1-
Introdução: Qual a finalidade do estudo geográfico no contexto atual da
sociedade?
ESTUDAR GEOGRAFIA é a forma de compreendermos o
mundo em que vivemos. Por meio desse estudo, podemos entender melhor tanto o
local em que moramos - seja uma cidade, seja uma área rural - quanto o nosso
país, assim como os demais países da superfície terrestre. O campo de
preocupação da geografia é o espaço da sociedade humana, onde os homens e as
mulheres vivem e, ao mesmo tempo produzem modificações que o (re) constroem permanentemente.
Indústria, cidades, agricultura, rios, solos; climas, populações: todos esses
elementos - além de outros constituem o espaço geográfico, isto é, o meio ou a
realidade material onde a humanidade vive e do qual ela própria é parte integrante.
Tudo nesse espaço depende do ser
humano e da natureza. Esta última é a fonte primeira de todo o mundo real. A
água, a madeira, o petróleo, o ferro, o cimento e todas as outras coisas que
existem nada mais são que aspectos da natureza. Mas o ser humano reelabora
esses elementos naturais ao fabricar os plásticos a partir do petróleo, ao
represar rios e construir usinas hidrelétricas, ao aterrar pântanos e edificar
cidades, ao inventar velozes aviões para encurtar as distâncias. Assim, o
espaço geográfico não é apenas o local de moradia da sociedade humana. mas
principalmente uma realidade que é a cada momento (re) construída pela
atividade do ser humano.
As modificações que a sociedade
humana produz em seu espaço são hoje mais intensas que no passado. Tudo o que
nos rodeia se transforma rapidamente. Com a interligação entre todas as partes
do globo, com o desenvolvimento dos transportes e das comunicações, passa a
existir um mundo cada vez mais unitário. Pode-se dizer que, em nosso planeta,
há uma única sociedade humana, embora seja, uma sociedade plena de
desigualdades e diversidades. Os "mundos" ou sociedades isoladas, que
viviam sem manter relações como restante da humanidade cedeu lugar ao espaço
global da sociedade moderna.
Na atualidade, não existe nenhum
país que não dependa dos demais, seja para o suprimento de parte das suas
necessidades materiais, seja, pela internacionalização da tecnologia, da arte,
dos valores, da cultura afinal. Uma guerra civil, forte geadas com perdas
agrícolas, a construção de um novo tipo de computador, a descoberta de enormes
jazidas petrolíferas, enfim, um acontecimento importante que ocorra numa parte
qualquer da superfície terrestre provoca repercussões em todo o conjunto do
globo. Muito do que acontece em áreas distantes acaba nos afetando de uma forma
ou de outra, mesmo que não tenhamos consciência disso. Não vivemos mais em
aldeias relativamente independentes, como nossos antepassados longínquos, mas
num mundo interdependente e no qual as transformações se sucedem numa
velocidade acelerada.
Para nos posicionarmos
inteligentemente em relação a este mundo temos de conhecê-lo bem. Para nele
vivemos de forma consciente e crítica, devemos estudar os seus fundamentos,
desvendar os seus mecanismos. Ser cidadão pleno em nossa época significa antes
de tudo estar integrado criticamente na sociedade participando ativamente de
suas transformações. Para isso, devemos refletir sobre o nosso mundo,
compreendendo-o do âmbito local até os âmbitos nacional e planetário. E A
GEOGRAFIA É UM INSTRUMENTO INDISPENSÁVEL PARA EMPREENDERMOS ESSA REFLEXÃO,
REFLEXÃO QUE DEVE SER A BASE DE NOSSA ATUAÇÃO NO MUNDO. (VESENTINI, J. Willian.
Sociedade e Espaço. Ática. 2000. 3ed. 343p.).
2- Origem da Geografia
Considerada por alguns como uma
das mais antigas disciplinas acadêmicas, a geografia surgiu na Antiga Grécia,
sendo no começo chamada de história natural ou filosofia natural.
