3.1- O Contexto da Nova Ordem Mundial
A
partir dos anos 1990, com o fim da Guerra Fria, diversas circunstâncias
políticas e econômicas determinaram novas orientações às questões
internacionais e às relações entre os países: a queda do socialismo; o fim da
União Soviética; o processo de democratização dos países da Europa Oriental; a
reunificação da Alemanha; e os conflitos étnicos responsáveis por guerras
civis.
Nesse
contexto, os Estados Unidos ampliaram expressivamente sua hegemonia. No
entanto, surgiram também outras potências econômicas, como Japão, União
Europeia (liderada pela Alemanha) e China.
Apesar
da supremacia norte-americana, circunstâncias econômicas ocasionadas pela
grande crise mundial iniciada em 2007 e ações e intervenções políticas
desastrosas de combate ao terrorismo não legitimaram a almejada liderança
absoluta pretendida pelos Estados Unidos.
3.2- A ascensão japonesa e alemã
Durante
a Guerra Fria, liderada pelos Estados Unidos e pela União Soviética, outros
países direcionaram seus investimentos e desenvolvimento tecnológico
principalmente às atividades econômicas. Conquistaram, assim, fatias
expressivas no mercado internacional
e obtiveram ganhos de produtividade superiores aos dos Estados Unidos. Os que
tiveram maior crescimento, na segunda metade do século XX, foram justamente os
dois grandes derrotados na
Segunda Guerra Mundial: o Japão e a ex-Alemanha Ocidental.
No
início da década de 1950, o Produto Nacional Bruto (PNB) dos Estados Unidos era
superior ao do conjunto de países da Europa Ocidental e do Japão. Durante a
Guerra Fria, a Alemanha e o Japão atingiram taxas de crescimento superiores às
taxas da economia estadunidense. O Japão foi beneficiado pela ajuda econômica
para a reconstrução do pós-guerra, denominado Plano Colombo, e pela Guerra da Coreia, que criou um mercado de
abastecimento de produtos e serviços às bases norte-americanas: fornecimento de
uniformes, alimentos, reparos de equipamentos e outros. A partir da década de
1970, adotou uma estratégia agressiva no cenário econômico mundial que
consolidou sua hegemonia na região do Pacífico, especialmente no Sudeste
Asiático, e abriu caminho para ampliar sua agenda comercial com os Estados
Unidos. Acreditava-se que o Japão, em pouco tempo, seria capaz de superar o
poder econômico dos EUA, no entanto, a partir do início da década de 1990,
diminuiu substancialmente suas taxas de crescimento e foi superado pela economia
chinesa em 2010, passando de segunda à terceira posição na economia mundial.
Com
o fim da Guerra Fria, o país adotou uma nova postura internacional e engajou-se
em operações de paz promovidas pelas Nações Unidas. Atualmente postula assento
permanente no Conselho de Segurança da ONU, apesar da oposição chinesa. Nesse
novo contexto, ampliou seu orçamento para fins militares. Em 2011 possuía o sexto
orçamento militar do mundo.
A
Alemanha foi beneficiada pelo Plano
Marshall e pelo sucesso do Mercado Comum Europeu, atual União Europeia. Em
1990, com a reunificação, o país reafirmou-se como a maior potência da Europa,
restabeleceu e fortaleceu suas relações com os países que formavam o bloco
socialista do Leste Europeu, por meio da expansão das empresas alemãs e da
ampliação dos intercâmbios comerciais e financeiros.
Apesar dos elevados custos da reunificação - cerca de um trilhão de dólares -,
a economia alemã acabou beneficiada pela ampliação do mercado consumidor.
No
final da década de 1990 a Alemanha se envolveu no conflito dos Bálcãs (lutas
ocorridas na ex-Iugoslávia). Antecipou-se no reconhecimento da independência da
Eslovênia e da Croácia e se envolveu pela primeira vez em um conflito armado
desde a Segunda Guerra Mundial, ao colocar suas tropas sob o comanda da Otan,
em combate contra a Sérvia. Em outra iniciativa militar externa, participou das
tropas internacionais que atuaram no Afeganistão. Essas ações militares no
cenário internacional, embora tímidas, estão associadas à intenção do país em
tornar-se membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Em 2012, a
Alemanha possuía o nono orçamento militar e o terceiro exportador de armas do
planeta.
