Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Para que serve o Conselho de Segurança da ONU e por que o Brasil quer tanto ser um membro permanente dele?


O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) foi criado em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de manter a paz e a segurança internacionais. É ele que autoriza sanções econômicas, o envio de missões de paz e o uso da força - e é considerado o órgão mais importante da ONU.

Como membros permanentes estão as cinco maiores potências militares (Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China), que, na época da criação do órgão, representavam os responsáveis pela estabilidade internacional. Eles têm direito de veto, ou seja, podem barrar a aprovação de qualquer resolução. Dessa forma, ser um membro permanente garante muito mais poder ao país. Os outros dez membros são rotativos, eleitos pela Assembleia Geral da ONU, e cumprem mandato de dois anos.

Essas vagas são divididas entre as regiões e os continentes (veja o infográfico acima). Há ainda um acordo entre o grupo africano e o asiático para que, alternadamente, exista sempre um representante de um país árabe.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas é um órgão da Organização das Nações Unidas cujo mandato é zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional. É o único órgão do sistema internacional capaz de adotar decisões obrigatórias para todos os Estados-membros da ONU, podendo inclusive autorizar intervenção militar para garantir a execução de suas resoluções. O Conselho é conhecido também por autorizar o desdobramento de operações de manutenção da paz e missões políticas especiais.
O Conselho de Segurança é composto por 15 membros, sendo 5 membros permanentes com poder de veto: os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a Rússia (ex-União Soviética) e a República Popular da China. Os demais 10 membros são eleitos pela Assembleia Geral para mandatos de 2 anos.
Uma resolução do Conselho de Segurança é aprovada se tiver maioria de 9 dos quinze membros, inclusive os cinco membros permanentes. Um voto negativo de um membro permanente configura um veto à resolução. A abstenção de um membro permanente não configura veto.
O Conselho de Segurança manifesta-se também, em ordem decrescente de formalidade, por meio de declarações presidenciais (PRSTs, na sigla em inglês), declarações à imprensa e elementos à imprensa. Essas formas de manifestação têm de ser adotadas por consenso.
Outros documentos importantes do Conselho são as notas presidenciais e as cartas do(a) Presidente ao Secretário-Geral das Nações Unidas. São circuladas como documentos oficiais do Conselho de Segurança também as notas verbais e cartas das missões permanentes junto à ONU endereçadas ao(à) Presidente do Conselho, cartas do Secretário-Geral ao(à) Presidente e relatórios do Secretário-Geral ao Conselho e cartas dos presidentes de órgãos subsidiários ao(à) Presidente.



Para provar que é possível construir de forma original e sem destruir a natureza, a ONG Living Architecture encomendou a construção da Balancing Barn, uma casa de campo que fica suspensa no ar, para respeitar o relevo íngreme do terreno onde foi erguida




Era uma vez, em um distante e esquecido vale nas pradarias do Kingdom of East Angles, no interior da Inglaterra, uma fazenda onde havia um pequeno lago e um celeiro... suspenso! É quase uma ilusão de ótica e, apesar da ideia principal do projeto ter sido, justamente, a valorização do ambiente local, não há como passar despercebido pela exuberante Balancing Barn.
O antigo celeiro virou casa de campo, que foi encomendada pela Living Architecture - uma organização não-governamental fundada pelo filósofo e escritor suíço Alain de Botton - e projetada pelo escritório holandês MVRDV, que procura colocar simplicidade, praticidade, humanidade e bom humor em suas criações. O projeto manteve o relevo íngreme do terreno intocado, deixando metade da viga da casa - 15 metros - suspensa no ar. O design é todo minimalista: a construção foi posicionada em simetria com a trajetória das árvores da estrada que dá acesso à casa e o aço polido do exterior funciona como espelho que reflete a paisagem natural dos prados do entorno.
A Balancing Barn tem quatro dormitórios e está disponível para aluguel aos finais de semana por cerca de 500 reais a diária. Excelente opção para quem quer passar um momento, literalmente, em perfeito equilíbrio!

À medida que milhões de pessoas entram no mercado de consumo todo ano, sobretudo na Ásia, a demanda global de energia não para de crescer. A crise nuclear no Japão e a revolta no Oriente Médio levantam a dúvida - haverá energia para todos?




