Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

sábado, 30 de junho de 2012

Vulcões e o caos aéreo



As cinzas vulcânicas são compostas de gases tóxicos e de partículas que podem estragar a estrutura do avião, entupir a turbina e causar pane no motor.
As provas dos vestibulares e do ENEM costumam cobrar questões contextualizadas, que exigem que o aluno esteja atualizado com as notícias e acontecimentos mundiais.
Pensando nisso, vale a pena abordar um assunto bastante comentado no ano de 2011, principalmente nos meses de maio e junho, que foi o caos aéreo causado por erupções vulcânicas. Quanto a isso, muitos pensam que os voos foram cancelados apenas em virtude da falta de visibilidade. No entanto, um fato que poucos sabem é que as cinzas resultantes da erupção vulcânica podem estragar as janelas dos aviões e suas demais estruturas. Além disso, até mesmo as turbinas podem parar em pleno voo.
*Por dentro do assunto:
O vulcão Eyjafjallajokul, na Islândia, causou um caos no sistema aéreo europeu. Em menos de um mês, a Espanha fechou 19 aeroportos por causa da nuvem de cinzas lançada pelo mesmo vulcão. Ele chegou a expelir cinzas de até 9,1 mil metros de altura.
Até mesmo na Argentina e no Uruguai houve um caos aéreo, com aeroportos paralisados em razão da nuvem de cinzas do vulcão chileno Puyehue, que ofereceu risco ao tráfego aéreo. A Austrália, que também sofreu os efeitos da nuvem vulcânica, teve atrasos em suas operações.
* Aspectos em destaque:
Esse tema é importante, pois tais problemas afetaram várias áreas da sociedade mundial, sendo que a mais importante foi a economia; uma vez que milhões de passageiros não puderam viajar e estima-se que a indústria de aviação tenha sofrido prejuízos de quase US$ 6 bilhões.
Porém, outro aspecto relevante e que pode ser cobrado nos vestibulares tanto na matéria de Química, como também em Geografia e Biologia, é a constituição química das fumaças vulcânicas e quais riscos elas oferecem para o ecossistema ao redor dessas áreas e para a saúde da população.
* Entendendo o conteúdo:
Os vulcões são aberturas no solo, que ficam normalmente entre placas tectônicas, pelas quais sai o magma, que está em seu interior, para a superfície da Terra. Esse magma é constituído de rochas quentes em fusão, isto é, que estão passando do estado sólido para o líquido. Pelos vulcões saem também gases, que serão abordados melhor mais para frente.
O magma pode ser de três formas: como poeira fina e quente, como lava ou como grandes pedras vulcânicas. Isso acontece porque, dependendo da temperatura e da composição química, a erupção pode se dar de três modos básicos: efusiva, explosiva e mista.
Essa composição química – se é ácida ou básica – é que determinará as características do magma, como a viscosidade e as condições de expulsão dos gases existentes nele.
* Composição Química das Cinzas Vulcânicas:
A porção gasosa do magma contém compostos voláteis tais como o dióxido de carbono (CO2) e o gás sulfídrico (H2S). Este é altamente tóxico, forma misturas explosivas com o ar e ataca o aço e selos de borracha rapidamente.
Porém, os principais constituintes dessa fumaça são:
• Vapor de água (H2O(V));
• Poeira, e;
• O principal vilão, o enxofre (S).
Esse último elemento é agressivo à saúde tanto das pessoas, quanto dos animais e vegetais. Seus compostos são muito ácidos, como o dióxido de enxofre (SO2), que compõe uma rocha magmática típica com um teor que varia de 35% a 75 %.
Esse gás pode gerar ácido sulfúrico (H2SO4). Isso ocorre quando ele é oxidado, formando o trióxido de enxofre (SO3). Esse, por sua vez, sofre uma reação com a água, formando então uma solução aquosa de ácido sulfúrico, conforme mostrado pelas reações abaixo:
Por conter enxofre, a fumaça pode causar irritação nos olhos, intoxicação respiratória e até inflamação nos brônquios.
* Consequências de se voar durante esses fenômenos:
Entendendo a composição química das cinzas vulcânicas, fica mais fácil de ver o que ocorreria se um avião tivesse que atravessar uma dessas nuvens:
• As partículas das cinzas vulcânicas entrariam em uma turbina, acumulando-se, e seu material derretido entupiria o motor, travando a turbina;
• Haveria riscos de explosão em razão da presença de faíscas e dos gases citados anteriormente;
• O avião seria atingido pela poeira;
• O enxofre adentraria o avião, inclusive a cabine de comando, forçando os tripulantes a usar máscaras de oxigênio;
• As vidraças seriam quebradas;
• Causaria grande prejuízo econômico para a empresa aérea, pois a turbina ficaria inutilizada. Mesmo se ela voltasse a funcionar, passaria a gastar muito mais combustível;
• Os motores danificados seriam jogados fora, mesmo representando um terço do custo total do avião.
 Turbina do avião 747 da British Airways, que ficou totalmente danificada após passar por cinzas vulcânica

RIO + 20: qual o legado, afinal?


Mais uma vez o Rio de Janeiro teve a honra – e o ônus – de receber uma conferência das Nações Unidas voltada à discussão das questões ambientais, a Rio + 20.
Duas décadas após a Rio-92, que pretendeu lançar as bases e apontar caminhos para uma mudança efetiva nas relações do ser humano com a Natureza – no sentido mais amplo do termo -, encontraram-se no Rio representantes de 193 nações para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
Em paralelo aos encontros oficiais, como há 20 anos, repetiu-se a manifestação veemente da sociedade civil, representada pelos mais diversificados segmentos e setores de atividade.

