1- Organização
Supranacionais
As organizações supranacionais
são organizações econômicas do capitalismo que atuam em vários países do
planeta independentemente do modo de produção que esses países adotam.
2- Algumas Organizações Supranacionais
G-8: A sigla G-8 corresponde ao grupo dos Oito países mais ricos e influentes
do mundo, fazem parte os Estados Unidos, Japão, Alemanha, Canadá, França,
Itália, Reino Unido e Rússia. Antes chamada de G-7, a sigla alterou-se com a
inserção da Rússia, que ingressou no grupo em 1998.
Explicitamente,
a função do G-8 é a de decidir qual ou quais caminhos o mundo deve seguir, pois
esses países possuem economias consolidadas e suas forças políticas exercem
grande influência nas instituições e organizações mundiais, como ONU, FMI, OMC.
A discussão gira em torno do processo de globalização, abertura de mercados,
problemas ambientais, ajudas financeiras
para economias em crise, entre outros.
G-20: (Grupo dos 20) é um grupo constituído por ministros da economia e
presidentes de bancos centrais dos 19 países de economias mais desenvolvidas do
mundo, mais a União Europeia. Criado em 1999, na esteira de várias crises
econômicas da década de 1990, o G20 é uma espécie de fórum de cooperação e
consulta sobre assuntos financeiros internacionais. África do Sul, Alemanha, Arábia
Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados
Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia,
Países membros da União Europeia.
G-5: O G5, ou grupo dos cinco, consiste da união de cinco países em
desenvolvimento que representam todos os outros de mesma categoria. É composto
por: Brasil, México, Índia, África do Sul e China.
G-15: Estabelecido em setembro de 1989, logo após a
conclusão da IX Cúpula dos Países Não-Alinhados, em Belgrado, o Grupo dos
Quinze (G-15), procurou reunir número pequeno e representativo de países que
pudessem vir a apresentar posição única sobre temas da agenda econômica
internacional, da perspectiva do mundo em desenvolvimento. Ademais de sua
contribuição aos debates sobre economia internacional, o G-15 também se plasmou
em um foro para promover a Cooperação Sul-Sul.
Atualmente,
são 17 os membros do G-15: Argentina, Argélia, Brasil, Chile, Egito, Índia,
Indonésia, Irã, Jamaica, Malásia, México, Nigéria, Senegal, Sri Lanka,
Venezuela, Zimbábue e Quênia.
G-30: O Grupo dos Trinta, muitas vezes abreviado para G30, é um organismo
internacional de líderes financeiros e acadêmicos, que visa aprofundar a
compreensão das questões económicas e financeiras e examinar consequências de
decisões tomadas nos setores públicos e privados relacionados com estas
questões. O grupo é composto por trinta membros e inclui os chefes de grandes
bancos privados e bancos centrais, bem como os membros da academia e
instituições internacionais. Possui duas reuniões plenárias por ano e também
organiza seminários, simpósios e grupos de estudo. Baseia-se em Washington, DC
O
Grupo dos Trinta foi fundado em 1978 por Geoffrey de Bell, por iniciativa da
Fundação Rockefeller, que também forneceu o financiamento inicial para o corpo.
Seu primeiro presidente foi Johannes Witteveen, o ex-diretor-gerente do Fundo
Monetário Internacional. Atual presidente do G30 é Jean-Claude Trichet.
G-24: O Grupo dos 24 (G24), um capítulo do G-77, foi
criada em 1971 para coordenar as posições dos países em desenvolvimento sobre
questões de financiamento monetário e de desenvolvimento internacionais e para
assegurar que os seus interesses foram adequadamente representados nas negociações
sobre questões monetárias internacionais.
Os
países-membros por região
Região I (África): Argélia, Costa do Marfim, Egito, Etiópia, Gabão,
Gana, Nigéria, África do Sul e da República Democrática do Congo.
Região II (América Latina e Caribe): Argentina, Brasil, Colômbia, Guatemala, México,
Peru, Trinidad e Tobago e Venezuela.
Região III (Ásia): Índia, Irã, Líbano, Paquistão, Filipinas, Sri
Lanka e Síria.
