Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Relevos e Solos

O Relevo e o Solo – Formação e Classificação 

2.0- A Formação do Relevo 
Apesar de nem sempre percebemos diretamente, o relevo terrestre é bastante dinâmico e está sempre se transformando. Algumas dessas transformações podem ser mais facilmente visualizadas, como as erosões; outras já são mais longas e demoram milhares de anos para acontecer, como a formação de montanhas. Essas transformações acontecem graças aos agentes de transformação do relevo, que são elementos responsáveis pelas alterações e construções das formas que observamos na superfície terrestre. Assim, para melhor compreender esses agentes, eles foram divididos em agentes internos ou endógenos e agentes externos ou exógenos. 

2.1- Agentes Internos e Externos
Os agentes internos ou endógenos de transformação do relevo são aqueles que surgem ou agem de dentro da Terra, ou seja, abaixo da superfície. São os terremotos, os vulcanismos e o tectonismo. Os agentes externos ou exógenos, por outro lado, são aqueles que agem acima do relevo, ou seja, sobre a superfície. São as ações dos ventos, das águas, do intemperismo e dos seres vivos.

2.2- As ações dos agentes internos 
Também conhecidos como agentes endógenos, eles são os responsáveis pela formação de certas formas de relevo como: a formação de serras, cadeias de montanhas, morros entre outros. Geralmente as ações desses agentes acontecem através de movimentos internos que são chamados de orogênese e epirogênese. 

2.3- As ações dos agentes externos 
Também conhecidos como exógenos, esses agentes geralmente não agem na formação do relevo e sim em sua modelagem. É através deles que ocorrem os processos erosivos, que também são conhecidos como desgaste, e o transporte de sedimentos, que também são conhecidos como deposição. O principal desses agentes é a água, pois atua através das chuvas, dos rios, dos mares e oceanos e também do derretimento do gelo. As águas das chuvas agem no processo de erosão e também são responsáveis por “lavar” os solos, em um processo que é conhecido como lixiviação. Os rios provocam rupturas no relevo e também ajudam no transporte de sedimentos e na modelagem das rochas e formações geológicas. As águas dos mares, através das ondas fortes transformam as rochas em sedimentos, transportam e formam as areias, além de modelar as superfícies litorâneas. O vento também é um agente externo, ele atua na modelagem e no transporte de sedimentos. As erosões que são provocadas pela ação do vento são chamadas de erosões eólicas. Os seres vivos também agem na transformação do relevo. Algumas espécies fazem buracos na terra e em formações rochosa em busca de alimento ou de abrigo. Os vegetais, com suas raízes, também transformam o relevo e as vezes até ajudam a preservá-lo. Mas entre todos os seres, o homem é o que mais muda o relevo, tanto direta quanto indiretamente. 

2.4- Formas de Relevo 
A superfície terrestre é composta por diferentes formas de relevo: montanhas, planícies, planaltos e depressões. O relevo corresponde às variações que se apresentam sobre a camada superficial da Terra. Assim, podemos notar que o relevo terrestre apresenta diferentes fisionomias, isto é, áreas com diferentes características: algumas mais altas, outras mais baixas, algumas mais acidentadas, outras mais planas, entre outras feições. Para melhor analisar e compreender a forma com que essas dinâmicas se revelam, foi elaborada uma classificação do relevo terrestre com base em suas características principais, dividindo-o em quatro diferentes formas de relevo: as montanhas, os planaltos, as planícies e as depressões. 

2.4.1- Montanhas
As montanhas são formas de relevo que se caracterizam pela elevada altitude em comparação com as demais altitudes da superfície terrestre. Quando tidas em conjunto, elas formam cadeias chamadas de cordilheiras, a exemplo da Cordilheira dos Andes, na América do Sul, e da Cordilheira do Himalaia, na Ásia. Existem quatro tipos de montanhas: as vulcânicas, que se formam a partir de vulcões; as de erosão, que surgem a partir da erosão do relevo ao seu redor, levando milhões de anos para serem formadas; as falhadas, originadas a partir de falhamento na crosta, que geram uma ruptura entre dois blocos terrestres, ficando soerguidos um sobre o outro; e as dobradas, que se originam a partir dos dobramentos terrestres causados pelo tectonismo. De todos esses tipos, o último é o mais comum.