Apesar
da retomada das ações militares da Alemanha e do Japão, e do peso desses países
no conjunto da economia mundial, suas forças militares são reduzidas se
comparadas às das potências militares, como Estados Unidos e Rússia, e também
em relação a França, Inglaterra e China. Por não possuírem ou desenvolverem armas
de destruição em massa, têm fraco poder de dissuasão.
Observe
a tabela com os países que detêm os maiores arsenais nucleares.
PAÍS
|
TOTAL DE
OGIVAS
|
EUA
|
8.000
|
RÚSSIA
|
10.000
|
REINO
UNIDO
|
225
|
FRANÇA
|
300
|
CHINA
|
240
|
ÍNDIA
|
80 – 100
|
PAQUISTÃO
|
90 – 110
|
ISRAEL
|
80
|
CORREIA
DO NORTE
|
DESCONHECIDO
|
3.3- China: novo protagonista no
cenário mundial
Um
dos acontecimentos mais importantes das últimas décadas foi o surgimento de
mais uma potência na Ásia: a China. Esse país detém arsenal nuclear, é a
terceira economia do mundo, faz parte do Conselho de Segurança da ONU e dispõe
do segundo orçamento militar do planeta, com mais de 200 armas nucleares
disponíveis. Abriga, ainda, o maior contingente populacional do globo - mais de
1,3 bilhão de habitantes -, o que lhe garante grande potencial de mercado e a
formação da maior força armada do mundo - mais de 2,3 milhões de pessoas. Com
esses superlativos e a presença cada vez mais marcante no cenário
internacional, a China é vista como o país capaz de romper a supremacia
norte-americana no século XXI.
No
entanto, a China tem pendências em diversas questões internas para assegurar a
manutenção de sua unidade territorial: movimentos pela independência nas
regiões autônomas do Tibet, da Mongólia
Interior e Xinjiang-Uigur. As pendências externas mais imediatas relacionam-se
à disputa das Ilhas Spratly e à reincorporação de Taiwan. As Ilhas Spratly, um
conjunto de mais de 100 formações de corais no mar da China Meridional, estão
no meio da rota de grande circulação de navios mercantes e abrigam reservas de
gás e petróleo. Elas são reivindicadas por seis
países que ali mantêm bases militares: China,
Vietnã, Filipinas, Brunei, Taiwan e Malásia. A pretensão da China de
reincorporar Taiwan ao restante do país é outro ponto de grande tensão.
Importante polo econômico asiático, Taiwan separou-se da China em 1949 e
pretende seguir independente, no que conta com apoio dos Estados Unidos.
3.3.1- China e relações internacionais
Em
1996, a China patrocinou a formação da Organização de Cooperação de Xangai com
o objetivo de reforçar a cooperação econômica entre os países-membros e
combater o tráfico de drogas, o terrorismo e o separatismo. A organização
delineia a possibilidade de formação de uma organização militar ampla de defesa
e de segurança multinacional, capaz de contrabalançar a influência da Otan e
dos Estados Unidos na Ásia Central. A Organização conta ainda com países
observadores (sem direito a voto ou interferência nas decisões políticas) e
parceiros de diálogo (países que compartilham valores semelhantes aos dos
países-membros).
Nas
últimas décadas, as relações internacionais da China com o resto do mundo
ampliaram-se. Os chineses estreitaram os laços econômicos e políticos com
diversos países, tanto com os que absorvem suas exportações como com aqueles de
quem importam energia e matérias-primas. O país estreitou laços com o Irã,
mantendo investimentos na área de exploração de gás natural. Faz, assim,
percurso inverso ao dos Estados Unidos, que romperam relações diplomáticas com
o Irã desde 1980, e ao da União Europeia, que defende na ONU a manutenção de
sanções econômicas ao país.
A
China é o maior importador de petróleo do Sudão e apoia abertamente o governo
desse país, responsável pelo massacre de mais de 300 mil pessoas na região de
Darfur e cujo presidente teve mandato
de prisão expedido em 2009 pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Outros
países da África recebem atenção especial na agenda internacional chinesa,
particularmente Angola.