G-77: O Grupo dos 77 na Organização das Nações Unidas é
uma coalizão de nações em desenvolvimento, destinada a promover coletivas de
seus membros econômicos interesses e criar uma capacidade de negociação
conjunta reforçada nas Nações Unidas. Havia 77 membros fundadores da
organização, mas em novembro de 2013, a organização tinha desde então, expandiu
para 133 países membros.
BRICS- (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul).
O BRICS é um bloco que reúne os maiores mercados emergentes
do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A ideia
dos BRICS foi formulada pelo economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O ‘Neil, em
estudo de 2001, intitulado “Building Better Global Economic BRICs”. Fixaram-se
como categoria da análise nos meios econômico-financeiros, empresariais,
acadêmicos e de comunicação. Em 2006, o conceito deu origem a um agrupamento,
propriamente dito, incorporado à política externa de Brasil, Rússia, Índia e
China. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a África do Sul passou a fazer parte
do agrupamento, que adotou a sigla BRICS.
O
BRICS tem um caráter informal. Não tem um documento constitutivo, não funciona
com um secretariado fixo nem tem fundos destinados a financiar qualquer de suas
atividades. Em última análise, o que sustenta o mecanismo é a vontade política
de seus membros. Ainda assim, o BRICS tem um grau de institucionalização que se
vai definindo, à medida que os cinco países intensificam sua interação. Ao
contrário do que muitos possam pensar o BRICS não é um bloco econômico, esses
cinco países apenas compartilham de uma situação econômica com índices de
desenvolvimento e situações econômicas parecidas.
3- Economia Global: Avanços e Crises
Desde o final da Segunda Guerra,
o processo de mundialização se intensificou, devido aos avanços das relações
comerciais. A necessidade de reconstrução econômica levou os países europeus a
desenvolver novos eixos de exportações e importações, além de aprimorar os já
existentes. A própria guerra havia demonstrado a intensidade da
interdependência mundial, e essa mesma consciência foi a responsável pela
criação da ONU. O comércio internacional é a principal fonte de divisas para um
país, e o objetivo é manter a balança comercial favorável, ou seja, exportar
mais do que se importa.
O mesmo se aplica à chamada
balança de pagamentos, um indicador mais abrangente que a balança comercial, pois,
além das trocas comerciais, envolve a troca internacional de serviços, como
empréstimos e pagamento de royalties, que são os direitos sobre o uso de
marcas. Com a acelerada internacionalização da economia nas últimas décadas, no
entanto, as barreiras alfandegárias na maior parte das vezes representam um
obstáculo ao desenvolvimento do capitalismo. As grandes empresas,
principalmente as transnacionais, necessitam de espaços cada vez maiores, pelos
quais possam fazer circular livremente bens, serviços e capitais.
As recentes mudanças do comércio
internacional sob os moldes da globalização têm alguns aspectos que merecem
destaque:
Um deles é o fato de que os
países subdesenvolvidos, tradicionalmente exportadores de matérias-primas, têm
investido mais nos manufaturados.
Outro aspecto é a formação de
alianças entre alguns países para facilitar o trânsito de mercadorias.
Um terceiro fato é o aumento do
volume de trocas resultante da queda de barreiras políticas. Também merece
análise a constatação de que nem todas as regiões do mundo se beneficiam
igualmente do novo comércio internacional.
No atual contexto de grandes
transformações - aumento do volume de transações comerciais, aceleração
tecnológica e importância do investimento em pesquisa, desenvolvimento e educação
-, o contraste entre as economias subdesenvolvidas exportadoras
preferencialmente de matérias-primas e aquelas que exportam grande quantidade
de manufaturados se torna ainda mais visível.
A divisão internacional do
trabalho tende a se modificar nos próximos anos, sob a influência de fatores
como:
- abertura ao
mercado internacional, com a eliminação de barreiras protecionistas;
- distribuição
internacional do trabalho especializado;
- capacidade de
investimento em infraestrutura; e avanço das inovações tecnológicas, com a
queda dos custos de comunicações.
Após
a década de 1990, várias pessoas em todo o mundo mantêm hábito de consumo
semelhante.
O
século XX marcou o momento em que hábitos culturais, passaram a ser ditados
pelas grandes potências econômicas do mundo ocidental e adotados em escala
mundial.
