Localizada
em Crateús, a 354 km de Fortaleza, no sertão do Ceará, a Escola Estadual de
Educação Profissional Manoel Mano está em 125º na classificação do Enem, mas
foi a melhor entre as escolas não militares mantidas pelo Governo do Estado. O
colégio obteve média 573,73 no Enem e participação de 83,8% dos alunos do
ensino médio. Essas escolas fazem parte de um universo de 238, que tiveram de
75% a 100% de participação de seus alunos inscritos no Enem.
O
Ministério da Educação mudou o critério de divulgação das notas por escola do
Enem. Foram criadas quatro categorias de acordo com a porcentagem de
participação na prova realizada em 2010:
Grupo
1: de 75% a 100% (17,8% das escolas)
Grupo
2: de 50% a 74,9% (20,9% das escolas)
Grupo
3: de 25% a 49,9% (33% das escolas)
Grupo
4: de 2% a 24,9% (27,4% das escolas)
De
acordo com informações divulgadas pelo MEC, não se deve misturar as categorias
para comparação de desempenho entre as escolas. Aquelas que tiveram menos de 2%
de participação não foram consideradas. Ainda segundo o MEC, a média de
participação dos estudantes no Enem 2010 foi de 56,4%.
O
Colégio Militar de Fortaleza, mantido com recursos federais, foi a única escola
pública a estar entre as 10 primeiras colocadas. Ficou em 10º, com média
665,41. Os dados do MEC mostram que o colégio particular Farias Brito
Pré-vestibular Aldeota obteve o melhor resultado no Grupo 1, com participação
de 100% dos alunos do ensino médio. Com média 691,76, a escola superou a média
do ano passado, de 671,86.
Em
segundo lugar na classificação do Enem, está a escola privada Nunes Moraes, de
Pacajus, Região Metropolitana de Fortaleza, com média 689,56. Na sequência,
aparecem escolas como Farias Brito Pré-Vestibular Central (média 686,48) e
Colégio Antares Papicu (684,81).
O
colégio que apresentou a menor média do estado foi a Escola de Ensino
Fundamental Anastácio Alves Braga, em Itapipoca, norte do Ceará, com média
453,66 e 100% de participação dos alunos.
Classificação
no Grupo 2
Entre
as escolas do Ceará com índice de participação de 50% a 74,9%, também há apenas
uma escola pública, o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do
Ceará (IFCE) Campus Iguatu, interior do Ceará, que foi a 9ª colocada no grupo,
com média 590,21. O colégio particular Ágape foi o mais bem colocado nessa
categoria de participação, com média 655,81.Também neste grupo, as escolas públicas
foram as que apresentaram menor média na classificação do MEC. A Escola
Estadual de Ensino Fundamental e Médio Luiza Bezerra de Farias, em Tururu, no
norte do Ceará, apresentou a média 463,93 e ficou em último lugar nesse grupo.
"A
longo prazo"
O
coordenador de Aperfeiçoamento Pedagógico da Secretaria de Educação do Ceará,
Rogers Mendes, defende que, embora a rede pública de ensino esteja melhorando,
trata-se de um processo a longo prazo. “A gente pena bastante porque os alunos
que chegam ao ensino médio vêm com defasagem e a gente não consegue repor tudo
o que deveria”, declara.
Mendes
explica que a rede pública de ensino ainda luta por garantir a alfabetização e
que, atualmente, apenas 48% dos alunos do ensino médio da escola pública no
Ceará estão na faixa etária correta. “Isso significa que esses alunos pagaram
altíssimos preços por uma alfabetização mal concluída. Esse público quer jogar
na nossa clientela a responsabilidade do fracasso, mas não é isso”, defende.
No
entanto, ele reconhece que há uma diferença na qualidade do ensino ofertado
entre escolas públicas e privadas, mas atribui isso a uma questão histórica.
Ele diz ser difícil disputar com escolas públicas, que ofertam carga horária
maior para os estudantes se prepararem.
Rogers
Mendes critica o ranking de desempenho das escolas no Enem feito pelo
Ministério da Educação. Ele afirma que a classificação provoca injustiças e
leva “más informações” à sociedade, por não considerar, segundo diz, o esforço
da escola em levar uma boa e verdadeira educação. Mendes defende que o trabalho
de escola pública é às vezes desconhecido. “Nós temos muitas escolas boas e
bons professores. Não é questão de ser mais ou menos eficiente, mas o apoio que
aluno tem em casa faz muita diferença”.
Confira
ranking das melhores e piores escolas: