1- Introdução:
A compreensão entre
infraestrutura e desenvolvimento é fundamental para a análise da dinâmica do
espaço geográfico. Isso implica analisar as redes de transportes e de
telecomunicações.
Nesse conteúdo veremos o
desenvolvimento e a importância dos transportes no contexto da economia
globalizada e avaliaremos os problemas enfrentados pelo Brasil nesse setor.
Iremos ainda apresentar um panorama das telecomunicações no mundo.
1.1- Infraestrutura e desenvolvimento:
Num mundo em que informações, mercadorias,
capitais e pessoas circulam de forma intensa e rápida, a compreensão da
estrutura material que dá suporte a todos esses fluxos é fundamental para o
entendimento da dinâmica no espaço geográfico.
A arquitetura das redes de
transportes e de telecomunicações e a questão energética no mundo e no Brasil,
relaciona-se com o desenvolvimento econômico e na implantação e ampliação da
infraestrutura brasileira.
1.2- Transportes e Telecomunicações
A evolução dos transportes na era
da Globalização permitiu uma maior integração internacional e o crescimento da
dinâmica econômica mundial.
Considerando a evolução do
sistema capitalista ao longo dos séculos e as transformações que permitiram a
integração mundial, podemos dizer que, sob muitos aspectos, a evolução da
Globalização é, pois, uma série contínua de evolução nos meios de transporte.
Portanto, a questão dos transportes na era da Globalização envolve uma dinâmica
de transformações cada vez mais aceleradas e produtoras de uma
interdependência.
Aliados à evolução nos sistemas
de comunicação, os meios de transporte permitiram a ocorrência daquilo que se
assinalou como a compressão do tempo e do espaço, em que as distâncias do mundo
“encurtaram”, ou seja, podem ser mais facilmente percorridas, reduzindo gastos
e também tempo em deslocamentos e emissão de mensagens. Com isso, a
globalização gerou o desencadeamento de uma rede de fluxos de informações e
serviços que interliga vários pontos do globo entre si.
Essa questão da interdependência
entre os sistemas de transporte e a globalização explica-se pelo fato de as
práticas humanas modificarem-se a partir da transformação das técnicas. São as
técnicas e os objetos técnicos que atuam no processo de constituição das
práticas sociais e na transformação do espaço geográfico. Com a evolução do
capitalismo, as técnicas reproduzidas nos meios de transporte foram ganhando
novas formas, funções e tecnologias mais avançadas.
Inicialmente, nas últimas décadas
do século XV até o início do século XVI, os meios de transporte eram
limitadores do alcance das práticas comerciais até mesmo na comercialização de
produtos perecíveis. O desenvolvimento da navegação marítima permitiu, além da
expansão colonial europeia, uma maior amplitude em termos comerciais, passando
a integrar diferentes regiões do planeta por diferentes rotas. A produção de
matérias-primas e de produtos manufaturados e o consequente desenvolvimento das
sociedades puderam, então, consolidar-se no período chamado de Capitalismo
Comercial.
Posteriormente, com os avanços
promovidos pela Primeira e Segunda Revoluções Industriais até o final do século
XIX, os meios de transporte conheceram um novo salto com a invenção da máquina
a vapor e o meio ferroviário, bem como o maior desenvolvimento da navegação.
Esses instrumentos permitiram, então, a integração intra territorial em vários
países e continentes, além de intensificar as trocas comerciais internacionais.
O século XX, por sua vez, foi o
século do desenvolvimento rodoviário e também do transporte aéreo, sobretudo
com a III Revolução Industrial, também conhecida como Revolução
Técnico-Científica Informacional. Com isso, cargas, produtos e pessoas puderam
ser mais facilmente deslocados, permitindo a integração com os pontos mais
remotos, fator necessário e vital para a atual complexidade da globalização. Se
antes uma mercadoria ou mensagem levava dias ou, a depender da distância, até
meses para chegar, hoje em dia é possível comunicar-se ou se deslocar
rapidamente mesmo entre os locais de distância mais extrema.
Portanto, podemos perceber que os
transportes são de fundamental importância para o fluxo de informações da economia moderna, que se estende em uma
lógica macro espacial. Se hoje temos os acordos internacionais, os blocos
econômicos e o deslocamento de produtos e matérias-primas na Divisão
Internacional do Trabalho, é porque foi possível conceber uma rede de
transportes que se torna, a cada dia, mais dinâmica e mais vital para o
funcionamento da economia.
1.3-
Globalização e transportes
A evolução dos meios de transporte foi um dos
eventos que possibilitaram ao ser humano ocupar todo o planeta, explorar os
recursos da natureza no mais diferentes lugares, ampliar o comércio e
impulsionar outras atividades econômicas.
O desenvolvimento da navegação marítima está diretamente relacionado com a
consolidação do capitalismo comercial e a ampliação do horizonte geográfico
europeu, a partir do final do século XV.
A Segunda Revolução Industrial, no final do século XIX, ocorreu ajustada a uma
efetiva modernização dos meios de transporte, com o desenvolvimento da
navegação e da ferrovia a vapor. O transporte rodoviário traçaria novas rotas
no decorrer do século XX, possibilitando maior alcance da carga transportada.
Aquele também seria o século do avião, que se transformou no principal meio de
transporte transcontinental de passageiros e de cargas leves.
Na fase atual de globalização não foi
diferente. O avanço dos transportes e das telecomunicações intensificou a
circulação de mercadorias, serviços e capitais, atendeu à demanda das grandes
empresas por mais agilidade nos processo que envolvem comunicação e negócios a
longa distância e atingiu a sociedade mundial em todas as suas dimensões
(econômica, social, cultural e política).
1.4- Redes de transportes
A infraestrutura de comunicação e de
transporte num território organiza-se na forma de redes. As redes de transporte
baseiam-se nos sistemas de deslocamento de mercadorias e passageiro, sendo
formadas pelas vias de navegação marítima e fluvial, ferrovias, rodovias e
aerovias, além da rede de dutos.
1.4.1-
A importância dos transportes na economia moderna
O desenvolvimento dos meios de transporte
visa a três fatores essenciais: a segurança, a velocidade e a capacidade de
deslocamento de carga ou passageiros. A economia globalizada ampliou o volume
dos deslocamentos, tanto em escala nacional como internacional. O
desenvolvimento da tecnologia de transportes mudou a natureza do intercâmbio
comercial nos últimos 60 anos e abriu possibilidades à comercialização de todos
os tipos de mercadoria.
A globalização econômica estimula os fluxos internacionais de mercadorias,
em razão da maior abertura comercial verificada em muitos países. No entanto,
também nesse setor observam-se diferenças entre os países. As principais rotas
comerciais mundiais concentram-se no hemisfério Norte, onde estão os países de
maior dinamismo econômico e os principais portos e aeroportos, por onde entram
e saem os grandes fluxos de mercadorias e passageiros.
No
Brasil,
a logística do circuito que liga as áreas de produção ao mercado interno e à
exportação foi moldada a partir dos chamados corredores de exportação: eixos do território que articulam os
meios de transporte e o sistema de armazenamento. Em geral, a infraestrutura de
armazenamento é destinada a produtos cuja estocagem é feita em grandes volumes,
como os agro minerais. O ponto de chegada desse sistema de escoamento são
principalmente os terminais portuários espalhados pelo litoral brasileiro, de
onde os fluxos de mercadorias são direcionados aos mercados interno ou externo.
O sistema logístico dos corredores de
exportação está orientado para os portos das regiões Sul e Sudeste e ainda
pouco articulado a outras áreas de importância econômica mais recentes e
afastadas do Atlântico, como por exemplo, aquelas situadas nas regiões
Centro-Oeste e Norte do Brasil.
1.5- O sistema de transporte no Brasil
O setor de transporte do Brasil apresenta
diversos problemas. Isso pode ser explicado pela grande extensão do território
e pelas políticas governamentais adotadas no decorrer do século XX, que não
levaram em consideração a necessidade de se diversificar as modalidades de
transportes no país. No Brasil, seja por pressão de grupos econômicos
(interesses das indústrias automobilísticas, petrolífera e da construção
civil), seja pela visão imediatista dos governantes, privilegiou-se o
transporte rodoviário. Sobretudo a partir de meados do século XX, o
planejamento e os investimentos das verbas públicas ficaram centrados nessa
modalidade, enquanto as ferrovias e hidrovias (incluída a navegação de
cabotagem) foram relegadas a segundo plano.
O alto custo para transportar mercadorias, por rodovia, das regiões produtoras
até os portos nacionais, é um dos fatores que diminuem a competitividade da
produção nacional no mercado externo e, em muito casos, encarece o preço das
mercadorias no mercado interno.
1.5.1- Transporte rodoviário
Para distâncias menores, as rodovias são meio
de transporte mais adequado. Apesar do custo mais elevado e de comportar menor
capacidade de carga, o transporte rodoviário apresenta a vantagem de realizar o
deslocamento ponta a ponta: a mercadoria é retirada do local onde é produzida e
pode ser levada até o ponto de venda. Dessa forma, o produto chega ao seu
destino final sem a necessidade de várias operações de carga e descarga,
inevitáveis nas outras modalidades de transporte.
Para distâncias maiores, porém, o transporte rodoviário não é o meio mais
adequado, mas pode auxiliar os demais. Assim, uma mercadoria percorre longas
distâncias de trem, por exemplo, e depois é levada de caminhão até o local
exato de destino.
As rodovias no Brasil são a base do transporte de passageiros e por elas
circulam cerca de 61% das cargas transportadas no país. A malha rodoviária
brasileira é uma das maiores do mundo: mais
de 1 milhão e 580 mil quilômetros de estradas de rodagem, mas com apenas 214
mil quilômetros pavimentados. Além disso, 70% delas estão em más condições de
tráfego.
As grandes rodovias, que interligam as várias
regiões do país, foram construídas a partir da década de 1950 e tiveram papel
fundamental no modelo econômico nacional e na integração das economias
regionais nesse período.
Durante os governos militares (1964-1985), as rodovias passaram a ser a base da
ocupação espacial do país, tanto do ponto de vista econômico como do ponto de
vista geopolítico (Programa de Integração Nacional – PIN). Em 1970, teve início
a construção da Transamazônica como estratégia de integração da Amazônia ao
mercado nacional.
1.5.1.1- Concessão de rodovias
O processo de concessão de rodovias federais
teve início com o Programa de Concessão de Rodovias Federais (Procofe), em
1995. A partir dele, a exploração comercial das rodovias estendeu-se às vias
estaduais. As empresas concessionárias, em troca de serviços de manutenção e de
melhorias, adquiriram o direito de exploração por meio da cobrança de pedágio,
cessão de espaço para publicidade e para instalação de infovias (espécie
de estrada eletrônica, formada por redes de cabos de fibra óptica pelas quais
circulam informações na forma de texto, som ou imagem) que acompanham o
traçado das vias.
Em 2015 as concessões à administração privada
são feitas por um período de 30 anos e O Programa de Concessão de Rodovias
Federais abrange 11.191,1 quilômetros de rodovias, desdobrado em concessões promovidas
pelo Ministério dos Transportes, pelos governos estaduais, mediante delegações
com base na Lei n.º 9.277/96, e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT), que administra atualmente 21 concessões de rodovias, totalizando
9.969,6 km, sendo cinco concessões contratadas pelo Ministério dos Transportes,
entre 1994 e 1997, uma pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em 1998,
com posterior Convênio de Delegação das Rodovias denunciado e o contrato
sub-rogado à União em 2000 , oito concessões referentes à segunda etapa - fases
I (2008) e II (2009), uma concessão referente à terceira etapa – fase II (2013)
e, por fim, seis concessões que são partes integrantes do Programa de
Investimentos em Logística, pertencente à terceira etapa – fase III (2013 e
2014).
1.5.2- Transporte ferroviário
Comparando-se à rodovia, a ferrovia é o
melhor meio de transporte para países de grande extensão territorial como o
Brasil. Tem maior capacidade para transportar cargas e passageiros, consome
menos energia que o caminhão em relação ao volume de carga transportado e pode
ser eletrificada, não dependendo exclusivamente do petróleo como fonte de
energia.
Embora o custo de instalação do sistema
ferroviário seja elevado, sua manutenção é mais barata do que as das rodovias.
Apesar das vantagens, a extensão da linha ferroviária brasileira, comparada à
extensão da malha ferroviária de outros países é muito pequena. Levando-se em
conta a extensão territorial desses países é fácil perceber que o fato de
possuírem um território extenso traz a necessidade de investimentos em
ferrovias, modalidade de transporte terrestre de longa distância, que oferece
maior custo-benefício que as rodovias.
1.5.2.1-
Evolução das ferrovias no Brasil
A ferrovia foi o principal meio de transporte
de carga terrestre no Brasil até meados do século XX. Entre 1870 e 1920 as
grandes ferrovias seriam construídas, principalmente no estado de São Paulo.
Tinham a função principal de ligar as fazendas de café do interior do estado
até a capital. Os trens carregavam o café até o porto e traziam ferramentas,
imigrantes e alimentos para as fazendas. Atualmente a rede ferroviária
brasileira é pouco extensa. O Brasil terminou a segunda década do século XXI
com 30.051 quilômetros de vias férreas, sendo 28.614 quilômetros operados por
empresas privadas. Somente a Vale S.A. detém a terça parte de toda a malha
ferroviária brasileira. As ferrovias absorvem cerca de 20% da carga
transportada no Brasil. Ainda que pouco representativo, o transporte
ferroviário de passageiros para fins turísticos realiza-se em alguns pontos do
território, como em Paranapiacaba (SP) e Tiradentes (MG). O maior volume de
passageiros das ferrovias trafega em deslocamentos de curta distância, nos
sistemas de transporte metropolitanos. Caso se dê continuidade aos projetos
ferroviários em andamento no final da primeira década deste século, o Brasil
poderá atingir 31.500 quilômetros em 2015 e 50.000 em 2050.
1.5.2.2- Trem-bala no Brasil
O principal projeto de transporte de
passageiros dos últimos anos está previsto para entrar em funcionamento ainda
nesta década. Trata-se do trem-bala brasileiro, ligação ferroviária entre os
municípios de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. A região escolhida para ser
estruturada a primeira malha do trem-bala brasileiro é uma das mais populosas
do país, concentrando quase 40 milhões de habitantes. Além disso, a região
detém praticamente a metade do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.
A viagem entre Rio e São Paulo poderá ser
realizada em cerca de 1 hora e 40 minutos. O trem poderá atingir a velocidade
média de 285 quilômetros por hora, e fará também a ligação entre diversas
estações intermediárias. De São Paulo ao Rio de Janeiro a extensão da linha
será de 511 quilômetros, mais da metade percorrida por túneis, pontes e
viadutos. O empreendimento está entre os mais caros projetos de infraestrutura programados.
De acordo com o governo, sua participação irá se restringir apenas aos valores
equivalentes a impostos e desapropriações, ficando o setor privado responsável
pela maior parte dos investimentos.
No início de 2013, a tecnologia a ser utilizada no trem-bala ainda não estava
definida. Segundo o governo, seriam privilegiados os projetos que apresentassem
menor custo aos cofres públicos, tarifas mais baixas, além da preocupação com o
meio ambiente.
1.5.2.3- Privatização das ferrovias
A privatização do setor ferroviário teve
início em 1996. A RFFSA foi arrendada para grupos formados por empresas
nacionais, muitas das quais já utilizavam as ferrovias para o transporte de
seus produtos. O modelo de privatização baseava-se na concessão por um período
de trinta anos, mediante o pagamento, pelas concessionárias, de um aluguel ao
governo.
A transferência para o setor privado
representou uma pequena melhoria nas ferrovias, limitada à recuperação de
alguns trechos e à instalação de alguns equipamentos mais modernos, sem no
entanto, promover a ampliação da malha. Ocorreu, também, aumento do volume
transportado e diversificação das cargas, com a utilização de novos tipos de vagão.
A partir de então, alimentos, bebidas, papel e automóveis passaram a ser
transportados por trem no Brasil.
1.5.3- Transporte marítimo e hidroviário
O território brasileiro conta com mais de 7
mil quilômetros de litoral e extensa rede hidrográfica. Apesar das condições
naturais favoráveis e do baixo custo do transporte hidroviário e da navegação
de cabotagem, no início do século XXI eles representavam apenas 13% da carga
transportada no país.
A ampliação do sistema hidroviário exige
elevados investimentos. Os canais fluviais do Brasil apresentam muitas
cachoeiras e corredeiras, sendo vários trechos impróprios à navegação. Apenas o
rio Amazonas e seus afluentes, a rede fluvial e lacustre do Rio Grande do Sul e
os rios da bacia do Paraguai apresentam condições naturais favoráveis em grande
extensão.
As duas principais hidrovias do Brasil em
volume de carga transportada estão integradas à rede de transporte dos países
do Mercosul: as hidrovias
Paraná-Paraguai e Tietê-Paraná.
A hidrovia Araguaia-Tocantins, em fase de
conclusão após trinta anos de obras interrompidas, escoará parte da produção
agrícola do Centro-Oeste, enquanto a do rio Madeira já representa uma
importante via de exportação da soja dessa região. A hidrovia do São Francisco transporta um volume pequeno de
mercadorias, embora esse rio seja importante meio de integração entre as
comunidades ribeirinhas.
A implantação das hidrovias depende, também,
da avaliação dos problemas ambientais causados pela construção de portos, pelo
alargamento, aprofundamento e retificação do curso de rios e pela construção de
canais de ligação entre as redes hidrográficas.