Qual o balanço destas duas semanas de debates, apresentações, tentativas de consenso em torno da questão sustentabilidade?
Oficialmente, foi redigido um documento final que, apesar do título promissor - “O futuro que queremos" - foi duramente criticado por ambientalistas e por formadores de opinião ligados às causas ambientais e que esperavam medidas de ordem prática para garantir um desenvolvimento sustentável efetivo.

Principal motivo das críticas: a inconsistência das propostas apresentadas no texto definitivo.
Vale a pena resaltar as principais barreiras que separaram a Rio+20 de seu propósito fundamental:

• A ausência de definições claras sobre responsabilidades específicas, repasses financeiros e discriminação de prazos para a adoção de medidas promotoras de desenvolvimento sustentável pelas autoridades competentes em cada país;

•  Os negociadores dos países desenvolvidos e em desenvolvimento entraram várias vezes em rota de colisão, especialmente quando a discussão envolvia a liberação de recursos: o fundo de 30 bilhões de dólares para a preservação ambiental em países em desenvolvimento não foi aprovado. Continua o impasse: quem paga a conta para a implementação de estratégias voltadas ao desenvolvimento sustentável nesses países?

• O PNUMA (Programa das Nações Unidas para meio ambiente) não virou agência como se esperava  e, em consequência, o programa continua com poderes restritos e  sem estrutura para levar adiante a efetivação de medidas práticas para preservação ambiental.

Certamente estes temas farão parte, novamente, da agenda da próxima conferência.
Para os otimistas, no entanto, os resultados e desdobramentos da Rio+20 não podem ser restringidos ao que se lê no documento oficial do evento.
Os 10 dias de discussão em torno da questão ambiental ratificaram a força da mobilização da sociedade civil quanto ao assunto, concretizada através de inúmeros compromissos voluntários entre empresas e parcerias que somaram mais de US$ 500 bilhões para ações sustentáveis.
Fazendo um paralelo entre o foco da Rio-92 e o que se viu na Rio+20, é inquestionável a ocorrência de um grande avanço: o conceito de desenvolvimento sustentável foi ampliado, deixando de abarcar apenas questões relacionadas ao meio ambiente.
Sustentabilidade, a partir da Rio+20, passa a incluir de forma incisiva e essencial os aspectos sociais, ressaltando a urgência do esforço conjunto para  a melhoria da qualidade de vida e a erradicação da pobreza, colocando o ser humano no centro das preocupações.

Talvez, seja este o maior legado deixado pela conferência do Rio, em 2012.
Apesar das críticas aos resultados efetivos da Rio+20, a relevância do encontro, provavelmente, fará do tema assunto recorrente nos vestibulares deste ano.
As temáticas relacionadas ao meio ambiente já são amplamente exploradas pelas principais provas do país, incluindo o Enem. Este ano, especialmente, essa tendência pode se manifestar com maior intensidade.
Assim, se você pretende se preparar de forma eficiente para responder questões as questões relacionadas ao tema, fique atento aos conteúdos:

1. Ecossistemas
É provável a ocorrência de questões que exijam conhecimento sobre a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas: ciclagem da matéria, fluxo de energia, estruturação das cadeias e teias alimentares. Dê uma atenção especial aos ciclos biogeoquímicos (ciclo do carbono e o do nitrogênio, especialmente) e às interações ecológicas entre os seres vivos (competição, parasitismo, mutualismo, etc.).

2. Energia
Este é um tema muito forte nos vestibulares, assim como foi na Rio+20.  É fundamental que você domine conceitos como “energia limpa” e “economia verde”, por exemplo.
Conhecimento acerca dos combustíveis fósseis e de biocombustíveis (etanol, biodiesel) são essenciais. Reveja com atenção os tópicos relacionados à poluição ambiental e desequilíbrios causados pela ação antrópica (humana) sobre os ecossistemas.
Além disso, é importante você demonstrar compreensão dos processos bioquímicos fundamentais à manutenção da vida no planeta: (fotossíntese, fermentação e respiração celular).

3. Biomas
Este assunto é gerador de muitas questões interdisciplinares com a Geografia. Procure, além de conhecer as características fitogeográficas e a biodiversidade de cada um dos principais biomas brasileiros (ênfase em mata atlântica, caatinga e cerrado), compreender os fatores de risco que ameaçam a manutenção destes ecossistemas (extrativismo predatório, queimadas, desmatamento, etc.). É importante que você apresente, também, conhecimento em relação às medidas de preservação dos ecossistemas, incluindo em suas respostas o viés da questão social como fator inerente à ação de preservação ambiental.

4. Inclusão social/ combate à pobreza/ responsabilidade sócio-ambiental
Esta é uma abordagem bastante possível, pois abrange a competência do “ser cidadão”, trabalhada especialmente pelo ENEM.
Você sabe que a Rio+20 não  tratou apenas de questões técnicas diretamente relacionadas ao meio ambiente: o conceito de sustentabilidade foi definitivamente vinculado ao econômico e ao social.
Assim, o combate à fome, a desigualdade da distribuição de recursos e de oportunidades podem gerar questões importantes nas provas. Prepare-se para responder questões testando o seu nível de educação ambiental na vida cotidiana: reciclagem, reaproveitamento de materiais, economia de energia, consumismo- causas e consequências, enfim, qual opção é social e ecologicamente mais responsável dentro de situações de natureza prática.

