Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Era da Informação e Sistemas de Informações Geográficas.

3. Introdução:
As relações entre a sociedade e o espaço são mediadas, cada vez mais, pela tecnologia da informação. Para a Geografia, a informação é um recurso importantíssimo para o estudo e a representação do espaço geográfico. As tecnologias da informação utilizadas pela Geografia apoiam-se em satélites artificiais, computadores (hardware) e programas específicos (software), entre outros recursos. Esses recursos tecnológicos, conhecidos como SIGs (Sistemas de Informações Geográficas), captam, processam e elaboram imagens que são utilizadas para fazer mapas e monitorar diversas atividades humanas, sendo essenciais para o trabalho do geógrafo.

3.1- A Geografia na Era da Informação
Nos dias de hoje, a popularização da informática e o acesso a textos e a produtos cartográficos em formato digital, além da flexibilidade/facilidade no manuseio das chamadas geotecnologias (hardwares, softwares e técnicas direcionadas para a geração de geoinformação, ou seja, da informação espacial/ geográfica), facilitaram as atividades produtivas de diversos indivíduos, não somente para os professores de geografia ou de outras ciências humanas, mas de profissionais de várias ciências que integram às suas atividades docentes o ensino do/e pelo mapa, além de outros sujeitos que utilizam essas geotecnologias em sua localização cotidiana, como o Sistema de Posicionamento Global - GPS, ou a visualização das imagens do Google Earth, ou em outros sites de empresas privadas e governamentais. Essa facilidade gerada com o avanço da informática, aliada aos conhecimentos cartográficos desenvolvidos durante séculos de estudo, que agora estão dispersos nos computadores, tiram do docente aquele velho pretexto de que não sabe cartografia devido a sua formação superior deficiente.
Todavia, apesar da grande importância do conhecimento apreendido em sala de aula no ensino superior, o número de textos, livros, softwares e tutoriais sobre cartografia, sensoriamento remoto, geoprocessamento e geoinformação em geral permitem que qualquer indivíduo tenha acesso aos produtos cartográficos da era digital. Além disso, os sites, blogs e listas de discussão sobre essa temática vêm se multiplicando diariamente, devido à facilidade do manuseio e ao fascínio que o ambiente computacional oferece para a confecção de produtos cartográficos.

3.2- Informação e espaço geográfico
Falar ao telefone, escrever e-mails, consultar o saldo bancário, efetuar pagamentos, fazer compras, realizar pesquisas na internet, fazer reservas em teatros ou cinemas, são ações que fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas que habitam o planeta. Essas formas de comunicações e de obtenção de informações usando meios tecnológicos, estão tão incorporados ao modo de vida, que poucos se dão conta das grandes transformações que elas envolvem.

3.2.1- MÍDIA
O jornal, o rádio e a televisão foram se sucedendo ao longo da história recente da humanidade, sem que o aparecimento de um novo meio de comunicação de massa excluísse o outro. Atualmente, a internet reúne todos esses meios num único aparelho, o computador.
Além disso, ela oferece outras formas de comunicação, como o correio eletrônico (e-mail), as conferências em tempo real e as cirurgias a distância (telemedicina), entre outras, viabilizando ações no espaço geográfico sem a necessidade de deslocar pessoas, papéis ou qualquer outro elemento material.
Na Era da Informação, os meios de comunicação de massa exercem um papel social muito importante. Nunca o volume de notícias foi tão grande nem sua difusão tão rápida. Do mesmo modo, nunca foi tão amplo o poder de manipulação da mídia, que muitas vezes seleciona ou distorce os acontecimentos divulgados, segundo seus próprios interesses políticos e econômicos. Isso significa que a informação não é neutra. Ela é selecionada, transmitida e aplicada segundo o ponto de vista e os interesses de países, empresas, partidos políticos, movimentos sociais, etc.
Com isso, os grandes conglomerados de comunicação acabam controlando a mídia internacional e exercendo forte influência política e cultural em todos os países do mundo. As grandes empresas de comunicações detêm diversas atividades que envolvem o jornalismo, o entretenimento e a publicidade.

3.2.2- Cartografia Digital
Do ponto de vista da geografia, a informática e as telecomunicações são importantes porque possibilitaram a integração instantânea entre regiões distantes, por meios de redes de  informação que se distribuem em todo o planeta, provocando assim modificações nas relações que ocorrem entre3 os espaços geográficos. A Geografia ao fazer uso dessas possibilidades, abre caminho para entendermos melhor a realidade3 do mundo onde vivemos.
Com a introdução dos recursos computacionais na Cartografia, o processo de análise da informação tornou-se interativo, principalmente com o uso da Cartografia Digital, dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG’s) e da multimídia. Entretanto, métodos e técnicas desenvolvidos na cartografia convencional (ou analógica) não devem ser negligenciados nas aplicações ligadas a esta tecnologia.
A Cartografia Digital envolve sistemas de entrada, armazenamento e de editoração gráfica de dados.

3.2.3- O Ciberespaço
A Humanidade levou muito tempo para se expandir e ocupar diferentes partes do planeta, contudo hoje em dia isso modificou-se, a interação por meio das redes de informação dá uma nova dimensão ao espaço e cria uma nova forma de agir sobre ele. O espaço geográfico passa a conter um espaço virtual ou ciberespaço, possibilitando assim novas formas de socialização, sem a  necessidade do deslocamento físico.
O ciberespaço é um espaço sem dimensões, um universo de informações navegável de forma instantânea e reversível. Caracteriza-se pela ubiquidade ( capacidade de estar presente ao mesmo tempo em todos os lugares),  pelo tempo real e pelo espaço não físico. É um espaço não físico ou territorial. Composto por um conjunto de redes de computadores que fazem circular informação sob as mais diversas formas.

3.2.4- O Meio Geográfico
o ambiente onde a sociedade humana desenvolve as suas relações, chamado meio geográfico, inclui tanto os aspectos naturais como as modificações que os seres humanos introduzem na natureza.
Para compreender o seu conceito, é necessário entender a evolução das transformações do espaço, que vão desde o meio natural, passando pelo meio técnico, até chegar ao período atual, em que há uma maior inserção das ciências e do meio informacional sobre as formas com que as produções espaciais ocorrem.
Portanto, as três etapas mencionadas (meio natural, meio técnico e meio técnico-científico-informacional) formam uma periodização do meio geográfico, conforme a sua apropriação pelas atividades humanas. Assim, estabelece-se uma melhor noção das relações entre natureza e sociedade ao longo do tempo.

3.2.4.1- Meio Natural
O meio natural corresponde ao período em que o emprego das técnicas esteve diretamente vinculado à dependência sobre a natureza, da qual o homem fazia uso sem propiciar grandiosas transformações. Assim, as ações de interferência sobre o meio eram, sobretudo, locais, e a participação das atividades antrópicas, bem como as suas transformações, era limitada pela harmonização e preservação da própria natureza. Como exemplos do conceito de meio natural as técnicas de pousio, rotação de culturas e agriculta itinerante, em que o uso do solo limitava-se à sua preservação para manter um equilíbrio entre uso e preservação da natureza.




3.2.4.2- Meio Técnico
O meio técnico representa a emergência do espaço mecanizado, com a introdução de objetos e sistemas que provocaram a inserção das tecnologias no meio produtivo. Podemos citar como exemplo mais determinante a I Revolução Industrial, mesmo que antes disso já houvesse algumas técnicas em que a atuação mecânica existisse e agisse sobre o meio geográfico.
Assim, nesse período, ocorreu uma crescente forma de substituição ou de sobreposição dos objetos técnicos sobre os objetos culturais e naturais, mesmo que essa substituição não tenha se manifestado de forma igualitária, justa e homogênea nas diferentes regiões e territórios. Nesse momento, a Divisão Internacional do Trabalho intensificou-se, bem como a dependência das atividades humanas sobre o uso de maquinários e instrumentos.