A tendência de separar ciências
dos homens e da natureza, de certa forma atrapalhava as pretensões da geografia
de se afirmar como um saber científico. A alternativa para garanti-la como o
status científico, estava na síntese dos fenômenos naturais e humanos dados em
uma determinada região (ou área, como alguns apontavam). Este impasse
metodológico seria então resolvido a partir do momento em que a Geografia
assumisse como seu objetivo o estudo de fenômenos diversos em uma determinada
unidade espacial, que se configurava como ideal para se compreender a
totalidade dos fenômenos, ou ainda, a pluralidade das coisas. Desta forma, a
geografia garantia seu status de “ciência do singular”, e a perspectiva cronológica
tornava-se o método ideal para tal finalidade, pois dava unidade à diversidade
dos fenômenos estudados pela geografia. Assim, a esta ciência caberia o papel
de localizar, definir, descrever e comparar lugares, abarcando fenômenos de
origens distintas. Podemos perceber que a geografia tentou responder
especialmente sobre onde estavam os fenômenos que lhes interessava. Feita esta
primeira constatação, partia-se para o método da observação e descrição, e mais
tarde para a comparação. O fundamento que ordenava esse pensamento foi chamado,
num primeiro momento de corografia.
O termo corografia, que pode ser
entendido como a descrição de regiões ou ainda escrita das regiões, foi
amplamente utilizado entre os séculos XVII e XVIII, tendo em Varenius um dos
principais responsáveis por sua divulgação. Ao usar este termo, Varenius
pretendia reforçar, sobretudo, a característica de delimitar e descrever
regiões individuais da Terra. Claramente não há também uma distinção entre o
uso da palavra região ou área. O termo chòros, de origem grega, é usado por
estes geógrafos como sinônimo de área, lugar, região, ou seja, uma unidade
espacial qualquer. Assim, podemos notar que aquilo que interessava para eles
era a descrição, o estudo, a análise de partes da superfície terrestre, que
eles denominavam de diferentes formas.
O positivismo é uma linha teórica
da sociologia, criada pelo francês Auguste Comte (1798-1857), que começou a
atribuir fatores humanos nas explicações dos diversos assuntos, contrariando o
primado da razão, da teologia e da metafísica. Para Comte, o método positivista
consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação.
Geografia é o estudo da superfície
da Terra. Sua denominação procede dos vocábulos gregos geo ("Terra")
e graphein ("escrever"). A superfície terrestre, que compreende a
atmosfera, a litosfera, a hidrosfera e a biosfera, é o habitat, ou meio
ambiente, em que podem viver os seres humanos.
A área habitável da superfície
terrestre apresenta várias características, das quais uma das mais importantes
é a complexa interação dos elementos físicos, biológicos e humanos, como
relevo, clima, água, solo, vegetação, agricultura e urbanização. Outra característica
é a grande variabilidade do ambiente de um lugar para outro, dos trópicos às
frias regiões polares, de áridos desertos a úmidas florestas equatoriais, de
vastas planícies a montanhas escarpadas, de superfícies geladas e desabitadas a
metrópoles densamente povoadas. Outra característica ainda é a regularidade com
que se registram determinados fenômenos, como os climáticos, o que permite
generalizações sobre sua distribuição espacial. Os exemplos mais óbvios são as
medidas de temperatura e precipitação, principais elementos climáticos para a
agropecuária e outras atividades humanas. A geografia se preocupa
particularmente com a localização espacial (especialmente a relação entre a
sociedade e a terra, da mesma forma que a ecologia e afinidades), com a
regionalização e com a distribuição das áreas. Pesquisa a respeito dos lugares
onde as pessoas vivem, sobre a superfície da Terra e os fatores (ambientais,
culturais, econômicos recursos naturais) que influem nessa distribuição. Tenta
responder a questão e a possibilidade de reconhecer uma região sobre a qual
vive uma população, meio de vida, cultura e relações que ocorrem entre os
diferentes lugares.
3- Principais Geógrafos
Bernhardus Varenius: Uma importante figura da retomada dos estudos de geografia,
cuja Geographia generalis (1650; Geografia geral) foi várias vezes revisada e
permaneceu como principal obra de referência durante um século ou mais. Também
era de Flandres o cartógrafo mais importante do século XVI, Gerardus Mercator
(Gerard de Cremer), que criou um novo sistema de projeções, aprimorando os que
usavam longitudes e latitudes.