Para a navegação marítima de cabotagem e para a exportação, há vários portos
instalados no imenso litoral brasileiro. Eles, no entanto, apresentam diversos
problemas como baixa utilização de contêineres; pequena profundidade das águas,
que dificultam a atracagem de navios de grande porte; excesso de burocracia e
demora na liberação das embarcações; e limitações para o armazenamento de
cargas.
Os portos nacionais mais importantes em
volume de carga transportada em contêineres são os de Santos, Itajaí, Rio
Grande, Paranaguá e Rio de Janeiro.
O processo de privatização iniciado no país nos anos 1990 também atingiu os
portos brasileiros, ele foi baseado no sistema de arrendamento de terminais
para empresas privadas, onde estas usam parte da estrutura portuária pública
existente, contudo ainda é ineficiente se comparado com outros portos do mundo.
1.5.4- Transporte aéreo
O transporte aéreo teve um crescimento
expressivo nas últimas décadas, tanto nos voos domésticos como nos
internacionais. No entanto, o transporte
de carga por aviões não tem acompanhado o padrão de crescimento do
transporte de passageiros, porém a estrutura dos aeroportos brasileiros ainda
precisam de muitos investimentos para atender o número de pousos e decolagens,
onde mais uma vez o modelo de privatizações para a exploração privada deverá
ser o caminho adotado pelo governo para a ampliação dos aeroportos.
1.5.5-
Transporte urbano
O transporte
coletivo urbano insuficiente para toda a população – fruto de estratégias
de planejamento urbano de governos que não visavam ao interesse coletivo –
acaba por estimular a utilização do transporte individual, elevando
substancialmente o número de veículos que transitam diariamente nas grandes
cidades. Isso causa enormes congestionamentos, que levam as pessoas a
desperdiçar muito tempo para se deslocar da residência ao trabalho e
vice-versa. Os que não têm condução própria sujeitam-se à demora e à superlotação
dos coletivos urbanos.
Além de apresentarem elevado custo (com combustível, manutenção e aquisição de
veículos em quantidade), os ônibus, juntamente com os automóveis e os
caminhões, provocam problemas de congestionamento nas grandes cidades brasileiras
e agravam a poluição atmosférica nos centros urbanos.
1.6- As
Telecomunicações no mundo atual
O
avanço do setor de telecomunicações foi muito rápido nas últimas décadas. Hoje
esse ramo de negócios é um dos mais lucrativos e disputados em muitos países,
inclusive no Brasil. As comunicações por satélite, a transmissão por meio de
cabo de fibra óptica e a tecnologia digital geraram empresas gigantescas que
controlam os principais meios de informação.
O primeiro satélite artificial - o Sputnik,
lançado pela União Soviética em 1957 - impulsionou a corrida espacial da Guerra
Fria. Já nos anos 1960, os satélites artificiais passariam a ter aplicação
comercial. Em 1962, entrou em órbita o Telstar 1, o primeiro capaz de
transmitir sinais de televisão e de telefonia entre a Europa e os Estados
Unidos.
A partir daí, as inovações no campo das
telecomunicações por satélite não pararam. Em 1983, o telefone celular começou
a ser comercializado nos Estados Unidos, época em que a fibra óptica já havia
sido considerada um substituto favorável do fio de cobre. Na mesma década, o
computador pessoal (PC) começou a entrar nas residências de diversos países do
mundo e, a partir de 1990, a internet teve expansão sem precedentes, e os PCs
foram ligados à maior e mais complexa rede de comunicações já existente,
paralelamente às transmissões de dados por satélite (para televisão, telefonia,
internet móvel e outros).
As novas tecnologias de comunicação dependem
da instalação de satélites, centrais telefônicas e de transmissão de imagens de
TV, provedores de internet etc. Se você observar, verá que antenas de telefonia
móvel e lan houses são elementos da paisagem urbana em quase todas as regiões
de países como o Brasil.
Os condutores de todos os tipos, como cabos
submarinos e subterrâneos de fibra óptica por onde circulam as informações - as
infovias -, também fazem parte da infraestrutura, pois são meios físicos
através dos quais a informação trafega de um ponto a outro. Os satélites
sozinhos não poderiam dar conta do volume de dados que hoje circulam, on line,
em todo o mundo. No entanto, essas estruturas materiais, que tornam possíveis
os fluxos de informação e comunicação, estão espalhadas de forma heterogênea
pelo mundo: altamente concentradas nos países desenvolvidos e mais dispersas no
mundo subdesenvolvido.