3.2.4.3- Meio Técnico-Científico-Informacional
O meio técnico-científico-informacional corresponde à atual fase dos processos de transformação da natureza e de construção do espaço geográfico , estando relacionado, sobretudo, à Terceira Revolução Industrial, que, não por acaso, passou a ser reconhecida como Revolução Científica Informacional, cuja impactação manifestou-se de forma mais intensa a partir dos anos 1970.
Nesse momento ocorreu uma união entre técnica e ciência, guiadas pelo funcionamento do mercado, que, graças aos avanços tecnológicos, expande-se e consolida o processo de Globalização. Um exemplo de como as técnicas e as ciências estão constantemente se interagindo e propiciando a expansão do capital pode ser visto na recente ação promovida pelo Facebook em levar o acesso à internet a comunidades afastadas por meio do uso dos drones, veículos aéreos não tripulados.
Portanto, além de serem técnicos, os objetos também carregam em si a informação e trabalham a partir dela, o que justifica o nome do atual período de transformação do meio geográfico. Podemos, então, dizer que o processo de globalização só se manifesta em seu atual estágio graças aos avanços propiciados pelo meio técnico-científico-informacional.
3.3- Os Meios de Comunicação de Massa
Entende-se como comunicação de massa a disseminação de informações através de jornais, televisão, rádios, cinema e também pela Internet, os quais se reúnem em um sistema denominado mídia. A comunicação de massa tem a característica de chegar a uma grande quantidade de receptores ao mesmo tempo, partindo de um único emissor. As sociedades receptoras geralmente são urbana se complexas e passam por processos múltiplos e dinâmicos em que há um grande poder da mídia sobre seus habitantes. A comunicação humana pode ser classificada em dois aspectos distintos, sendo desenvolvida em vários campos de naturezas diferentes: a comunicação em pequena escala e a comunicação de massa. Nos dois casos, o ser humano começou a lidar com utensílios para auxiliar e tornar potente o processo de produzir, enviar e receber mensagens. A tecnologia se tornou aliada de tal comunicação humana, além de passar a participar da rotina da humanidade ao longo de seu desenvolvimento.
Os meios de comunicação – em especial, os de massa – têm, atualmente, um poder grandioso sobre a população brasileira. Eles exercem um papel fundamental na formação da opinião pública e na formação de ideologias, seja influenciando positivamente, seja influenciando negativamente.
Estamos vivendo uma época em que informação é poder e quem tem a informação é aquele que tem “o mundo em suas mãos”. Assim, podemos dizer que o poder, hoje, está na mídia, já que ela é a principal responsável pela transmissão dessa informação ao restante da população. O problema enfrentado ultimamente é o modo pelo qual essa transmissão é feita. Presenciamos, nestes últimos tempos, uma diminuição de jornalistas (profissão que designa os principais detentores da informação) sérios e objetivos, que realmente querem transmitir a informação de maneira verídica, em detrimento do crescimento de jornalistas que estão neste cargo visando a fazer parte do poder, custe o que custar.

Leitura Complementar:
A violência da informação
“Um dos traços marcantes do atual período histórico é, pois, o papel verdadeiramente despótico  tirano, repressor) da informação. Conforme já vimos, as novas condições técnicas deveriam permitir a ampliação do conhecimento do planeta, dos objetos que o formam, das sociedades que o habitam e dos homens em sua realidade intrínseca. Todavia, nas condições atuais, as técnicas da informação são principalmente utilizadas por um punhado de atores em função de seus objetivos particulares.
Essas técnicas da informação (por enquanto) são apropriadas por alguns Estados e por algumas empresas, aprofundando assim os processos de criação de desigualdades. É desse modo que a periferia do sistema capitalista acaba se tornando ainda mais periférica, seja porque não dispõe totalmente dos novos meios de produção, seja porque lhe escapa a possibilidade de controle.
O que é transmitido à maioria da humanidade é, de fato, uma informação manipulada que, em lugar de esclarecer, confunde. Isso tanto é mais grave porque, nas condições atuais da vida econômica e social, a informação constitui um dado essencial e imprescindível. Mas na medida em que o que chega às pessoas, como também às empresas e instituições hegemonizadas (que estão sob o domínio ou sob o controle) , é, já, o resultado de uma manipulação, tal informação se apresenta como ideologia”.

3.4- Internet
A Internet é uma rede mundial que interliga milhões de computadores em todo o mundo, de vários tipos e tamanhos, marcas e modelos e com diferentes sistemas operacionais.
Portanto, dizendo de modo simples, é uma forma fácil e barata de fazer com que computadores distantes possam se comunicar.
Apesar de ter uma história relativamente curta, a Internet se revela como um grande fator de comunicação, integração social, armazenamento de informações de todos os tipos e globalização de produtos.
A internet foi criada desde a década de 1960 , porém a internet surgiu mesmo em 1993, onde deixou de ser utilizada apenas por governos e de natureza acadêmica, e passou a estar presente nos diversos segmentos de empresas, residências, e etc. As conexões para acessar a internet também evoluíram muito com o passar dos anos, tornando-a cada vez mais rápidas e práticas.
A internet é composta por milhões de redes particulares, formada por residências, empresas, universidades, órgãos do governo, e etc., e tornou-se um fenômeno, pois é através dela que as pessoas tem a possibilidade de coletar informações sobre qualquer assunto do seu interesse, em qualquer lugar no mundo.
A internet permite o acesso a informações de todos os tipos e de muitas transferências de dados, além de uma grande variedade de recursos e serviços, como e-mails, serviços de comunicação instantânea, compartilhamento de arquivos como músicas e fotos, redes sociais, e uma infinidade de outros temas.
Em 2011, mais de 2,2 bilhões de pessoas estavam conectadas à rede e isso torna a mesma acessível a todas as pessoas, em todo lugar e a qualquer momento, sendo considerada um meio democrático de acesso à informação.

A internet, vem sendo utilizada como canal para a atuação de redes criminosas comandadas pela máfia, pelo narcotráfico e por grupos terroristas, que as utilizam para articular ações em diversos países do mundo, além de divulgar mensagens de cunho racista e xenofóbico (Ódio ou aversão ao que é estrangeiro).

Geopolítica Atual: Um mundo em construção.

3.1- O Contexto da Nova Ordem Mundial
A partir dos anos 1990, com o fim da Guerra Fria, diversas circunstâncias políticas e econômicas determinaram novas orientações às questões internacionais e às relações entre os países: a queda do socialismo; o fim da União Soviética; o processo de democratização dos países da Europa Oriental; a reunificação da Alemanha; e os conflitos étnicos responsáveis por guerras civis.
Nesse contexto, os Estados Unidos ampliaram expressivamente sua hegemonia. No entanto, surgiram também outras potências econômicas, como Japão, União Europeia (liderada pela Alemanha) e China.
Apesar da supremacia norte-americana, circunstâncias econômicas ocasionadas pela grande crise mundial iniciada em 2007 e ações e intervenções políticas desastrosas de combate ao terrorismo não legitimaram a almejada liderança absoluta pretendida pelos Estados Unidos.