A ECONOMIA MUNDIAL ATUAL
•Segunda
metade do século XX.
•Empresas
comerciais, industriais, prestação de serviços começaram a instalar filiais em
vários países, num processo que ficou conhecido como mundialização ou
internacionalização do capital e da produção.
Características da Economia Global
•Crescimento
do Comércio Internacional
•Aumento
do fluxo de mercadorias entre os países, principalmente, entre os países
desenvolvidos (maior capacidade de consumo).
•Rápida
expansão dos fluxos financeiros
•Bilhões
de dólares são movimentados pelo mundo todos os dias (investimentos em bolsas
de valores ou pagamento por mercadorias ou serviços).
•Uso
de computadores e satélites.
•Inter-relação
dos países
•Uma
decisão política ou econômica em qualquer ponto do Mundo poderá provocar
reações em cadeia.
•Ex.:
se o Banco Mundial eleva a taxa de juros de empréstimos, todos os países que
tem dívida externa são prejudicados.
A economia global e as transformações
no espaço geográfico
Estamos
todos interligados: pessoas, universidades, empresas, cidades e países. Constante
fluxo de informações, capitais, mercadorias e também de pessoas.
Transformações na Produção
•Mundialização
da produção;
•Telecomunicação;
•Desenvolvimento
de protótipos;
•Atrativos
oferecidos pelos países;
•Mercados.
Sociedade Global (SG)
•A
circulação de informações, mercadorias e pessoas fez surgir a SG com valores
globais.
•Padronização
das formas de trabalho, da produção e do consumo.
•Globalização
é seletiva (beneficia alguns e exclui outros).
Novas relações de trabalho
•Exigem
cada vez mais criatividade e qualificação.
•As
jornadas de trabalho e os salários estão mais flexíveis.
Centros de poder da economia global
•1970
/ G-5 (E.U.A, Japão, Alemanha, França e Inglaterra) – detém as sedes das
principais transnacionais.
•1988
/ G-8 (05 + Itália, Canadá e Rússia).
A economia Global e o aumento do
desemprego
•Trabalhadores
sem qualificação são os mais prejudicados em qualquer setor da economia.
•Os
trabalhos sem qualificação estão sendo substituídos por “máquinas inteligentes”
ou robôs.
•Exigência:
formação, qualificação, capacidade de pesquisar e de aprender continuamente.
“[...] não são apenas as inovações
tecnológicas que podem gerar aumento do desemprego no mundo” As causas também
podem ser:
Estruturais ou Conjunturais.
Desemprego Estrutural: “é resultante da modernização das estruturas
produtivas e de trabalho, que ocorre com a mecanização e a automação nos
processos de produção e com o aprimoramento dos processos de trabalho.”.
•Bancos,
bombas de combustíveis, etc.
Desemprego Conjuntural: Uma situação temporária. “Quando um país enfrenta
dificuldades econômicas, ocorre queda de produção industrial e agrícola,
diminuição das vendas no comércio e na prestação de serviços”, consequência:
eliminação de postos de trabalhos/desemprego.
Causas do Desemprego
ESTRUTURAL
1.
Modernização das estruturas produtivas.
2.
Substituição do homem pela máquina.
3.
Redução definitiva dos postos de trabalho.
CONJUNTURAL
1.
Crise econômica.
2.
Redução temporária dos postos de trabalho.
3.
Alguns postos de trabalho não voltam mais a existir.
Desemprego entre jovens
“O
estudo Tendências Globais do Emprego para a Juventude 2004, da OIT, mostra que,
enquanto a pop. de jovem cresceu cerca de 10,5% na década de 1990, chegando a
cerca de 1,1 bilhão em 2003, o emprego de jovens cresceu somente 0,2% tendo
havido um aumento aproximado de apenas 526 milhões de oportunidades de
emprego.”
A
globalização do capital e da produção permitiu expandir e consolidar a
influência do poder das empresas TRANSNACIONAIS na economia global.
Transnacionais na economia global
•Estas
empresas apresentam um poder tão grande que influenciam governos nacionais e
condicionam as relações entre os países.
•O
faturamento anual pode chegar a PIB de muitos países.
•A
expansão e a consolidação das transnacionais ocorreram, principalmente, após a
2ª Guerra Mundial.
