Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

GUERRA FRIA

INÍCIO DA GUERRA FRIA
Até então, porém, o confronto direto entre os aliados não havia se estabelecido. Isso aconteceria em 1947, com o surgimento da Doutrina Truman e do Plano Marshall, que colocariam em foco, no cenário mundial, apenas os atores americano e soviético.
É bom lembrar que a França tinha ficado profundamente abalada como a ocupação que sofrera por parte dos nazistas durante a guerra. Já o governo inglês estava muito mais preocupado em realizar reformas internas de caráter social e reconstruir a economia arrasada com a guerra do que controlar os rumos da política mundial.
A doutrina formulada pelo presidente norte americano Harry Truman traduziu-se pela política de contenção. Segundo essa orientação, a União Soviética era um grande inimigo que deveria ser combatido pela vigilância e pela força, se fosse necessário. Os soviéticos representavam a ditadura e a opressão, ao contrário dos americanos, que personificavam a democracia. Assim, caberia a Washington a defesa da liberdade mundial, pelo menos mundo ocidental.
O resultado direto e mais imediato da contenção foi a elaboração do Plano Marshall, destinado a dar apoio financeiro à reconstrução da Europa. Afinal, falidos, os Estados europeus não poderiam ser nenhum modelo de capitalismo. Além disso, a ajuda econômica consolidaria, de forma definitiva, a influência americana em território europeu.
Em princípio, o plano abrangia todo o continente, incluindo a própria União Soviética, mas o governo soviético, prevendo as conseqüências econômicas e geopolíticas da "ajuda" americana, retirou-se da programação.
AS FASES DA GUERRA FRIA
Desde o início da guerra fria houve várias fases de confronto entre as duas superpotências. Em geral, porém, podemos resumi-las em dois períodos: de 1948 a 1953 e de 1953 a 1989.
1498-1953 Constituiu a fase de maior tensão, marcada basicamente pelos seguintes episódios:
• Divisão da Alemanha (1949) em República Democrática Alemã (Alemanha Oriental), pró União Soviética, e República Federal da Alemanha (Alemanha Ocidental), pró-Estados Unidos. • Revolução Chinesa (1949), comandada por Mao Tse-tung, e adesão da China ao bloco soviético. • Divisão da Coréia entre as duas superpotências, em 1945 (o Norte pró-União Soviética e o Sul pró-Estados Unidos), que acabou levando a uma guerra nesse país entre 1950 e 1953. Diante da intenção das tropas do Norte de unificar a Coréia sob um regime socialista, os Estados Unidos participaram diretamente do conflito armado, ao lado das tropas do Sul em defesa do sistema capitalista.
1953-1989. Fase de coexistência pacífica que teve início com o acordo entre as duas superpotências para, com a intervenção da Organização das Nações Unidas (ONU), colocar fim à Guerra da Coréia. O confronto militar não teve vencedor, e a disputa política terminou empatada, pois o país foi dividido entre o Norte, socialista, e o Sul, capitalista. A partir de então, as duas superpotências passaram a adotar uma política de entendimento na solução dos conflitos que vez por outra ocorreram. O afrouxamento da tensão, simbolizado pelo empate na Coréia, ficou conhecido como tente (distensão). Esse período foi marcado por algumas características que servem para definir a guerra fria:
Toda a política mundial ficou regida pela bipolaridade, o que não abria espaço, de nenhum dos lados, para o aparecimento de um terceiro centro de poder.
A manutenção feroz da bipolaridade criou uma espécie de cumplicidade entre as duas superpotências, que praticamente "congelaram" as disputas internacionais pelo medo de uma intervenção militar e de uma guerra nuclear mundial.
Como resultado dessa política, a corrida armamentista foi o principal aspecto do período, que subordinou a economia dos dois países ao militarismo.
Ao longo dessa fase os episódios de maior destaque foram: Formação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança político-militar que uniu os países europeus e os Estados Unidos (1949).
Formação do Pacto de Varsóvia, a organização militar do Leste europeu e da União Soviética (1955). Construção do muro de Berlim (1961), que dividiu a cidade em dois lados: o capitalista, a oeste, e o socialista, a leste.
Guerra do Vietnã (1960-1973), durante a qual as tropas americanas combateram os guerrilheiros do Vietnã do Sul e o exército do Vietnã do Norte, empenhados em unificar o país sob o controle do governo socialista de Ho Chi Minh. Os Estados Unidos foram derrotados, e o Vietnã foi unificado sob-regime socialista.
Intervenção militar soviética no Afeganistão (1979-1989), sob a alegação de impedir o acirramento da crise política do país. O objetivo era permitir a existência de um governo pró-soviético, mas o governo não conseguiu, mesmo com a ajuda da União Soviética, vencer a resistência dos guerrilheiros.