Os
países da África exportam petróleo, ferro, cobre e algodão e atraíram
investimentos de várias empresas chinesas, principalmente a Petro China, hoje
uma das maiores empresas petrolíferas do mundo. A China, além de ampliar suas
exportações para o continente, tem realizado investimentos em meios de
transporte, usinas de energia e sistemas de telecomunicações.
3.4- A Rússia na nova ordem geopolítica
Com
o colapso da URSS, as transformações na ordem mundial e, a partir da década de
1990, o fim da Guerra Fria, a Rússia passou a participar de uma nova agenda
internacional tanto no campo político como militar. Atualmente, o país exige
maior participação no contexto internacional e busca afirmar-se como potência.
Apesar
de enfrentar uma etapa difícil de transição da economia centralmente planejada
para uma economia de mercado – capitalista -, às voltas com crises econômico-financeiras,
aumento da pobreza e
da
corrupção, concentração de renda e guerras separatistas, em finais da década de
1990 a Rússia passou a integrar o G-8. É a segunda potência nuclear do planeta,
e em seu imenso território dispõe de grandes reservas minerais, inclusive
petróleo. Além disso, mantém relações de cooperação com o Irã - país importante
no contexto geopolítico do Oriente Médio - para a construção de reatores
nucleares, acordos militares com a índia e, desde julho de 2001, quando assinou
um acordo de amizade, busca estreitar relações políticas com a China.
Em
maio de 2002, com a criação do Conselho Otan-Rússia, o país passou a participar
das discussões ao lado dos países-membros da Otan em assuntos de interesse
mútuo, como a definição de estratégias político-militares a serem aplicadas no
controle da proliferação de armas nucleares e no combate ao terrorismo.
A
Rússia também acertou com os Estados Unidos acordos para a redução de armas
nucleares estratégicas. No entanto, mesmo com os cortes, ambos os países ainda
dispõem de armamento nuclear capaz de destruir o planeta.
A
criação do Conselho Otan-Rússia ocorreu após o aval russo à intervenção armada
norte-americana no Afeganistão, em 2001. Essa intervenção foi considerada o
primeiro embate dos Estados Unidos com
base nos princípios que seriam consolidados posteriormente na Doutrina Bush (da
qual trataremos à frente) e justificada pela necessidade de combater o
terrorismo internacional. Em contrapartida, a Rússia não foi reprovada pela
violenta repressão empreendida ao movimento separatista na Chechênia, uma
república islâmica que faz parte da Federação Russa.
A
Rússia, no entanto, se posicionou contra a intervenção militar no Iraque e
contra os avanços da política intervencionista dos Estados Unidos.
Em
2008, tropas russas entraram em conflito com a Geórgia ao apoiar a luta pela
independência da Ossétia do Sul e da AbKásia, repúblicas autônomas controladas
pelo Estado georgiano. A Geórgia nos últimos anos se aproximou dos Estados
Unidos e é candidata a integrar a Otan.
No
mesmo ano, outra questão confrontou a Rússia e os Estados Unidos: a intenção de
o governo norte-americano construir um sistema de defesa antimísseis na Polônia
apoiado por um sistema de radares na República Tcheca. Apesar de os Estados
Unidos sustentarem que o sistema estaria voltado ao bloqueio de uma suposta
ameaça dos mísseis do Irã ao continente europeu, a Rússia via o projeto como
uma ameaça à sua segurança e como uma forma de neutralizar seu poder de fogo.
Depois de advertências russas e negociações com o governo de Barack Obama, os
Estados Unidos proclamaram, em 2009, a desistência do escudo antimísseis e a reformulação
dos planos de defesa para o país.
3.5- A supremacia norte-americana
Os
Estados Unidos são responsáveis por cerca de 25% de toda a produção de bens e
geração de serviços no mundo, ou seja, um quinto do PIB mundial (15,09 trilhões
de dólares em 2011), índice superior à soma do PIB dos outros três países mais
ricos do mundo (Japão, China e Alemanha).
Em
2012, 5 das 10 maiores empresas do mundo em valor de mercado eram
norte-americanas. Com cerca de apenas 4,5% da população do planeta, os
norte-americanos consomem 18,5% da energia gerada no mundo, considerando todas
as fontes energéticas. Eles respondem também por cerca de 13% das importações
mundiais.
