3.1- Terrorismo
O terrorismo é o nome dado a protestos violentos realizados por grupos ou
indivíduos que objetivam transformar ordens do governo, bem como o próprio
governo, por meio do pânico, gerando decisões precipitadas e radicais.
Nos dias atuais o terrorismo é
visto e praticado de forma diferente com que se manifestava antigamente, pois
exige planejamento, objetivos em foco, recursos financeiros e a presença de
guerreiros. Acredita-se que atos terroristas são financiados por pessoas bem
sucedidas que simpatizam com o movimento, por pessoas ligadas ao governo que
tentam secretamente destruir algo e ainda pessoas envolvidas com o tráfico de
drogas. Os terroristas utilizam explosivos, gases nocivos, vírus, bactérias,
materiais radioativos, armamentos atômicos e ainda sequestros e assassinatos.
São muitos os grupos terroristas
espalhados pelo mundo, sendo os principais:
Al Qaeda: surgiu no Oriente Médio e trata-se de um
grupo de fundamentalistas islâmicos que comandam parte dos atentados
terroristas pelo mundo. Osama Bin Laden foi um dos membros que liderou o grupo
por causas afegãs.
ETA (Pátria Basca e Liberdade): esse grupo clandestino luta pela
independência territorial da França e da Espanha.
IRA (Exército Republicano Irlandês): grupo paramilitar católico que
desde os anos 60, começou a atuar pela saída das forças britânicas do
território da Irlanda, ou seja, a separação da Irlanda e do Reino Unido.
Hamas: Contrário aos judeus;
Jihad Islâmico: Organização religiosa contra
palestinos,
Hezbollah: Islâmicos contra a intervenção ocidental em
região islâmica.
O principal ato terrorista ou o
mais focado foi o ocorrido em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos,
contra as duas torres do World Trade Center e o Pentágono. Dois aviões sequestrados
pela Al Qaeda (supostamente) se chocaram contra as torres gêmeas e
posteriormente um se chocou contra o Pentágono para intimidar o governo
norte-americano, que respondeu aos atentados atacando as montanhas do Afeganistão
que abrigava Osama Bin Laden, líder da Al Qaeda.
O terrorismo se originou no
século I d.C., mas foi no século XXI que as ações terroristas se acentuaram e o
discurso antiterrorista virou assunto recorrente na mídia ocidental.
Os atos
e ataques terroristas, segundo alguns estudiosos, tiveram início no século
I d. C., quando um grupo de judeus radicais, chamados de sicários (Homens de
punhal), atacava cidadãos judeus e não judeus que eram considerados a favor do
domínio romano. Outros indícios que confirmam as origens remotas do terrorismo
são os registros da existência de uma seita mulçumana no final do século XI d.
C., que se dedicou a exterminar seus inimigos no Oriente Médio. Dessa seita
teria surgido a origem da palavra assassino.
O terrorismo
moderno tem sua origem no século XIX no contexto europeu, quando
grupos anarquistas viam no Estado seu principal inimigo. A principal ação
terrorista naquele período visava à luta armada para constituição de uma
sociedade sem Estado – para isso, os anarquistas tinham como principal alvo
algum chefe de estado e não seus cidadãos.
Durante a segunda metade do século XIX,
as ações terroristas tiveram uma ascensão, porém foi no século
XX que houve uma expansão dos grupos que optaram pelo terrorismo como forma de luta.
Como consequência dessa expansão, o raio de atuação terrorista aumentou,
surgindo novos grupos, como os separatistas bascos na Espanha, os curdos na
Turquia e Iraque, os mulçumanos na Caxemira e as organizações paramilitares
racistas de extrema direita nos EUA. Um dos seguidores dessa última organização
foi Timothy James McVeigh, terrorista que assassinou 168 pessoas em 1995, no
conhecido atentado de Oklahoma.
Com o desenvolvimento da ciência e
tecnologia no século XX, as ações terroristas passaram a ter um maior alcance e
poder, através de conexões globais sofisticadas, uso de tecnologia bélica de
alto poder destrutivo, redes de comunicação (internet) etc.