A cidade que esbanja luz na foto ao lado não está nos Estados Unidos, na Alemanha ou em outro país rico do mundo. É Xangai, a "cabeça do dragão", a locomotiva da China, nação que entre 2000 e 2008 viu seu consumo de energia se multiplicar por 2. O salto foi provocado por novas fábricas, obras de infraestrutura, consumidores ávidos por eletrodomésticos e carros. Será justamente na Ásia, e pelos mesmos motivos, que a demanda por energia irá crescer - e crescer de forma voraz - nas próximas décadas. A China, desde 2009 o maior consumidor de energia do mundo, deverá continuar sua escalada no ritmo dos últimos anos. Espera-se que outros países sigam o mesmo caminho. Até 2030, segundo estimativas da Agência Internacional de Energia, a fatia da Ásia no consumo de energia global será maior do que a da América do Norte e a da Europa juntas. Para o conjunto da humanidade, trata-se de uma conquista a comemorar.

Somente na Índia, são 400 milhões de pessoas às escuras, número equivalente a duas vezes a população brasileira. Mas, para iluminar o continente asiático - e, em menor escala, o latino-americano e o africano -, o mundo terá de aumentar a produção de energia em 30% até 2030. Trata-se de um desafio que já estava colocado, mas que assumiu proporções dramáticas desde o início do ano. Primeiro, as revoltas no Oriente Médio jogaram o preço do petróleo nas alturas. Depois, a crise nuclear no Japão fez renascer antigos pavores. O desafio energético, hoje mais do que nunca, preocupa não apenas os países emergentes, ansiosos para seguir avançando, mas os ricos também, que terão de dividir os recursos energéticos de que dispomos hoje.

De onde virá a energia que vai iluminar nossas cidades e movimentar nossas fábricas? Ninguém tem respostas acabadas, mas alguns consensos começam a surgir. "Se não existisse o petróleo, teríamos de inventá-lo." A frase de Robert Bryce, autor de Power Hungry - the Myths of "Green Energy" and the Real Fuels of the Future ("Fome de energia - os mitos da energia verde e os reais combustíveis do futuro", numa tradução livre), vale também para o carvão e o gás natural. Nos anos 70, essas três fontes dominavam a matriz do planeta. Hoje, ainda reinam - respondem por 81% da oferta. Daqui a 20 anos, a participação deve cair, mas elas ainda terão uma fatia de 75%. "O petróleo é essencial para o transporte, e o carvão é o responsável por 40% da geração de energia elétrica do mundo", diz Lynn Orr, diretor do Instituto Precourt de Energia da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. Por isso, a ideia de que podemos viver sem petróleo é simplesmente errada.

MUDANÇAS LENTAS
Essa dependência explica a esperança que o mundo passou a depositar na energia nuclear na última década. Em 1973, ela representava apenas 1% da matriz. Hoje, responde por 5,8%. O colapso na usina japonesa de Fukushima, porém, trouxe à tona os fantasmas do acidente de Chernobyl, na Ucrânia. Os especialistas não acreditam que o episódio - ainda sem desfecho - fará com que a energia resultante da fissão dos átomos seja esquecida. "O que vai haver é uma desaceleração", afirma William Hogan, professor de política energética global da Universidade Harvard e editor do recém-publicado The Natural Resources Trap (numa tradução livre, "A armadilha dos recursos naturais"). "Cerca de 80% da eletricidade da França vem das usinas nucleares", diz o físico José Goldemberg, um dos maiores especialistas em energia do Brasil.
Eles vão desativá-las? Claro que não." A China tem 14 usinas em operação, 26 em construção e outras 28 planejadas. A Índia conta com 18 em funcionamento e 11 entre as que já começaram a ser montadas e as que ainda estão no papel. O Brasil está construindo sua terceira usina, Angra 3. Pela crescente pressão da opinião pública, é provável que governos de diferentes países decidam construir usinas mais seguras e reformar as existentes, o que fará com que o custo da energia suba.

