O texto
abaixo foi publicado no portal NE10 e traz uma reflexão muito importante, que
nos leva a questionar sobre qual o tipo de escola que queremos: aquela que nos
faz progredir ou aquela que nos engana? O fato é que o futuro de quem quer
encontrar um bom caminho de realizações profissionais depende do compromisso de
todos, pois além do empenho e responsabilidade pessoal de quem estuda, deve
haver cobrança também dos estudantes sobre o trabalho de quem ensina. Será que
isso tem acontecido?
Fica
então a dica para a leitura do texto:
Qualidade
da educação em risco
Por
Sílvia Gusmão Ramos para o NE10
Pesquisa
do Data Popular mostra que, entre 2002 e 2009, o número de estudantes de
graduação passou de 3,6 para 5,8 milhões, dos quais 58% pertencem à classe C. A
ampliação da inclusão social proporcionada pelo aumento de renda no Brasil e
comprovada pelos dados é, sem dúvidas, uma conquista a ser comemorada. O
processo deve, entretanto, ser pensado e desenvolvido com a atenção que a
complexidade do tema demanda. Isso porque algumas vezes pode se configurar numa
cilada, quando se pensa em crescimento sustentável.
É o
caso da educação. A precariedade da rede pública de ensino tem tido reflexo
direto no desempenho desse novo perfil de alunos do ensino superior. Carentes
de conhecimento e de leitura, um grande número desses jovens chega às
faculdades sem o domínio das regras de ortografia, concordância e cálculo, além
de não conseguir fazer a interpretação dos textos. Situação que problematiza o
entendimento e o acompanhamento dos conteúdos das disciplinas dos cursos.
A
dificuldade em acompanhar as matérias é tal que algumas instituições de ensino
superior particulares de São Paulo têm procurado soluções para não perder seus
alunos. Tem investido em aulas de nivelamento no primeiro ano das graduações. O
reforço costuma acontecer antes do período normal de aulas, no caso do noturno,
ou após o expediente escolar, para quem estuda pela manhã.
Trata-se
de uma ação estratégica dessas instituições, imprescindível para sua
sobrevivência. Ir além da queixa da precária escolaridade dos estudantes ou do
estabelecimento de todo tipo de acordo, comprometendo inclusive a qualidade do
ensino, para mantê-lo deles na faculdade.
Vale
lembrar que um desempenho negativo dos alunos em provas como o Exame Nacional
de Desempenho dos Estudantes (Enade) coloca em risco a existência da faculdade
no mercado. E os resultados recentes da rede particular não são nada
animadores. Enquanto 83% das instituições de Ensino Superior que obtiveram
resultados insatisfatórios são privadas, 56% das universidades que alcançaram a
nota máxima da avaliação são públicas.
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