No início do século XXI, principalmente
após os ataques terroristas aos EUA, no ano de 2001, estudiosos classificaram o
terrorismo em quatro formas: o terrorismo revolucionário, que
surgiu no século XX e seus praticantes ficaram conhecidos como guerrilheiros
urbanos marxistas (maoístas, castristas, trotskistas e leninistas). O terrorismo
nacionalista, que foi fundado por grupos que desejavam formar um novo
Estado-nação dentro de um Estado já existente (separação territorial), como no
caso do grupo terrorista separatista ETA,
na Espanha (o povo Basco não se identifica como espanhol, mas ocupa o território
espanhol e é submetido ao governo da Espanha).
E o terrorismo de organizações
criminosas, que são atos de violência praticados por fins econômicos e
religiosos, como nos casos da máfia italiana, do Cartel de Medellín, da Al
Qaeda, etc.
No mundo contemporâneo, as ameaças
terroristas são notícias recorrentes na imprensa, “para a maior visualização do
terrorismo mundial, a mídia exerce um papel fundamental. Mas é evidente que
também cria um sensacionalismo em torno dos terroristas [...] a mídia ajuda a justificar
a legalidade e a necessidade de ações antiterroristas que, muitas vezes, levam
adiante banhos de sangue e violações aos direitos humanos que atingem mais a
população civil do que os próprios terroristas”.
É importante refletir sobre o terror
como prática e o discurso sobre o terror. A separação dessas ações é
fundamental para a compreensão da prática terrorista e para a análise dos
discursos construídos sobre o terrorismo. Feito isso, será possível entender as
questões políticas e ideológicas que estão por trás das práticas e discursos
sobre o terror. Assim sendo, estaremos mais aptos a questionar, lutar e
compreender por que tantas pessoas matam e morrem por determinadas causas,
sejam elas políticas, religiosas, econômicas ou culturais.
É mais que necessário a sociedade
compreender as ideologias que movem as práticas terroristas e os discursos
construídos sobre essas práticas. A cada ano que passa, a humanidade se sente
mais acuada e receosa, temerosa de ataques com armas de destruição em massa.
Outra forma de terrorismo é o Terrorismo Virtual.
3.1.1- Terrorismo
Virtual: que é a expressão usada para descrever os ataques terroristas
executados pela Internet, com o objetivo de causar o danos a sistemas ou
equipamentos. Qualquer crime informático que ataque redes de computador pode
ser classificado como ciberterrorismo, em que geralmente as ferramentas
utilizadas são os vírus de computador. A facilidade com que os ataques são
realizados e os danos que podem causar preocupam países pelo mundo todo.
CIBERTERRORISMO:
Trata-se de um ataque localizado em que
o objetivo é incutir medo e terror. Geralmente este tipo de ataque é dirigido a
um governo ou uma população governada.
Características do Ciber crime Influência transnacional, o que aumenta
a dificuldade na investigação e apuração de provas contra o acusado.
O tema que iremos abordar é o
Terrorismo Virtual. Decidimos optar por este tema, pois trata-se de um tema
atual e de um perigo iminente contra o qual devemos estar alertados.
TIPOS DE CRIMES
·
Pornografia infantil : trata-se da utilização de redes de meios
informáticos com o intuito de criar e divulgar conteúdos comprometedores e que
exploram sexualmente crianças menores de idade.
·
Fraudes através do
computador: são diferentes de roubo pois a
vítima dá o dinheiro ou outros bens de livre e espontânea vontade, no entanto
tal não aconteceria se soubesse que estaria a ser vítima de fraude, pois o
criminoso apresenta ofertas que parecem ser honestas e garantidas.
·
Perseguição online: tratam-se
de ameaças feitas de forma implícita ou explícita cujo objetivo é intimidar e
amedrontar. Este tipo de perseguição pode ser feita via e-mail, telefone, tele
móvel, mensagens de texto, sites, vídeos, entre outros.
·
“Lavagem” de dinheiro: trata-se
de um tipo de crime bastante comum. Neste tipo de crime, os criminosos
transferem dinheiro de forma ilegal com o objetivo de ocultar a sua fonte e o
seu destino.
·
Ciberativismo: corresponde à manipulação ou
roubo feitos por organizações que defendem certas causas.