Uma das principais características do setor de energia é sua lentidão. As obras costumam ser grandes e caras. A construção de hidrelétricas e de usinas nucleares, a exploração de novos poços de petróleo e a operação de gasodutos podem demorar anos. É por isso que se costuma comparar o setor a um transatlântico - e navios desse porte não dão cavalos de pau. "É bom ninguém esperar mudanças radicais de uma hora para outra", diz José de Sá, sócio da consultoria Bain & Company, em São Paulo. As previsões da Agência Internacional de Energia dão força a esse argumento. A estimativa é que as renováveis, hoje responsáveis por 12% da matriz mundial, terão uma fatia de 17% em 2030. Uma evolução, sem dúvida - mas não uma revolução.

Nos países emergentes, a corrida das renováveis já começou. No ano passado, pela primeira vez, o volume total de energia eólica instalada nos países em desenvolvimento superou o dos Estados Unidos e o da Europa juntos. Só a China colocou de pé 16 000 megawatts em 2010, pouco mais de uma Itaipu, e até 2035 é o país que mais deverá investir na expansão de fontes renováveis de eletricidade - algo como 1,4 trilhão de dólares. A Índia tem instalados 13 000 megawatts em eólicas e realizou em 2010 o primeiro leilão para incentivar também a energia solar. Em março, a chanceler alemã Angela Merkel se comprometeu a acelerar a transição para as energias limpas. Hoje, as turbinas eólicas geram 9,3% da eletricidade da Alemanha, pouco se comparado à Dinamarca, onde a fatia é de 24%.

Apesar do justificado entusiasmo pelas fontes renováveis, a grande estrela do cenário energético global nos próximos anos deverá ser o gás natural. Algumas razões explicam seu status de bola da vez. Uma delas é o apelo ambiental. Entre os fósseis, ele é de longe o mais limpo: emite cerca de 50% menos CO2 do que o carvão e 40% menos do que o petróleo. "É o combustível ideal para a transição a uma economia de baixo carbono", diz Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura. Outro motivo é sua própria oferta. Diferentemente do petróleo, a trajetória do gás como commodity é recente. Foi só no início da década de 80 que a tecnologia para que ele pudesse ser liquefeito e, assim, transportado sem o uso de gasodutos começou a ser economicamente viável. Países como a Rússia, detentora das maiores reservas do mundo, devem se beneficiar da nova onda do gás, assim como o Brasil - que pode ter no pré-sal volume suficiente para entrar nessa disputa. No ano passado, a Petrobras ofereceu ao mercado cerca de 2 milhões de barris por dia. Para 2020, considerando o pré-sal, estima-se que o volume poderá chegar a 7 milhões. É um chute calibrado. O que se sabe hoje é que as reservas de petróleo e gás podem ser de até 44 bilhões de barris equivalentes de petróleo - mas o que o país terá de um ou do outro só poderá ser conhecido quando a exploração começar.

Há cerca de cinco anos, o desenvolvimento de uma tecnologia para extrair reservas de gás que estão aprisionadas sob o solo - o chamado gás de xisto, ou shale gas, em inglês - fez aumentar a oferta do combustível.
Nos Estados Unidos, em 2000, o shale gas representava apenas 1% do abastecimento do insumo. Hoje, ele é cerca de 25% e pode subir para 50% dentro de duas décadas. Como quase toda geração de energia, essa também tem seus críticos. A técnica para extração nos Estados Unidos inclui a injeção de agentes químicos no solo para a retirada do gás, e tem causado polêmica. Numa cena do documentário Gasland, indicado ao Oscar neste ano, americanos que arrendaram suas terras para as empresas que exploram o shale gas mostram como a água que sai de suas torneiras literalmente pega fogo - resultado da contaminação dos lençóis freáticos. "Não acredito que a atividade será proibida, mas o risco ambiental deve encarecer bastante a exploração", afirma Robert McNally, da consultoria Rapidan Group, especializada em energia.