James Cook: James Cook fixou novos padrões de precisão e técnica em
navegação. Realizou viagens com fins científicos e, na segunda delas, a mais
famosa, de 1772 a 1775, circunavegou o globo. Na França surgiu a primeira
pesquisa topográfica detalhada de um grande país, levada a cabo entre os
séculos XVII e XVIII por quatro gerações de astrônomos e pesquisadores da
família Cassini. Em seu trabalho se baseou o Atlas nacional da França,
publicado em 1791.
Alexander Von Humboldt: Como muitos que o
antecederam, se propôs conhecer outras partes do mundo, mas acabou se
distinguindo pela cuidadosa preparação que antecedia suas viagens, pelo alcance
e precisão de suas observações. São de especial interesse seus estudos sobre os
Andes (feitos durante uma viagem às Américas Central e do Sul, entre 1799 e
1804), em que pela primeira vez se fez uma descrição sistemática e
inter-relacionada da altitude, temperatura, vegetação e agricultura em
montanhas situadas em regiões de baixa latitude. Surgimento da geografia
moderna. Humboldt lançou as bases da geografia moderna, com ênfase na
observação direta e nas medições acuradas como base para leis gerais.
Immanuel Kant: Definiu satisfatoriamente o lugar da geografia entre as
diferentes disciplinas: afirmou que a geografia lida com os fenômenos
associados no espaço da mesma forma que a história lida com os fatos que
ocorrem durante uma mesma época. Foi Kant que primeiro utilizou o termo
"Geografia Física" e que relacionou a Geografia ao espaço e a
Historia ao tempo. Tanto Kant quanto Humboldt lecionou geografia física e foram
contemporâneos de Carl Ritter, que ocupou a primeira cadeira de geografia
criada numa universidade moderna.
Ferdinand Paul Wilhelm, Barão de Richthofen, escreveu um
monumental estudo de cinco volumes sobre a geografia chinesa e influenciou o
desenvolvimento da metodologia geográfica na Alemanha e em outros países.
Friedrich Ratzel: Escreveu trabalhos pioneiros em geografia humana e
política. Criador da antropogeografia, o geógrafo e etnógrafo alemão é autor do
ensaio tido como ponto de partida da geopolítica, no qual introduziu o conceito
de espaço vital. Posteriormente, essa noção foi distorcida pelo nazismo para
justificar suas pretensões expansionistas. Apesar de admirar as concepções
evolucionistas de Darwin e Haeckel, Ratzel criticou-as pelo mecanicismo. Expôs,
em suas obras Anthropogeographie (1882-1891; Antropogeografia) e Politische
Geographie (1897; Geografia política), os princípios de seu pensamento. Na
primeira, desenvolveu a tese de uma relação causal entre as características do
meio-ambiente natural e as realizações humanas. Na segunda, estabeleceu uma
analogia biológica entre os mecanismos de contração e expansão dos países, ou
seja, a tendência dos povos a limitarem ou ampliarem fronteiras segundo as
necessidades de espaço vital (Lebensraum). Esse conceito, na interpretação do
cientista político sueco Rudolf Kiellén, foi usado como justificativa para o
expansionismo nazista do III Reich.
Paul Vidal de La Blache: Foi um dos principais responsáveis pelo surgimento da
geografia moderna na França. Deve-se a ele a definição do campo da geografia
regional, com ênfase no estudo de áreas pequenas e relativamente homogêneas.
Foi o primeiro professor de geografia da Sorbonne e planejou uma obra
monumental, que cobria a geografia regional em todo o mundo, mas não viveu o
bastante para concluí-la. Géographie universelle (1927-1948) foi completada por
seu aluno Lucien Gallois e é uma das mais bem-sucedidas publicações sobre o
tema.
4- Desmistificando os paradigmas da Geografia
“A geografia é um saber, um saber
difícil porque integrador do vertical e do horizontal, do natural e do social,
do aleatório e do voluntário, do atual e do histórico e sobre a única interface
da qual dispõe a humanidade” (P. e G. Pinchemel, in Trystram, 1994, p. 473).