·
Roubo: trata-se da utilização de
dispositivos para desviar fundos ilegalmente, roubar dados de outros
indivíduos, empresas ou instituições com o objetivo de realizar roubo de
identidade, espionagem, fraude, plágio e pirataria.
·
Violação do correio
electrónico: tratam-se de crimes de natureza
privada do correio eletrônico e das mensagens que circulam de forma privada.
Qualquer ato de divulgação externa pode constituir violação da vida privada.
·
Crimes ligados à
violação da confidencialidade e dados pessoais: Estas ações podem ser manifestadas como: seguir a vítima nos seus
trajetos, aparecer repentinamente em locais frequentados por esta, fazer
telefonemas inconvenientes e até mesmo invadir a residência da vítima. Pode incluir também ameaças, roubo de
identidade, aquisição de informações para uso prejudicial, entre outras.
·
Cyberbullying: Consiste num
tipo de violência contra outrem praticada através da internet ou de outras
tecnologias que possam estar relacionadas. O cyberbullying é praticado no meio virtual,
utilizando este para intimidar uma pessoa, difamando, insultando ou atacando
covardemente, no sentido de prejudicar o outro. Atualmente, como se tem tornado
mais comum na sociedade, têm surgido diversas legislações e campanhas de
sensibilização com o intuito de combater esta prática.
3.1.1- Guerrilha, Revolução
e Terrorismo
A guerrilha geralmente é formada por pessoas que têm uma ideologia em comum
contra as ações políticas do Estado. Os guerrilheiros lutam contra o Estado
buscando destituir o poder estabelecido com o objetivo de iniciar uma nova era
política. Geralmente as guerrilhas
seguem uma ideologia socialista contrária à ideologia capitalista.
Mesmo tendo objetivos
políticos contra o Estado assim como as organizações terroristas, as guerrilhas
se comportam de maneira diferente, sendo na maioria dos casos organizadas com
um número maior de membros armados que se comportam como uma unidade militar,
com uniformes e identificação, enfrentam forças militares do Estado, pela
conquista e manutenção dos territórios ocupados, exercendo uma certa soberania
geográfica. E também, diferente do terrorismo, a guerrilha tem o apoio popular, principalmente dos pobres e dos
militantes socialistas, agindo assim em prol do povo e de uma melhor situação
política e econômica para a população.
Quando uma guerrilha age de forma contrária aos seus
objetivos e se encaixa na classificação de terrorismo passa a ser uma ação
isolada sem o apoio popular. Não quero afirmar aqui que uma guerrilha não
pode agir como se fosse uma facção terrorista, essa possibilidade existe e já
aconteceu, porém, não é essência da guerrilha recorrer a atos terroristas,
estas são ocorrências isoladas em momentos isolados na linha da história das
guerrilhas.
Portanto, percebe-se
que a guerrilha é uma organização que funciona como uma organização militar,
apoiada pelo povo, que enfrenta a força militar do Estado enquanto que,
diferentemente, o terrorismo: ...é,
simplesmente a denominação contemporânea e a configuração moderna da guerra
deliberadamente travada contra civis, com o propósito de lhes demolir a
disposição de apoiar líderes ou políticas que os agentes dessa violência
consideram inaceitáveis.
Exércitos
profissionais e guerrilhas também podem cometer atos terroristas como já
citado, porém, a diferenças mostram que não há relação quanto à essência entre
uma organização terrorista e uma organização guerrilheira.
Após o término da segunda guerra mundial em 1945, quando
se inicia a Guerra Fria entre EUA e URSS, começaram a surgir vários grupos aos
quais foram atribuídos status de grupos terroristas. Eram revolucionários,
grupos separatistas que buscavam a liberdade, a autodeterminação dos povos,
direito defendido pela carta da ONU, eram contra o colonialismo e usavam assim
táticas violentas para expulsar os invasores de suas terras e conquistar a
liberdade.