•Quando
empresas que atuavam em países desenvolvidos, passaram a investir em alguns
países subdesenvolvidos que ofereciam incentivos.
•Os
países pobres tentam atrair os investimentos dessas empresas para possibilitar
a criação de empregos.
4- Práticas Oligopolistas e
monopolistas:
Monopólio é o nome dado a uma situação de concorrência
imperfeita, na qual apenas uma empresa possui total controle do mercado.
Praticar o monopólio é um ato ilegal e diversos países têm demonstrado sua
posição contra este tipo de procedimento. No Brasil, por exemplo, possuímos o
CADE, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, que tem como uma de suas
funções garantir a segurança do mercado, evitando que empresas dominem níveis
exagerados de mercado. Apesar das medidas governamentais, várias empresas
conseguem encontrar maneiras de driblar a legislação dos países em que estão
instaladas. Atualmente, é muito mais comum outro tipo de monopólio: o oligopólio. Enquanto o primeiro é
caracterizado por uma única empresa no controle do mercado, o segundo acontece
quando um grupo de empresas faz manobras a fim de se posicionar no topo de seu
segmento. As principais práticas monopolistas e oligopolistas são as seguintes:
As
práticas oligopolistas e monopolistas estão intimamente ligadas à evolução do
sistema capitalista. O Oligopólio
pode ser definido sumariamente como uma pequena quantidade de vendedores para
uma grande quantidade de compradores. Este por sua vez, apresenta-se de três
diferentes maneiras conhecidas como trustes, carteis e holdings. Por ser uma
grande ameaça para a livre concorrência entre empresas de determinado setor
são, geralmente, consideradas práticas condenáveis. Não obstante, são muito praticadas
hoje em dia em vista à alta lucratividade que ocasionam aos seus praticantes.
Truste: (fusão e incorporação de empresas para dominar
oferta de produtos ou serviços)
Pode
assumir várias formas, mas em geral é constituído por conjuntos de empresas que
eliminam as suas independências legais e econômicas para constituir uma única
organização. A forma que prevalece é a de combinações financeiras, que permitem
concentrar, nas mãos de uma pessoa ou de um grupo, as ações de outras empresas,
em número suficiente para controlar as decisões nas assembleias de acionistas.
Os
trustes, por sua vez, podem ser divididos de duas maneiras: Horizontais: consistem em uma união de
empresas de mesmo setor como, por exemplo, uma fusão de bancos, ex. Real-
Santander (banco).
Verticais: consistem em empresas que controlam as etapas de
fabricação de determinado produto como uma empresa petrolífera que controla
desde a retirada do petróleo até a sua distribuição em postos de gasolina.
No
Brasil observamos alguns trustes. Entre eles podemos citar empresas conhecidas
como a Companhia Vale do Rio Doce e a Petrobras. Um exemplo mais recente e
fusão de empresas que culminou em um truste horizontal, foi a de duas gigantes
do ramo frigorífico, a Sadia e a Perdigão que formou a Brasil Food. Por outro
lado, uma boa exemplificação de truste vertical, é a rede mundial de fast-food McDonald.
Cartel: (associação ou combinação entre empresas, do mesmo
segmento, para garantir o controle da produção e dos preços; administração). É
formado por grupos de empresas independentes que produzem produtos semelhantes
e fazem um acordo para dominar o mercado. Esse termo é, em geral, aplicado a
organizações internacionais, como a OPEP (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo), entidade que controla grande parte do comércio mundial de
petróleo.
Em
geral, os cartéis têm quatro características: divisão territorial dos mercados,
controle das matérias-primas, determinação do volume de produção e equiparação
dos preços de venda. Na maior parte dos países, como no Brasil é proibida a
formação de cartéis que operem internamente, mas sua atuação externa é tolerada
ou até estimulada. Exemplo de cartel nos preços da gasolina, um exemplo é a
equiparação dos preços da gasolina em postos de combustíveis, cuja prática é
ilegal, mas é facilmente observada no país.