O movimento “Yosoy132”: a chamada “Primavera Mexicana”


A mobilização popular contra regimes ditatoriais e governos considerados antidemocráticos ganhou destaque em 2011, com manifestações em países como Líbia, Turquia e Egito.
A “Primavera Árabe”, nome pelo qual tais mobilizações ficaram conhecidas, se propagou com muita rapidez e eficiência, graças às redes sociais. Em síntese, podemos dizer que os objetivos dos manifestantes eram: o direito ao voto, o respeito aos direitos femininos, o direito à educação e à liberdade de imprensa e expressão.
Desde o dia 11 de maio, manifestações contrárias ao monopólio do poder pelos membros do Partido Revolucionário Institucional (PRI) no México estão sendo chamadas de Primavera Mexicana. As graves denúncias de corrupção contra o governo, seguidas da repressão aos meios de comunicação, tem ampliado o movimento que começou com o protesto dos estudantes da Universidade Iberoamericana, localizada na Cidade do México, durante a visita de Peña Nieto, candidato do PRI à presidência.
Nieto tem contra si toda a impopularidade de seu partido e também a acusação de ter sido o responsável pelo massacre de Atenco, ocorrido há seis anos. Na época, forças policiais reprimiram brutalmente manifestantes da  “Frente de Povos em Defesa da Terra”,  que protestavam contra a construção de um aeroporto em Texcoco. De acordo com a CNDH (Comissão Nacional de Direitos Humanos), a repressão resultou na morte de dois jovens, na prisão de mais de duzentos manifestantes e no estupro de  quarenta e sete mulheres por membros das forças repressoras.
O candidato do PRI à presidência acusa os líderes dos protestos de estarem ligados ao partido de Andrés Manuel López Obrador, candidato à presidência pelo PRD (Partido da Revolução Democrática), seu principal adversário eleitoral. Peña afirmou ainda que os manifestantes não seriam estudantes e que foram pagos pelos seus opositores esquerdistas. Diante dessas acusações, os universitários gravaram um vídeo no qual 131 jovens mostram a carteira de identificação da universidade. A partir de então, teve início o movimento #yosoy132 (“eu sou o 132”). Ganhando força nas redes sociais e se espalhando rapidamente pelo país, o movimento opositor possui até um site: yosoy132.mx.
Além dos estudantes da Universidade Iberoamericana, universitários de outras instituições se juntaram ao movimento e se organizam por meio do Twitter, Facebook e Youtube. Entre as manifestantes já há jovens  da UNAM, do Instituto Politécnico Nacional, da Universidade Autônoma Metropolitana, da Universidade Autônoma da Cidade do México, do Claustro de Sor Juana, da TEC de Monterrey, do ITAM e da ANÁHUAC.
Desde o início das manifestações, Peña Nieto já caiu quatro pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto, diminuindo sua diferença com relação ao segundo colocado Andrés Manuel López Obrador.
Os próprios dirigentes estudantis definem o movimento, "Primavera Mexicana", como uma luta "em que os jovens florescem e espalham suas ideias como pólen, no qual os corações se incendeiam, as mentes se abrem e se fazem tangíveis as ilusões".

Ditaduras Latino-americanas


O processo de independência das nações latino-americanas, ao longo do século XIX, deu origem a uma série de Estados independentes em sua maioria influenciados pelo ideário iluminista. No entanto, a obtenção dessa soberania política não foi capaz de dar fim à dependência econômica que submetia tais países aos interesses das grandes potências econômicas da época. Ao mesmo tempo, a consolidação da democracia ainda era prejudicada pela ação de governos tomados por uma elite conservadora e entreguista.
No século XX, a desigualdade social e a exclusão econômica ainda eram questões que permaneciam pendentes nas várias nações latino-americanas. Contudo, a ascensão de forças reformistas e nacionalistas passou a se contrapor à arcaica hegemonia caudilhista das elites. A insistência em manter as classes populares excluídas do jogo político e, ao mesmo tempo, preservar a economia nacional atrelada aos interesses dos grandes centros capitalistas começou a sofrer seus primeiros abalos.
Após a Segunda Guerra Mundial, a instalação da ordem bipolar e o sucesso do processo revolucionário cubano inspiraram diversos movimentos de transformação política no continente americano. Em contrapartida, os Estados Unidos – nação que tomava a dianteira do bloco capitalista – preocupava-se com a deflagração de novas agitações políticas que viessem a abalar a hegemonia política, econômica e ideológica historicamente reforçada nos combalidos Estados latino-americanos.
Nesse contexto, ao longo das décadas de 1960 e 1970, os diversos movimentos de transformação que surgiram em nações americanas foram atacados pelo interesse das elites nacionais. Para tanto, buscavam o respaldo norte-americano para que pudessem dar fim aos movimentos revolucionários que ameaçavam os interesses da burguesia industrial responsável por liderar essas ações golpistas. Com isso, a ingerência política dos EUA se tornou agente fundamental nesse terrível capítulo da história americana.
A perseguição política, a tortura e a censura às liberdades individuais foram integralmente incorporadas a esses governos autoritários que se estabeleceram pelo uso da força. Dessa forma, os clamores por justiça social que ganhavam espaço no continente foram brutalmente abafados nessa nova conjuntura. Ainda hoje, as desigualdades sociais, o atraso econômico e a corrupção política integram a realidade de muitos desses países que sofreram com a ditadura.

Os índios e a Usina de Belo Monte


Fevereiro de 1989, Altamira (Pará): cerca de 3 mil pessoas (entre eles, 650 índios) participaram do I Encontro dos Povos Indígenas do Xingu. Os participantes reclamavam da política da construção de barragens na região do Xingu (sudeste do Pará) e das decisões tomadas na Amazônia sem a participação dos índios (o que contradiz a Constituição).
O evento foi marcado por uma imagem: a índia kaiapó Tuíra encosta seu facão no rosto do então presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, em advertência contra o projeto de construção de um complexo de cinco hidrelétricas no Xingu. A primeira delas seria a usina de Belo Monte.
Registro do I Encontro de 1989: Mobilização

Maio de 2008, Altamira (Pará): Durante um evento organizado pela Arquidiocese de Altamira e o Instituto Socioambiental (ISA), o engenheiro da Eletrobrás Paulo Fernando Rezende, coordenador dos estudos de Belo Monte, convidado para falar sobre o aproveitamento hidrelétrico do projeto, foi agredido por (supostamente) um grupo de índios kaiapós.
O engenheiro foi ferido com facões e teve atendimento médico. O procurador federal Felício Pontes Júnior, que participou do evento, disse que o que aconteceu ao engenheiro mostra que os índios irão resistir fisicamente à instalação de Belo Monte, se for preciso. Felício alegou inclusive que os índios da região do Xingu (que serão fortemente afetados com a barragem) ainda não foram ouvidos e o projeto, ainda assim, continua caminhando.

Belo Monte

O projeto da Usina Belo Monte gera polêmicas desde sua criação, na década de 80. Os dois fatos relatados acima mostram como os anos passam e as questões continuam as mesmas. Os índios não são ouvidos, os estudos de impacto ambiental são controversos e o governo parece fazer o que lhe convém.
Belo Monte foi colocada em pauta durante o governo FHC (com o programa “Acelera Brasil”), criticada por Lula em sua campanha presidencial (dizia que projetos como esse prejudicavam o meio ambiente e populações indígenas e ribeirinhas) e retomada por um Lula presidente, em seu segundo mandato. Atualmente, o projeto da usina que terá capacidade média de 11 mil megawatts (MW) é uma das obras prioritárias do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o carro-chefe do governo Lula.
Tudo isso gira em torno de questões que já são intrínsecas da cultura brasileira: A enorme necessidade de se fazer justiça e “redimir” o passado com os índios de maneira errônea (vide casos como esse de Belo Monte e outros, como a demarcação absurda de terras da Reserva Raposa Serra do Sol) e a dependência brasileira de energia (que os governantes sempre tentam sanar por meio de hidrelétricas, um dos meios mais degradantes de se produzir energia elétrica).

Localização de Belo Monte no Rio Xingu

Ora, por que não pensar em fontes alternativas de energia? Esse é um debate a muito tempo levantado no Brasil e que, infelizmente parece não haver espaço nas câmaras e mesas políticas. Além disso, é preciso criar novas políticas de relacionamento com os povos indígenas. A FUNAI passa por graves problemas faz algum tempo e muitas comunidades indígenas já não a veem com bons olhos como antigamente.
Especialistas da área de energia indicam que com tamanha energia gerada por Belo Monte, o Brasil estaria livre de um novo apagão (previsto para breve), como houve em 2001. Mas será que esse é o melhor jeito de se evitar um apagão? Não seria mais simples, barato e menos prejudicial educar a população e conscientizá-la da importância de se economizar energia?
E você, o que acha desses problemas que afetam nosso país? Os direitos dos índios estão sendo violados ou eles estão agindo na contramão do desenvolvimento do país? O que você acha da atual situação dos índios no Brasil? E as políticas de geração de energia do Brasil, estão corretas? Será que Belo Monte é a única saída para o risco iminente de um novo apagão?

Um assunto que certamente continuará sendo cobrado nos vestibulares é a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que será a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, atrás de Três Gargantas, na China, e de Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Sua localização é o Rio Xingu, próximo ao município de Altamira, no norte do Pará. Quando ficar pronta, em 2015, a Usina de Belo Monte deve gerar 41,6 milhões de megawatts por ano, o suficiente para atender ao consumo de 20 milhões de pessoas durante um ano.
As cidades de Altamira e Vitória do Xingu terão grandes áreas inundadas, o que pode prejudicar os agricultores locais e a população ribeirinha. Por outro lado, a construção da usina pode ajudar no desenvolvimento econômico da região, com a criação de empregos. As terras indígenas de Paquiçamba e Arara da Volta Grande do Xingu serão afetadas pela diminuição da vazão do rio, causando prejuízos para uma população que depende do rio para pesca, plantação e transporte. A questão das terras indígenas e o impacto ambiental são as principais polêmicas que envolvem a construção da usina.

Os vestibulares podem cobrar questões que envolvem a geografia física da região, os benefícios econômicos vinculados à construção da usina, assuntos relacionados aos grandes projetos de integração do território nacional – já que a energia que será produzida no Norte do Brasil pode beneficiar outras regiões – e perguntas relacionadas às questões socioambientais. “Os vestibulandos precisam saber, por exemplo, quais seriam os prejuízos ambientais gerados pela construção da usina, e como as populações amazônicas tradicionais (ribeirinhos e indígenas) seriam atingidas por essa construção”.
o tema pode ser cobrado de forma interdisciplinar e até mesmo de forma específica em questões de outras disciplinas que não geografia. Na biologia, por exemplo, a construção da usina pode ser relacionada à preocupação com a flora e a fauna local, à mudança do comportamento da vida aquática devido ao represamento e a questões ligadas à reprodução de peixes. Nas provas de física podem aparecer questões de energia potencial, pressão, transformação de energia mecânica em energia elétrica. “Até mesmo a matemática pode ter relação com a construção da usina, trazendo problemas de área, volume e vazão”.
O tema também pode ser cobrado nas provas de redação, o que exige do candidato bastante informação sobre o contexto da construção da usina. Dificilmente a proposta de redação pedirá para o vestibulando defender diferentes posicionamentos. Certamente se exigirá a exposição de uma posição fortemente sustentada por argumentos consistentes.



