A
divisão de atividades e serviços entre os inúmeros países do mundo recebe o
nome de Divisão Internacional do Trabalho (DIT).
Há
países que são exportadores de matéria-prima e de mão-de-obra barata.
Caracterizados por uma industrialização tardia, eles têm, quase sempre,
economias frágeis e sofrem grande número de crises econômicas. E há países de
economia mais forte, industrializados, cujas crises econômicas ocorrem de
maneira esporádica.
Os
países de economia frágil necessitam receber investimentos dos países mais
ricos. Então, para atrair esses investimentos e melhorar suas economias
fragilizadas, oferecem amplas isenções de impostos, leis ambientais frágeis,
entre outras facilidades.
Ao
longo do tempo, diferentes combinações das atividades produtivas entre os
países implicaram em diversas formas de Divisão Internacional do Trabalho. A
DIT expressa, portanto, essas diferentes fases da evolução histórica do
capitalismo: começando pela relação entre metrópoles e colônias - e chegando às
relações em que países desenvolvidos se agregam a países subdesenvolvidos ou
não industrializados.
Origem
da Divisão Internacional do Trabalho
No
final do século 15, o ciclo de reprodução do capital estava assentado,
principalmente, na circulação e na distribuição de mercadorias entre metrópoles
e colônias. As regiões do mundo passaram a desenvolver funções diferenciadas,
uma vez que cada uma se especializou em fornecer produtos manufaturados,
matérias-primas, metais preciosos, etc.
Os
diferentes papéis assumidos pelos países inauguraram a divisão internacional do
trabalho, inicialmente caracterizada pela exportação de manufaturas pelas
metrópoles e pela produção de matérias-primas pelas colônias.
A
necessidade européia de expandir seu capital mercantil resultou na conquista de
novas terras. A partir desse momento, várias partes do mundo foram submetidas a
uma dinâmica de produção e circulação comandada pelos europeus. Ou seja, a
Europa impunha funções econômicas a vários outros países. Foi o início de um
domínio que se estende até os nossos dias.
Primeira
Divisão Internacional do Trabalho
Com a
consolidação do sistema capitalista no século 18, ocorreu uma intensa
transformação no processo produtivo, a Revolução Industrial. Nesse período, a
Divisão Internacional do Trabalho sofre modificações, causadas pelo surgimento
de um novo modelo de produção, no qual as fábricas tomam o lugar da produção artesanal.
Essa nova fase irá se estender da Revolução Industrial até a Segunda Guerra
Mundial.
Com a
primeira Revolução Industrial (1780-1820), a Inglaterra surgiu como o país da
industrialização, transformando-se na grande oficina do mundo ao longo do século
19. A combinação entre seu poder militar e as formas superiores de produção
industrial colocou a Inglaterra em uma posição de hegemonia na economia
mundial, assumindo o centro do capitalismo mundial.
Nesse
momento, o mundo está dividido em países que se especializaram em fornecer
matérias-primas e países que, utilizando essas matérias-primas, fornecem
produtos industrializados. De forma geral, os primeiros ficaram atrelados ao
subdesenvolvimento - e os demais, especializados em produzir produtos de maior
valor, desenvolveram-se e tornaram-se líderes do sistema capitalista.
Segunda
Divisão Internacional do Trabalho
A
partir do início do século 20, a Inglaterra passou a registrar sinais de
fragilidade na sua condição de potência hegemônica, agravada por duas guerras
mundiais e também pela crise de 1929. Depois da Segunda Guerra Mundial, os
Estados Unidos assumem, então, a posição de nação hegemônica.
Essa
nova fase do desenvolvimento do capitalismo ficou conhecida como capitalismo
financeiro - e causou novas modificações na Divisão Internacional do Trabalho.
Nessa época, os países subdesenvolvidos começaram a ser financiados pelos
países detentores de capital, e muitas empresas passaram a instalar filiais em
diferentes nações do mundo, o que acabou transformando muitos países
subdesenvolvidos - que eram apenas produtores primários - em exportadores de
produtos industrializados, alterando as relações comerciais que predominavam no
mundo.
Outro
fato a ser destacado é que o modelo de produção começou a ser substituído, uma
vez que o fordismo não dava mais conta da demanda e não atendia mais às
exigências do mercado internacional.
Terceira
Divisão Internacional do Trabalho
Superada
a destruição provocada pela Segunda Guerra Mundial, a economia mundial voltou a
crescer num ritmo mais acelerado do que antes. As empresas dos países
industrializados assumiram proporções gigantescas, tornaram-se grandes
conglomerados e se expandiram cada vez mais pelo mundo, encarregando-se de
globalizar não apenas a produção, mas também o consumo.
Assim,
desde a década de 1970 assiste-se uma modificação substancial na Divisão
Internacional do Trabalho, ocasionada por dois vetores principais: o processo
de reestruturação empresarial, acompanhado da uma nova Revolução Tecnológica, e
a expansão de investimentos de grandes empresas no exterior.
Gradativamente,
grandes empresas construíram filiais em vários países (inclusive
subdesenvolvidos e recém-independentes, na Ásia e na África). Esse processo,
intensificado pela globalização, transformou muitos países subdesenvolvidos -
que, no passado, eram meros produtores primários - em exportadores de produtos
industrializados, alterando as relações comerciais que predominavam no mundo.
Essas
empresas tornaram-se, assim, multinacionais ou transnacionais. É o que explica,
fundamentalmente, o fato de alguns países subdesenvolvidos terem se
industrializado nesse período. No entanto, esse processo de industrialização é
desigual, uma vez que os tipos de indústria e tecnologia empregados não são os
mesmos das matrizes.
Cada
vez mais indústrias poluidoras tendem a se instalar nos países
subdesenvolvidos, pois elas consomem grandes quantidades de matéria-prima e de
energia, além de necessitarem de muita mão-de-obra. Em outras palavras, as
empresas transnacionais têm buscado seus próprios interesses, sem considerar as
conseqüências sociais, econômicas e ambientais que ocorrem nos países onde suas
filiais estão instaladas.
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