3.2- A ascensão japonesa e alemã
Durante a Guerra Fria, liderada pelos Estados Unidos e pela União Soviética, outros países direcionaram seus investimentos e desenvolvimento tecnológico principalmente às atividades econômicas. Conquistaram, assim, fatias expressivas no mercado internacional e obtiveram ganhos de produtividade superiores aos dos Estados Unidos. Os que tiveram maior crescimento, na segunda metade do século XX, foram justamente os dois grandes derrotados na Segunda Guerra Mundial: o Japão e a ex-Alemanha Ocidental.
No início da década de 1950, o Produto Nacional Bruto (PNB) dos Estados Unidos era superior ao do conjunto de países da Europa Ocidental e do Japão. Durante a Guerra Fria, a Alemanha e o Japão atingiram taxas de crescimento superiores às taxas da economia estadunidense. O Japão foi beneficiado pela ajuda econômica para a reconstrução do pós-guerra, denominado Plano Colombo, e pela Guerra da Coreia, que criou um mercado de abastecimento de produtos e serviços às bases norte-americanas: fornecimento de uniformes, alimentos, reparos de equipamentos e outros. A partir da década de 1970, adotou uma estratégia agressiva no cenário econômico mundial que consolidou sua hegemonia na região do Pacífico, especialmente no Sudeste Asiático, e abriu caminho para ampliar sua agenda comercial com os Estados Unidos. Acreditava-se que o Japão, em pouco tempo, seria capaz de superar o poder econômico dos EUA, no entanto, a partir do início da década de 1990, diminuiu substancialmente suas taxas de crescimento e foi superado pela economia chinesa em 2010, passando de segunda à terceira posição na economia mundial.
Com o fim da Guerra Fria, o país adotou uma nova postura internacional e engajou-se em operações de paz promovidas pelas Nações Unidas. Atualmente postula assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, apesar da oposição chinesa. Nesse novo contexto, ampliou seu orçamento para fins militares. Em 2011 possuía o sexto orçamento militar do mundo.
A Alemanha foi beneficiada pelo Plano Marshall e pelo sucesso do Mercado Comum Europeu, atual União Europeia. Em 1990, com a reunificação, o país reafirmou-se como a maior potência da Europa, restabeleceu e fortaleceu suas relações com os países que formavam o bloco socialista do Leste Europeu, por meio da expansão das empresas alemãs e da ampliação dos intercâmbios comerciais e financeiros. Apesar dos elevados custos da reunificação - cerca de um trilhão de dólares -, a economia alemã acabou beneficiada pela ampliação do mercado consumidor.
No final da década de 1990 a Alemanha se envolveu no conflito dos Bálcãs (lutas ocorridas na ex-Iugoslávia). Antecipou-se no reconhecimento da independência da Eslovênia e da Croácia e se envolveu pela primeira vez em um conflito armado desde a Segunda Guerra Mundial, ao colocar suas tropas sob o comanda da Otan, em combate contra a Sérvia. Em outra iniciativa militar externa, participou das tropas internacionais que atuaram no Afeganistão. Essas ações militares no cenário internacional, embora tímidas, estão associadas à intenção do país em tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Em 2012, a Alemanha possuía o nono orçamento militar e o terceiro exportador de armas do planeta.
Apesar da retomada das ações militares da Alemanha e do Japão, e do peso desses países no conjunto da economia mundial, suas forças militares são reduzidas se comparadas às das potências militares, como Estados Unidos e Rússia, e também em relação a França, Inglaterra e China. Por não possuírem ou desenvolverem armas de destruição em massa, têm fraco poder de dissuasão.
Observe a tabela com os países que detêm os maiores arsenais nucleares.

PAÍS
TOTAL DE OGIVAS
EUA
8.000
RÚSSIA
10.000
REINO UNIDO
225
FRANÇA
300
CHINA
240
ÍNDIA
80 – 100
PAQUISTÃO
90 – 110
ISRAEL
80
CORREIA DO NORTE
DESCONHECIDO

3.3- China: novo protagonista no cenário mundial
Um dos acontecimentos mais importantes das últimas décadas foi o surgimento de mais uma potência na Ásia: a China. Esse país detém arsenal nuclear, é a terceira economia do mundo, faz parte do Conselho de Segurança da ONU e dispõe do segundo orçamento militar do planeta, com mais de 200 armas nucleares disponíveis. Abriga, ainda, o maior contingente populacional do globo - mais de 1,3 bilhão de habitantes -, o que lhe garante grande potencial de mercado e a formação da maior força armada do mundo - mais de 2,3 milhões de pessoas. Com esses superlativos e a presença cada vez mais marcante no cenário internacional, a China é vista como o país capaz de romper a supremacia norte-americana no século XXI.
No entanto, a China tem pendências em diversas questões internas para assegurar a manutenção de sua unidade territorial: movimentos pela independência nas regiões autônomas do Tibet, da Mongólia Interior e Xinjiang-Uigur. As pendências externas mais imediatas relacionam-se à disputa das Ilhas Spratly e à reincorporação de Taiwan. As Ilhas Spratly, um conjunto de mais de 100 formações de corais no mar da China Meridional, estão no meio da rota de grande circulação de navios mercantes e abrigam reservas de gás e petróleo. Elas são reivindicadas por seis países que ali mantêm bases militares: China, Vietnã, Filipinas, Brunei, Taiwan e Malásia. A pretensão da China de reincorporar Taiwan ao restante do país é outro ponto de grande tensão. Importante polo econômico asiático, Taiwan separou-se da China em 1949 e pretende seguir independente, no que conta com apoio dos Estados Unidos.

3.3.1- China e relações internacionais
Em 1996, a China patrocinou a formação da Organização de Cooperação de Xangai com o objetivo de reforçar a cooperação econômica entre os países-membros e combater o tráfico de drogas, o terrorismo e o separatismo. A organização delineia a possibilidade de formação de uma organização militar ampla de defesa e de segurança multinacional, capaz de contrabalançar a influência da Otan e dos Estados Unidos na Ásia Central. A Organização conta ainda com países observadores (sem direito a voto ou interferência nas decisões políticas) e parceiros de diálogo (países que compartilham valores semelhantes aos dos países-membros).
Nas últimas décadas, as relações internacionais da China com o resto do mundo ampliaram-se. Os chineses estreitaram os laços econômicos e políticos com diversos países, tanto com os que absorvem suas exportações como com aqueles de quem importam energia e matérias-primas. O país estreitou laços com o Irã, mantendo investimentos na área de exploração de gás natural. Faz, assim, percurso inverso ao dos Estados Unidos, que romperam relações diplomáticas com o Irã desde 1980, e ao da União Europeia, que defende na ONU a manutenção de sanções econômicas ao país.
A China é o maior importador de petróleo do Sudão e apoia abertamente o governo desse país, responsável pelo massacre de mais de 300 mil pessoas na região de Darfur e cujo presidente teve mandato de prisão expedido em 2009 pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Outros países da África recebem atenção especial na agenda internacional chinesa, particularmente Angola.
Os países da África exportam petróleo, ferro, cobre e algodão e atraíram investimentos de várias empresas chinesas, principalmente a Petro China, hoje uma das maiores empresas petrolíferas do mundo. A China, além de ampliar suas exportações para o continente, tem realizado investimentos em meios de transporte, usinas de energia e sistemas de telecomunicações.

3.4- A Rússia na nova ordem geopolítica
Com o colapso da URSS, as transformações na ordem mundial e, a partir da década de 1990, o fim da Guerra Fria, a Rússia passou a participar de uma nova agenda internacional tanto no campo político como militar. Atualmente, o país exige maior participação no contexto internacional e busca afirmar-se como potência.
Apesar de enfrentar uma etapa difícil de transição da economia centralmente planejada para uma economia de mercado – capitalista -, às voltas com crises econômico-financeiras, aumento da pobreza e
da corrupção, concentração de renda e guerras separatistas, em finais da década de 1990 a Rússia passou a integrar o G-8. É a segunda potência nuclear do planeta, e em seu imenso território dispõe de grandes reservas minerais, inclusive petróleo. Além disso, mantém relações de cooperação com o Irã - país importante no contexto geopolítico do Oriente Médio - para a construção de reatores nucleares, acordos militares com a índia e, desde julho de 2001, quando assinou um acordo de amizade, busca estreitar relações políticas com a China.
Em maio de 2002, com a criação do Conselho Otan-Rússia, o país passou a participar das discussões ao lado dos países-membros da Otan em assuntos de interesse mútuo, como a definição de estratégias político-militares a serem aplicadas no controle da proliferação de armas nucleares e no combate ao terrorismo.
A Rússia também acertou com os Estados Unidos acordos para a redução de armas nucleares estratégicas. No entanto, mesmo com os cortes, ambos os países ainda dispõem de armamento nuclear capaz de destruir o planeta.
A criação do Conselho Otan-Rússia ocorreu após o aval russo à intervenção armada norte-americana no Afeganistão, em 2001. Essa intervenção foi considerada o primeiro embate dos Estados Unidos com base nos princípios que seriam consolidados posteriormente na Doutrina Bush (da qual trataremos à frente) e justificada pela necessidade de combater o terrorismo internacional. Em contrapartida, a Rússia não foi reprovada pela violenta repressão empreendida ao movimento separatista na Chechênia, uma república islâmica que faz parte da Federação Russa.
A Rússia, no entanto, se posicionou contra a intervenção militar no Iraque e contra os avanços da política intervencionista dos Estados Unidos.
Em 2008, tropas russas entraram em conflito com a Geórgia ao apoiar a luta pela independência da Ossétia do Sul e da AbKásia, repúblicas autônomas controladas pelo Estado georgiano. A Geórgia nos últimos anos se aproximou dos Estados Unidos e é candidata a integrar a Otan.
No mesmo ano, outra questão confrontou a Rússia e os Estados Unidos: a intenção de o governo norte-americano construir um sistema de defesa antimísseis na Polônia apoiado por um sistema de radares na República Tcheca. Apesar de os Estados Unidos sustentarem que o sistema estaria voltado ao bloqueio de uma suposta ameaça dos mísseis do Irã ao continente europeu, a Rússia via o projeto como uma ameaça à sua segurança e como uma forma de neutralizar seu poder de fogo. Depois de advertências russas e negociações com o governo de Barack Obama, os Estados Unidos proclamaram, em 2009, a desistência do escudo antimísseis e a reformulação dos planos de defesa para o país.

3.5- A supremacia norte-americana
Os Estados Unidos são responsáveis por cerca de 25% de toda a produção de bens e geração de serviços no mundo, ou seja, um quinto do PIB mundial (15,09 trilhões de dólares em 2011), índice superior à soma do PIB dos outros três países mais ricos do mundo (Japão, China e Alemanha).
Em 2012, 5 das 10 maiores empresas do mundo em valor de mercado eram norte-americanas. Com cerca de apenas 4,5% da população do planeta, os norte-americanos consomem 18,5% da energia gerada no mundo, considerando todas as fontes energéticas. Eles respondem também por cerca de 13% das importações mundiais.
Vários países, inclusive alguns desenvolvidos, dependem dos Estados Unidos, em termos de comércio exterior. O Japão, por exemplo, a terceira maior economia do mundo (PIB de aproximadamente 5,6 trilhões de dólares, em 2011), realiza cerca de 15% das suas exportações para o mercado norte-americano.
 Os Estados Unidos exercem a supremacia econômica, apesar de contrabalançada por centros econômicos como a União Europeia, o Japão, os Brics e outros. A preponderância norte-americana é muito maior quando se considera também o aspecto político-militar. O país atingiu posição privilegiada em termos de capacidade bélica, graças ao desenvolvimento da tecnologia militar.
Destaca-se pelo uso de satélites artificiais e radares, poderosa frota de porta-aviões (cada qual com poderio superior ao da maior parte dos exércitos do planeta), submarinos nucleares e bem equipada força aérea, que inclui aviões não detectáveis por radar. O orçamento militar anual dos Estados Unidos é quase a metade dos gastos militares do mundo.
Essa supremacia é manifestada até mesmo nas decisões tomadas pela ONU (e pelos países que a integram), que com frequência age para atender aos interesses norte-americanos, e nas políticas estabelecidas pelos organismos internacionais, como o FMI e o Banco Mundial.
Apesar da supremacia dos Estados Unidos, não se pode considerar o desenvolvimento norte-americano - ou seja, o modo de vida de sua população e a maneira como atingiram tão amplo poder político internacional - um modelo a ser seguido. Os Estados Unidos gastam sozinhos aproximadamente 25% de tudo o que o mundo consome, boa parte sem envolver processos de reciclagem, reutilização ou reaproveitamento, o que gera grande quantidade de lixo e poluentes.
A história da política externa norte-americana tampouco é uma referência positiva. É marcada por invasões, guerras e deposição de governos em diversos países. Essa liderança geopolítica, que em diversos momentos dispensou a diplomacia, implica vultosos gastos em pesquisa, produção de armamentos e manutenção de forças militares.

3.5.1- A política externa norte-americana e a geopolítica mundial
Do ponto de vista geopolítico, a ordem mundial inaugurada após a Guerra Fria passou a ser comandada pelos interesses dos Estados Unidos, respaldados por sua incontestável supremacia militar. O país iniciou o século XXI como superpotência absoluta. A forma como a hegemonia foi implementada foi denominada  pax americana (é um termo latino referindo-se a hegemonia norte-americana no mundo. Também indica o período de relativa paz entre as potências ocidentais e outras grandes potências do fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, coincidindo com a atual dominação econômica e militar dos Estados Unidos da América, em estreita colaboração com a ONU.), em alusão a Pax Romana, adotada pelo  imperador de Roma, Otávio Augusto, de 29 a.C. a 180 d.C. A partir de então, a política externa norte americana foi marcada pelo unilateralismo. Os Estados Unidos tomaram medidas que, independentemente das posições e necessidades de outros países, visam atender a seus interesses e manter sua supremacia, como, por exemplo:
• recusaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto, por considerar que ele restringiria seu desenvolvimento econômico;
• retiraram-se da conferência mundial contra a discriminação e o racismo, realizada na África do Sul, em 2001;
• não assinaram os termos para a criação do Tribunal Penal Internacional;
• aumentaram o protecionismo comercial de alguns produtos agrícolas e industriais, prejudicando as exportações de vários países, inclusive do Brasil;
• lançaram uma ofensiva militar contra o Iraque, junto com o Reino Unido, sem a aprovação da ONU para derrubar o governo de Saddam Hussein.

3.5.2- Ocupações e intervenções no século XXI
Os Estados Unidos reagiram ao atentado terrorista de 11 de setembro de 2001 invadindo o Afeganistão. Em outubro daquele ano, atacaram o país com o pretexto de eliminar terroristas lá instalados, principalmente Osama Bin Laden, líder do grupo islâmico Al Qaeda, acusado de ter planejado o ataque. Depois de derrubar o governo afegão, liderado por religiosos islâmicos radicais ligados ao Talibã, ocuparam o país.
No entanto, no caso da guerra contra o Iraque, em 2003, não havia nenhuma evidência de que o país constituísse uma ameaça aos Estados Unidos ou a qualquer outro país do Oriente Médio. As alegações de que o governo iraquiano estava ligado à Al Qaeda, financiava grupos terroristas e tinha em seu arsenal militar armas de destruição em massa foram reconhecidas, posteriormente, como falsas pelo próprio governo norte-americano.
As intervenções militares no Afeganistão e no Iraque foram alicerçadas por uma nova política, que justifica a ação dos Estados Unidos, independentemente da aprovação da ONU: a doutrina da guerra preventiva. Para muitos analistas, o ataque de 11 de setembro criou condições favoráveis e serviu de pretexto para que os Estados Unidos atuassem no mundo de acordo com seus próprios interesses econômicos, impondo sua presença e domínio a regiões estratégicas do planeta.
Além das ofensivas militares no Afeganistão e no Iraque, outras reações do governo dos Estados Unidos aos atentados terroristas provocaram mudanças internas e externas. Por exemplo:
• a definição do chamado "eixo do mal", composto por Coreia do Norte, Irã e Iraque, países que, na visão norte-americana, apoiavam o terrorismo internacional;
• o estabelecimento da Doutrina Bush;
• a aprovação de leis de restrição aos direitos civis, como a permissão para "grampear" telefones e prender estrangeiros suspeitos por tempo indeterminado.
Na tentativa de evitar ataques semelhantes, alguns países da Europa Ocidental também passaram a controlar com maior rigor o fluxo de imigrantes. Além disso, tornaram-se mais comuns ações que violam os direitos civis individuais, como o uso de câmeras, o rastreamento de mensagens eletrônicas, a escuta de ligações telefônicas etc.
O governo de Barack Obama, que assumiu o poder em 2009, anunciou o fim da Doutrina Bush e a adoção de medidas baseadas no princípio universal dos direitos humanos e legitimadas pelo direito internacional. Após duas décadas de unilateralismo - desde o final da Guerra Fria - os Estados Unidos terminaram a primeira década do século XXI com dois grandes desafios: solucionar uma crise econômica cuja dimensão só não era maior que a ocorrida em 1929 e resgatar parte do prestígio no cenário internacional, profundamente abalado, principalmente pela adoção de uma política avessa a soluções diplomáticas.
Apesar de sinalizar mudanças em relação ao governo anterior, Barack Obama manteve algumas políticas na agenda internacional norte-americana. São exemplos a manutenção da guerra contra o terrorismo, a ampliação da presença militar no Afeganistão e a permanência de tropas no Iraque pelo menos até o final de 2011.

O combate ao terrorismo não é uma estratégia exclusiva dos Estados Unidos. Aprovada pelo Conselho de Segurança e pela Assembleia Geral da ONU, foi acatada pela maioria dos Estados e validada pelo governo Obama. O que se questiona são os instrumentos utilizados para a implementação dessa estratégia, e que servem como pretexto para atender a interesses econômicos e ações de ocupação territorial dos Estados Unidos.
Além disso, a prioridade na luta contra o terrorismo, internacionalmente validada, merece uma reflexão. Nesse tipo de combate não ocorre o enfrentamento direto, pois o terrorismo não é visível, não tem endereço e possui ramificações internacionais. Esse combate não mantém compromisso com as leis internacionais nem com qualquer convenção de guerra. Portanto, privilegiar esse tipo de combate e perseguir prováveis inimigos significa colocar o mundo em estado de guerra permanente. No primeiro ano de mandato, o governo Obama determinou o fechamento de prisões que os Estados Unidos mantêm em suas bases militares no exterior - entre elas a de Guantánamo, em Cuba - e proibiu o uso de tortura em interrogatórios, prática comprovada durante o governo Bush.
A nova política externa norte-americana aponta para o declínio do unilateralismo. Indica que o país irá reforçar seu poder de influência ideológica e cultural combinando soluções diplomáticas e ações militares, quando estas forem necessárias; e irá exercer pressão através de medidas de sanção e embargo econômicos.
Continuará mantendo a sua hegemonia, embora não absoluta, que só será legítima com o apoio de outras potências.

Os Dois Lados do Terrorismo

3.1- Terrorismo
O terrorismo é o nome dado a protestos violentos realizados por grupos ou indivíduos que objetivam transformar ordens do governo, bem como o próprio governo, por meio do pânico, gerando decisões precipitadas e radicais.
Nos dias atuais o terrorismo é visto e praticado de forma diferente com que se manifestava antigamente, pois exige planejamento, objetivos em foco, recursos financeiros e a presença de guerreiros. Acredita-se que atos terroristas são financiados por pessoas bem sucedidas que simpatizam com o movimento, por pessoas ligadas ao governo que tentam secretamente destruir algo e ainda pessoas envolvidas com o tráfico de drogas. Os terroristas utilizam explosivos, gases nocivos, vírus, bactérias, materiais radioativos, armamentos atômicos e ainda sequestros e assassinatos.
São muitos os grupos terroristas espalhados pelo mundo, sendo os principais:
Al Qaeda: surgiu no Oriente Médio e trata-se de um grupo de fundamentalistas islâmicos que comandam parte dos atentados terroristas pelo mundo. Osama Bin Laden foi um dos membros que liderou o grupo por causas afegãs.
ETA (Pátria Basca e Liberdade): esse grupo clandestino luta pela independência territorial da França e da Espanha.
IRA (Exército Republicano Irlandês): grupo paramilitar católico que desde os anos 60, começou a atuar pela saída das forças britânicas do território da Irlanda, ou seja, a separação da Irlanda e do Reino Unido.
Hamas: Contrário aos judeus;
Jihad Islâmico: Organização religiosa contra palestinos,
Hezbollah: Islâmicos contra a intervenção ocidental em região islâmica.
O principal ato terrorista ou o mais focado foi o ocorrido em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, contra as duas torres do World Trade Center e o Pentágono. Dois aviões sequestrados pela Al Qaeda (supostamente) se chocaram contra as torres gêmeas e posteriormente um se chocou contra o Pentágono para intimidar o governo norte-americano, que respondeu aos atentados atacando as montanhas do Afeganistão que abrigava Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda.
O terrorismo se originou no século I d.C., mas foi no século XXI que as ações terroristas se acentuaram e o discurso antiterrorista virou assunto recorrente na mídia ocidental.
Os atos e ataques terroristas, segundo alguns estudiosos, tiveram início no século I d. C., quando um grupo de judeus radicais, chamados de sicários (Homens de punhal), atacava cidadãos judeus e não judeus que eram considerados a favor do domínio romano. Outros indícios que confirmam as origens remotas do terrorismo são os registros da existência de uma seita mulçumana no final do século XI d. C., que se dedicou a exterminar seus inimigos no Oriente Médio. Dessa seita teria surgido a origem da palavra assassino.
terrorismo moderno tem sua origem no século XIX no contexto europeu, quando grupos anarquistas viam no Estado seu principal inimigo. A principal ação terrorista naquele período visava à luta armada para constituição de uma sociedade sem Estado – para isso, os anarquistas tinham como principal alvo algum chefe de estado e não seus cidadãos.
Durante a segunda metade do século XIX, as ações terroristas tiveram uma ascensão, porém foi no século XX que houve uma expansão dos grupos que optaram pelo terrorismo como forma de luta. Como consequência dessa expansão, o raio de atuação terrorista aumentou, surgindo novos grupos, como os separatistas bascos na Espanha, os curdos na Turquia e Iraque, os mulçumanos na Caxemira e as organizações paramilitares racistas de extrema direita nos EUA. Um dos seguidores dessa última organização foi Timothy James McVeigh, terrorista que assassinou 168 pessoas em 1995, no conhecido atentado de Oklahoma.
Com o desenvolvimento da ciência e tecnologia no século XX, as ações terroristas passaram a ter um maior alcance e poder, através de conexões globais sofisticadas, uso de tecnologia bélica de alto poder destrutivo, redes de comunicação (internet) etc.
No início do século XXI, principalmente após os ataques terroristas aos EUA, no ano de 2001, estudiosos classificaram o terrorismo em quatro formas: o terrorismo revolucionário, que surgiu no século XX e seus praticantes ficaram conhecidos como guerrilheiros urbanos marxistas (maoístas, castristas, trotskistas e leninistas). O terrorismo nacionalista, que foi fundado por grupos que desejavam formar um novo Estado-nação dentro de um Estado já existente (separação territorial), como no caso do grupo terrorista separatista ETA, na Espanha (o povo Basco não se identifica como espanhol, mas ocupa o território espanhol e é submetido ao governo da Espanha).
E o terrorismo de organizações criminosas, que são atos de violência praticados por fins econômicos e religiosos, como nos casos da máfia italiana, do Cartel de Medellín, da Al Qaeda, etc.
No mundo contemporâneo, as ameaças terroristas são notícias recorrentes na imprensa, “para a maior visualização do terrorismo mundial, a mídia exerce um papel fundamental. Mas é evidente que também cria um sensacionalismo em torno dos terroristas [...] a mídia ajuda a justificar a legalidade e a necessidade de ações antiterroristas que, muitas vezes, levam adiante banhos de sangue e violações aos direitos humanos que atingem mais a população civil do que os próprios terroristas”.
É importante refletir sobre o terror como prática e o discurso sobre o terror. A separação dessas ações é fundamental para a compreensão da prática terrorista e para a análise dos discursos construídos sobre o terrorismo. Feito isso, será possível entender as questões políticas e ideológicas que estão por trás das práticas e discursos sobre o terror. Assim sendo, estaremos mais aptos a questionar, lutar e compreender por que tantas pessoas matam e morrem por determinadas causas, sejam elas políticas, religiosas, econômicas ou culturais.
É mais que necessário a sociedade compreender as ideologias que movem as práticas terroristas e os discursos construídos sobre essas práticas. A cada ano que passa, a humanidade se sente mais acuada e receosa, temerosa de ataques com armas de destruição em massa.
Outra forma de terrorismo é o Terrorismo Virtual.
3.1.1- Terrorismo Virtual: que é a expressão usada para descrever os ataques terroristas executados pela Internet, com o objetivo de causar o danos a sistemas ou equipamentos. Qualquer crime informático que ataque redes de computador pode ser classificado como ciberterrorismo, em que geralmente as ferramentas utilizadas são os vírus de computador. A facilidade com que os ataques são realizados e os danos que podem causar preocupam países pelo mundo todo.
CIBERTERRORISMO: Trata-se de um ataque localizado em que o objetivo é incutir medo e terror. Geralmente este tipo de ataque é dirigido a um governo ou uma população governada.
Características do Ciber crime Influência transnacional, o que aumenta a dificuldade na investigação e apuração de provas contra o acusado.
O tema que iremos abordar é o Terrorismo Virtual. Decidimos optar por este tema, pois trata-se de um tema atual e de um perigo iminente contra o qual devemos estar alertados.

TIPOS DE CRIMES

·                     Pornografia infantil : trata-se da utilização de redes de meios informáticos com o intuito de criar e divulgar conteúdos comprometedores e que exploram sexualmente crianças menores de idade.