A Comissão da Verdade


No ano de 2012, tivemos um intenso debate sobre a formação da Comissão da Verdade, uma comissão formada por membros designados pelo governo federal para investigar os crimes cometidos pelo Estado durante o século XX. Contudo, quais seriam esses crimes que eles investigarão? Que verdade é essa a ser exposta? Enfim, de que modo essa comissão tem a possibilidade de aparecer nos vestibulares de 2012?

A primeira questão óbvia é que a Comissão da Verdade terá como grande meta investigar os crimes de tortura, prisão arbitrária e assassinato acontecidos na Ditadura Militar (1964 - 1985). Desse modo, o vestibulando precisa ficar atento aos métodos de coerção e repressão que aconteceram durante o regime militar. Nesse aspecto, sugerimos aquela “revisada especial” no Ato Institucional nº 5, nas propagandas oficiais que pretendiam acobertar a repressão daquele tempo e o processo de formação das guerrilhas daquele período.

Por outro lado, não podemos cair na bobeira de só estudar o Regime Militar por conta da formação da Comissão da Verdade. Bancas de prova mais atentas podem também relacionar o fato com o Estado Novo, o governo ditatorial de Getúlio Vargas que também será investigado pela comissão. Sendo assim, sugerimos que o vestibulando observe atentamente o processo de formação do Estado Novo, dando atenção especial ao Plano Cohen (que justificou o golpe dado por Vargas) e a atuação contra os opositores do regime.

Além dessas questões, podemos ver que a atuação da Comissão da Verdade também abre precedente para a formulação de questões mais complexas, típicas de uma segunda fase de vestibular. Sendo assim, fique atento para questões relativas às justificativas que legitimam o papel a ser desempenhado por esta comissão. Isso implica em fazer associações entre história, memória e cidadania. Mas, de que forma essas coisas poderiam aparecer?

A Comissão da Verdade não vai punir ninguém, logo a sua função será investigar documentos e recolher relatos que permitam um olhar mais amplo sobre nossas ditaduras. A Comissão será uma forma de tornar nossas imagens sobre o passado um tanto quanto mais nítidas. Afinal, organizamos uma nova democracia na década de 1980 sem reconhecer quais foram as personagens que atuaram contra um tipo de regime que consideramos fundamental para a conquista e garantia dos direitos do cidadão.

Finalizando nossas dicas sobre o tema, ressaltamos que a Comissão tem que ser vista em um espectro mais amplo de ações que visam reparar alguns resquícios presentes do passado ditatorial. Em algumas cidades, já tramitam projetos de lei, por exemplo, que visam retirar o nome de vias, prédios, escolas e monumentos públicos que façam qualquer tipo de homenagem aos dirigentes do regime militar. Sendo assim, a Comissão pode aparecer nas provas ao lado desse tipo de ação revisora de nosso passado recente.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

domingo, 17 de junho de 2012

Rio+20: Conferência da ONU debate futuro do planeta



Começou no dia 13 de junho a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A cúpula vai discutir um conjunto de metas para conciliar, nas próximas décadas, o crescimento econômico com a preservação do meio ambiente.
A conferência, que acontece até 22 de junho no Rio de Janeiro, reúne chefes de Estado, diplomatas, empresários e integrantes da sociedade civil (ONGs, universidades etc.). Ela é considerada o maior evento promovido pela ONU.
A Rio+20 – chamada assim em homenagem aos 20 anos de realização da Rio-92 (ou Eco-92) – apresentará, ao final dos debates, um documento que reafirmará os compromissos estabelecidos em protocolos como a Agenda 21.
Há décadas cientistas alertam para os efeitos da poluição e o esgotamento de recursos naturais, como a água doce. Num futuro próximo, mudanças drásticas no clima poderão levar à extinção de um terço de todas as espécies conhecidas no planeta.
A população mundial, que hoje é de 7 bilhões, atingirá a marca de 9 bilhões em 2050. Com isso, a produção de alimentos terá que aumentar em 70%. Hoje, quase um bilhão de pessoas passam fome todos os dias.
Mas como promover o desenvolvimento da economia (e, assim, reduzir os índices de exclusão social) sem agredir a natureza? Isso demanda novos modos de produção que substituam o modelo atual, baseado em petróleo. É a chamada economia verde, um dos principais temas em discussão na Rio+20.
Economia verde é aquela baseada na baixa emissão de gás carbônico e no uso mais inteligente dos recursos naturais. A proposta é conservar os avanços científicos e econômicos do capitalismo e, ao mesmo tempo, empregar estratégias que reduzam os impactos ambientais.
Na prática, isso consiste em mudança de hábitos: nas cidades, economizar energia e reciclar o lixo; nos campos, harmonizar interesses da agropecuária com a preservação de florestas; nas indústrias, investir em energias alternativas, como a solar e a eólica.
Para isso é preciso o comprometimento também dos governos. Como fazer, por exemplo, que um pecuarista deixe de desmatar uma floresta para alimentar seu rebanho? É necessário regulamentação e fiscalização do setor.