Vários
países, inclusive alguns desenvolvidos, dependem dos Estados Unidos, em termos
de comércio exterior. O Japão, por exemplo, a terceira maior economia do mundo
(PIB de aproximadamente 5,6 trilhões de dólares, em 2011), realiza cerca de 15%
das suas exportações para o mercado norte-americano.
Os
Estados Unidos exercem a supremacia econômica, apesar de contrabalançada por
centros econômicos como a União Europeia, o Japão, os Brics e outros. A
preponderância norte-americana é muito maior quando se considera também o
aspecto político-militar. O país atingiu posição privilegiada em termos de
capacidade bélica, graças ao desenvolvimento da tecnologia militar.
Destaca-se
pelo uso de satélites artificiais e radares, poderosa frota de porta-aviões
(cada qual com poderio superior ao da maior parte dos exércitos do planeta),
submarinos nucleares e bem equipada força aérea, que inclui aviões não
detectáveis por radar. O orçamento militar anual dos Estados Unidos é quase a
metade dos gastos militares do mundo.
Essa supremacia é manifestada até mesmo nas
decisões tomadas pela ONU (e pelos países que a integram), que com frequência
age para atender aos interesses norte-americanos, e nas políticas estabelecidas
pelos organismos internacionais, como o FMI e o Banco Mundial.
Apesar da supremacia dos Estados Unidos, não se
pode considerar o desenvolvimento norte-americano - ou seja, o modo de vida de
sua população e a maneira como atingiram tão amplo poder político internacional
- um modelo a ser seguido. Os Estados Unidos gastam sozinhos aproximadamente
25% de tudo o que o mundo consome, boa parte sem envolver processos de
reciclagem, reutilização ou reaproveitamento, o que gera grande quantidade de
lixo e poluentes.
A história da política externa norte-americana
tampouco é uma referência positiva. É marcada por invasões, guerras e deposição
de governos em diversos países. Essa liderança geopolítica, que em diversos momentos dispensou a diplomacia, implica
vultosos gastos em pesquisa, produção de armamentos e manutenção de forças
militares.
3.5.1- A política externa norte-americana
e a geopolítica mundial
Do ponto de vista
geopolítico, a ordem mundial inaugurada após a Guerra Fria passou a ser
comandada pelos interesses dos Estados Unidos, respaldados por sua
incontestável supremacia militar. O país iniciou o século XXI como
superpotência absoluta. A forma como a hegemonia foi implementada foi
denominada pax americana (é um termo
latino referindo-se a hegemonia norte-americana no mundo. Também indica o
período de relativa paz entre as potências ocidentais e outras grandes
potências do fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, coincidindo com a atual
dominação econômica e militar dos Estados Unidos da América, em estreita
colaboração com a ONU.), em alusão a Pax Romana, adotada pelo imperador de Roma, Otávio Augusto, de 29 a.C.
a 180 d.C. A partir de então, a política externa norte americana foi marcada
pelo unilateralismo. Os Estados Unidos tomaram medidas que, independentemente
das posições e necessidades de outros países, visam atender a seus interesses e
manter sua supremacia, como, por exemplo:
• recusaram-se a
ratificar o Protocolo de Kyoto, por considerar que ele restringiria seu
desenvolvimento econômico;
• retiraram-se da
conferência mundial contra a discriminação e o racismo, realizada na África do
Sul, em 2001;
• não assinaram os
termos para a criação do Tribunal Penal Internacional;
• aumentaram o
protecionismo comercial de alguns produtos agrícolas e industriais,
prejudicando as exportações de vários países, inclusive do Brasil;
• lançaram uma
ofensiva militar contra o Iraque, junto com o Reino Unido, sem a aprovação da
ONU para derrubar o governo de Saddam Hussein.
3.5.2- Ocupações e intervenções no
século XXI
Os
Estados Unidos reagiram ao atentado terrorista de 11 de setembro de 2001
invadindo o Afeganistão. Em outubro daquele ano, atacaram o país com o pretexto
de eliminar terroristas lá instalados, principalmente Osama Bin Laden, líder do
grupo islâmico Al Qaeda, acusado de ter planejado o ataque. Depois de derrubar
o governo afegão, liderado por religiosos islâmicos radicais ligados ao Talibã,
ocuparam o país.