2.4.2- Planaltos
Os planaltos – também chamados de platôs – são definidos como áreas mais ou menos planas que apresentam médias altitudes, delimitações bem nítidas, geralmente compostas por escarpas, e são cercadas por regiões mais baixas. Neles, predomina o processo de erosão, que fornece sedimentos para outras áreas. Existem três principais tipos de planaltos: os cristalinos, formados por rochas cristalinas (ígneas intrusivas e metamórficas) e compostos por restos de montanhas que se erodiram com o tempo; os basálticos, formados por rochas ígneas extrusivas (ou vulcânicas) originadas de antigas e extintas atividades vulcânicas; e os sedimentares, formados por rochas sedimentares que antes eram baixas e que sofreram o soerguimento pelos movimentos internos da crosta terrestre.

2.4.3- Planícies
São áreas planas e com baixas altitudes, normalmente muito próximas ao nível do mar. Encontram-se, em sua maioria, próximas a planaltos, formando alguns vales fluviais ou constituindo áreas litorâneas. Caracterizam-se pelo predomínio do processo de acumulação e sedimentação, uma vez que recebem a maior parte dos sedimentos provenientes do desgaste dos demais tipos de relevo.

2.4.4- Depressão
São áreas rebaixadas que apresentam as menores altitudes da superfície terrestre. Quando uma localidade é mais baixa que o seu entorno, falamos em depressão relativa, e quando ela se encontra abaixo do nível do mar, temos a depressão absoluta. O mar morto, no Oriente Médio, é a maior depressão absoluta do mundo, ou seja, é a área continental que apresenta as menores altitudes, com cerca de 396 metros abaixo do nível do mar.

2.5- Relevo do Brasil 
O relevo do Brasil como o de toda a Terra, é resultante da atuação de agentes internos e externos, os processos que modelam as formas do nosso território, são de modo geral, recentes, as alternâncias entre climas mais úmidos e mais secos no decorrer do terciário e do quaternário influenciou definitivamente no processos erosivos na modelagem do nosso relevo. O território brasileiro pode ser dividido em grandes unidades e classificado a partir de diversos critérios. Uma das primeiras classificações do relevo brasileiro, identificou oito unidades e foi elaborada na década de 1940 pelo geógrafo Aroldo de Azevedo. No ano de 1960, essa classificação tradicional foi substituída pela tipologia do geógrafo Aziz Ab´Sáber, que acrescentou duas novas unidades de relevo e a mais atual refere-se aos estudos do geógrafo e pesquisador Jurandyr Ross em 1995 que alterou a classificação para 28 unidades de relevo, que podem ser divididas em planaltos, planícies e depressões. 

2.5.1- Características do relevo brasileiro 
O relevo do Brasil tem formação muito antiga e resulta principalmente de atividades internas do planeta Terra e de vários ciclos climáticos. A erosão, por exemplo, foi provocada pela mudança constante de climas úmido, quente, semiárido e árido. Outros fenômenos da natureza (ventos e chuvas) também contribuíram no processo de erosão. 

2.5.2- O relevo brasileiro apresenta-se em: O território brasileiro apresenta diferentes formas de relevo. Existem várias classificações do relevo nacional, no entanto, a mais aceita divide o relevo do Brasil em planalto, planície e depressão. 

Planalto: são terrenos elevados, com altitudes acima de 300 metros. Esse tipo de relevo pode ser encontrado em diferentes partes do país, sendo caracterizado pela formação de chapadas e de extensas superfícies planas. Um exemplo dessa forma de relevo é o Planalto Central no Brasil, que inclui os estados do Centro-Oeste, além de Minas Gerais e Tocantins. O ponto mais elevado do Brasil é o Pico da Neblina, com 2.993,78 metros acima do nível do mar.

Planície: é uma forma de relevo recente, sendo caracterizado por superfícies extremamente planas, com altitudes entre 0 e 100 metros. Essas áreas, em razão da baixa altitude, estão sujeitas a inundações. O Pantanal é a maior planície inundável do mundo Essas formações são encontradas nas regiões litorâneas ou próximas de rios e lagos, como, por exemplo, nas margens do Rio Amazonas. O Pantanal, localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de Bolívia e Paraguai, é a maior planície inundável do planeta. 

Depressão: caracteriza-se por terrenos relativamente inclinados cuja altitude varia de 100 a 500 metros. A erosão é o principal fenômeno responsável pela formação desse tipo de relevo. Um exemplo de depressão no Brasil é a borda leste da bacia hidrográfica do Paraná.

 2.5.3- Pontos Culminantes do Brasil

Pico da Neblina                     Serra Imeri (Amazonas)                        Altitude (m) 2.993,78
Pico 31 de Março                  Serra Imeri (Amazonas)                        Altitude(m)  2.972,70 
Pico da Bandeira                   Serra Caparaó (ES e MG)                     Altitude (m) 2.889,80
Pico Pedra da Mina        Serra Mantiqueira, (entre  SP e MG)           Altitude (m) 2.798,40 
Pico das Agulhas Negras     SerraItatiaia ( MG e RJ)                        Altitude (m)  2.791,50 

                                                           Fonte: Anuário Estatístico do Brasil - IBGE (2011)

2.5.4- Classificação do relevo brasileiro 
2.5.4.1- Por Aroldo de Azevedo – Leva em conta o nível altimétrico, classificando o relevo em 08 unidades, sendo 04 planícies e 04 planaltos.
Os planaltos que são: - Planalto das Guianas e - Planalto Brasileiro, subdividido em: - Planalto Atlântico, - Planalto Central, - Planalto Meridional. As planícies que são: Planície Amazônica, Planície do Pantanal, Planície Costeira, Planície do Pampa ou Gaúcha.
Obs.: A classificação de Aroldo de Azevedo, é a mais tradicional. Feita em 1949, está um pouco desatualizada, mesmo assim continua em uso, por três fatores: 
1º devido a preocupação com um tratamento coerente às unidades do relevo, dando mais valor a terminologia geomorfológica; 
2º devido a identificação de áreas individualizadas; e em 
3º devido a simplicidade e originalidade.


2.5.4.2- Por Ab’Saber – Leva em conta o processo geomorfológico. Planícies são áreas em que predomina a sedimentação e planaltos são áreas em que predomina a erosão. A classificação de Aziz Ab’Sáber, da década de 60, adota o conceito de processo erosivo para classificar as macro unidades: planaltos são superfícies em que predomina o desgaste erosivo, enquanto planícies são aquelas em que predominam os processos de acumulação dos sedimentos.
Segundo esse estudo o relevo brasileiro tem sua formação antiga e resulta principalmente da ação das forças internas da terra e da sucessão de ciclos climáticos. A alternância de climas quentes e úmidos com áridos ou semiáridos favoreceu o processo de erosão e explicam a formação do atual modelado do relevo brasileiro. Nessa perspectiva, Aziz Ab´Saber observou a evolução do clima (Paleoclimas), para realizar a classificação do relevo brasileiro, isto é, as dramáticas alterações ocorridas ao longo do tempo geológico no território brasileiro. Portanto, a análise do relevo atual envolveu também o estudo dos chamados Paleoclimas, ou seja, os fatores climáticos passados, que contribuem para explicar o modelado do presente.Com base no estudo dos processos fisiológicos que envolveram as rochas que compõem as estrutura geológica de brasileira Aziz Ab’Saber classificou o relevo brasileiro em dois tipos de macro unidades geomorfológicas: Planaltos e Planície. Além de aumenta de 8 unidades para 10 unidades de relevo, sendo 3 Planícies e 7 Planaltos.
2.5.4.3- Por Jurandyr Ross – Leva em conta o processo geomorfológico. Uma das classificações mais atuais é do ano de 1995, de autoria do geógrafo e pesquisador Jurandyr Ross, do Departamento de Geografia da USP (Universidade de São Paulo). Seu estudo fundamenta-se no grande projeto Radambrasil, um levantamento feito entre os anos de 1970 e 1985. O Radambrasil tirou diversas fotos da superfície do território brasileiro, através de um sofisticado radar acoplado em um avião. Jurandyr Ross estabelece 28 unidades de relevo, que podem ser divididas em planaltos, planícies e depressões.