·                     Fraudes através do computador: são diferentes de roubo pois a vítima dá o dinheiro ou outros bens de livre e espontânea vontade, no entanto tal não aconteceria se soubesse que estaria a ser vítima de fraude, pois o criminoso apresenta ofertas que parecem ser honestas e garantidas.

·                      Perseguição online: tratam-se de ameaças feitas de forma implícita ou explícita cujo objetivo é intimidar e amedrontar. Este tipo de perseguição pode ser feita via e-mail, telefone, tele móvel, mensagens de texto, sites, vídeos, entre outros.

·                      “Lavagem” de dinheiro: trata-se de um tipo de crime bastante comum. Neste tipo de crime, os criminosos transferem dinheiro de forma ilegal com o objetivo de ocultar a sua fonte e o seu destino.

·                      Ciberativismo: corresponde à manipulação ou roubo feitos por organizações que defendem certas causas.

·                      Roubo: trata-se da utilização de dispositivos para desviar fundos ilegalmente, roubar dados de outros indivíduos, empresas ou instituições com o objetivo de realizar roubo de identidade, espionagem, fraude, plágio e pirataria.

·                     Violação do correio electrónico: tratam-se de crimes de natureza privada do correio eletrônico e das mensagens que circulam de forma privada. Qualquer ato de divulgação externa pode constituir violação da vida privada.

·                     Crimes ligados à violação da confidencialidade e dados pessoais: Estas ações podem ser manifestadas como: seguir a vítima nos seus trajetos, aparecer repentinamente em locais frequentados por esta, fazer telefonemas inconvenientes e até mesmo invadir a residência da vítima. Pode incluir também ameaças, roubo de identidade, aquisição de informações para uso prejudicial, entre outras.

·                     Cyberbullying:  Consiste num tipo de violência contra outrem praticada através da internet ou de outras tecnologias que possam estar relacionadas. O cyberbullying é praticado no meio virtual, utilizando este para intimidar uma pessoa, difamando, insultando ou atacando covardemente, no sentido de prejudicar o outro. Atualmente, como se tem tornado mais comum na sociedade, têm surgido diversas legislações e campanhas de sensibilização com o intuito de combater esta prática.

3.1.1- Guerrilha, Revolução e Terrorismo

A guerrilha geralmente é formada por pessoas que têm uma ideologia em comum contra as ações políticas do Estado. Os guerrilheiros lutam contra o Estado buscando destituir o poder estabelecido com o objetivo de iniciar uma nova era política. Geralmente as guerrilhas seguem uma ideologia socialista contrária à ideologia capitalista.

Mesmo tendo objetivos políticos contra o Estado assim como as organizações terroristas, as guerrilhas se comportam de maneira diferente, sendo na maioria dos casos organizadas com um número maior de membros armados que se comportam como uma unidade militar, com uniformes e identificação, enfrentam forças militares do Estado, pela conquista e manutenção dos territórios ocupados, exercendo uma certa soberania geográfica. E também, diferente do terrorismo, a guerrilha tem o apoio popular, principalmente dos pobres e dos militantes socialistas, agindo assim em prol do povo e de uma melhor situação política e econômica para a população.

Quando uma guerrilha age de forma contrária aos seus objetivos e se encaixa na classificação de terrorismo passa a ser uma ação isolada sem o apoio popular. Não quero afirmar aqui que uma guerrilha não pode agir como se fosse uma facção terrorista, essa possibilidade existe e já aconteceu, porém, não é essência da guerrilha recorrer a atos terroristas, estas são ocorrências isoladas em momentos isolados na linha da história das guerrilhas.
Portanto, percebe-se que a guerrilha é uma organização que funciona como uma organização militar, apoiada pelo povo, que enfrenta a força militar do Estado enquanto que, diferentemente, o terrorismo: ...é, simplesmente a denominação contemporânea e a configuração moderna da guerra deliberadamente travada contra civis, com o propósito de lhes demolir a disposição de apoiar líderes ou políticas que os agentes dessa violência consideram inaceitáveis.
Exércitos profissionais e guerrilhas também podem cometer atos terroristas como já citado, porém, a diferenças mostram que não há relação quanto à essência entre uma organização terrorista e uma organização guerrilheira.
Após o término da segunda guerra mundial em 1945, quando se inicia a Guerra Fria entre EUA e URSS, começaram a surgir vários grupos aos quais foram atribuídos status de grupos terroristas. Eram revolucionários, grupos separatistas que buscavam a liberdade, a autodeterminação dos povos, direito defendido pela carta da ONU, eram contra o colonialismo e usavam assim táticas violentas para expulsar os invasores de suas terras e conquistar a liberdade.
Quando pensamos em movimentos revolucionários logo vem à mente imagens de pessoas nas ruas exigindo seus direitos e mudanças políticas, econômicas e sociais, tumultos e muitas vezes conflitos entre policiais e membros da revolução. As guerrilhas são também, movimentos revolucionários que agem contra a política estatal mas que não saem ás ruas exibindo suas metralhadoras, elas têm uma região especifica de localização e geralmente é no meio de florestas ou em lugares desertos distantes das forças do Estado. Movimentos como a OLP8, FQL9- Front de Libération du Québec foram considerados terroristas por lutar pela liberdade. Yasser Arafat num discurso para a ONU em 1974 falou que: a diferença entre revolucionário e terrorista está no motivo pelo qual cada um deles luta. Isso porque quem quer que assuma posição por uma causa justa e batalhe pela liberdade e pela libertação de sua terra jugo de invasores, assentadores e colonizadores não pode de modo algum ser chamado de terrorista. (whittaker, p.23,2005)
O discurso de Arafat está relacionado ao conflito entre Árabes e Judeus na região da Palestina, conflito que já dura a mais de meio século. Yasser Arafat está certo quando diz que quem assume uma causa justa e batalhe pela liberdade não pode ser considerado um terrorista, mas a definição do que é justo ou não, não nos cabe discutir aqui. A questão é que uma ação revolucionária não vem a ser uma ação terrorista quando não se usa a força e nem a violência para atacar pessoas do governo ou a própria população civil que mantêm sua lealdade ao Estado.
Portanto, quando a OLP ataca Israel e mata civis judeus está cometendo um ato terrorista e não uma ação de movimento revolucionário, tirando assim as características daqueles que lutam pela liberdade contra assentadores de suas terras, seu país.

·                Terrorista e Criminoso Comum

Além das diferenças traçadas entre guerrilha, revolução e terrorismo, guerra e terrorismo serão tratadas aqui, as diferenças existentes entre terroristas e criminosos comuns. Mesmo que se leve em consideração que o terrorismo seja uma ação criminosa e que o terrorista que comete tal ato é um criminoso, existe uma discrepância entre o criminoso terrorista e o criminoso comum que rouba um banco por exemplo. Há diferenças relacionadas quanto aos objetivos e maneiras de agir que diferenciam os terroristas dos criminosos comuns.
O terrorista como já citado tem um fim político, religioso e social, voltando suas ações contra o Estado, sua população civil com o objetivo de intimidar e coagir um governo a adotar suas vontades, enquanto que um criminoso comum age seguindo objetivos essencialmente pessoais, por satisfação própria, sem interesse político ou religioso, simplesmente por desejo material. Nas palavras de David J. Whittaker. ao se distinguir os terroristas dos outros tipos de criminosos e das outras formas de crime, passamos a apreciar o terrorismo como: inescapavelmente político em objetivos e motivos; violento ou, igualmente importante, ameaça violenta; concebido para causar repercussões psicológicas que transcendem a vítima ou o alvo; conduzido por uma organização com cadeia de comando ou estrutura celular conspiradora identificáveis (cujos membros não usam uniforme ou distintivos de identificação); e perpetrado por um grupo sub nacional ou entidade não estatal.
Então, de acordo com a definição de Whittaker os motivos do terrorista é puramente político intimidando, por força psicológica, ameaçando de maneira violenta, um Estado e uma sociedade. Além dos objetivos e motivos existem as diferenças em relação ao cenário. Um criminoso comum age de acordo com os problemas sociais dentro de um âmbito doméstico, o terrorista além de agir em âmbito doméstico também age no cenário político internacional atuando como criminoso internacional.
Mesmo que hajam diferenças entre terrorismo e as guerras de guerrilha, revolução, guerra e criminoso comum e, que todas elas possam ser explicadas ainda há a necessidade de se entender uma definição e conceituação global do que vem a ser o terrorismo. Estas diferenças e definições apenas facilitam o entendimento e trabalhos relacionados ao terrorismo pela busca de soluções para este problema que assola o Sistema e a Ordem internacionais de Estados.