ONU “verde”

E em um nível global? Como fazer com que países mudem a conduta? Para resolver essa questão, a Rio+20 discutirá a estrutura institucional, que trata da organização entre países para que cumpram leis, acordos e protocolos da economia verde.
Uma das propostas mais polêmicas, nesse sentido, é a criação de uma Organização Mundial do Meio Ambiente, ou seja, uma ONU para assuntos ambientais.
Apesar de haver um consenso sobre a necessidade da conservação dos ecossistemas, não é uma tarefa tão simples convencer países ricos a refrearem suas economias. Ainda mais em um contexto de recessão pós-crise econômica de 2008.
De 200 parágrafos do acordo, dois terços estão em aberto. Além disso, a pauta é extensa para poucos dias de debates.
Um exemplo de desacordo é aquele que envolve os Estados Unidos e a China. Essas potências econômicas são também as sociedades mais consumidoras e poluidoras do planeta. Desse modo, a efetivação das políticas de desenvolvimento sustentável depende da participação de americanos e chineses.
Só que, em razão da competição entre ambas as nações, o acordo torna-se difícil: a China é resistente a qualquer medida que retarde seu crescimento, e os Estados Unidos, por sua vez, rechaça qualquer proposta que favoreça o adversário comercial.
O Brasil se destaca nas questões de desenvolvimento sustentável, pois possui energia limpa em abundância, a maior reserva de água potável do planeta e campos férteis. A redução das taxas de desmatamento da Amazônia e dos índices de pobreza são pontos favoráveis, mas medidas como o estímulo à indústria automotiva e a euforia com a exploração da camada pré-sal estão na contramão da agenda da Rio+20.

sábado, 16 de junho de 2012

PARABÉNS FILHOTE!!!!!!!


Classificados para a Fase Final, para a seleção dos representantes brasileiros no torneio internacional em Kish Island, Irã, dentre eles, meu filho, JONATHANS SCHAFFER TORRES.
A IJSO Brasil é a competição que seleciona os alunos para a delegação brasileira na Olimpíada Internacional Júnior de Ciências, uma das maiores e mais importantes olimpíadas acadêmicas do planeta.
A fase mundial é realizada anualmente em local itinerante desde 2004, com equipes formadas por seis estudantes de até 15 anos.
A 9.a edição da IJSO será sediada em dezembro de 2012 em Kish Island (Irã) e deve contar com a participação de cerca de 50 países.

VALEU FILHOTE!!!!!!!!

domingo, 10 de junho de 2012

Rio+20- Desenvolvimento Sustentável: Trem sustentável muda rotina de moradores no sertão do Ceará



O VLT do Cariri funciona há mais de dois anos transportando por uma antiga linha férrea cerca de 1.400 usuários por dia. Ele percorre nove estações ao longo de 13,6 quilômetros em 40 minutos e liga as cidades do Crato e de Juazeiro do Norte, principais centros urbanos da região do Cariri, sul do Ceará.
Menos emissões
“A emissão de gases é muito menor. O modelo utilizado no Cariri tira seis ônibus bem mais poluentes das ruas. É considerado um veículo bem seguro, confortável e mais rápido”, explica o engenheiro mecânico e diretor de operações da empresa responsável pelo VLT do Cariri, o Metrô de Fortaleza (Metrofor), Plínio Saboia.
Soluções mais sustentáveis para as cidades, inclusive dos seus sistemas de transporte, são um dos temas a serem debatidos na Rio+20, a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, que acontece este mês no Rio de Janeiro.
O trânsito entre os moradores das duas cidades seja para trabalhar, estudar ou comprar é histórico e, antes, o transporte público era feito por uma linha de ônibus intermunicipal e vans. Saboia considera o VLT uma evolução dos antigos bondes elétricos. "Em outros países, os bondes foram se aperfeiçoando até chegar ao modelo de VLT. No Brasil, deixou de ser utilizado, e cada pessoa passou a ser locomover no seu carro".
“Acho que o VLT ainda vai crescer muito pelo Brasil. É um transporte barato, polui menos que outros transportes, é mais rápido e confortável”, diz Geovane Araújo, um dos operadores do VLT. A implantação do metrô gerou, aproximadamente, 160 empregos diretos na região.
'Made in Ceará'
O pioneirismo cearense em "resgatar o bonde" chamou a atenção de outras cidades brasileiras, como Recife, Maceió, São Paulo, Rio de Janeiro e Macaé. As empresas e governos interessados no modelo viajam ao Ceará para conhecer a fábrica, o trem e as estruturas das estações. Os três veículos, com duas composições cada, foram montados pela empresa Bom Sinal, no município de Barbalha, a 28 quilômetros de Juazeiro do Norte.