No lado da oferta, não resta dúvida de que as energias sujas continuarão a ter um papel importante nas próximas décadas. No lado da demanda, existe a certeza de que os asiáticos, em particular, e os emergentes, em geral, vão ser a mola propulsora do mercado. Por uma razão simples - sempre que uma pessoa avança economicamente, seu consumo de energia se multiplica. Em média, um americano consome cinco vezes mais do que um latino-americano, seis vezes mais do que um asiático e dez vezes mais do que um africano. À medida que as populações vão enriquecendo, crescem as demandas por habitação, transporte e energia elétrica. Esse movimento é muito mais pronunciado em países em estágios iniciais de desenvolvimento e industrialização. De 1990 a 2008, o PIB da China cresceu como nenhum outro - a taxas médias anuais de 10%. Esse ritmo permitiu que um mundo de gente saísse da pobreza. Segundo o FMI, em 2000 a renda média dos chineses era de 945 dólares. Em 2010, atingiu 4 280 dólares. Nos últimos três anos, a frota de carros e caminhões dobrou e chegou a 40 milhões. A perspectiva é que o ritmo das vendas continue a galope, mas o país - felizmente - continua longe do modelo americano. A China tem cerca de 30 carros para cada 1 000 habitantes - ante 700 nos Estados Unidos.

Além das ruas, as casas chinesas estão se transformando. As vendas de TVs no país somaram 35 milhões de unidades em 2010 - um crescimento de 45% em relação ao ano anterior. Dados como esse, associados ao fato de que a China é, desde 2009, o maior exportador mundial de bens manufaturados, explicam o pulo da demanda da indústria local por energia. Em 2000, o setor fabril chinês consumia 16% da energia demandada pelo segmento industrial em escala global. Hoje, a proporção é de 28%. A Índia segue um caminho semelhante. Segundo a fabricante coreana de eletroeletrônicos LG, o país deve se transformar no seu maior mercado de aparelhos de ar-condicionado em 2012. Hoje, o continente asiático já responde por 30% do consumo mundial de energia. Até 2030, a fatia deverá subir para 38%. Quem perderá o primeiro lugar serão os Estados Unidos, onde os aparelhos de ar-condicionado têm 90% de penetração - na Índia, eles têm só 3%.

Os Estados Unidos, aliás, hoje são vistos como exemplo a ser evitado. Em média, um europeu gasta a metade da energia consumida por um americano, embora tenha acesso ao mesmo conforto material. O principal motivo para a diferença é o urbanismo.
Na Europa, as grandes cidades são, em geral, compactas e contam com uma boa rede de transporte público. Nos Estados Unidos do pós-guerra, a classe média decidiu morar nos subúrbios e andar de um lado para o outro com seus automóveis. "Pedir a um americano para largar o carro é o mesmo que falar para ele abandonar a casa", diz Edward Glaeser, professor de economia na Universidade Harvard e um dos maiores especialistas mundiais em urbanização. "O mundo emergente, onde muito ainda está por construir, pode evitar esse erro."

BRASIL, POTÊNCIA ENERGÉTICA?
Num mundo faminto por energia, o Brasil aparece como solução, não como problema. Poucos países contam com um potencial enérgico tão magnífico. Hoje, as reservas nacionais de petróleo e gás natural somam 16,9 bilhões de barris equivalentes de petróleo, mas podem mais que dobrar até 2020. Produzimos 90 000 megawatts de energia elétrica nas usinas hidrelétricas, mas temos um potencial de 170 000 megawatts. Isso sem falar no etanol, na biomassa de cana, na energia eólica e na solar. Mas entre ter o potencial e usá-lo há um mar de discórdias. O grosso do que sobrou de rios a ser explorados está no Norte do país, mais precisamente na Amazônia, onde a construção das usinas é questionada pelas ONGs.

"Nenhum país deve desperdiçar potencial hidrelétrico", afirma uma das mais importantes autoridades do país no tema ambiental, que prefere não se identificar. "Mas precisamos discutir calmamente o assunto, não de maneira atabalhoada e tardia como aconteceu com a usina de Belo Monte."

Se quisermos mesmo aproveitar nosso potencial, alguns obstáculos terão de ser superados. No momento, está faltando etanol nos postos de combustível, e a resposta do governo até agora se resume a reclamar dos usineiros e das empresas do setor. "Está faltando álcool, entre outros motivos, porque o consumo cresceu muito com o carro flex, e a produção não acompanhou", afirma Pires. "É preciso definir uma política para o etanol, e não transformá-lo ora em herói, ora em bandido, como nos últimos anos."