5- Divisão da Geografia (Para efeito didático)
Costuma-se
dividir a Geografia, pelo menos para efeito didático, em dois grandes ramos, a
Geografia Sistemática ou Geral e a Geografia Regional. Muitos admitem que esta
divisão é o resultado apenas da escala adotada, de vez que o geral se refere a
grandes áreas - os continentes ou países de grande extensão - e o regional a pequenas
áreas - as regiões. A Geografia Sistemática costuma ser dividida em dois
grandes ramos, a Física e a Humana. A primeira estuda e analisa a ação dos
fatores físicos e a segunda analisa e interpreta a ação dos fatores humanos. A
Geografia Humana vem recebendo denominações diversas, conforme as escolas
geográficas. Devemos
ainda levar em consideração que a Geografia não é um departamento isolado do
conhecimento científico; ela está integrada a outros ramos do conhecimento,
tendo, naturalmente, uma área de fronteira com as outras ciências. Daí a
existência de uma série de disciplinas intermediárias entre a Geografia e as
outras ciências, tanto naturais como humanas. Apenas para exemplificar, podemos
apontar os ramos que seguem:
a) A Geomorfologia, ciência que estuda as
formas de relevo, preocupada em explicar a gênese da mesma como ramo
intermediário entre a Geografia e a Geologia; a Geofísica estuda a física do globo; a Geoquímica estuda a química do globo terrestre; a Geo-história estuda a influência dos
fatores geográficos na sucessão dos acontecimentos históricos; a Geopolítica, campo intermediário entre
a Geografia, a Ciência Política e o Direito Internacional, tenta explicar a
importância estratégica de certas áreas da superfície da Terra e a evolução das
fronteiras entre os países, assim como das áreas de influência das grandes
nações; a Geografia Econômica, campo
intermediário entre a Geografia e a Ciência Econômica, procura explicar a
expansão da influência dos grandes grupos econômicos e dos países a ele
ligados, pela superfície da Terra. Assim, à proporção que se desenvolve que se
amplia o conhecimento geográfico, certos capítulos, antes poucos estudados e
poucos expressivos, ganham importância e se transformam em novas áreas de
estudo ou novos capítulos do grande ramo da Geografia, enquanto outros,
marginais entre a Geografia e as ciências afins, dão origem a novos ramos do
conhecimento científico.
Divisão da Geografia
A geografia pode ser
dividida em dois ramos fundamentais:
A
Geografia geral, que estuda os elementos humanos e físicos da Terra de maneira
individual e a Geografia Regional, que estuda as regiões da Terra com o
objetivo de entender ou definir suas particularidades.
No
campo de estudo da Geografia Geral inclui-se a Geografia Física e a Geografia
Humana.
A
Geografia Física estuda as características naturais existentes na superfície
terrestre. Suas principais categorias são:
Geomorfologia
– estuda as formas da superfície da Terra.
Hidrografia
– estuda as águas do Planeta.
Climatologia
– estuda os climas.
Glaciologia
– estuda as geleiras.
Biogeografia
– estuda a distribuição dos seres vivos no espaço.
Geografia
astronômica – estuda a superfície dos planetas.
A
Geografia Humana estuda e descreve a interação entre a sociedade e o espaço. Suas
principais categorias são:
Geografia
econômica – estuda as atividades econômicas.
Geografia
Social – estuda os fatos sociais e sua manifestação espacial.
Demografia
– estuda a dinâmica populacional humana.
Geografia
Política – estuda a interação política e territorial.
Geografia
Cultural – estuda a distribuição das manifestações culturais.
Áreas
Suportes da Geografia:
Cartografia
Geologia
Pedologia
Oceanografia
Meteorologia
Antropologia
Sociologia
Filosofia
Estatística
6- A Ciência Geográfica e seus princípios
Durante muito tempo
dominou a ideia de que a Geografia era uma ciência que visava apenas dar aos
estudantes um pouco de cultura geral, sem interesses pragmáticos. Quando se
começou a utilizar o conhecimento geográfico de forma sistemática no planejamento
e a se falar em geografia aplicada, houve cientistas que reagiram, achando que
esta não era a função da Geografia. Esta ideia, porém, é falsa, de vez que a
Geografia vem sendo utilizada, desde os primeiros tempos, com fins pragmáticos.