 As peças de tração dos trens são importadas da Alemanha, mas a integração das partes e dos sistemas é toda feita no Ceará. “O VLT é 80% feito no Ceará, é uma tecnologia nacional”, afirma o diretor de operações do Metrofor.
A linha férrea usada para o transporte de cargas da linha Transnordestina foi remodelada para receber o novo veículo e a prioridade no trecho tornou-se a locomoção de passageiros.
Os engenheiros decidiram utilizar o modelo com motor movido a diesel, em vez do elétrico, pelo fato de os custos serem mais baixos. Segundo o governo do estado, o valor total da implantação foi de R$ 25 milhões.
Economia
Os benefícios da chegada do VLT, com uma passagem no valor de R$ 1, são logo sentidos no bolso e no tempo dos usuários. “Gastava mais de R$ 85 de gasolina e, hoje, não chego a gastar nem R$ 60 por mês indo trabalhar”, diz Allan Batista.
“É climatizado, mais seguro e não é lotado como os ônibus. Em dez minutos, chegamos à escola. A gente percebe também a mudança para os estudantes. O trem facilitou muito a vida deles, que sempre precisam fazer uma atividade extra e não dependem mais de ônibus e da insegurança”, relata a professora de língua estrangeira e empreendedorismo.
“Além de remodelar os trilhos, o entorno também passou por melhorias. Nesse percurso do trem, foram instalados escolas, supermercados e restaurantes”, diz a diretora do Metrô do Cariri, Dina Moreira. A Escola Estadual de Educação Profissional Raimundo Saraiva Coelho, onde os dois professores trabalham, foi inaugurada em agosto de 2011, ao lado da passagem do VLT.
Subutilizado
Mesmo com as mudanças nas rotinas de Allan, Fabiana, e de muitos estudantes, o metrô do Cariri ainda é subutilizado. A meta do Metrofor é que de 2.500 a 3.000 pessoas sejam beneficiadas diariamente com o trem. Por ter reaproveitado o caminho da linha férrea construída há mais de 50 anos, o VLT não passa pelas áreas centrais das cidades. Para chegar às estações, a maioria dos usuários precisa tomar um ônibus, pagando duas passagens.
O Metrofor informou que estuda um projeto de integração no metrô da região. "Quando os transportes estão interligados, há um aproveitamento bem melhor”, afirma o diretor Plínio Saboia. Segundo o governo estadual, não há previsão para a integração se concretizar.
Além da falta de integração, as viagens de metrô estão mais difíceis por causa da demora de uma viagem para outra. A espera média de um usuário, que deveria ser de 40 minutos, agora é de uma hora e vinte minutos, porque apenas um trem está em atividade. Dois veículos foram danificados em colisões com automóveis e estão parados para reformas. O Metrô do Cariri funciona com três veículos, dois em atividade e um sobressalente. Segundo a diretora Dina Moreira, a situação deve ser normalizada ainda em junho.

Rio+20- Trabalho Sustentável: 'Empregos verdes' incluem motorista de ônibus e atendente telefônico.

Motoristas de ônibus, operadores de centrais de teleatendimento, mecânicos de automóveis. Todas estas profissões são consideradas “empregos verdes” pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) -- mesmo que muitos dos profissionais que as exerçam nunca tenham se dado conta disso.
“Qualquer ocupação que possa ter um impacto positivo em termos de reduzir emissões de carbono e impactos ambientais pode ser considerada um emprego verde”, explica Paulo Sérgio Muçouçah, coordenador do Programa de Trabalho Decente e Empregos do escritório brasileiro da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Portanto, o motorista de ônibus dá sua contribuição ao fazer com que menos pessoas usem carros, enquanto o operador de telefonia presta atendimento a clientes que, de outra maneira, teriam de se deslocar para usar determinado serviço, gastando combustível. O mecânico de automóveis, por sua vez, colabora com o meio ambiente ao aumentar a vida útil dos carros, evitando que sejam trocados por novos.
Setores
Os dados mais recentes da OIT, referentes a 2010, indicam que atualmente há 2,9 milhões de trabalhadores ocupando “empregos verdes” no país, 6,6% do mercado formal. O setor de transportes coletivos e alternativos aos meios rodoviário e aéreo é responsável por 857 mil dessas vagas.
  Ao evitar deslocamentos de clientes, atendente telefônico contribui com sustentabilidade. (Foto: Reprodutção/TV Globo)
A geração e distribuição de energia renovável também é um setor relevante dentro do total de empregos verdes, respondendo por 580 mil vagas. Ele é especialmente grande no Brasil, graças ao setor produtor de etanol, mais desenvolvido aqui que em outros países.
Depois, por ordem de tamanho, vêm os setores de manutenção e recuperação de materiais, com 498 mil, telecomunicações e teleantendimento, com 485 mil, e saneamento e gestão de resíduos, com 335 mil.
Produção e manejo florestal, ramo que poderia ser considerado um símbolo do “emprego verde”, entra com 149 mil postos de trabalho. “Em qualquer atividade econômica você pode ter uma série de procedimentos para aumentar a eficiência energética”, explica Muçouçah.
“Até a arquitetura dos prédios, por exemplo, com adoção de ventilação natural, pode contribuir”, menciona, ao explicar que o setor de construção, ao lado da agricultura, são os que mais consomem recursos naturais e têm grande potencial para se tornarem mais verdes.
Verde com orgulho
“Você se sente importante de trabalhar numa empresa que desenvolve tecnologia que ajuda as pessoas a proteger o meio ambiente”, orgulha-se Helvecio Gomes, que supervisiona uma linha de montagem de reservatórios na Heliotek, indústria de aquecedores solares de água em Barueri, na Grande São Paulo.
Os trabalhadores muitas vezes não percebem que atuam num emprego sustentável. “Quando vim para esse trabalho, não sabia desse lado ambiental. Com o tempo fui me interessando mais, até pesquisando a respeito na internet”, explica Jânio Freitas, operador de empilhadeira e colega de Gomes.
Apenas o ramo de aquecimento solar de água, segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), já emprega 30 mil pessoas no Brasil. “Saber que estou num trabalho verde dá mais ânimo, até de pensar nas futuras gerações”, diz Freitas.
A criação de mais empregos verdes e a transição da economia global para um modelo mais sustentável serão discutidos na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento sustentável, Rio+20, que acontece este mês no Rio de Janeiro.
Relatório internacional publicado recentem pela Iniciativa Empregos Verdes, parceria entre OIT, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Organização Internacional de Empregadores (OIE) e a Confederação Sindical Internacional (CSI), aponta que essa transição para uma economia mais verde pode gerar entre 15 e 60 milhões de novos empregos nas próximas duas décadas, tirando dezenas de milhões de pessoas da pobreza.