No
entanto, no caso da guerra contra o Iraque, em 2003, não havia nenhuma
evidência de que o país constituísse uma ameaça aos Estados Unidos ou a
qualquer outro país do Oriente Médio. As alegações de que o governo iraquiano
estava ligado à Al Qaeda, financiava
grupos terroristas e tinha em seu arsenal militar armas de destruição em massa
foram reconhecidas, posteriormente, como falsas pelo próprio governo
norte-americano.
As
intervenções militares no Afeganistão e no Iraque foram alicerçadas por uma
nova política, que justifica a ação dos Estados Unidos, independentemente da
aprovação da ONU: a doutrina da guerra preventiva. Para muitos analistas, o
ataque de 11 de setembro criou
condições favoráveis e serviu de pretexto para que os Estados Unidos atuassem
no mundo de acordo com seus próprios interesses econômicos, impondo sua
presença e domínio a regiões estratégicas do planeta.
Além
das ofensivas militares no Afeganistão e no Iraque, outras reações do governo
dos Estados Unidos aos atentados terroristas provocaram mudanças internas e
externas. Por exemplo:
• a
definição do chamado "eixo do mal", composto por Coreia do Norte, Irã
e Iraque, países que, na visão norte-americana, apoiavam o terrorismo
internacional;
• o
estabelecimento da Doutrina Bush;
• a
aprovação de leis de restrição aos direitos civis, como a permissão para
"grampear" telefones e prender estrangeiros suspeitos por tempo
indeterminado.
Na
tentativa de evitar ataques semelhantes, alguns países da Europa Ocidental
também passaram a controlar com maior rigor o fluxo de imigrantes. Além disso,
tornaram-se mais comuns ações que violam os direitos civis individuais, como o
uso de câmeras, o rastreamento de mensagens eletrônicas, a escuta de ligações
telefônicas etc.
O
governo de Barack Obama, que assumiu o poder em 2009, anunciou o fim da
Doutrina Bush e a adoção de medidas baseadas no princípio universal dos
direitos humanos e legitimadas pelo direito internacional. Após duas décadas de
unilateralismo - desde o final da Guerra Fria - os Estados Unidos terminaram a
primeira década do século XXI com dois grandes desafios: solucionar uma crise
econômica cuja dimensão só não era maior que a ocorrida em 1929 e resgatar
parte do prestígio no cenário internacional, profundamente abalado,
principalmente pela adoção de uma política avessa a soluções
diplomáticas.
Apesar
de sinalizar mudanças em relação ao governo anterior, Barack Obama manteve
algumas políticas na agenda internacional norte-americana. São exemplos a
manutenção da guerra contra o terrorismo, a ampliação da presença militar no
Afeganistão e a permanência de tropas no Iraque pelo menos até o final de 2011.
O combate ao terrorismo não é uma estratégia
exclusiva dos Estados Unidos. Aprovada pelo Conselho de Segurança e pela
Assembleia Geral da ONU, foi acatada pela maioria dos Estados e validada pelo
governo Obama. O que se questiona são os instrumentos utilizados para a
implementação dessa estratégia, e que servem como pretexto para atender a
interesses econômicos e ações de ocupação territorial dos Estados Unidos.
Além
disso, a prioridade na luta contra o terrorismo, internacionalmente
validada, merece uma reflexão. Nesse tipo de combate não ocorre o enfrentamento
direto, pois o terrorismo não é visível, não tem endereço e possui ramificações
internacionais. Esse combate
não mantém compromisso com as leis internacionais nem com qualquer convenção de
guerra. Portanto, privilegiar esse tipo de combate e perseguir prováveis
inimigos significa colocar o mundo em estado de guerra permanente. No primeiro
ano de mandato, o governo Obama determinou o fechamento de prisões que os
Estados Unidos mantêm em suas bases militares no exterior - entre elas a de
Guantánamo, em Cuba - e proibiu o uso de tortura em interrogatórios, prática
comprovada durante o governo Bush.
A
nova política externa norte-americana aponta para o declínio do unilateralismo.
Indica que o país irá reforçar seu poder de influência ideológica e cultural
combinando soluções diplomáticas e ações militares, quando estas forem
necessárias; e irá exercer pressão através de medidas de sanção e embargo
econômicos.
Continuará
mantendo a sua hegemonia, embora não absoluta, que só será legítima com o apoio
de outras potências.
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