Assim, ela foi utilizada pelos países europeus em sua expansão colonial, quando
procuravam conhecer as várias regiões que desejavam conquistar para avaliar a
rentabilidade das mesmas. E esta função, entregue no início do desenvolvimento
da expansão capitalista (Séculos XVI, XVII e XVIII) a cronistas isolados (leia
as obras dos cronistas do período colonial a respeito do Brasil e de suas
possibilidades econômicas), foi transferida, no Século XIX, para as sociedades
de geografia que financiavam e promoviam expedições de exploradores às regiões
pouco conhecidas. Hoje ela é controlada pelo Estado, através dos serviços de
informação. A Geografia tem sido utilizada ainda para organizar a exploração do
espaço e contribuir para obras de transformação do meio natural, tornando-o
mais acessível à exploração agrícola ou mineral, bem como para orientar os
problemas estratégicos e as formas de conduzir a guerra. Vários problemas
espaciais, como o de fronteiras políticas, de delimitação de áreas de
influência econômica dos centros polarizadores ou de distribuição pelo espaço
geográfico, de povos e nações, têm sido objeto de estudo e de participação de
geógrafos. Mais modernamente, eles têm dado a sua colaboração também nos
estudos e planejamentos dos órgãos estatais e das grandes empresas
transnacionais. As Forças Armadas dos mais diversos países têm sempre um
serviço geográfico, com preocupações ligadas, sobretudo à Cartografia, a
informações, à geopolítica é à geoestratégia.
7- Princípios
Desde a segunda
metade do século passado até os primeiros anos do Século XX, consolidou-se a
ideia de que o método geográfico e baseava nos cinco princípios enunciados por
eminentes mestres alemães, como Alexandre Humboldt, Karl Ritter, Frederico Ratzel
- os fundadores da geografia científica - e pelo não menos ilustre geógrafo
Jean Brunhes. Assim, em um trabalho de pesquisa geográfica devia o estudioso
aplicar, sucessivamente, os seguintes princípios:
a) Princípio da extensão:
enunciado por Frederico Ratzel, segundo o qual o geógrafo, ao estudar um dos
fatores geográficos ou uma área, deveria, inicialmente, procurar localiza-la e
estabelecer os seus limites, usando os mapas disponíveis e o conhecimento
direto da área;
b) Princípio da analogia ou da geografia geral: enunciado por Karl
Ritter, segundo o qual, delimitado e observado uma área em estudo, deveria ser
a mesma comparada com o que se observa em outras áreas, estabelecendo as
semelhanças e as diferenças existentes;
c) Princípio da causalidade: enunciado por
Alexandre Humboldt, segundo o qual, observado os fatos, se deverão procurar as
causas que o determinaram, estabelecendo relações de causa e efeito;
d) Princípio da conexidade ou interação: enunciado por Jean
Brunhes, onde ele chamava a atenção para o fato de que os fatores físicos e
humanos, ao elaborarem as paisagens, não agiram separados e independentemente,
havendo uma interpenetração na ação dos vários fatores físicos entre si, e
ainda dos dois grandes grupos de fatores. Na elaboração das paisagens, nenhum
dos fatores físicos ou humanos age isoladamente; a ação é sempre feita de forma
integrada com outros fatores;
e) Princípio da atividade: também enunciado por
Jean Brunhes, no qual o mestre francês assinala o caráter dinâmico do fato
geográfico, de vez que o espaço está em perpétua reorganização, em constante
transformação, graças à ação ininterrupta dos vários fatores.
8- Termos que permitem uma concepção de mundo que engloba
as transformações e a dinâmica da sociedade
Primeira Natureza: A primeira
natureza é a natureza que não passou pela transformação do homem. Atualmente já
não temos mais a primeira natureza, na verdade não há lugar algum no mundo,
hoje, que não tenha passado pelas transformações das mãos do homem.
Segunda Natureza: A segunda natureza é essa natureza que conhecemos hoje, é a
natureza que se transformou com as mãos do homem.