3.2- Fundamentalismo Islâmico
Entende-se por fundamentalismo islâmico uma interpretação particular e literal da sharia (a lei do Corão), aplicada a fins políticos. Em oposição às ideias leigas, modernas e ocidentais, essa interpretação afirma que, a fim de formar um Estado islâmico puro, os valores da tradição e religião islâmica devem desempenhar um papel central na vida econômica, social e política. Vários movimentos fundamentalistas iniciados na década de 70 procuraram e ainda procuram lutar para obter e manter o controle do Estado nos países com maioria da população de religião muçulmana e ali aplicar seus princípios. Em alguns casos, essa luta resultou em revoltas populares, como no Irã em 1979 e na Argélia, Tunísia, Egito, Afeganistão, Daguestão e Turquia nos anos 90.

3.3- A questão Afegã e Talibã
3.3.1- Afeganistão
Devastado pela guerra contra a União Soviética, que ocupou a região entre 1979 e 1989, o Afeganistão assistiu à ascensão da milícia Taleban ('estudante', em persa), grupo fundamentalista financiado pelo Paquistão que, em 1996, assumiu o controle de 70% do país, porcentagem que logo subiu para 90%. Orientados pelo rigor da sharia, os talebans acreditam ser possível estabelecer 'o paraíso de Alá na Terra', impondo severas restrições ao dia a dia e punições à população, em particular às mulheres. Por seu apoio ao terrorista saudita Osama bin Laden, o regime Taleban foi derrubado pelos Estados Unidos em 2001.

3.3.2-Talibã
O Talibã é um grupo político que atua no Afeganistão e no Paquistão. A milícia tem origem nas tribos que vivem na fronteira entre esses dois países e se formou em 1994, após a ocupação soviética do Afeganistão (que durou de 1979 a 1989) e durante o governo dos também rebeldes mujahedins. Apesar de islâmico, esse governo era considerado muito liberal, deixando descontentes os muçulmanos mais extremistas. Assim, a milícia Talibã invadiu a capital Cabul e tomou o poder, governando o país de 1996 até a invasão americana, em 2001. Apesar de ter sido destituído do governo formal, o grupo continuou sendo influente. "Hoje, o objetivo do Talibã no Afeganistão é recuperar seu território e expulsar os invasores dos Estados Unidos e da OTAN". Para tentar desestabilizar o inimigo, o grupo utiliza táticas de guerrilha e ataques de homem-bomba. Uma hipótese é que o dinheiro para financiar as ações venha de tributos cobrados dos plantadores de ópio. Mas a característica principal do grupo é ter uma interpretação muito rígida dos textos islâmicos, incluindo proibição à cultura ocidental e a obrigação ao uso da burka pelas mulheres.
Um dos maiores erros que o ocidente comete em relação ao Talibã é confundi-lo com os terroristas da Al Qaeda. "O Talibã é provincial, age apenas na sua região e não tem nada a ver com os ataques a países do ocidente". Outra diferença entre as milícias é que a Al Qaeda é composta por árabes, enquanto o Talibã congrega indivíduos das tribos afegãs, a maioria deles da etnia pashtun. Porém, apesar das ideologias distintas, os dois grupos são aliados e se ajudam nas questões de logística, armas e dinheiro. Além disso, quando expulso de vários países, Osama Bin Laden, um dos fundadores da Al Qaeda, foi acolhido pelo Talibã no Afeganistão.

3.4- Terrorismo de Estado: Casos Exemplares
terrorismo de Estado é praticado pelos Estados nacionais e seus atos integram duas ações. A primeira seria o terrorismo praticado contra a sua própria população. Foram exemplos dessa forma de terrorismo: os Estados totalitários Fascistas e Nazistas, a ditadura militar brasileira e a ditadura de Pinochet no Chile. A segunda forma se constituiu como a luta contra a população estrangeira (xenofobismo).

3.4.1- A União Soviética Comunista
Na União Soviética, entre 1929 e 1932, sob a liderança de Stálin, mais de 13 milhões de camponeses foram mortos por resistirem à coletividade forçada das terras agrícolas.
Em Moscou entre 1936 a 1938, centena de militares e lideranças do Partido Comunista foram perseguidos e condenados à morte.

O Terrorismo de Estado na URSS
"A Rússia é uma Esfinge. Na alegria e na dor, e esvaindo-se em sangue negro / Ela olha, olha, olha para ti, com ódio e com amor.”        Alexander Block - Os Citas, 1918.
Após a tomada do poder por Lenine e pelo Partido Social Democrata Bolchevique, e após o fim da sangrenta guerra civil 1919-21, é instaurado um regime repressivo, sendo criados campos de trabalho e de reeducação destinados aos grandes opositores do socialismo ideológico. Após a morte de Lenine e a subida ao poder por Stálin em 1922, houve uma ainda maior burocratização e centralização do aparelho governamental do Estado. Stálin eliminou os seus grandes rivais políticos com purgas periódicas e inesperadas; as polícias soviéticas instauraram o medo nas grandes cidades e nas repúblicas mais distantes do poder. Com o início da Guerra Fria em 1948, Stálin procurou ainda mais fortalecer o seu poder na Europa de Leste e na própria URSS, com uma forte propaganda ideológica e um culto exacerbado da personalidade.
Em 1928, iniciou-se um programa de industrialização intensiva e de coletivização da agricultura soviética, impondo uma grande reorganização social e provocando a fome e o genocídio na Ucrânia (Holodomor), em 1932-1933. Esta fome foi imposta ao povo ucraniano pelo regime soviético e causou um mínimo de 4,5 milhões de mortes na Ucrânia, além de 3 milhões de vítimas noutras regiões da URSS. Nos anos 30, Stálin consolidou a sua posição através de uma política de modernização da indústria. Como arquiteto do sistema político soviético, criou uma poderosa estrutura militar e de policiamento. Mandou prender e deportar os seus opositores. Desconfiando que as reformas económicas que implantara, produziam o descontentamento entre a população, Stálinj dedicou-se a consolidar o seu poder pessoal. Tratou de expulsar toda a oposição política. Se alguém lhe parecesse indesejável neste ponto de vista, encarregava-se de desacreditá-lo perante a opinião pública. Em 1934, Sergei Kirov, principal líder do Partido Comunista em Leningrado – e tido como sucessor de Stálinh - foi assassinado. Stálin usou este fato como pretexto para uma série de repressões que passaram para a história como o “Grande Expurgo” (praticado contra membros do Partido Comunista). Entre os alvos mais destacados desta ação, estava o Exército Vermelho, em que parte de seus oficiais, acima da patente de major, foi presa, inclusive treze dos quinze generais de exército. Entre estes, Mikhail Tukhachevsky foi uma de suas mais famosas vítimas, sofrendo a acusação de ser agente do serviço secreto alemão e sendo executado. O principal instrumento de perseguição foi a NKVD (Comissariado do povo para assuntos internos).
Antes, durante e depois da II Grande Guerra, Stálin conduziu uma série de deportações em grande escala que acabaram por alterar o mapa étnico da URSS. Estima-se que entre 1941 e 1949, cerca de 3,3 milhões de pessoas foram deportadas para a Sibéria ou para repúblicas asiáticas. Separatismo, resistência/oposição ao governo soviético, e colaboração com a invasão alemã, eram alguns dos motivos oficiais para as deportações. Durante o governo de Stalin, grupos étnicos como os ucranianos, polacos, alemães, checos, lituanos, arménios, búlgaros, finlandeses, judeus, entre outros, foram parcialmente ou completamente deportados. As ameaças de conflitos armados e constrangimentos realizados a fim de impor as ideologias determinadas do Estado ao seu povo, como também a outros povos, com o forte uso da violência, e consequentes repressões, assim como o financiamento de guerras entre facções em territórios alheios, são grandes exemplos ilustrativos do terrorismo de Estado praticado pela extinta URSS - um período marcado por genocídios, torturas, massacres e grandes expurgas e deportações, com o objetivo de manter “tudo e todos” sob o controlo/domínio do Estado.