2.6- Perfis de Relevo
 Os perfis de relevo, ou topográficos, são gráficos que mostram cortes verticais da crosta terrestre e as variações de altitude.
2.7- O Solo 
O solo é a camada superficial da crosta terrestre, sendo formado basicamente por aglomerados minerais e matéria orgânica oriunda da decomposição de animais e plantas. Esse elemento natural é de fundamental importância para a vida de várias espécies. O solo serve de fonte de nutrientes para as plantas, e a sua composição interfere diretamente na produção agrícola. Entre os fatores que contribuem para a caracterização do solo estão o clima, a incidência solar, a rocha que originou o solo, matéria orgânica, cobertura vegetal, etc. 
2.7.1- Classificação dos Solos:
O solo pode ser classificado em arenoso, argiloso, humoso e calcário. Solo arenoso: possui grande quantidade de areia. Esse tipo de solo é muito permeável, pois a água infiltra facilmente pelos espaços formados entre os grãos de areia. Normalmente ele é pobre em nutrientes.
Solo argiloso: é formado por grãos pequenos e compactos, sendo impermeável e apresentando grande quantidade de nutrientes, característica essencial para a prática da atividade agrícola. 
Solo humoso: chamado em alguns lugares de terra preta, esse tipo de solo é bastante fértil, pois contém grande concentração de material orgânico em decomposição. O solo humoso é muito adequado para a realização da atividade agrícola. 
Solo calcário: com pouco nutriente e grande quantidade de partículas rochosas em sua composição, o solo calcário é inadequado para o cultivo de plantas. Ele é típico de regiões desérticas. Portanto, as características do solo influenciam diretamente na prática da agricultura e no desenvolvimento socioeconômico de um determinado lugar. Porém, é importante destacar que técnicas agrícolas têm adaptado alguns solos para o cultivo, através da introdução de nutrientes. Outro aspecto que deve ser pontuado é a poluição do solo, que é causada principalmente pelo lixo despejado em lugares inadequados e pelos agrotóxicos utilizados nas plantações.

2.7.2- Tipos de solos 
Arenoso: Muito poroso e permeável, portanto, pouco fértil. 
Argiloso: É fértil e retém água, mas dependendo do nível de evaporação pode apresentar facilmente desertificação. 
Terra preta ou massapé: Muito fértil e rica em húmus. 
Terra roxa: Muito férteis, apresenta basalto e muitos minerais. 
Salmourão: Composto por fragmentação de rochas. 
Aluviais: Compostos por sedimentação. Húmus – Resultante da decomposição de matéria orgânica, ótimo fertilizante. 

2.7.3- Horizontes do Solo

2.7.4- Classificação dos Solos 
Os solos são recursos naturais que se formaram depois de milhões de anos em constituição, resultantes da decomposição das rochas por ações do intemperismo. Podem ser classificados conforme a origem e conforme a influência da vegetação e do relevo. 

2.7.4.1- Classificação quanto à origem: Quanto à origem, os solos são classificados em eluviais e aluviais. 
2.7.4.1.1- Eluviais: quando os solos se formam por rochas encontradas no mesmo local da formação, ou seja, quando a rocha que se decompôs e se alterou para a formação do solo se encontra no mesmo local do solo; 
2.7.4.1.2- Aluviais: quando os solos foram formados por rochas localizadas em outros lugares e que graças à ação das águas e dos ventos os sedimentos foram transportados para outro local. 

2.7.4.2- Classificação quanto à influência externa 
Quanto à influência externa, existe outra forma de classificação dos solos, também chamada de classificação zonal, que divide os solos em zonais, intrazonais e azonais: 
2.7.4.2.1- Zonais: os solos zonais são caracterizados por serem maduros, bem delineados e profundos. São subdivididos em latossolos, podzóis, solos de pradaria e desérticos. 
a) Latossolos: São solos pouco férteis, presentes geralmente em climas quentes e úmidos, com profundidades superiores a 2 m; 
b) Podzóis: São solos férteis, graças à acumulação de minérios, húmus e matéria orgânica, são próprios de climas frios e temperados; 
c) Solos de pradarias: São ricos em cálcio e matérias orgânicas, por isso, são extremamente férteis. Estão presentes em regiões subúmidas de clima temperados; 
d) Desérticos: Solos caracterizados por serem pouco profundos e pouco férteis. Próprio de regiões desérticas. 
2.7.4.2.2- Intrazonais: são solos bem desenvolvidos, além de serem bastante influenciados pelo local e pelos fatores externos. Dividem-se em solos salinos e solos hidromórficos. 
a) Solos Salinos: também chamados de halomórficos, caracterizam-se pelo alto índice de sais solúveis, próprios de regiões áridas e próximas ao mar. Possui uma baixa fertilidade; 
b) Solos hidromórficos: por serem localizados próximos a rios e lagos, apresentam grande umidade. Sua fertilidade depende do índice de umidade, quanto mais úmidos, menos férteis.
2.7.4.2.3- Azonais: solos pouco desenvolvidos e muito rasos. Dividem-se em solos aluviais e litossolos. 
a) Solos aluviais: presentes em áreas de formação recente em planícies úmidas. Quando os seus sedimentos são transportados, formam um solo de coloração amarela, denominado loess.
b) Litossolos: presentes em locais com declives acentuados, costumam estar posicionados diretamente sobre a rocha formadora. São solos inférteis.