Programação da Rio+20



O Rio de Janeiro se torna entre os dias 13 e 22 de junho a capital mundial da sustentabilidade ao abrigar a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que vai reunir ao menos cem chefes de Estado, além de milhares de diplomatas e membros da sociedade civil para discutir o que é uma “economia verde”.
Devido à grande movimentação de pessoas de diversas partes do mundo, ao menos 15 mil agentes de segurança estarão nas ruas para reforçar o policiamento na capital fluminense e modificações no trânsito serão realizadas para facilitar o acesso aos delegados da Organização das Nações Unidas que participarão dos encontros oficiais.
O Riocentro, que foi cedido oficialmente à ONU nesta terça-feira (5), vai abrigar negociadores e governantes durante as duas semanas da Rio+20. Outros locais do Rio de Janeiro também vão abrigar fóruns paralelos e eventos voltados para diversos setores.
Local
Data
Evento







Riocentro/ Barra da Tijuca (Perímetro das Nações Unidas)*
13 a 15/6
Abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável e última rodada de negociações sobre o documento final
16 a 19/6
Evento “Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável”, com a presença de ao menos 78 especialistas. Veja a programação
20 a 22/6
Segmento de Alto Nível da Rio+20. Ao menos cem chefes de Estado e representantes de governo estarão presentes
21/6
Cúpula feminina de chefes de Estado pelo futuro das mulheres - ONU Mulheres
13 a 22/6
Eventos paralelos realizados por Organizações não-governamentais. Veja a programação
Aterro do Flamengo
15 a 23/6
Cúpula dos Povos. Evento paralelo à Rio+20, organizado pela sociedade civil e instituições. Estão previstas passeatas pela cidade







Forte de Copacabana*
11 a 22/6
Humanidade 2012 - O espaço sediará diversos eventos paralelos à Conferência da ONU, como reuniões, seminários e oficinas.
11 e 12/6
TEDxRio+20 - Evento vai reunir nomes do Brasil e do exterior para curtas palestras sobre o desenvolvimento sustentável.
14 e 17/6
Rio Clima - Preparação informal para a Conferência da ONU sobre Mudança Climática, a COP 18, que acontece em novembro no Qatar
15 a 17/6
Fórum de Empreendedorismo Social na Nova Economia
19/6
C-40 – Cúpula dos prefeitos na Rio+20. Um dos principais nomes do evento é o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg.
Quinta da Boa Vista
31/5 a 7/6
Green Nation Fest - Festival interativo e sensorial que une cinema, educação, esporte e moda para falar de sustentabilidade

Hotel Windsor Barra, Barra da Tijuca*
15 a 19/6
Fórum de Sustentabilidade Empresarial. Debates com executivos de todo o mundo sobre os temas da Rio+20
19/6
Rio+Social - Discussão social e tecnológica com nomes como Pete Cashmore (Mashable), Ted Turner (CNN) e Richard Branson (Virgin)
Parque dos Atletas
13 a 22/6
Exposições mostram como as cidades podem se desenvolver de forma sustentável até 2030 e como já melhoraram desde a Rio 92
PUC/RIO - Gávea*
11 a 15/6
Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, com especialistas do IPCC
Museu de Arte Moderna (MAM)
16 a 22/6
Arena Socioambiental, com debates, shows e exposição interativa de Cândido Portinari
*Apenas para pessoas credenciadas

Rio + 20 – Oceanos: Navios deixam cair mais de 600 contêineres no mar a cada ano.


Quando o mar está muito agitado ou quando empresas declaram peso menor que o real para os contêineres que estão despachando, acidentes podem acontecer e essas grandes caixas de aço, usadas para transporte em navios em todo o mundo, podem se soltar e cair no mar.
De acordo com levantamento do World Shipping Council, grupo que congrega empresas de navegação que fazem mais de 90% do transporte de carga marítima internacional, em média 675 contêineres por ano acabam no fundo do oceano. Considerando que, em 2010, esse setor deslocou 100 milhões dessas unidades, o índice de perda parece pequeno.
Mas o fato é que, a cada ano, em centenas de pontos pelo mundo, o chão dos oceanos é “presenteado” com imensas caixas metálicas, às vezes com conteúdo poluente, e o efeito disso ainda é pouco conhecido.
“Os navios de contêineres normalmente não têm guindastes ou outros dispositivos que permitiriam recuperá-los do mar. Geralmente, eles descem até o fundo. Mas em casos em que as condições permitem, tentamos recuperar”, diz Anne Kappel, vice-presidente do WSC.
Os pesquisadores americanos Andrew DeVogelaere e Jim Barry coordenam um trabalho para entender melhor qual é o efeito dos contêineres sobre o ambiente marinho. Os cientistas enviaram um submarino robotizado até um deles, perdido a 1.281 metros de profundidade no Oceano Pacífico, a oeste da costa da Califórnia.
A pesquisa ainda não foi encerrada, mas eles já verificaram que o aparecimento do bloco metálico alterou a ecologia no local. Em volta do contêiner perdido, foram encontradas espécies diferentes das que normalmente habitam as imediações, já que ali há apenas um fundo arenoso. Os pesquisadores acreditam que, além dessa alteração, o contêiner ainda pode servir de “parada” para seres vivos que estão migrando para outros pontos, oferecendo um substrato sólido para se fixarem, o que, de outra forma, não aconteceria no chão de areia.
O levantamento ainda é preliminar, mas já está claro que esse tipo de acidente tem seus efeitos sobre a vida no mar.