As novas tecnologias de telecomunicação
aceleraram o fluxo de informação e comunicação entre os mais diversos pontos do
planeta. A divisão da produção entre os diversos países foi facilitada e o
controle mais ágil e eficiente das operações das corporações multinacionais
se consolidou. Também a difusão da
informação científica e jornalística em tempo real efetivou-se cada vez mais.
Atualmente, a internet conecta também as
novas gerações de aparelhos celulares - que começam a desempenhar funções dos
PCs -, ao passo que a TV interativa já incorporou o computador em quase todas
as suas funções.
Enquanto uma parte da população do planeta
tem fácil acesso a esses meios de comunicação, quase 25% da população do mundo
em 2011 nunca havia feito uma ligação telefônica.
A maior e menor capacidade das redes de
telecomunicações vai determinar que o acesso aos serviços seja mais ou menos
facilitado para a população dos diversos países. A ausência de infraestrutura
adequada nos países subdesenvolvidos e o controle de tecnologia desenvolvida
pelas grandes corporações - que monopolizam a produção de equipamentos
(hardware) e programas (softwares), além de cobrar direitos (royalties) -
acabam determinando os elevados preços dos serviços de telecomunicações nas
regiões menos desenvolvidas do planeta. Além disso, a renda da maioria dos
habitantes desses países limita o acesso aos novos meios de comunicação e
informação, pois os equipamentos e serviços são relativamente caros.
Em relação ao acesso a computadores e à
internet, os habitantes dos países periféricos vivem uma dupla situação de
exclusão digital, pois além da questão econômica, muitas vezes falta a
instrução necessária para a manutenção dos equipamentos e uso dos programas.
Assim, a exclusão do mundo da informática
distancia ainda mais as classes sociais e transforma-se em mais uma barreira
para os excluídos no mercado de trabalho, que cada vez mais exige domínio das
tecnologias da informação.
Apesar da rápida expansão do número de computadores
incorporados aos domicílios brasileiros nos últimos anos, ela ainda está aquém
da disponibilidade encontrada em países desenvolvidos (ou centrais).
1.6.1- O
PODER DA INDÚSTRIA CULTURAL
Os acordos entre as indústrias de
telecomunicações e as empresas ligadas aos meios de comunicação de massa e
entretenimento (jornais, revistas, televisão, rádio, cinema, DVD, videogame
etc.) tornaram-se um fenômeno comum nas últimas décadas, sobretudo nos países
centrais.
No início do século XXI, o fenômeno se expandiu
para as regiões periféricas. Tais acordos formaram verdadeiros trustes da
chamada indústria cultural, por meio
de fusões entre empresas e de incorporações. Essas grandes corporações
empresariais, muitas vezes, desenvolvem os equipamentos que disponibilizam os
conteúdos (como textos, sons e imagens) também produzidos por elas. Assim,
garantem a venda dos equipamentos ao mesmo tempo que controlam a divulgação da
informação. No Brasil, mais recentemente, isso acontece no setor da telefonia
móvel, mas já ocorria, parcialmente, no da televisão.
1.6.2- Fusão
da Oi com a Brasil Telecom
Nos Estados Unidos, nos países europeus e no
Japão, estão localizadas as sedes da maioria das empresas de comunicações. No
entanto, a liderança norte-americana no setor é indiscutível. Os Estados Unidos
foram o primeiro país do mundo a criar uma indústria cultural. Transformaram-na
em instrumento fundamental para a difusão do seu estilo de vida (American way
of life) e dos valores, idealizados como meta a ser conquistada por outras
sociedades.
Veiculadas em todo o mundo, principalmente no
cinema e na televisão, além de em jogos eletrônicos e na internet, entre
outros, o estilo e os valores estadunidenses ampliam o mercado e a influência
que o país tenta resguardar. Os produtos da indústria de entretenimento dos
Estados Unidos são, na atualidade, um dos seus principais produtos de
exportação: calcula-se que as corporações norte-americanas de entretenimento
produzam cerca de 70% das imagens (vídeos, fotos, filmes etc.) difundidas pelo
mundo.
1.7- AS
TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL
O Brasil foi um dos primeiros países do mundo
a utilizar o telefone. Já em 1877, dom Pedro II instalou a primeira linha, que
ligava o Palácio Imperial à sede da Guarda Nacional. A partir daí, porém, o
desenvolvimento foi lento.
As telecomunicações no país expressaram um
primeiro avanço principalmente a partir de meados da década de 1960. Nessa
época, o Brasil tinha apenas 1.326.000 telefones, as ligações interurbanas
podiam levar mais de um dia para serem realizadas e muitas ligações locais
ainda tinham que ser completadas com o
auxílio da telefonista. As comunicações com o restante do mundo eram feitas, em
sua maioria, pelo sistema de telégrafo. A partir de 1965, foi criada a Empresa
Brasileira de Telecomunicações (Embratel), estatal responsável pela
reestruturação e modernização do sistema de telecomunicações no território
brasileiro.
1.7.1- Primeiro
telefone instalado no Brasil
Outro momento importante para esse processo
foi a criação da Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras), em 1972,
responsável pela administração e operação do sistema de telefonia no país. A Telebras incorporou as concessionárias particulares existente e transformou o
serviço de telefonia numa atribuição do Estado.
Transformou-se numa empresa holding controladora das operadoras
distribuídas em cada uma das unidades da federação. O serviço telefônico passou
a ser monopólio do Estado.
1.7.2- TELEFONIA
E PRIVATIZAÇÕES
A criação da Telebras deu impulso ao
desenvolvimento da telefonia, mas não conseguiu acompanhar o desenvolvimento do
setor nem ampliar a sua infraestrutura diante das novas demandas do comércio
internacional. A globalização gerou a necessidade de maior integração da
economia nacional e da ampliação dos contatos entre empresas de diversos países
do mundo. Há pouco mais de duas décadas, era difícil de possuir uma linha de
telefone, pagava-se muito caro por uma instalação, as ligações interurbanas e
internacionais eram muito caras, além de ser frequente o congestionamento das conexões.
Em 1997, o Brasil e mais 68 países de todo o
mundo assinaram um acordo multilateral - o Acordo Mundial de Telecomunicações
(AMT) - durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), firmando o
compromisso de liberalização do mercado mundial de telecomunicações. Por esse
acordo foram eliminadas as barreiras referentes à exploração da telefonia por
empresas particulares nacionais ou estrangeiras, a partir do início de 1998.
Nesse mesmo ano, o sistema Telebras começou a ser privatizado.
O governo procurava mostrar as grandes
vantagens da privatização dos serviços telefônicos no Brasil. Alegava que a
concorrência entre as operadoras reduziria taxas e preços das ligações em todo
o país e melhoraria a qualidade dos serviços, uma vez que a entrada de empresas
estrangeiras traria tecnologias mais avançadas ao setor.
A rede telefônica brasileira atualmente está
controlada por um número reduzido de grandes operadoras. A disputa dessas
gigantes do setor de telefonia ocorre apenas no caso de ligações interurbanas e
internacionais e no setor de telefonia celular. A área de atuação dessas
empresas para os serviços de telefonia fixa local é regionalizada e, por essa
razão, estão praticamente livres de concorrência. Isso comprometeu as melhorias
prometidas.
1.7.3- Operadoras
de telefonia fixa no Brasil
O modelo adotado para a exploração da rede
telefônica privilegiou as empresas e a população de maior poder aquisitivo.
Ligar para os Estados Unidos, países da Europa e o Japão, por exemplo, ficou
mais barato. O acesso ao telefone, tanto de telefonia fixa como móvel, ficou
mais fácil, mas a ligação local e as taxas mensais cobradas pelas novas
operadoras tornaram-se muito elevadas.
1.7.3.1-AGÊNCIAS
REGULADORAS
As agências reguladoras foram criadas a
partir do final de 1996, no contexto do processo de privatizações no Brasil.
Elas foram inspiradas no modelo e experiência norte-americana. Entre as três
principais agências criadas estão a Agência Nacional de Telecomunicações
(Aneel) e a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Apesar de pertencerem ao Estado
brasileiro, essas agências têm autonomia financeira e administrativa.
Essas agências devem racionalizar e apoiar a
melhoria e a modernização dos serviços e controlar possíveis abusos e
irregularidades das empresas de cada setor, tais como aumento exagerado de
preços, problemas no fornecimento dos serviços etc. A Anatel, por exemplo, tem
poder de decisão sobre a concessão de exploração dos serviços de operadoras,
aplicação de multas e acompanhamento da expansão do setor. Foi criada com a
finalidade de promover o desenvolvimento das telecomunicações e criar condições
para a ampliação de uma estrutura moderna e eficiente, capaz de oferecer à
sociedade serviços adequados, com preços justos, em todo o território nacional.