O governo podia definir também políticas claras para a eletricidade gerada da biomassa da cana. Hoje, sobra bagaço, mas faltam nas usinas caldeiras modernas de alta pressão para gerar energia e um sistema elétrico adaptado para jogá-la na rede. O resultado é que no estado de São Paulo, berço do setor sucroalcooleiro, apenas 30% das 184 usinas existentes exportam energia para a rede elétrica. A modernização das caldeiras é necessária porque apenas 38% das que estão em operação têm menos de dez anos. Não é, porém, um processo barato. Calcula-se que ele custe até 4 milhões de reais por megawatt gerado, mas faltam linhas de financiamento. "Sabemos do significado estratégico e ambiental dessa energia e queremos encontrar uma maneira de viabilizá-la", diz José Aníbal, secretário paulista de Energia. Adaptar a rede para receber a energia das usinas é uma questão importante também para a indústria de energia eólica, que começa a sair do papel. O país tem 930 megawatts de capacidade instalada de energia dos ventos. É pouco. Quando os 4 000 megawatts vendidos nos últimos leilões se transformarem em realidade, e isso deve acontecer até 2013, é provável que deparem com o mesmo problema. Também não há ainda nenhuma diretriz clara para a energia fotovoltaica - que converteria a incidência de sol em eletricidade. Por tudo isso, o Brasil corre o risco de não aproveitar o momento. Sabemos que a demanda por energia não vai parar de crescer.
PARECE FÁCIL, MAS...
O Brasil é um dos países com maior potencial de fontes de energia e pode ter seu crescimento impulsionado por uma matriz diversificada. Mas há obstáculos nesse caminho

Petróleo e gás natural
O que temos de reservas hoje - 16,9 bilhões de barris equivalentes de petróleo (BEP)
Potencial para 2020 - 44 bilhões de barris equivalentes de petróleo(1)
O que pode atrapalhar - As exigências sobre os índices de nacionalização dos equipamentos podem atrasar e encarecer a exploração do pré-sal. O monopólio na operação e a obrigatoriedade de 30% de participação da Petrobras nessas áreas podem tornar a exploração refém da capacidade de investimentos da estatal

Hidrelétrica
O que temos de reservas hoje - 90 000 megawatts
Potencial para 2020 - 170 000 megawatts
O que pode atrapalhar - A maior parte desse potencial inexplorado está na Região Norte, mais precisamente na Amazônia, onde há muita resistência das ONGs à construção de usinas, sobretudo as que possuem reservatórios e geram energia em períodos de seca

Biomassa de cana
O que temos de reservas hoje - 3 600 megawatts
Potencial para 2020 - 26 000 megawatts(2)
O que pode atrapalhar - As usinas precisam investir em caldeiras de alta pressão mais eficientes, mas o setor alega que não há linhas de crédito para essa modernização. O sistema elétrico também precisa ser adaptado para coletar e distribuir essa energia

Nuclear
O que temos de reservas hoje - 2 000 megawatts
Potencial para 2020 - 1 405 megawatts(3)
O que pode atrapalhar - A usina de Angra 3 está prevista para entrar em operação em 2015. O incidente recente na usina de Fukushima, no Japão, no entanto, reacendeu a antiga polêmica sobre os riscos dessa fonte de energia e pode atrasar o projeto

Eólica
O que temos de reservas hoje - 981 megawatts
Potencial para 2020 - 350 000 megawatts
O que pode atrapalhar - A indústria é incipiente no Brasil e não houve tempo para medir seu real desempenho. O primeiro leilão de compra dessa energia aconteceu em 2009 e só em 2016 o governo terá tido tempo para avaliar se os parques estão entregando o prometido

Etanol
O que temos de reservas hoje - 27 bilhões de litros
Potencial para 2020 - 65 bilhões de litros(4)
O que pode atrapalhar - O governo controla o preço da gasolina, que não acompanha as altas do mercado internacional e, por isso, se torna artificialmente mais atrativa que o etanol. Falta infraestrutura de armazenagem para reduzir a variação de preço do biocombustível ao longo do ano

(1) Estimativa Petrobras, sócios, OGX e cessão onerosa para 2020 *
(2) Estimativa Unica para 2020
(3) Dado leva em conta o início das operações de Angra 3
(4) Estimativa Unica para 2020

Fontes: ABEEólica, CBIE, EPE e Unica

2012: Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos


Mais de 1,4 bilhão de pessoas, em todo o mundo, não têm acesso à eletricidade e, por isso, possuem péssimas condições de vida. Para tentar mudar essa realidade, a ONU proclamou 2012 como o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos.
ados da Rede de Conhecimento ONU-Energia* apontam que, atualmente, mais de 1,4 bilhão de pessoas de todo o mundo não possuem acesso à eletricidade e cerca de um bilhão tem acesso intermitente, ou seja, não contínuo, o que acarreta em problemas de saúde, déficit educacional, destruição ambiental e, até mesmo, atraso econômico.

Para chamar a atenção da população mundial para este problema e, assim, fomentar ações que possam ajudar a mudar essa realidade, a ONU – Organização das Nações Unidas proclamou que 2012 será o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos.

O anúncio faz parte de uma iniciativa maior – também batizada de Energia Sustentável para Todos (Sustainable Energy for All*, em inglês) –, comandada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que até o ano de 2030 pretende alcançar três grandes objetivos. São eles:
– assegurar que todos tenham acesso a serviços modernos de energia;
– reduzir em 40% a intensidade energética global e
– aumentar em 30% o uso de energias renováveis em todo o mundo.

Para isso, a iniciativa espera receber apoio dos governos, empresas do setor privado, ONGs e da própria sociedade civil, que pode acessar o site do Sustainable Energy for All e participar ou, mesmo, propor ações que garantam a universalização da energia sustentável. Faça parte desse movimento!

No portal do projeto ainda é possível conferir o calendário de eventos que a ONU está preparando para a celebração do Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos.

Novo estudo confirma aceleração do derretimento do Ártico. Projeções para a elevação do nível do mar são ainda piores, estima-se que ele suba 1,6 m até 2100



O Ártico está derretendo mais rápido que o esperado e pode aumentar o nível do mar em 1,5 metro, de acordo com um estudo do Programa de Avaliação e Monitoramento do Ártico (AMAP, da sigla em inglês), que contém os dados mais abrangentes dobre as alterações climáticas no Ártico. Estudos anteriores indicavam uma elevação de até 59 cm no nível do mar.
O relatório completo será entregue para ministros dos oito países do Ártico na próxima semana, mas um resumo incluindo os principais resultados foi obtido pela Associated Press nesta terça-feira (3).
O resumo destaca que as temperaturas do Ártico nos últimos seis anos foram as mais elevadas desde que as medições começaram em 1880 e que mecanismos de feedback apontam para o início de uma aceleração do aquecimento do clima.
Um dos mecanismos envolve a maior absorção de calor pelo oceano quando não está coberto por gelo. O gelo reflete a energia do sol, ao contrário do oceano que é mais escuro e absorve esta energia. Este efeito foi antecipado por cientistas "mas a evidência clara só foi observada no Ártico nos últimos cinco anos", afirmou o estudo da AMAP.
O relatório também contesta algumas das previsões feitas, em 2007, pelo Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC/ONU). A cobertura de gelo do mar no Ártico, por exemplo, está encolhendo mais rápido que o projetado pelo painel da ONU. O nível de cobertura de gelo no verão tem sido igual ou próximo do recorde a cada ano desde 2001, disse o relatório, prevendo que o oceano Ártico estará praticamente livre de gelo durante o verão em 30 ou 40 anos.
De acordo com a avaliação da AMAP, o painel da ONU foi muito conservador ao estimar quanto o nível do mar vai subir - um dos aspectos mais vigiada do aquecimento global por causa do impacto potencialmente catastrófico sobre as cidades costeiras e países-ilha.
O derretimento das geleiras e calotas polares do Ártico, incluindo o gelo da Groenlândia, está projetado para elevar o nível global do mar de 90 a 160 cm até 2100, de acordo com a AMAP.
Isto é mais que a projeção feita pelo IPCC, em 2007, cuja elevação seria entre 19 e 59 cm, e que não considerava a dinâmica das calotas polares no Ártico e na Antártida.
“As mudanças observadas nos últimos 10 anos no gelo marinho do Oceano Ártico, na massa de gelo da Groenlândia e nas calotas polares são dramáticas e representam uma alteração óbvia nos padrões de longo prazo”, afirmou o estudo da AMAP.
A principal função da organização é assessorar as nações ao redor do Ártico - EUA, Canadá, Rússia, Dinamarca, Noruega, Suécia, Islândia e Finlândia - sobre as ameaças ao ambiente ártico.
O relatório da AMAP afirmou que o derretimento de geleiras e camadas de gelo em todo o mundo tem se tornado o maior responsável pelo aumento do nível do mar. Sozinha, a Groenlândia corresponde por mais de 40% dos 3,1 milímetros de elevação do nível do mar observado anualmente entre 2003 e 2008. A perda de massa de gelo da Groenlândia, que cobre uma área do tamanho do México, aumentou de 50 gigatoneladas entre 1995-2000 para mais de 200 gigatonelas entre 2004-2008.
Cientistas ainda estão debatendo quanto da mudança observada no Ártico se deve às variações naturais e quanto ao aquecimento causado pela emissão de dióxido de carbono e outros gases causadores do efeito estufa. A AMAP projetou que a média das temperaturas de inverno e outono no Ártico vai subir de 3 a 6º C até 2080, mesmo que as emissões de gases com efeito de estufa sejam menores que na década passada.