2.8- Técnicas para melhorar o solo
O mau uso dos solos pode ocasionar sérios danos ambientais e econômicos, transformando terras férteis em áreas improdutivas e agredindo seriamente o meio natural. Por esse motivo, existem diversas técnicas de cultivo e conservação dos solos, visando ao seu melhor aproveitando e à sua máxima preservação. 
2.8.1- Adubação verde ou orgânica: para uma maior e melhor preservação dos solos durante o cultivo, recomenda-se alternar as safras com leguminosas (plantas que dão vagens, como o feijão, lentilha e ervilha). Esse tipo de vegetação possui a característica de se associar com micro-organismos presentes na terra, capazes de transformar o nitrogênio do ar em compostos hidrogenados que enriquecem o solo. 
2.8.2- Afolhamento: essa técnica é utilizada para recuperar gradativamente os solos, poupando-os sem interromper totalmente a produção. Nela, divide-se a área agricultável em três partes, sendo duas cultivadas e outra reservada em “descanso” (geralmente por um período de dois anos) para recuperar naturalmente os nutrientes perdidos em colheitas anteriores. 
2.8.3- Rotação de culturas: em oposição ao sistema de monocultura (em que apenas uma espécie é cultivada até o total esgotamento do solo), elaborou-se o sistema de rotação de culturas, que consiste em alternar a produção: hoje, planta-se soja; amanhã, trigo; e depois milho, por exemplo. As vantagens dessa técnica são variadas: controle de pragas (através da variabilidade das espécies), reposição de nutrientes no solo, entre outros. No entanto, é necessário sempre fazer um estudo específico para se escolher as espécies mais adequadas a cada tipo de solo e que possam ser rentáveis comercialmente. 
2.8.4- Plantio direto: essa técnica objetiva a realização do plantio diretamente sobre os restos da colheita anterior, sem a necessidade de realizar uma nova aragem da terra, evitando a exposição do solo aos fatores climáticos e o seu desgaste. Além disso, se ganha no combate à erosão e aumenta-se a produtividade. 
2.8.5- Calagem: muito utilizada na região do Cerrado brasileiro, essa técnica visa à correção da acidez do solo através do uso do calcário. Além disso, esse procedimento também fornece nutriente como cálcio e magnésio para as plantas. Apesar de ser uma técnica moderna e eficiente de cultivo e preservação dos solos, ela acabou tendo o efeito contrário no Centro-Oeste do país, pois permitiu o avanço da fronteira agrícola no Brasil e a consequente devastação do bioma Cerrado, o que trouxe prejuízos tanto para os solos quanto para o meio ambiente. 
2.8.6- Curvas de nível: na Cartografia, essa expressão significa algumas linhas imaginárias traçadas para representar os desníveis de altitude do solo. Na agricultura, o procedimento é realizar o plantio acompanhando essas linhas imaginárias, favorecendo o cultivo em áreas de relativa declividade sem ocasionar a formação de erosões.

Além da implantação de técnicas agrícolas, o agricultor também precisa ter muito cuidado ao aplicá-las. É necessária sempre a realização de estudos específicos, além de um bom apoio técnico. É preciso, também, a adaptação dos maquinários ao tipo de solo a ser cultivado para evitar danos maiores à topografia local. Uma recomendação usualmente manifesta por especialistas é a incorporação de seres vivos ao solo, como minhocas, lavas e outros tipos de insetos, pois eles contribuem para o seu enriquecimento orgânico.

FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 1 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. – 2ª. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013.

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