1.7.4- TELEFONIA
MÓVEL
A inauguração da telefonia móvel celular no
Brasil ocorreu em 1990, com a utilização da banda (espectro de frequência
captado pelo aparelho celular) A. Em 1997, com a inauguração da banda B,
ocorreu significativa expansão da telefonia celular para grande parte do
território nacional. A partir de 2003, a Anatel abriu novas bandas de
frequência para aparelhos digitais de segunda geração.
Atualmente, tecnologias de quarta geração (4G) de telefonia móvel
permitem a transmissão com maior velocidade de download de músicas e vídeos e a
incorporação ao celular de serviços como internet e TV. Os aparelhos 4G têm
assegurado a ampliação do mercado desse tipo de telefonia. A cada dia aparelhos
cada vez mais modernos entram no mercado.
A evolução da telefonia celular no Brasil foi
surpreendente. Nos dias atuais, os números de terminais supera de longe os da
telefonia fixa. Da mesma forma que na telefonia fixa, poucas operadoras detêm o
controle da maior parte do mercado dos celulares. O custo do serviço é ainda
elevado.
Para a expansão da telefonia celular, as
autoridades também argumentaram que a concessão dos serviços a empresas
privadas aboliria o monopólio estatal e estabeleceria maior competitividade
entre as empresas, o que asseguraria melhor qualidade de serviços e menores
preços. No entanto, em setembro de 2010, apenas quatro grandes operadoras
controlavam 99,64% do mercado nacional.
1.7.5-INTERNET
A internet passou a funcionar no Brasil em
1988. Inicialmente era restrita a instituições de pesquisa, universidades e
órgãos governamentais e militares. Em 1995, passou a ser um serviço oferecido a
toda pessoa que possuísse um computador pessoal (PC), uma linha telefônica e
conexão com um provedor de acesso.
O acesso à internet em domicílios chegou a
85,6 milhões de brasileiros, o equivalente a 49,4% da população, segundo indica
pesquisa divulgada pelo IBGE. Os dados são referentes a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) de 2013. A pesquisa considerou o acesso de pessoas
acima de 10 anos de idade que utilizaram a internet pelo menos uma vez em um
período de 90 dias anteriores à realização das entrevistas.
Esta foi a primeira vez que a pesquisa do
IBGE contabilizou o acesso à internet por outros aparelhos que não fosse
computadores e notebooks. Em 2011, ano do último levantamento, registrou-se que
46,5% da população se conectava à rede pelos tradicionais microcomputadores;
enquanto o levantamento divulgado hoje aponta uma queda para 45,3%. A pesquisa
mostra ainda que 4,1% das pessoas se conectaram à internet apenas por meio de
outros dispositivos, como celular, tablet ou a televisão.
Segundo a pesquisa, dos 31,2 milhões das
residências com acesso à internet, 97,7% estão conectados por banda larga e
apenas 2,3% por telefonia discada. Considerou-se neste estudo que a conexão
banda larga é aquela realizada por meios não discados, através da linha de
telefônica, TV por assinatura, rádio, fibra ótica e pela rede de telefonia
celular.
No país, 77,1% dos domicílios têm conexão por
banda larga fixa, enquanto 43,5% têm acesso à banda larga móvel. O Distrito
Federal tem a maior porcentagem de conexão fixa, com 86%, enquanto o Amapá a
maior conexão móvel domiciliar, com 91%.
A pesquisa mostra um número equilibrado de
acesso entre homens (49,3%) e mulheres (49,5%) no país em 2013. Mas a região
norte tem um maior acesso por parte de mulheres (40,5) em comparação com os
homens (38,6%), enquanto a região sudeste apresenta os maiores índices do país,
com 57% dos homens e 56,4% das mulheres.
Em relação a faixa etária, os jovens entre 15
a 17 anos têm maior percentual de acesso à internet, com 75,7%. Os idosos com
mais de 60 anos têm o menor percentual de acesso, com apenas 12,6%. Os dados
mostram que a utilização da internet no país cresce de acordo com a escolaridade,
variando de 5,4% para pessoas sem instrução, até 89,8% para quem tem mais de 15
anos de estudo.
Os dados apontam que 32,4% dos usuários da
internet, o equivalente a 27,8 milhões de brasileiros, são estudantes. Destes,
28 milhões estavam na rede pública de ensino ao participarem da pesquisa,
enquanto 8,7 milhões estudavam na rede privada em 2013.
Esse dado representava mais da metade da
população conectada em toda a América do Sul, colocando o Brasil em 5° lugar no
mundo, em número absoluto de usuários de internet.
FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no
mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 2 / Elian Alabi Lucci,
Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. – 2ª. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013.
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