Analisando
o espaço mundial neste final de século, podemos constatar que há um processo de
globalização econômica em desenvolvimento. Tal processo é fundamentado na
abertura das economias nacionais para a livre circulação de produtos e
capitais, bem como na regionalização das relações econômicas, através das
grandes alianças comerciais, os chamados blocos econômicos. O papel dos países
na economia globalizada varia de acordo com o seu nível de desenvolvimento
econômico e tecnológico. Por terem maior riqueza econômica, por dominarem as
tecnologias mais avançadas e por sediarem as grandes empresas transnacionais,
os chamados países desenvolvidos detêm o poder de decidir sobre questões de
âmbito mundial, tanto econômicas quanto políticas. Geralmente usam esse poder
para obter maiores vantagens em relação aos benefícios que os países menos
desenvolvidos podem colher, com o atual processo de abertura econômica. A
globalização não torna o espaço mundial mais homogêneo; ao contrário, acentua
as desigualdades, tanto entre os países como entre os segmentos ou classes
sociais. Nesse sentido, para o entendimento da chamada nova ordem mundial,
devemos considerar a grande heterogeneidade da organização do espaço mundial,
avaliando-se as características das formações econômico-sociais dos países
desenvolvidos, subdesenvolvidos e daqueles que ingressaram recentemente na
economia de mercado.
O
Comércio na Economia Global
Desde o
final da Segunda Guerra, o processo de mundialização se intensificou, devido
aos avanços das relações comerciais. A necessidade de reconstrução econômica
levou os países europeus a desenvolver novos eixos de exportações e
importações, além de aprimorar os já existentes. A própria guerra havia
demonstrado a intensidade da interdependência mundial, e essa mesma consciência
foi a responsável pela criação da ONU. O comércio internacional é a principal
fonte de divisas para um país, e o objetivo é manter a balança comercial favorável,
ou seja, exportar mais do que se importa. O mesmo se aplica à chamada balança
de pagamentos, um indicador mais abrangente que a balança comercial, pois, além
das trocas comerciais, envolve a troca internacional de serviços, como
empréstimos e pagamento de royalties, que são os direitos sobre o uso de
marcas. Com a acelerada internacionalização da economia nas últimas décadas, no
entanto, as barreiras alfandegárias na maior parte das vezes representam um
obstáculo ao desenvolvimento do capitalismo. As grandes empresas,
principalmente as transnacionais, necessitam de espaços cada vez maiores, pelos
quais possam fazer circular livremente bens, serviços e capitais.
As
recentes mudanças do comércio internacional sob os moldes da globalização têm
alguns aspectos que merecem destaque:
Um
deles é o fato de que os países subdesenvolvidos, tradicionalmente exportadores
de matérias-primas, têm investido mais nos manufaturados.
Outro
aspecto é a formação de alianças entre alguns países para facilitar o trânsito
de mercadorias.
Um
terceiro fato é o aumento do volume de trocas resultante da queda de barreiras
políticas. Também merece análise a constatação de que nem todas as regiões do
mundo se beneficiam igualmente do novo comércio internacional.
No
atual contexto de grandes transformações - aumento do volume de transações
comerciais, aceleração tecnológica e importância do investimento em pesquisa,
desenvolvimento e educação -, o contraste entre as economias subdesenvolvidas
exportadoras preferencialmente de matérias-primas e aquelas que exportam grande
quantidade de manufaturados se torna ainda mais visível.
A
divisão internacional do trabalho tende a se modificar nos próximos anos, sob a
influência de fatores como:
abertura
ao mercado internacional, com a eliminação de barreiras protecionistas;
distribuição internacional do trabalho especializado;
capacidade
de investimento em infraestrutura; e avanço das inovações tecnológicas, com a
queda dos custos de comunicações.
Neoliberalismo
O
neoliberalismo é a corrente de pensamento ou a teoria que fundamenta e dá
direção às decisões políticas dos governos da América Latina, da Europa, dos
Estados Unidos e dos países que antes da queda do muro de Berlim, formavam a
União Soviética. Esta é a razão por que se diz que as políticas neoliberais são
as principais responsáveis pelo empobrecimento geral e pela exclusão dos mais
empobrecidos. Neo significa Novo e Liberalismo é a ideologia que justifica e
defende os princípios do capitalismo, baseado na propriedade privada e na
liberdade de imprensa. Isto significa que o Estado (poder político) não pode
intervir na economia. Significa, também, a liberdade de pensamento, o
individualismo.
Essa
ideologia chama-se neoliberalismo porque retoma os fundamentos do liberalismo,
pensamento social e econômico, que surgiu na Europa, no final do século XIX e
que viabilizou o desenvolvimento e a expansão do capitalismo pelo mundo. O
neoliberalismo nasceu logo depois da segunda guerra mundial, na região da
Europa e da América do Norte, onde imperava o capitalismo. Foi uma reação
teórica e política contra um outro modelo teórico, chamado de estado do
bem-estar social, adotado pelos governos dessas regiões, para fortalecer a
sociedade capitalista que havia sofrido fortes revezes no período anterior à
guerra e durante esse conflito bélico.
Esse
modelo, também chamado de Keynesianismo, em homenagem ao principal teórico
desse pensamento, argumentava que o setor privado não é capaz por si só de
garantir a estabilidade da economia. Que o fortalecimento da economia
capitalista se daria com a integração de toda a sociedade na produção, na
distribuição e no consumo dos bens produzidos. Para isso, defendia o trabalho e
salário para todos e preços justos para os produtos agrícolas. Além disso defendia
a organização das categorias profissionais através das associações e
sindicatos. Com base nessa teoria, o mundo capitalista alcançou, no pós-guerra,
extraordinário desenvolvimento econômico e social. Porém, nos países do
Terceiro Mundo, não. Aqui o desenvolvimento social permaneceu subordinado ao
crescimento econômico e este, apenas beneficiou setores da economia e da
sociedade brasileira. A chegada da grande crise do modelo econômico do
pós-guerra em 1973, quando todo o mundo avançado caiu numa longa e profunda
recessão, combinando baixas taxas de crescimento com altas taxas de inflação,
mudou tudo. Os capitalistas e seus aliados foram buscar apoio para garantir o
êxito de seus negócios na teoria liberal. Os principais representantes são o
norte americano Milton Fridmann, o austríaco F. Von Hayek e a Escola de Chicago
(Universidade de Chicago), dos Estados Unidos.
O
neoliberalismo interpreta a atual crise econômica como resultado de excessiva
presença e intervenção do Estado na economia. Além disso, "as raízes da
crise, afirmavam Huek e seus companheiros, estavam localizados no poder
excessivo e nefasto dos sindicatos e, de maneira mais geral, do movimento
operário, que havia corroído as bases de acumulação capitalista, com suas
pressões reivindicatórias sobre os salários e com sua pressão parasitária para
que o Estado aumentasse cada vez mais os gastos sociais". O remédio,
então, era claro: manter o Estado forte sim, em sua capacidade de romper o
poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, mas fraco em todos os gastos
sociais e nas intervenções econômicas. A estabilidade monetária deveria ser a
meta suprema de qualquer governo. Para isso seria necessária a contenção dos
gastos públicos com o bem-estar e a quebra dos sindicatos.
As
Metas Neoliberais têm como objetivo o fortalecimento da ordem capitalista,
agrupadas em dois blocos: A privatização e a liberalização da economia. O
desaparecimento dos programas sociais, tais como: seguridade social, construção
de moradias, leis do salário mínimo, legislação a favor dos sindicatos,
impostos sobre as importações, controle dos preços sobre os produtos da cesta
básica, subsídios... Para Hakey e seus seguidores, o sacrifício de uma parte da
população para que os outros possam viver melhor é uma regra ética.
Os
princípios neoliberais, orientando a política econômica brasileira, sobretudo a
partir do governo Collor, contribuíram para o aumento da pobreza do povo
brasileiro, aprofundando a desigualdade. A riqueza cresceu, concentrando-se em
poucas mãos. O problema da dívida externa pressionou o FMI, o Banco Mundial e
os governos dos países que nos emprestaram dinheiro, como os EUA, de maneira
que os ajustes estruturais da economia permitissem implantar os propósitos
neoliberais.
O Lado
Injusto da Globalização
Atualmente,
muito se fala atualmente sobre esse estágio do Capitalismo que é a
Globalização, se ele traz benefícios ou malefícios à maioria da população
mundial.
Para
começarmos a tirar essa dúvida, vamos colocar em análise o recente
acontecimento da proibição da importação de carne bovina brasileira, por parte
dos países componentes do Nafta (acordo econômico que envolve Canadá, Estados
Unidos e México).
O
Brasil apesar de ser apenas o 74º colocado junto ao rank da ONU em termos de
desenvolvimento pela grande desigualdade social existente, é o 4º maior
produtor de aeronaves, posição que incomoda os demais países produtores desse
tipo de produto, principalmente o país mais desenvolvido do mundo que é
justamente o Canadá. Sua empresa Bombardier, produz aeronaves que concorrem com
as nossas produzidas pela Embraer. De ambos os lados há denúncias de subsídios governamentais
que baixam os preços e conseqüentemente a concorrência desleal quando das
concorrências internacionais para venda das mesmas.
É de se
estranhar que com o embate travado por ambos países (Canadá e Brasil), o Canadá
tenha liderado o Nafta e bloqueado as importações de carne baseado apenas em
suspeitas de que poderia haver contaminação do gado com a doença da vaca louca,
sem que um único caso tivesse sido registrado em nosso país.
Todo
esse quadro é preocupante e mostra que a Globalização está nas mãos das nações
desenvolvidas (principalmente as do G-8) e pode ser manipulada contra os
interesses das nações subdesenvolvidas que são a grande maioria (a exemplo do
Brasil).
Como se
não bastasse, há também denúncias de empresas "globalizadas" que instalam
suas indústrias nos países com piores condições de salários, trabalhistas,
sindicais, trabalho infantil, onde os terrenos são mais baratos, governos
oferecem subsídios que muitas vezes prejudicam o desenvolvimento regional, tudo
isso para se beneficiarem desse quadro. Sem contar que na maioria das vezes, os
empregos diretos gerados pela presença dessas empresas é insignificante e que
grande parte do capital gerado nas atividades dessas empresa é recambiado para
a nação onde localiza-se a holding do grupo.
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