Quando pensamos em
movimentos revolucionários logo vem à mente imagens de pessoas nas ruas
exigindo seus direitos e mudanças políticas, econômicas e sociais, tumultos e
muitas vezes conflitos entre policiais e membros da revolução. As guerrilhas são também, movimentos
revolucionários que agem contra a política estatal mas que não saem ás ruas
exibindo suas metralhadoras, elas têm uma região especifica de localização e
geralmente é no meio de florestas ou em lugares desertos distantes das forças
do Estado. Movimentos como a OLP8, FQL9- Front de Libération du Québec
foram considerados terroristas por lutar pela liberdade. Yasser Arafat num
discurso para a ONU em 1974 falou que: a diferença entre revolucionário e
terrorista está no motivo pelo qual cada um deles luta. Isso porque quem quer
que assuma posição por uma causa justa e batalhe pela liberdade e pela
libertação de sua terra jugo de invasores, assentadores e colonizadores não
pode de modo algum ser chamado de terrorista. (whittaker, p.23,2005)
O discurso de Arafat
está relacionado ao conflito entre Árabes e Judeus na região da Palestina,
conflito que já dura a mais de meio século. Yasser Arafat está certo quando diz
que quem assume uma causa justa e batalhe pela liberdade não pode ser
considerado um terrorista, mas a definição do que é justo ou não, não nos cabe
discutir aqui. A questão é que uma ação revolucionária não vem a ser uma ação
terrorista quando não se usa a força e nem a violência para atacar pessoas do
governo ou a própria população civil que mantêm sua lealdade ao Estado.
Portanto, quando a
OLP ataca Israel e mata civis judeus está cometendo um ato terrorista e não uma
ação de movimento revolucionário, tirando assim as características daqueles que
lutam pela liberdade contra assentadores de suas terras, seu país.
·
Terrorista
e Criminoso Comum
Além das diferenças
traçadas entre guerrilha, revolução e terrorismo, guerra e terrorismo serão
tratadas aqui, as diferenças existentes entre terroristas e criminosos comuns.
Mesmo que se leve em consideração que o terrorismo seja uma ação criminosa e
que o terrorista que comete tal ato é um criminoso, existe uma discrepância
entre o criminoso terrorista e o criminoso comum que rouba um banco por
exemplo. Há diferenças relacionadas quanto aos objetivos e maneiras de agir que
diferenciam os terroristas dos criminosos comuns.
O terrorista como já
citado tem um fim político, religioso e social, voltando suas ações contra o
Estado, sua população civil com o objetivo de intimidar e coagir um governo a
adotar suas vontades, enquanto que um criminoso comum age seguindo objetivos
essencialmente pessoais, por satisfação própria, sem interesse político ou
religioso, simplesmente por desejo material. Nas palavras de David J. Whittaker. ao se
distinguir os terroristas dos outros tipos de criminosos e das outras formas de
crime, passamos a apreciar o terrorismo como: inescapavelmente político em
objetivos e motivos; violento ou, igualmente importante, ameaça violenta;
concebido para causar repercussões psicológicas que transcendem a vítima ou o
alvo; conduzido por uma organização com cadeia de comando ou estrutura celular
conspiradora identificáveis (cujos membros não usam uniforme ou distintivos de
identificação); e perpetrado por um grupo sub nacional ou entidade não estatal.
Então, de acordo com
a definição de Whittaker os motivos do terrorista é puramente político
intimidando, por força psicológica, ameaçando de maneira violenta, um Estado e
uma sociedade. Além dos objetivos e motivos existem as diferenças em relação ao
cenário. Um criminoso comum age de acordo com os problemas sociais dentro de um
âmbito doméstico, o terrorista além de agir em âmbito doméstico também age no
cenário político internacional atuando como criminoso internacional.
Mesmo que hajam
diferenças entre terrorismo e as guerras de guerrilha, revolução, guerra e
criminoso comum e, que todas elas possam ser explicadas ainda há a necessidade
de se entender uma definição e conceituação global do que vem a ser o
terrorismo. Estas diferenças e definições apenas facilitam o entendimento e
trabalhos relacionados ao terrorismo pela busca de soluções para este problema
que assola o Sistema e a Ordem internacionais de Estados.