Espaço Geográfico: O Espaço geográfico é o palco das realizações humanas, no
entanto, abriga todas as partes do planeta possíveis de serem analisadas,
catalogadas e classificadas pelas inúmeras especialidades da ciência
geográfica. Que se refere a muitos espaços, como por exemplo, todo o espaço físico,
ruas, casas, etc. O espaço geográfico foi criado para calcular longitudes e
latitudes da terra. Em geral, o espaço geográfico é o espaço ocupado e organizado
pelas sociedades humanas. Ele é poligênico - sendo que para seu entendimento é
necessário o estudo de todo o processo histórico de sua formação. Espaço
geográfico é o espaço concreto ou físico inserido na interface
"litosfera-hidrosfera-atmosfera". É o espaço de todos os seres vivos,
não só o espaço do homem. O espaço geográfico foi formado a 4,5 bilhões de anos
quando a Terra foi formada. De lá para cá houve mudanças profundas na sua
estrutura, composição química e na paisagem geográfica. Oceanos apareceram,
oxigênio ficou abundante, devido o papel das algas e plantas superiores. Quando
o homem surgiu na Terra ele já estava formado. Com o tempo a humanidade começou
a modifica-lo através da tecnologia.
Paisagem: A paisagem é
considerada, pela maioria das correntes do pensamento geográfico, um
conceito-chave da Geografia. O termo paisagem é polissêmico, ou seja, pode ser
utilizado de diferentes maneiras e por várias ciências. Essa categoria
geográfica consiste em tudo aquilo que é perceptível através de nossos sentidos
(visão, olfato, tato e audição), no entanto, a análise da paisagem é mais
eficaz através da visão. Nesse sentido, a Geografia moderna, que priorizava os
estudos dos lugares e das regiões, utilizou-se da fisionomia dos lugares para
atingir êxito em suas abordagens geográficas, observando as transformações no
espaço geográfico em decorrência das atividades humanas na natureza. A paisagem
é formada por diferentes elementos que podem ser de domínio natural, humano,
social, cultural ou econômico e que se articulam uns com os outros. A paisagem
está em constante processo de modificação, sendo adaptada conforme as
atividades humanas. Para Oliver Dolfuss, geógrafo francês, as paisagens são
fruto da ação humana no espaço e as classifica em três grandes famílias, em
função das modalidades da intervenção humana:
- Paisagem natural: não foi submetida à
ação do homem.
- Paisagem
modificada:
é fruto da ação das coletividades de caçadores e de coletores que, mesmo não
exercendo atividades pastoris ou agrícolas, em seus constantes deslocamentos,
pode modificar a paisagem de modo irreversível, através do fogo, derrubadas de
árvores etc.
- Paisagens
organizadas:
são aquelas que representam o resultado de uma ação consciente, combinada e
contínua sobre o meio natural, como, por exemplo, as cidades, praças etc.
A paisagem é um dos
objetos de análise da Geografia, sendo constituída através das relações do
homem com o espaço natural. Sua observação é muito importante, pois retrata as
relações sociais estabelecidas em um determinado local, onde cada observador
seleciona as imagens que achar mais relevante, portanto, diferentes pessoas
enxergam diferentes paisagens.
Lugar: Lugar é uma parte do espaço geográfico onde
vivemos e interagimos com uma paisagem. Mas o conceito de lugar recebe várias
definições na geografia, a depender da tendência de pensamento geográfico
considerada. A geografia humanista foi a primeira vertente da geografia a fazer
uso da palavra lugar como um conceito científico. De fato, esse foi um dos conceitos
fundamentais para os propósitos dessa corrente, interessada em pesquisar as
relações subjetivas do homem com o espaço e o ambiente. Os geógrafos humanistas
destacam a importância de estudar o cotidiano como forma de compreender os
valores e atitudes que as pessoas comuns elaboram a respeito do espaço e do
ambiente em que vivem. O conceito de lugar é apropriado para esse tipo de
pesquisa por dizer respeito aos espaços vivenciados pelas pessoas em suas
atividades cotidianas de trabalho, lazer, estudo, convivência familiar, etc.
Por esse motivo, a geografia existe. Ele tem, portanto, o mesmo conteúdo que os
fenomenologistas atribuem ao conceito de mundo, isto é, o conjunto das
vivências individuais e subjetivas dos sujeitos; “aquilo que em primeiro lugar
aparece à consciência”.