FIM DE-UMA ERA
Pela análise dos principais conflitos que opuseram as duas superpotências, pode-se perceber que a política de contenção era praticada por ambos os lados. Essa estratégia, no entanto, começou a apresentar sinais de desgaste.
A IDEOLOGIA DA GUERRA FRIA
O mundo bipolar possuía também uma ideologia, que consistia na supervalorização da oposição entre capitalismo e socialismo ou comunismo. É como se não houvesse outras opções ou vias, mas somente duas - uma simbolizada pelos Estados Unidos e a outra pela União Soviética. Como se o século XX pudesse ser interpretado como um momento de luta ou oposição entre esses dois sistemas sócio-econômicos ou "modos de produção ".
Essa ideologia, felizmente, já se encontra superada. Podemos até encontrá-la ainda, sob diversas roupagens, em inúmeras obras ou setores dogmáticos: mas, ao que tudo indica, essa interpretação simplificadora não faz mais adeptos, pois não tem base de sustentação na realidade empírica.
Do lado dos que defendiam o modo de vida norte-americano ou o capitalismo já não há mais o "inimigo", o "outro lado" a ser combatido. O que surgiu com clareza nos anos 90 é o fato de que a noção de "capitalismo" não explica tudo que esse sistema socioeconômico existe tanto na Suécia como na índia, tanto no Japão como no Brasil, realidades extremamente diferenciadas. Percebe-se que capitalismo não se identifica com o modo de vida norte-americano, que constituiu somente uma via possível dentro desse sistema contraditório e complexo, que muda constantemente.
Se assim a importância das lutas sociais, das culturas ou civilizações, das especificidades nacionais e até regionais. O importante passa a ser o entendimento do processo específico pelo qual o capitalismo se desenvolve numa dada realidade - seja no Japão, seja no Brasil, com todas as suas diferenças - e não somente uma generalização baseada na ideia de "capitalismo".
E do lado dos que defendiam o "modelo soviético"(mesmo que tivessem em Cuba ou na Albânia o seu grande exemplo), já não há mais um "paraíso idílico" a ser apontado como ideal a ser seguido. A economia planificada e o partido político de inspiração leninista (o partido que se pretende único, guardião dos dogmas marxista-leninistas, extremamente centralizado e burocratizado, mas que afirma representar os trabalhadores) fracassaram em todas as partes onde vigoraram. Já não adianta mais dizer que foram "desvio" ou "traições" devidas a um líder - seja Stalin, ou seja, outro qualquer - , pois não se tratou de um fracasso único e localizado e sim geral, repetido em todas as sociedades - e foram inúmeras - em que os ideais do leninismo foram implementados. Tanto na ex-URSS como na China, tanto em Cuba como na Albânia ou na
ex-Iugoslávia, o resultado do socialismo real sempre foi o monopólio do poder por um partido que se burocratiza progressivamente, o asfixiamento da sociedade por um Estado policial que tudo quer controlar e prever.
Nessas condições, há uma redescoberta da complexidade do mundo. A questão das diferentes civilizações e seus modos de organização distintos
Vide a importância do islamismo no Oriente Médio e em particular no mundo árabe, por exemplo, ou o peso do hinduísmo na índia e do confucionismo na China passa a ser novamente valorizada. Os projetos políticos, que muitas vezes redefinem as condições econômicas - como no caso da unificação européia, por exemplo - , também são revalorizados. Enfim, se a pluralidade de caminhos ou opções que existem ou podem ser criados.
O dogmatismo do "caminho único" (seja o socialismo ou o capitalismo) está em baixa e a riqueza cultural da pluralidade e da diversidade ganha espaço nas teorias e explicações do mundo. No lugar da forma de pensar bipolar e maniqueísta (o bem contra o mal), temos agora uma crescente mentalidade pluralista e que admite múltiplos caminhos ou possibilidades. Até é um erro tentar entender a nova ordem a partir da ideia de que "o capitalismo venceu e o socialismo foi derrotado", assim como é ridículo ficar insistindo que "o socialismo vai renascer". Essas duas .formas de pensar são na verdade duas faces de uma única moda, aquela do dogmatismo e da visão bipolar. O que temos que perceber é que a realidade ultrapassou essa opção bipolar e simplificadora, na qual só se concebem duas alternativas para o futuro. O futuro ficou mais rico e mais aberto, indefinido em vários aspectos, com múltiplas possibilidades. a nova ordem mundial implica também uma nova forma de entender a realidade, de pensar a humanidade e seu futuro.

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