3.2- Fundamentalismo Islâmico
Entende-se por fundamentalismo
islâmico uma interpretação particular e
literal da sharia (a lei do Corão), aplicada a fins políticos. Em oposição
às ideias leigas, modernas e ocidentais, essa interpretação afirma que, a fim
de formar um Estado islâmico puro, os valores da tradição e religião islâmica
devem desempenhar um papel central na vida econômica, social e política. Vários
movimentos fundamentalistas iniciados na década de 70 procuraram e ainda
procuram lutar para obter e manter o controle do Estado nos países com maioria
da população de religião muçulmana e ali aplicar seus princípios. Em alguns
casos, essa luta resultou em revoltas populares, como no Irã em 1979 e na
Argélia, Tunísia, Egito, Afeganistão, Daguestão e Turquia nos anos 90.
3.3- A questão Afegã e Talibã
3.3.1- Afeganistão
Devastado pela guerra contra a
União Soviética, que ocupou a região entre 1979 e 1989, o Afeganistão assistiu
à ascensão da milícia Taleban ('estudante', em persa), grupo fundamentalista
financiado pelo Paquistão que, em 1996, assumiu o controle de 70% do país,
porcentagem que logo subiu para 90%. Orientados pelo rigor da sharia, os talebans acreditam ser possível
estabelecer 'o paraíso de Alá na Terra', impondo severas restrições ao dia a
dia e punições à população, em particular às mulheres. Por seu apoio ao
terrorista saudita Osama bin Laden, o regime Taleban foi derrubado pelos
Estados Unidos em 2001.
3.3.2-Talibã
O Talibã é um grupo político que atua no Afeganistão e no
Paquistão. A milícia tem origem nas tribos que vivem na fronteira entre
esses dois países e se formou em 1994, após a ocupação soviética do Afeganistão
(que durou de 1979 a 1989) e durante o governo dos também rebeldes mujahedins.
Apesar de islâmico, esse governo era considerado muito liberal, deixando
descontentes os muçulmanos mais extremistas. Assim, a milícia Talibã invadiu a capital Cabul e tomou o poder, governando o
país de 1996 até a invasão americana, em 2001. Apesar de ter sido
destituído do governo formal, o grupo continuou sendo influente. "Hoje, o objetivo do Talibã no
Afeganistão é recuperar seu território e expulsar os invasores dos Estados
Unidos e da OTAN". Para tentar desestabilizar o inimigo, o grupo
utiliza táticas de guerrilha e ataques de homem-bomba. Uma hipótese é que o
dinheiro para financiar as ações venha de tributos cobrados dos plantadores de
ópio. Mas a característica principal do
grupo é ter uma interpretação muito rígida dos textos islâmicos, incluindo
proibição à cultura ocidental e a obrigação ao uso da burka pelas mulheres.
Um dos maiores erros que o ocidente comete em relação ao Talibã é
confundi-lo com os terroristas da Al Qaeda. "O Talibã é provincial, age
apenas na sua região e não tem nada a ver com os ataques a países do
ocidente". Outra diferença entre as milícias é que a Al Qaeda é composta por árabes, enquanto o Talibã congrega indivíduos
das tribos afegãs, a maioria deles da etnia pashtun. Porém, apesar das
ideologias distintas, os dois grupos são
aliados e se ajudam nas questões de logística, armas e dinheiro. Além
disso, quando expulso de vários países, Osama Bin Laden, um dos fundadores da
Al Qaeda, foi acolhido pelo Talibã no Afeganistão.
3.4- Terrorismo de Estado: Casos Exemplares
O terrorismo de Estado é
praticado pelos Estados nacionais e seus atos integram duas ações. A primeira
seria o terrorismo praticado contra a sua própria população. Foram exemplos
dessa forma de terrorismo: os Estados totalitários Fascistas e Nazistas, a
ditadura militar brasileira e a ditadura de Pinochet no Chile. A segunda forma
se constituiu como a luta contra a população estrangeira (xenofobismo).
3.4.1- A União Soviética Comunista
Na União Soviética, entre 1929 e
1932, sob a liderança de Stálin, mais de 13 milhões de camponeses foram mortos
por resistirem à coletividade forçada das terras agrícolas.
Em Moscou entre 1936 a 1938,
centena de militares e lideranças do Partido Comunista foram perseguidos e
condenados à morte.
O Terrorismo de Estado na URSS
"A
Rússia é uma Esfinge. Na alegria e na dor, e esvaindo-se em sangue negro / Ela
olha, olha, olha para ti, com ódio e com amor.” Alexander Block - Os Citas, 1918.
Após a tomada do poder por Lenine
e pelo Partido Social Democrata Bolchevique, e após o fim da sangrenta guerra
civil 1919-21, é instaurado um regime repressivo, sendo criados campos de
trabalho e de reeducação destinados aos grandes opositores do socialismo
ideológico. Após a morte de Lenine e a subida ao poder por Stálin em 1922,
houve uma ainda maior burocratização e centralização do aparelho governamental
do Estado. Stálin eliminou os seus grandes rivais políticos com purgas
periódicas e inesperadas; as polícias soviéticas instauraram o medo nas grandes
cidades e nas repúblicas mais distantes do poder. Com o início da Guerra Fria
em 1948, Stálin procurou ainda mais fortalecer o seu poder na Europa de Leste e
na própria URSS, com uma forte propaganda ideológica e um culto exacerbado da
personalidade.
Em 1928, iniciou-se um programa
de industrialização intensiva e de coletivização da agricultura soviética,
impondo uma grande reorganização social e provocando a fome e o genocídio na
Ucrânia (Holodomor), em 1932-1933. Esta fome foi imposta ao povo ucraniano pelo
regime soviético e causou um mínimo de 4,5 milhões de mortes na Ucrânia, além
de 3 milhões de vítimas noutras regiões da URSS. Nos anos 30, Stálin consolidou
a sua posição através de uma política de modernização da indústria. Como
arquiteto do sistema político soviético, criou uma poderosa estrutura militar e
de policiamento. Mandou prender e deportar os seus opositores. Desconfiando que
as reformas económicas que implantara, produziam o descontentamento entre a
população, Stálinj dedicou-se a consolidar o seu poder pessoal. Tratou de
expulsar toda a oposição política. Se alguém lhe parecesse indesejável neste
ponto de vista, encarregava-se de desacreditá-lo perante a opinião pública. Em
1934, Sergei Kirov, principal líder do Partido Comunista em Leningrado – e tido
como sucessor de Stálinh - foi assassinado. Stálin usou este fato como pretexto
para uma série de repressões que passaram para a história como o “Grande
Expurgo” (praticado contra membros do Partido Comunista). Entre os alvos mais
destacados desta ação, estava o Exército Vermelho, em que parte de seus
oficiais, acima da patente de major, foi presa, inclusive treze dos quinze
generais de exército. Entre estes, Mikhail Tukhachevsky foi uma de suas mais
famosas vítimas, sofrendo a acusação de ser agente do serviço secreto alemão e
sendo executado. O principal instrumento de perseguição foi a NKVD (Comissariado do povo para assuntos internos).
Antes, durante e depois da II
Grande Guerra, Stálin conduziu uma série de deportações em grande escala que
acabaram por alterar o mapa étnico da URSS. Estima-se que entre 1941 e 1949,
cerca de 3,3 milhões de pessoas foram deportadas para a Sibéria ou para
repúblicas asiáticas. Separatismo, resistência/oposição ao governo soviético, e
colaboração com a invasão alemã, eram alguns dos motivos oficiais para as
deportações. Durante o governo de Stalin, grupos étnicos como os ucranianos,
polacos, alemães, checos, lituanos, arménios, búlgaros, finlandeses, judeus,
entre outros, foram parcialmente ou completamente deportados. As ameaças de
conflitos armados e constrangimentos realizados a fim de impor as ideologias
determinadas do Estado ao seu povo, como também a outros povos, com o forte uso
da violência, e consequentes repressões, assim como o financiamento de guerras
entre facções em territórios alheios,
são grandes exemplos ilustrativos do terrorismo de Estado praticado pela
extinta URSS - um período marcado por genocídios, torturas, massacres e
grandes expurgas e deportações, com o objetivo de manter “tudo e todos” sob o
controlo/domínio do Estado.
3.4.2- A Alemanha sob o nazismo
A palavra nazismo vem de Nazi,
que é a abreviação de Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães,
que de socialista não tinha nada. Seu líder chamava-se Adolf Hitler e o partido
adotou como símbolo a “suástica”, uma cruz encontrada em diversas tribos.
Hitler nasceu em 20 de abril de
1889. Em 1923, Hitler, indignado com as péssimas condições que os alemães
enfrentavam, oriundas da derrota na guerra, tentou um golpe de Estado em uma
cervejaria, na Alemanha. Sem sucesso, foi preso. Na prisão, escreveu um livro que se tornaria a cartilha para o nazismo:
“Mein Kampf” (Minha luta). Nesse livro, Hitler defendia a hegemonia da raça ariana, alegando que a Alemanha só
se reergueria quando os povos se unissem “num só povo, num só império, num só
líder”. Outras etnias, como judeus e negros, deveriam ser executadas.
Hitler não gostava de judeus, pois afirmava que a Primeira Guerra só fora
desastrosa por conta da traição dos judeus marxistas. Além do ódio contra
outras etnias, Hitler também defendia o extermínio de testemunhas de Jeová e
homossexuais. E comunistas, é claro. Para executar suas ordens, foram criadas
as Seções de Assalto (S.A), as Seções de Segurança (S.S.) e a Gestapo (polícia
secreta).
Os alemães viam em Hitler uma
salvação para a crise que o país enfrentava. Rapidamente o partido cresceu.
Agricultores, jovens, soldados, em todas as classes, tornaram-se adeptos do
novo partido. Com a crescente do partido, o presidente alemão Hindenburg,
amedrontado, ofereceu o cargo de chanceler a Hitler, que instaurou uma política de repreensão contra seus opositores:
os líderes comunistas foram presos em campos de concentração e, posteriormente,
executados. Em agosto de 1934, o presidente Hindenburg morreu e Hitler
assumiu o cargo máximo, sem abrir mão do seu cargo antigo. Criou o Terceiro
Reich (império) e se proclamou Führer (líder, em alemão). Sua primeira medida
como ditador foi a execução de milhares de judeus, comunistas, homossexuais,
negros e outros nos campos de concentração. Esse episódio ficou conhecido como “Holocausto”.
O Holocausto foi uma prática de perseguição
política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante os anos de governo
nazista de Adolf Hitler. Segundo a ideologia nazista, a Alemanha deveria
superar todos os entraves que impediam a formação de uma nação composta por
seres superiores.
Holocausto foi uma ação sistemática de extermínio dos judeus, em
todas as regiões da Europa dominadas pelos alemães, nos campos de concentração,
empreendida pelo regime nazista de Adolf Hitler, durante a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945). A palavra holocausto é de origem grega holos (todo) e kaustro
(queimado).
3.4.3- As ditaduras latino-americanas
Na América latina, as ditaduras
se instalaram em diversos países entre as décadas de 1960 e 1980 foram
responsáveis por milhares de casos de pessoas sequestradas, presas, torturadas,
mortas e3 desaparecidas sob a responsabilidade do Estado.
3.4.3.1- Operação Condor
A Operação Condor foi uma ação
conjunta de repressão a opositores das ditaduras instaladas nos seis países do
Cone Sul: Brasil, a Argentina, o Chile, a Bolívia, o Paraguai e Uruguai. A
função principal era neutralizar e reprimir os grupos que se opunham aos
regimes militares montados na América Latina, como os Tupamanos no Uruguai, os
Montoneros na Argentina, o MIR no Chile, etc. Montada em meados dos anos 1970,
a Operação durou até o período de redemocratização da região, na década
seguinte. A operação, liderada por militares da América Latina, foi batizada
com o nome do condor, ave típica dos Andes e símbolo da astúcia na caça às suas
presas.
3.4.5- O Camboja de Pol Pot
O território do Camboja, situado
na fértil bacia do Rio Mekong, no sudeste asiático, é coberto por florestas
tropicais e cortado por três grandes cadeias de montanhas. Diversos conflitos
causaram a morte de milhões de cambojanos nas últimas décadas.
O mais sangrento deles ocorreu
durante o domínio da facção de esquerda Khmer Vermelho, liderada por Pol Pot,
na década de 1970.
A 17 de Abril de 1975, as forças
do Khmer Rouge (Khmer Vermelho)
entram na capital, Phnom Penh, quase sem resistência, marcando o fim da
administração Lon Nol. O novo governo fará milhares de prisioneiros e
deslocará, à força, a população urbana para fazendas coletivas no campo,
praticamente eliminando a indústria e cultura nacional.
As consequências foram trágicas,
levando à morte centenas de milhares de pessoas, fosse por doenças e fome,
fosse em campos de extermínio.
Imediatamente após o domínio do
governo pelo Khmer, foi iniciada a evacuação da população da capital, em
direção ao campo. Eram cerca de 2,5 milhões de pessoas, incluindo-se 1,5
milhões de refugiados de guerra.
Nestes procedimentos não havia
exceções e até os hospitais eram esvaziados e os pacientes deportados para o
interior, enquanto teatros eram evacuados e transformados em chiqueiros para a
criação de porcos.
O governo comunista do Khmer
Vermelho alegava como causa destas providências a necessidade de alimentar a
população urbana, do que era impedido pelos bombardeios das forças
norte-americanas, que tornava qualquer meio de transporte inviável.
Qualquer indivíduo que houvesse
trabalhado, de alguma forma, vinculado ao governo deposto, teria morte certa,
caso fosse identificado. O Khmer não executava apenas o "vinculado",
mas todos os seus familiares, para eliminar qualquer possibilidade de uma futura
vingança contra o regime.
Entre 1977 e 1978, a violência
atingiu o seu auge, quando os assassinatos passaram a ser comuns entre os
próprios elementos do Khmer Vermelho, em intermináveis purgações em todos os
níveis.
Durante todo este período em que
o país passa a ser conhecido como "Camboja Democrático" (Janeiro de
1976/79), o regime de Pol Pot exerceu o poder de vida e morte sobre toda a
população, sem a menor contestação. Devido à necessidade de poupar munição, as
armas de fogo poucas vezes eram utilizadas. As pessoas eram mortas por qualquer motivo: por não trabalharem com o
desejado afinco, por reclamarem das condições de vida, por guardarem algum bem
ou comida para utilização própria, por usarem alguma joia, por terem relações
sexuais não autorizadas, por chorarem a morte de algum amigo ou familiar e até
por demonstrarem algum sentimento religioso. Os doentes eram, na maioria
das vezes, eliminados. Esta matança ocorria, sempre, sem qualquer tipo de
julgamento e prolongou-se, ininterruptamente, até a invasão do país pelas
tropas do Vietnam, em 1979.
3.5- O apartheid na África do Sul
Apartheid (significa "vidas
separadas" em africano) era um regime segregacionista que negava aos
negros da África do Sul os direitos sociais, econômicos e políticos.
Embora a segregação existisse na
África do Sul desde o século 17, quando a região foi colonizada por ingleses e
holandeses, o termo passou a ser usado legalmente em 1948.
No regime do apartheid o governo
era controlado pelos brancos de origem europeia (holandeses e ingleses), que
criavam leis e governavam apenas para os interesses dos brancos. Aos negros
eram impostas várias leis, regras e sistemas de controles sociais.
Entre as principais leis do
apartheid, podemos citar:
- Proibição de casamentos entre
brancos e negros - 1949.
- Obrigação de declaração de
registro de cor para todos sul-africanos (branco, negro ou mestiço) - 1950.
- Proibição de circulação de
negros em determinadas áreas das cidades - 1950
- Determinação e criação dos
bantustões (bairros só para negros) - 1951
- Proibição de negros no uso de
determinadas instalações públicas (bebedouros, banheiros públicos) - 1953
- Criação de um sistema
diferenciado de educação para as crianças dos bantustões - 1953
Fim do Apartheid
Este sistema vigorou até o ano de
1990, quando o presidente sul-africano tomou várias medidas e colocou fim ao
apartheid. Entre estas medidas estava a
libertação de Nelson Mandela, preso desde 1964 por lutar com o regime de
segregação. Em 1994, Mandela assumiu a presidência da África do Sul,
tornando-se o primeiro presidente negro do país.