Redução do gelo no Ártico causa migração de espécies do Pacífico



Algumas espécies procedentes do Oceano Pacífico, entre elas uma alga microscópica e a baleia-cinzenta, migraram ao Atlântico através do Ártico devido à redução da camada de gelo que formou um corredor marinho pelas águas do norte, revela um estudo europeu publicado na revista científica "Nature".
Os autores do texto constatam a migração da espécie de plâncton Neodenticula seminae, considerada extinta no Atlântico Norte há 800 mil anos, o que representa uma alteração da cadeia alimentar marinha.
Embora esta alga microscópica seja fonte de alimento, sua detecção no Atlântico não foi bem recebida pelos cientistas a cargo do projeto Clamer, uma parceria de 17 instituições marinhas de dez países europeus. Eles alertam que qualquer impacto na base da cadeia alimentar poderia, da mesma forma que um terremoto, modificar a atual vida marinha.
Essa descoberta representa "a primeira prova de uma migração através do Ártico em tempos modernos" relacionada ao plâncton, segundo os cientistas da Fundação para a Ciência Oceânica Alister Hardy, do Reino Unido.
Os especialistas advertem que uma mudança deste tipo pode transformar a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas aquáticos do Ártico e do Atlântico Norte.
Além da "Neodenticula seminae", o texto indica a presença da baleia-cinzenta no litoral da Espanha e de Israel, uma espécie extinta do Atlântico há três séculos, possivelmente devido ao excesso de caça.
Segundo a pesquisa, os cientistas acreditam que a redução da camada de gelo no Ártico permitiu que a baleia passasse do Pacífico ao Atlântico Norte e chegasse, em seguida, ao Mar Mediterrâneo.
"As migrações são um exemplo de como as condições produzidas pela mudança climática fazem com que as espécies se movimentem ou mudem de comportamento, levando a modificações em ecossistemas que hoje são claramente visíveis", afirmou o coordenador do projeto Clamer, Carlo Heip, diretor-geral do Real Instituto de Pesquisa Marinha da Holanda.
O estudo destaca que alguns crustáceos microscópicos denominados copépodes também estão usando o 'corredor' migratório e ameaçam a provisão de peixes difundidos na culinária internacional, como o bacalhau, o arenque e o carapau.
Segundo a pesquisa, os impactos da migração de copépodes são evidentes, já que a modificação na vida do plâncton está relacionada à queda das reservas de peixes e, consequentemente, de pássaros do Mar do Norte, que se alimentam deles.
A movimentação dos novos crustáceos faz com que as águas do Atlântico e do Mar do Norte se tornem mais temperadas. Em decorrência, uma variedade de copépode denominada "Calanus finmarchicus", rica e crucial fonte de óleo na região, acaba substituída pela chegada de outras espécies menores e menos nutritivas.
"Mas o maior impacto é claramente negativo, e o alcance da mudança é potencialmente tão grande que, em seu conjunto, constitui um forte sinal de advertência", adverte Carlo Heip.