forma incisiva e essencial os aspectos sociais, ressaltando a urgência do esforço conjunto para  a melhoria da qualidade de vida e a erradicação da pobreza, colocando o ser humano no centro das preocupações.

Talvez, seja este o maior legado deixado pela conferência do Rio, em 2012.
Apesar das críticas aos resultados efetivos da Rio+20, a relevância do encontro, provavelmente, fará do tema assunto recorrente nos vestibulares deste ano.
As temáticas relacionadas ao meio ambiente já são amplamente exploradas pelas principais provas do país, incluindo o Enem. Este ano, especialmente, essa tendência pode se manifestar com maior intensidade.
Assim, se você pretende se preparar de forma eficiente para responder questões as questões relacionadas ao tema, fique atento aos conteúdos:

1. Ecossistemas
É provável a ocorrência de questões que exijam conhecimento sobre a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas: ciclagem da matéria, fluxo de energia, estruturação das cadeias e teias alimentares. Dê uma atenção especial aos ciclos biogeoquímicos (ciclo do carbono e o do nitrogênio, especialmente) e às interações ecológicas entre os seres vivos (competição, parasitismo, mutualismo, etc.).

2. Energia
Este é um tema muito forte nos vestibulares, assim como foi na Rio+20.  É fundamental que você domine conceitos como “energia limpa” e “economia verde”, por exemplo.
Conhecimento acerca dos combustíveis fósseis e de biocombustíveis (etanol, biodiesel) são essenciais. Reveja com atenção os tópicos relacionados à poluição ambiental e desequilíbrios causados pela ação antrópica (humana) sobre os ecossistemas.
Além disso, é importante você demonstrar compreensão dos processos bioquímicos fundamentais à manutenção da vida no planeta: (fotossíntese, fermentação e respiração celular).

3. Biomas
Este assunto é gerador de muitas questões interdisciplinares com a Geografia. Procure, além de conhecer as características fitogeográficas e a biodiversidade de cada um dos principais biomas brasileiros (ênfase em mata atlântica, caatinga e cerrado), compreender os fatores de risco que ameaçam a manutenção destes ecossistemas (extrativismo predatório, queimadas, desmatamento, etc.). É importante que você apresente, também, conhecimento em relação às medidas de preservação dos ecossistemas, incluindo em suas respostas o viés da questão social como fator inerente à ação de preservação ambiental.

4. Inclusão social/ combate à pobreza/ responsabilidade sócio-ambiental
Esta é uma abordagem bastante possível, pois abrange a competência do “ser cidadão”, trabalhada especialmente pelo ENEM.
Você sabe que a Rio+20 não  tratou apenas de questões técnicas diretamente relacionadas ao meio ambiente: o conceito de sustentabilidade foi definitivamente vinculado ao econômico e ao social.
Assim, o combate à fome, a desigualdade da distribuição de recursos e de oportunidades podem gerar questões importantes nas provas. Prepare-se para responder questões testando o seu nível de educação ambiental na vida cotidiana: reciclagem, reaproveitamento de materiais, economia de energia, consumismo- causas e consequências, enfim, qual opção é social e ecologicamente mais responsável dentro de situações de natureza prática.

O movimento “Yosoy132”: a chamada “Primavera Mexicana”


