A
Autoridade Nacional Palestina pediu no dia 23 de setembro, na 66ª Assembleia
Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), o reconhecimento do Estado
palestino nas fronteiras pré-1967, situando a capital na parte oriental de
Jerusalém.
A
proposta deve antes passar pelo Conselho de Segurança, onde precisa ser
aprovada por nove dos 15 países membros, sem sofrer nenhum veto. O governo dos
Estados Unidos, aliado de Israel, já avisou que vetará a medida.
Na
prática, a inclusão da Palestina como membro da ONU dará mais poder político
aos árabes nas negociações com Israel, paralisadas há um ano. Se aprovada, a
resolução isolará ainda mais os israelenses no cenário internacional.
Há
décadas palestinos e israelenses disputam as mesmas terras no Oriente Médio. Em
1947, a ONU propôs a divisão da Palestina entre árabes e judeus, formando dois
Estados. Israel se tornou independente e, após a Guerra dos Seis Dias, em 1967,
anexou territórios árabes, expulsando a população local. Desde então, os palestinos
reivindicam a devolução dessas áreas, incluindo Jerusalém Oriental. Os
israelenses não aceitam a desocupação.
Mesmo
que seja aprovada, uma resolução em favor da Palestina não garantirá o fim dos
conflitos com os israelenses. As negociações de paz estão paralisadas há um ano
devido à resistência de Israel em desocupar territórios árabes.
Mas ser
aceito como o 194º. Estado da ONU teria um efeito político importante para os
palestinos. Eles teriam acesso, por exemplo, a tribunais internacionais, onde
poderiam abrir processos contra o governo israelense por conta das áreas
invadidas.
Há
décadas árabes e judeus disputam as mesmas terras no Oriente Médio. No século
19, colonos judeus foram incentivados a migrarem da Europa para a Palestina. O
objetivo era constituir o Estado de Israel. Os árabes, contudo, já habitavam a
região há séculos.
Durante
a perseguição nazista, na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o fluxo
migratório de judeus se intensificou. Em 1947, a ONU propôs a divisão da
Palestina, formando dois Estados independentes. Jerusalém, cidade considerada
sagrada por cristãos, judeus e muçulmanos, foi colocada sob controle
internacional, para evitar conflitos. Os árabes não aceitaram o acordo e, no
ano seguinte, Israel se tornou um Estado independente.
A
tensão entre Israel e países árabes culminou na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Ao fim dos combates, os israelenses assumiram o controle da Cisjordânia e de
Jerusalém Oriental, então pertencentes à Jordânia; da Faixa de Gaza e da
Península do Sinai, domínios do Egito; e das Colinas de Golã, território da
Síria.
Os
árabes que viviam nessas terras foram expulsos ou se retiraram para campos de
refugiados. Os judeus, estimulados pelo governo, começaram a criar
assentamentos em Gaza e na Cisjordânia. Nos anos seguintes, ocorreram guerras,
massacres e atentados terroristas. A Península do Sinai foi finalmente devolvida
ao Egito em 1982, e a Faixa de Gaza, entregue aos árabes em 2005.
Em 23
de setembro, o presidente da autoridade palestina, Mahmoud Abbas, entregou ao
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, uma carta com o pedido de inclusão da Palestina como membro
pleno da organização, nas fronteiras
definidas antes das ocupações. Países como o Brasil já reconheceram o Estado
Palestino.
A
reivindicação tem respaldo na Resolução 242 da ONU, de 1967, que determina a
desocupação das áreas palestinas. O documento, contudo, nunca foi seguido por
Israel.
Votação
Israel
não aceita a proposta, pois ela significaria a dissolução dos assentamentos da
Cisjordânia, onde vivem cerca de 300 mil judeus (e 2,5 milhões de palestinos),
além de abrir mão de Jerusalém Oriental, dividindo novamente a capital. Haveria
riscos, de acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, de
expor o país à ação de radicais islâmicos.
Em
maio, quando o presidente americano, Barack Obama, pediu para que as
negociações de paz se pautassem pelas fronteiras traçadas em 1967, Netanyahu
considerou o pedido "irreal" e "indefensável".
Agora,
o governo americano, principal aliado de Israel, deve ser o maior obstáculo
para a admissão do Estado Palestino na ONU. Isso porque a proposta deve ser
antes aprovada por nove dos 15 países membros do Conselho de Segurança, sem
sofrer nenhum veto. Cinco membros permanentes têm poder de veto: Estados
Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China. Washington sinalizou que, se
preciso, vetará a medida para pressionar os palestinos a retomarem as
negociações com Israel.
Por
outro lado, se a candidatura palestina receber aprovação do Conselho, deverá
ser votada na Assembleia Geral, onde precisará do voto de dois terços dos 193
países membros.Uma decisão da ONU como esta poderá isolar ainda mais Israel no
cenário internacional. Hoje, revoltas em curso em países como Síria e Egito,
junto com o apoio de países ocidentais à causa palestina, fortalecem os árabes
na geopolítica do Oriente Médio.
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