Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O futuro da Líbia após a queda de Kaddafi



Depois de mais de quatro décadas, o regime de Muammar Kadafi está próximo do fim na Líbia. Com apoio militar da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), em menos de uma semana os rebeldes chegaram à capital, Trípoli, e tomaram o quartel-general do ditador. Agora, discute-se quem assumirá o poder no país árabe.

Os confrontos entre rebeldes e governo começaram há seis meses, quando manifestações pró-democracia se espalharam pela África do Norte e o Oriente Médio. O movimento, chamado de “primavera árabe”, derrubou dois presidentes, na Tunísia e no Egito. Em outros países, como Síria, Iêmen e Bahrein, os levantes foram reprimidos pelos regimes.

A queda de governantes é algo inédito na região, onde predominam monarquias e ditaduras. Muammar Kadafi está há 41 anos no poder – é o mais longevo entre os líderes árabes. Ele resistiu às revoltas usando as Forças Armadas contra a população e impedindo o avanço das tropas rebeldes que controlavam Benghazi, segunda maior cidade líbia.

Em 17 de março, o Estado líbio estava próximo de derrotar os opositores quando o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 1973, que decretou zona de exclusão aérea e autorizou o emprego de “todas as medidas necessárias” para proteger a população civil.

A zona de exclusão aérea proibiu os aviões líbios de decolarem e bombardearem as forças rebeldes. Na prática, a medida abriu caminho para a intervenção militar da Otan. Dois dias depois da resolução, uma coalizão liderada por EUA, Grã-Bretanha e França iniciou os ataques contra alvos do governo.

A Otan também enviou armas aos rebeldes, o que possibilitou a tomada de cidades e o avanço até Trípoli. Em 23 de agosto eles entraram na capital, onde ainda há combates contra aliados do ditador. A maior vitória foi a conquista do complexo de Bab al-Aziziya, moradia de Kadafi. O coronel conseguiu escapar, mas dificilmente encontrará uma nação que o aceite como exilado político.

A Líbia é o quarto maior produtor de petróleo da África, depois de Nigéria, Argélia e Angola, com reservas estimadas em 42 bilhões de barris (para efeito de comparação, as reservas brasileiras são de 14 bilhões de barris). A maior parte da produção é exportada para a Europa.

O país possui 6,4 milhões de habitantes (equivalente à população do Rio de Janeiro) e o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África. A riqueza, porém, não é bem distribuída entre a população. Um terço vive na pobreza e a taxa de desemprego é de cerca de 30%.


Democracia
Kadafi assumiu o poder em 1º. de setembro de 1969, após um golpe de Estado que depôs a monarquia. Nas décadas seguintes, foi acusado de atentados terroristas e se tornou inimigo das potências ocidentais. Nos últimos anos, manobras políticas o reaproximaram do Ocidente.

A comunidade internacional já considera o governo líbio deposto, apesar do paradeiro de Kadafi ser desconhecido. O desafio, agora, é constituir um governo de transição em um país sem partidos políticos, Constituição e tradição democrática.

Teme-se algo parecido com o que aconteceu no Iraque. Passados oito anos da queda do ditador Saddam Hussein, o país ainda busca estabilidade política. A diferença é que a sociedade iraquiana divide-se entre muçulmanos xiitas e sunitas, que há séculos lutam entre si, enquanto na Líbia são quase todos sunitas.

Entretanto, isso não afasta o risco de uma guerra civil ou de vinganças contra simpatizantes de Gaddafi (o que comprometeria a legitimidade do novo governo). Para controlar os rebeldes é necessário uma liderança política, que pode sair do Conselho de Transição Nacional (CTN), formado pelos revoltosos em Benghazi.

Entre os candidatos mais cotados está Mustafa Abdul Jalil, ex-ministro da Justiça de Kadafi e presidente do CTN. Ele prometeu eleições livres no prazo de oito meses. Mas no próprio conselho há facções divergentes, tanto religiosas quanto seculares, o que aumenta as incertezas quanto ao futuro do país.


Síria
Após a queda de Kadafi, as atenções devem se voltar à Síria, onde continuam os protestos contra Bashar al-Assad. Estima-se que 2.200 pessoas tenham sido mortas pelo governo desde o início dos levantes em março.

Diferente da Líbia, não houve divisões internas no governo sírio, e os opositores do regime são incapazes de lutar contra o Exército sem apoio militar da Otan. A despeito disso, a ONU ainda não votou sanções ou intervenção militar para impedir o massacre da população. A primavera árabe, parece, deve perdurar por mais estações.

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