A mobilização popular contra regimes ditatoriais e governos considerados antidemocráticos ganhou destaque em 2011, com manifestações em países como Líbia, Turquia e Egito.
A “Primavera Árabe”, nome pelo qual tais mobilizações ficaram conhecidas, se propagou com muita rapidez e eficiência, graças às redes sociais. Em síntese, podemos dizer que os objetivos dos manifestantes eram: o direito ao voto, o respeito aos direitos femininos, o direito à educação e à liberdade de imprensa e expressão.
Desde o dia 11 de maio, manifestações contrárias ao monopólio do poder pelos membros do Partido Revolucionário Institucional (PRI) no México estão sendo chamadas de Primavera Mexicana. As graves denúncias de corrupção contra o governo, seguidas da repressão aos meios de comunicação, tem ampliado o movimento que começou com o protesto dos estudantes da Universidade Iberoamericana, localizada na Cidade do México, durante a visita de Peña Nieto, candidato do PRI à presidência.
Nieto tem contra si toda a impopularidade de seu partido e também a acusação de ter sido o responsável pelo massacre de Atenco, ocorrido há seis anos. Na época, forças policiais reprimiram brutalmente manifestantes da  “Frente de Povos em Defesa da Terra”,  que protestavam contra a construção de um aeroporto em Texcoco. De acordo com a CNDH (Comissão Nacional de Direitos Humanos), a repressão resultou na morte de dois jovens, na prisão de mais de duzentos manifestantes e no estupro de  quarenta e sete mulheres por membros das forças repressoras.
O candidato do PRI à presidência acusa os líderes dos protestos de estarem ligados ao partido de Andrés Manuel López Obrador, candidato à presidência pelo PRD (Partido da Revolução Democrática), seu principal adversário eleitoral. Peña afirmou ainda que os manifestantes não seriam estudantes e que foram pagos pelos seus opositores esquerdistas. Diante dessas acusações, os universitários gravaram um vídeo no qual 131 jovens mostram a carteira de identificação da universidade. A partir de então, teve início o movimento #yosoy132 (“eu sou o 132”). Ganhando força nas redes sociais e se espalhando rapidamente pelo país, o movimento opositor possui até um site: yosoy132.mx.
Além dos estudantes da Universidade Iberoamericana, universitários de outras instituições se juntaram ao movimento e se organizam por meio do Twitter, Facebook e Youtube. Entre as manifestantes já há jovens  da UNAM, do Instituto Politécnico Nacional, da Universidade Autônoma Metropolitana, da Universidade Autônoma da Cidade do México, do Claustro de Sor Juana, da TEC de Monterrey, do ITAM e da ANÁHUAC.
Desde o início das manifestações, Peña Nieto já caiu quatro pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto, diminuindo sua diferença com relação ao segundo colocado Andrés Manuel López Obrador.
Os próprios dirigentes estudantis definem o movimento, "Primavera Mexicana", como uma luta "em que os jovens florescem e espalham suas ideias como pólen, no qual os corações se incendeiam, as mentes se abrem e se fazem tangíveis as ilusões".

Ditaduras Latino-americanas


O processo de independência das nações latino-americanas, ao longo do século XIX, deu origem a uma série de Estados independentes em sua maioria influenciados pelo ideário iluminista. No entanto, a obtenção dessa soberania política não foi capaz de dar fim à dependência econômica que submetia tais países aos interesses das grandes potências econômicas da época. Ao mesmo tempo, a consolidação da democracia ainda era prejudicada pela ação de governos tomados por uma elite conservadora e entreguista.
No século XX, a desigualdade social e a exclusão econômica ainda eram questões que permaneciam pendentes nas várias nações latino-americanas. Contudo, a ascensão de forças reformistas e nacionalistas passou a se contrapor à arcaica hegemonia caudilhista das elites. A insistência em manter as classes populares excluídas do jogo político e, ao mesmo tempo, preservar a economia nacional atrelada aos interesses dos grandes centros capitalistas começou a sofrer seus primeiros abalos.
Após a Segunda Guerra Mundial, a instalação da ordem bipolar e o sucesso do processo revolucionário cubano inspiraram diversos movimentos de transformação política no continente americano. Em contrapartida, os Estados Unidos – nação que tomava a dianteira do bloco capitalista – preocupava-se com a deflagração de novas agitações políticas que viessem a abalar a hegemonia política, econômica e ideológica historicamente reforçada nos combalidos Estados latino-americanos.
Nesse contexto, ao longo das décadas de 1960 e 1970, os diversos movimentos de transformação que surgiram em nações americanas foram atacados pelo interesse das elites nacionais. Para tanto, buscavam o respaldo norte-americano para que pudessem dar fim aos movimentos revolucionários que ameaçavam os interesses da burguesia industrial responsável por liderar essas ações golpistas. Com isso, a ingerência política dos EUA se tornou agente fundamental nesse terrível capítulo da história americana.
A perseguição política, a tortura e a censura às liberdades individuais foram integralmente incorporadas a esses governos autoritários que se estabeleceram pelo uso da força. Dessa forma, os clamores por justiça social que ganhavam espaço no continente foram brutalmente abafados nessa nova conjuntura. Ainda hoje, as desigualdades sociais, o atraso econômico e a corrupção política integram a realidade de muitos desses países que sofreram com a ditadura.

Os índios e a Usina de Belo Monte


Fevereiro de 1989, Altamira (Pará): cerca de 3 mil pessoas (entre eles, 650 índios) participaram do I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu. Os participantes reclamavam da política da construção de barragens na região do Xingu (sudeste do Pará) e das decisões tomadas na Amazônia sem a participação dos índios (o que contradiz a Constituição).
O evento foi marcado por uma imagem: a índia kaiapó Tuíra encosta seu facão no rosto do então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, em advertência contra o projeto de construção de um complexo de cinco hidrelétricas no Xingu. A primeira delas seria a usina de Belo Monte.
Registro do I Encontro de 1989: Mobilização

Maio de 2008, Altamira (Pará): Durante um evento organizado pela Arquidiocese de Altamira e o Instituto Socioambiental (ISA), o engenheiro da Eletrobrás Paulo Fernando Rezende, coordenador dos estudos de Belo Monte, convidado para falar sobre o aproveitamento hidrelétrico do projeto, foi agredido por (supostamente) um grupo de índios kaiapós.
O engenheiro foi ferido com facões e teve atendimento médico. O procurador federal Felício Pontes Júnior, que participou do evento, disse que o que aconteceu ao engenheiro mostra que os índios irão resistir fisicamente à instalação de Belo Monte, se for preciso. Felício alegou inclusive que os índios da região do Xingu (que serão fortemente afetados com a barragem) ainda não foram ouvidos e o projeto, ainda assim, continua caminhando.

Belo Monte

O projeto da Usina Belo Monte gera polêmicas desde sua criação, na década de 80. Os dois fatos relatados acima mostram como os anos passam e as questões continuam as mesmas. Os índios não são ouvidos, os estudos de impacto ambiental são controversos e o governo parece fazer o que lhe convém.
Belo Monte foi colocada em pauta durante o governo FHC (com o programa “Acelera Brasil”), criticada por Lula em sua campanha presidencial (dizia que projetos como esse prejudicavam o meio ambiente e populações indígenas e ribeirinhas) e retomada por um Lula presidente, em seu segundo mandato. Atualmente, o projeto da usina que terá capacidade média de 11 mil megawatts (MW) é uma das obras prioritárias do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o carro-chefe do governo Lula.
Tudo isso gira em torno de questões que já são intrínsecas da cultura brasileira: A enorme necessidade de se fazer justiça e “redimir” o passado com os índios de maneira errônea (vide casos como esse de Belo Monte e outros, como a demarcação absurda de terras da Reserva Raposa Serra do Sol) e a dependência brasileira de energia (que os governantes sempre tentam sanar por meio de hidrelétricas, um dos meios mais degradantes de se produzir energia elétrica).

Localização de Belo Monte no Rio Xingu

Ora, por que não pensar em fontes alternativas de energia? Esse é um debate a muito tempo levantado no Brasil e que, infelizmente parece não haver espaço nas câmaras e mesas políticas. Além disso, é preciso criar novas políticas de relacionamento com os povos indígenas. A FUNAI passa por graves problemas faz algum tempo e muitas comunidades indígenas já não a veem com bons olhos como antigamente.
Especialistas da área de energia indicam que com tamanha energia gerada por Belo Monte, o Brasil estaria livre de um novo apagão (previsto para breve), como houve em 2001. Mas será que esse é o melhor jeito de se evitar um apagão? Não seria mais simples, barato e menos prejudicial educar a população e conscientizá-la da importância de se economizar energia?
E você, o que acha desses problemas que afetam nosso país? Os direitos dos índios estão sendo violados ou eles estão agindo na contramão do desenvolvimento do país? O que você acha da atual situação dos índios no Brasil? E as políticas de geração de energia do Brasil, estão corretas? Será que Belo Monte é a única saída para o risco iminente de um novo apagão?

Um assunto que certamente continuará sendo cobrado nos vestibulares é a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que será a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, atrás de Três Gargantas, na China, e de Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Sua localização é o Rio Xingu, próximo ao município de Altamira, no norte do Pará. Quando ficar pronta, em 2015, a Usina de Belo Monte deve gerar 41,6 milhões de megawatts por ano, o suficiente para atender ao consumo de 20 milhões de pessoas durante um ano.
As cidades de Altamira e Vitória do Xingu terão grandes áreas inundadas, o que pode prejudicar os agricultores locais e a população ribeirinha. Por outro lado, a construção da usina pode ajudar no desenvolvimento econômico da região, com a criação de empregos. As terras indígenas de Paquiçamba e Arara da Volta Grande do Xingu serão afetadas pela diminuição da vazão do rio, causando prejuízos para uma população que depende do rio para pesca, plantação e transporte. A questão das terras indígenas e o impacto ambiental são as principais polêmicas que envolvem a construção da usina.