3.4.2- A Alemanha sob o nazismo
A palavra nazismo vem de Nazi, que é a abreviação de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, que de socialista não tinha nada. Seu líder chamava-se Adolf Hitler e o partido adotou como símbolo a “suástica”, uma cruz encontrada em diversas tribos.
Hitler nasceu em 20 de abril de 1889. Em 1923, Hitler, indignado com as péssimas condições que os alemães enfrentavam, oriundas da derrota na guerra, tentou um golpe de Estado em uma cervejaria, na Alemanha. Sem sucesso, foi preso. Na prisão, escreveu um livro que se tornaria a cartilha para o nazismo: “Mein Kampf” (Minha luta). Nesse livro, Hitler defendia a hegemonia da raça ariana, alegando que a Alemanha só se reergueria quando os povos se unissem “num só povo, num só império, num só líder”. Outras etnias, como judeus e negros, deveriam ser executadas. Hitler não gostava de judeus, pois afirmava que a Primeira Guerra só fora desastrosa por conta da traição dos judeus marxistas. Além do ódio contra outras etnias, Hitler também defendia o extermínio de testemunhas de Jeová e homossexuais. E comunistas, é claro. Para executar suas ordens, foram criadas as Seções de Assalto (S.A), as Seções de Segurança (S.S.) e a Gestapo (polícia secreta).
Os alemães viam em Hitler uma salvação para a crise que o país enfrentava. Rapidamente o partido cresceu. Agricultores, jovens, soldados, em todas as classes, tornaram-se adeptos do novo partido. Com a crescente do partido, o presidente alemão Hindenburg, amedrontado, ofereceu o cargo de chanceler a Hitler, que instaurou uma política de repreensão contra seus opositores: os líderes comunistas foram presos em campos de concentração e, posteriormente, executados. Em agosto de 1934, o presidente Hindenburg morreu e Hitler assumiu o cargo máximo, sem abrir mão do seu cargo antigo. Criou o Terceiro Reich (império) e se proclamou Führer (líder, em alemão). Sua primeira medida como ditador foi a execução de milhares de judeus, comunistas, homossexuais, negros e outros nos campos de concentração. Esse episódio ficou conhecido como “Holocausto”.
O Holocausto foi uma prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante os anos de governo nazista de Adolf Hitler. Segundo a ideologia nazista, a Alemanha deveria superar todos os entraves que impediam a formação de uma nação composta por seres superiores.
Holocausto foi uma ação sistemática de extermínio dos judeus, em todas as regiões da Europa dominadas pelos alemães, nos campos de concentração, empreendida pelo regime nazista de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A palavra holocausto é de origem grega holos (todo) e kaustro (queimado).

3.4.3- As ditaduras latino-americanas
Na América latina, as ditaduras se instalaram em diversos países entre as décadas de 1960 e 1980 foram responsáveis por milhares de casos de pessoas sequestradas, presas, torturadas, mortas e3 desaparecidas sob a responsabilidade do Estado.

3.4.3.1- Operação Condor
A Operação Condor foi uma ação conjunta de repressão a opositores das ditaduras instaladas nos seis países do Cone Sul: Brasil, a Argentina, o Chile, a Bolívia, o Paraguai e Uruguai. A função principal era neutralizar e reprimir os grupos que se opunham aos regimes militares montados na América Latina, como os Tupamanos no Uruguai, os Montoneros na Argentina, o MIR no Chile, etc. Montada em meados dos anos 1970, a Operação durou até o período de redemocratização da região, na década seguinte. A operação, liderada por militares da América Latina, foi batizada com o nome do condor, ave típica dos Andes e símbolo da astúcia na caça às suas presas.

3.4.5- O Camboja de Pol Pot
O território do Camboja, situado na fértil bacia do Rio Mekong, no sudeste asiático, é coberto por florestas tropicais e cortado por três grandes cadeias de montanhas. Diversos conflitos causaram a morte de milhões de cambojanos nas últimas décadas.
O mais sangrento deles ocorreu durante o domínio da facção de esquerda Khmer Vermelho, liderada por Pol Pot, na década de 1970.
A 17 de Abril de 1975, as forças do Khmer Rouge (Khmer Vermelho) entram na capital, Phnom Penh, quase sem resistência, marcando o fim da administração Lon Nol. O novo governo fará milhares de prisioneiros e deslocará, à força, a população urbana para fazendas coletivas no campo, praticamente eliminando a indústria e cultura nacional.
As consequências foram trágicas, levando à morte centenas de milhares de pessoas, fosse por doenças e fome, fosse em campos de extermínio.
Imediatamente após o domínio do governo pelo Khmer, foi iniciada a evacuação da população da capital, em direção ao campo. Eram cerca de 2,5 milhões de pessoas, incluindo-se 1,5 milhões de refugiados de guerra.
Nestes procedimentos não havia exceções e até os hospitais eram esvaziados e os pacientes deportados para o interior, enquanto teatros eram evacuados e transformados em chiqueiros para a criação de porcos.
O governo comunista do Khmer Vermelho alegava como causa destas providências a necessidade de alimentar a população urbana, do que era impedido pelos bombardeios das forças norte-americanas, que tornava qualquer meio de transporte inviável.
Qualquer indivíduo que houvesse trabalhado, de alguma forma, vinculado ao governo deposto, teria morte certa, caso fosse identificado. O Khmer não executava apenas o "vinculado", mas todos os seus familiares, para eliminar qualquer possibilidade de uma futura vingança contra o regime.
Entre 1977 e 1978, a violência atingiu o seu auge, quando os assassinatos passaram a ser comuns entre os próprios elementos do Khmer Vermelho, em intermináveis purgações em todos os níveis.
Durante todo este período em que o país passa a ser conhecido como "Camboja Democrático" (Janeiro de 1976/79), o regime de Pol Pot exerceu o poder de vida e morte sobre toda a população, sem a menor contestação. Devido à necessidade de poupar munição, as armas de fogo poucas vezes eram utilizadas. As pessoas eram mortas por qualquer motivo: por não trabalharem com o desejado afinco, por reclamarem das condições de vida, por guardarem algum bem ou comida para utilização própria, por usarem alguma joia, por terem relações sexuais não autorizadas, por chorarem a morte de algum amigo ou familiar e até por demonstrarem algum sentimento religioso. Os doentes eram, na maioria das vezes, eliminados. Esta matança ocorria, sempre, sem qualquer tipo de julgamento e prolongou-se, ininterruptamente, até a invasão do país pelas tropas do Vietnam, em 1979.

3.5- O apartheid na África do Sul
Apartheid (significa "vidas separadas" em africano) era um regime segregacionista que negava aos negros da África do Sul os direitos sociais, econômicos e políticos.
Embora a segregação existisse na África do Sul desde o século 17, quando a região foi colonizada por ingleses e holandeses, o termo passou a ser usado legalmente em 1948.
No regime do apartheid o governo era controlado pelos brancos de origem europeia (holandeses e ingleses), que criavam leis e governavam apenas para os interesses dos brancos. Aos negros eram impostas várias leis, regras e sistemas de controles sociais.
Entre as principais leis do apartheid, podemos citar:
- Proibição de casamentos entre brancos e negros - 1949.
- Obrigação de declaração de registro de cor para todos sul-africanos (branco, negro ou mestiço) - 1950.
- Proibição de circulação de negros em determinadas áreas das cidades - 1950
- Determinação e criação dos bantustões (bairros só para negros) - 1951
- Proibição de negros no uso de determinadas instalações públicas (bebedouros, banheiros públicos) - 1953
- Criação de um sistema diferenciado de educação para as crianças dos bantustões - 1953

Fim do Apartheid

Este sistema vigorou até o ano de 1990, quando o presidente sul-africano tomou várias medidas e colocou fim ao apartheid.  Entre estas medidas estava a libertação de Nelson Mandela, preso desde 1964 por lutar com o regime de segregação. Em 1994, Mandela assumiu a presidência da África do Sul, tornando-se o primeiro presidente negro do país.