Holding: É a forma jurídica de disfarçar um cartel ou um
truste. Um holding não produz nada, sua meta é controlar um conjunto de
empresas. É definida como uma empresa que mantém o controle sobre outras, por
possuir a maioria de suas ações. É considerado o estágio mais avançado de
concentração capitalista. As transnacionais, em geral, controlam suas
subsidiárias de diferentes países através de um holding instaladas no país de
origem ou, muitas vezes, num paraíso fiscal.
Esta
é considerada a mais evoluída prática para crescimento de uma empresa, e também
corresponde a uma técnica nociva de monopólio, apesar de não ser ilegal. O
holding acontece quando uma empresa é criada na intenção de gerenciar outras
empresas em atividade. Exemplos de holding é o Grupo Silvio Santos (responsável
por empresas como o Banco Pan-americano, o SBT e a Vimave Veículos) e o Grupo
Pão de Açúcar (que opera lojas sob as bandeiras Pão de Açúcar, Casas Bahia,
Extra Hipermercados e Ponto Frio). O holding pode, em determinados momentos,
funcionar como um truste, pois várias empresas importantes no mercado se
colocam sob uma única administração.
Atualmente,
no Brasil, a formação de cartéis e trustes foi proibida por lei, mas alguns
setores ainda continuam formando os cartéis para padronizar o preço dos mesmos
produtos, evitando a concorrência. O governo brasileiro criou um órgão do
Ministério da Justiça, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, para
evitar a formação dos trustes. Já os holdings continuam como prática efetiva
nas bolsas de valores, que controlam os mercados das ações das empresas.
5- A crise econômica internacional e o
Brasil
O
Brasil tem vivido, nos últimos anos, a feliz combinação de avanços econômicos e
progresso social, em uma escala de que não se tem memória em muitas gerações.
Se
não foram espetaculares na comparação com os competidores usuais China e Índia,
o crescimento da economia nos deixou em situação vantajosa no que se refere,
por exemplo, ao emprego: ao contrário dos ‘rivais’, crescemos no mesmo ritmo
que nossos empregos e apoiados em prodigiosa expansão do mercado interno, por
sua vez ineditamente abastecido por políticas sociais em sentido amplo.
O
inglês Richard Titmuss (1907-1973), fundador do campo teórico do Estado de
bem-estar, descreveria nosso experimento recente como uma instância do
“crescimento social” com que sonhava.
Não
que os problemas remanescentes de crescimento social insuficiente tenham sido
eliminados: longe disso. Ainda assim, enquanto a minha geração (a geração do
‘milagre’) cresceu embalada na esperança do crescimento econômico, a nova
geração parece energizada pela queda da desigualdade e pelo desenvolvimento
humano, aspirações mais exigentes, que serão muito provavelmente referências na
formação de suas preferências políticas.
Contudo,
o Brasil, assim como o homem, não é uma ilha. Desde 2008, o mundo desenvolvido
sofre as consequências de uma crise financeira com epicentro nos Estados Unidos
e que, como um rastilho, se espalhou pelas economias europeias e, em menor
medida, pelas emergentes, agora globalizadas.
É
bem verdade que não se pode generalizar a crise para toda a Europa não
periférica, pois o estado de bem-estar tem se expandido, em combinação virtuosa
com o crescimento econômico, no tradicional modelo de crescimento social da
Escandinávia.
Nos
Estados Unidos e em vários países da zona do euro, porém, a crise financeira se
converteu em crise fiscal e, nessa qualidade, vem consumindo empregos, escolas,
clínicas, proteção social, além de aumentar a pobreza e a desigualdade e gerar
insegurança.
A
principal causa da atual crise econômica internacional é a ruptura do sistema
de financiamento de imóveis nos Estados Unidos em 2007 e 2008. Naquele país,
houve ampla oferta de financiamento para a compra de imóveis, inclusive para
aqueles sem poupança ou renda adequadas (crédito subprimes, ou grande risco de
crédito). A onda de inadimplência – calote – levou à queda dos preços dos
imóveis (38% entre junho de 2006 e junho de 2011) e à quebra de parte do
sistema financeiro da maior economia do mundo em 2008 e 2009.
A crise
atual na Europa é marcada pela grande dificuldade que governos de países como
Grécia, Portugal e Irlanda enfrentam para pagar sua dívida pública e obter
novos empréstimos. Em geral, a crise fiscal é precedida por crescimento extraordinário
dos gastos públicos, seja para financiar infraestrutura (como as obras das
Olimpíadas em Atenas, na Grécia, em 2004), seja para enfrentar crises financeiras
e crises reais (o que ocorreu a partir de 2008).
Os
países em desenvolvimento sofrem, em particular, crise cambial. Nesse caso,
ocorre o problema de dificuldade de obtenção de financiamento externo, que provoca
elevação extraordinária da taxa de câmbio (desvalorizando a moeda nacional).
Isso ocorreu no Brasil no segundo semestre de 2008, logo após a eclosão da
crise financeira nos Estados Unidos: a taxa de câmbio (valor do dólar) saltou de
R$ 1,70 em julho para mais de R$ 2,50 em dezembro. Em consequência, grandes
empresas (Sadia e Aracruz) e bancos (Unibanco e Votorantim) tiveram sérios
problemas, que resultaram em fusões e aquisições. As crises cambial e
financeira provocaram crise real, visto que a renda per capita brasileira caiu
1,8% em 2009.
Nos
países desenvolvidos, a situação atual é de séria crise econômica. Na Europa,
há desaceleração do crescimento da renda e, portanto, risco de crise real ainda
maior no futuro próximo. Os índices de desemprego estão muito elevados em
inúmeros países. Há séria crise fiscal com altos níveis de endividamento
público. Há ainda riscos quanto à saúde do sistema financeiro: os bancos estão muitos
expostos, porque emprestaram muito para indivíduos, empresas e governos que
agora estão com dificuldades para saldar seus compromissos.
Nos
países emergentes, a situação é bastante diferente, embora existam fatores
comuns, como os riscos decorrentes da desaceleração do comércio internacional e
da volatilidade dos fluxos financeiros internacionais. Países como a China, por
um lado, se protegem com elevados níveis de competitividade internacional e
baixa dependência em relação a recursos financeiros externos. No Brasil, por
outro, esses riscos são particularmente elevados, porque o país depende significativamente
da exportação de produtos básicos (minério de ferro, carne, soja e outros) e da
captação de recursos externos para sustentar seu crescente e elevado déficit nas
contas externas (as transações comerciais, de serviços e financeiras com os
outros países). Ou seja, a despesa do Brasil com moedas estrangeiras é maior
que suas receitas.
Em
2010, o país precisou captar US$ 48 bilhões para fechar suas contas externas.
Em 2012, esse ‘buraco’ superou US$ 55 bilhões. Portanto, há crescente risco de
crise cambial, que tende a causar crises financeira, real e fiscal.
A
atual crise na economia mundial trouxe sérios problemas para as nações mais
desenvolvidas, mas os países emergentes, entre eles o Brasil, têm resistido aos
seus efeitos, o que levou alguns analistas a imaginar a possibilidade de um
reordenamento na hierarquia econômica mundial.
Embora
a situação brasileira não seja brilhante, os recursos de que o país dispõe e a
reorientação da política econômica iniciada no atual governo induz uma
perspectiva otimista, mas cautelosa, quanto ao futuro.
Em
suma, a situação brasileira atual dá margem a um cuidadoso otimismo, não só
pelos recursos de que o país dispõe, mas, e talvez principalmente, pela muito
esperada reorientação de política econômica que começou a ocorrer, ainda que
muito à base de tentativas, no governo Dilma Rousseff. O otimismo é cuidadoso
porque se deixou que desequilíbrios se acumulassem em demasia, tornando mais
difícil sua solução tanto tempo depois do jogo começado, e a situação externa
continua extremamente volátil e perigosa – mesmo assim, é otimismo. O Brasil é
um dos poucos países do mundo que têm o recurso de se apoiar no mercado interno
para sustentar seu nível de atividades.
Mas
uma política econômica adequada é imprescindível para que esse recurso não seja
simplesmente dissipado, contudo o Banco Mundial prevê para o Brasil, um de crescimento de 2,4% em 2014, ante 2,2%
estimados para o ano passado de 2013. Os mercados emergentes cresceram no ritmo
mais lento em uma década nos últimos dois anos, depois de conseguirem taxas de crescimento de cerca de 7,5%
antes da crise financeira global em 2008.
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