Os vestibulares podem cobrar questões que envolvem a geografia física da região, os benefícios econômicos vinculados à construção da usina, assuntos relacionados aos grandes projetos de integração do território nacional – já que a energia que será produzida no Norte do Brasil pode beneficiar outras regiões – e perguntas relacionadas às questões socioambientais. “Os vestibulandos precisam saber, por exemplo, quais seriam os prejuízos ambientais gerados pela construção da usina, e como as populações amazônicas tradicionais (ribeirinhos e indígenas) seriam atingidas por essa construção”.
o tema pode ser cobrado de forma interdisciplinar e até mesmo de forma específica em questões de outras disciplinas que não geografia. Na biologia, por exemplo, a construção da usina pode ser relacionada à preocupação com a flora e a fauna local, à mudança do comportamento da vida aquática devido ao represamento e a questões ligadas à reprodução de peixes. Nas provas de física podem aparecer questões de energia potencial, pressão, transformação de energia mecânica em energia elétrica. “Até mesmo a matemática pode ter relação com a construção da usina, trazendo problemas de área, volume e vazão”.
O tema também pode ser cobrado nas provas de redação, o que exige do candidato bastante informação sobre o contexto da construção da usina. Dificilmente a proposta de redação pedirá para o vestibulando defender diferentes posicionamentos. Certamente se exigirá a exposição de uma posição fortemente sustentada por argumentos consistentes.



A Comissão da Verdade


No ano de 2012, tivemos um intenso debate sobre a formação da Comissão da Verdade, uma comissão formada por membros designados pelo governo federal para investigar os crimes cometidos pelo Estado durante o século XX. Contudo, quais seriam esses crimes que eles investigarão? Que verdade é essa a ser exposta? Enfim, de que modo essa comissão tem a possibilidade de aparecer nos vestibulares de 2012?

A primeira questão óbvia é que a Comissão da Verdade terá como grande meta investigar os crimes de tortura, prisão arbitrária e assassinato acontecidos na Ditadura Militar (1964 - 1985). Desse modo, o vestibulando precisa ficar atento aos métodos de coerção e repressão que aconteceram durante o regime militar. Nesse aspecto, sugerimos aquela “revisada especial” no Ato Institucional nº 5, nas propagandas oficiais que pretendiam acobertar a repressão daquele tempo e o processo de formação das guerrilhas daquele período.

Por outro lado, não podemos cair na bobeira de só estudar o Regime Militar por conta da formação da Comissão da Verdade. Bancas de prova mais atentas podem também relacionar o fato com o Estado Novo, o governo ditatorial de Getúlio Vargas que também será investigado pela comissão. Sendo assim, sugerimos que o vestibulando observe atentamente o processo de formação do Estado Novo, dando atenção especial ao Plano Cohen (que justificou o golpe dado por Vargas) e a atuação contra os opositores do regime.

Além dessas questões, podemos ver que a atuação da Comissão da Verdade também abre precedente para a formulação de questões mais complexas, típicas de uma segunda fase de vestibular. Sendo assim, fique atento para questões relativas às justificativas que legitimam o papel a ser desempenhado por esta comissão. Isso implica em fazer associações entre história, memória e cidadania. Mas, de que forma essas coisas poderiam aparecer?

A Comissão da Verdade não vai punir ninguém, logo a sua função será investigar documentos e recolher relatos que permitam um olhar mais amplo sobre nossas ditaduras. A Comissão será uma forma de tornar nossas imagens sobre o passado um tanto quanto mais nítidas. Afinal, organizamos uma nova democracia na década de 1980 sem reconhecer quais foram as personagens que atuaram contra um tipo de regime que consideramos fundamental para a conquista e garantia dos direitos do cidadão.

Finalizando nossas dicas sobre o tema, ressaltamos que a Comissão tem que ser vista em um espectro mais amplo de ações que visam reparar alguns resquícios presentes do passado ditatorial. Em algumas cidades, já tramitam projetos de lei, por exemplo, que visam retirar o nome de vias, prédios, escolas e monumentos públicos que façam qualquer tipo de homenagem aos dirigentes do regime militar. Sendo assim, a Comissão pode aparecer nas provas ao lado desse tipo de ação revisora de nosso passado recente.