Território:
O território é considerado pela maioria das
correntes do pensamento geográfico, um conceito-chave da Geografia. Contudo,
sua análise não é exclusiva da Geografia, sendo, portanto, abordado por outras
ciências, o que o torna um termo polissêmico. Na análise do território, os
aspectos geológicos, geomorfológicos, hidrográficos e recursos naturais, por
exemplo, ficam em segundo plano, visto que sua abordagem privilegia as relações
de poder estabelecidas no espaço. A concepção mais comum de território (na
ciência geográfica) é a de uma divisão administrativa. Através de relações de
poder, são criadas fronteiras entre países, regiões, estados, municípios,
bairros e até mesmo áreas de influência de um determinado grupo. Para Friedrich
Ratzel, o território representa uma porção do espaço terrestre identificada
pela posse, sendo uma área de domínio de uma comunidade ou Estado. Nesse
sentido, o conceito de território abrange mais que o Estado-Nação. Qualquer
espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder se caracteriza
como território. O território não se restringe somente às fronteiras entre
diferentes países, sendo caracterizado pela ideia de posse, domínio e poder,
correspondendo ao espaço geográfico socializado, apropriado para os seus
habitantes, independentemente da extensão territorial.
Tempo histórico e Tempo geológico: Considera-se tempo geológico aquele transcorrido
através de fenômenos naturais desde a formação da Terra até os dias de hoje, o
tempo histórico se inicia com o surgimento dos primeiros ancestrais do ser
humano e é muito curto em comparação com o tempo geológico.
O tempo geológico tem início com a
formação da Terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Durante esse tempo muitas
mudanças ocorreram no nosso planeta, continentes se formaram, surgiram e
desapareceram oceanos, o clima se modificou, surgiram e desapareceram várias
espécies de animais, etc. As mudanças no decorrer do tempo geológico
normalmente não são perceptíveis para algumas gerações de seres humanos,
sabemos delas através de evidências científicas. Dentro desse tempo, também
temos ocorrências relativamente recentes como o surgimento das grandes
montanhas (Andes, Himalaia, Alpes, etc.) e a extinção dos dinossauros. Outros
eventos são antigos, como a formação das primeiras rochas e o surgimento dos
oceanos.
O tempo histórico se inicia por volta de dois milhões de anos quando
apareceram os primeiros ancestrais do ser humano. É o tempo no qual os seres
humanos, podemos dizer assim, deixou marcas. Ele é muito recente se comparado
ao tempo geológico, o ser humano não assistiu grandes alterações no planeta
Terra, do ponto de vista geológico. Pois quando ele surgiu à configuração
geológica do planeta era praticamente a mesma.
Estado: refere-se ao conjunto de instituições que regulam e de apoio que
têm soberania ao longo de um território definido e população. É um país
politicamente organizado, sendo composto pelo território, governo e povo.
Nação: denota um povo que acredita-se que a partilha ou considerados
aduaneira comum, origens e história. No entanto, os adjetivos nacional e
internacional também se referem a questões relacionadas ao que é estritamente Estado,
como na capital nacional, o direito internacional.
Povo: Do ponto de vista do Direito Constitucional moderno (a partir do
século XVIII), o povo é o conjunto dos cidadãos de um país, ou seja, as pessoas
que estão vinculadas a um determinado regime jurídico, a um estado. Um povo
está normalmente associado a uma nação e pode ser constituído por diferentes
etnias. Na linguagem vulgar, a palavra povo pode referir-se à população de uma
cidade ou região, a uma comunidade ou a uma família; também é utilizada para
designar uma povoação, geralmente pequena.
Pátria: é o país ou estado em que a pessoa nasceu (terra natal) e que faz
parte como cidadão.
Soberania: Relaciona-se à autoridade suprema, geralmente
no âmbito do país. É o direito exclusivo de uma autoridade suprema sobre um
grupo de pessoas — geralmente uma nação.
Fronteiras: é o limite entre duas partes distintas, por
exemplo, dois países, dois estados, dois municípios. As fronteiras representam
muito mais do que uma mera divisão e unificação dos pontos diversos. Elas
determinam também a área territorial precisa de um Estado, a sua base física.
As fronteiras podem ser naturais
a, geométricas ou arbitrárias; sendo delimitações territoriais e políticas que,
através da proteção que garante aos seus estados, representa a autonomia e a
soberania desses perante os outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário