Por
duas décadas, a demanda global por alimentos aumentou de forma constante,
juntamente com o crescimento mundial da população, safras recordes, melhorias
na renda e com a diversificação das dietas. Como resultado, os preços dos
alimentos continuaram a declinar até 2000.
Mas, a
partir de 2004, os preços para a maioria dos grãos começou a subir. Embora
tenha havido um aumento da produção, o aumento da procura foi maior.
Estoques
de alimentos se esgotaram. E então, em 2005, a produção de alimentos foi
dramaticamente afetada por incidentes meteorológicos extremos nos principais
países produtores de alimentos. Em 2006, a produção mundial de cereais caiu
2,1%. Em 2007, o rápido aumento dos preços do petróleo aumentou os custos de
fertilizantes e da produção alimentos.
Com os
preços internacionais dos alimentos atingindo níveis sem precedentes, os países
procuraram maneiras de isolar-se da escassez de alimentos e potenciais choques
de preços. Vários países exportadores de alimentos impuseram restrições à
exportação. Alguns principais importadores começaram a comprar os grãos a
qualquer preço para manter o abastecimento interno.
Isto
resultou em pânico e volatilidade nos mercados internacionais de grãos. Também
atraiu investimentos especulativos a mercados futuros e opcionais de grãos.
Como resultado, os preços subiram ainda mais.
Posteriormente,
os preços das commodities alimentares pareceram estar se estabilizando. Mas os
preços devem continuar elevados em médio e longo prazo, com consequências
devastadoras para as populações mais vulneráveis do mundo.
Para
resolver a crise crescente, o Secretário-Geral propôs a criação de uma
Força-Tarefa, que, em julho de 2008, publicou o seu Quadro de Ação Global.
Composto de 20 membros do Sistema da ONU, é presidido pelo Secretário-Geral Ban
Ki-moon. O vice-presidente é Jacques Diouf, Diretor-Geral da Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.
“O
aumento dramático nos últimos 12 meses nos preços globais de alimentos ameaça a
segurança global dos alimentos e da nutrição…
Antes
do rápido aumento dos preços dos alimentos, cerca de 854 milhões de pessoas
[eram] desnutridas.
A crise
pode conduzir mais 100 milhões de pessoas à pobreza e à fome.”
Força-Tarefa
de Alto Nível para a Crise Global de Segurança Alimentar, “Quadro de Ação
Global” (Julho de 2008)
Segundo
a Força-Tarefa, estes preços elevados estão vinculados ao impacto sobre a
capacidade do mundo para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Isso se aplica em especial aos objetivos que estabeleceram parâmetros para a
redução da pobreza, da fome, da mortalidade infantil, da saúde materna e da
educação básica para todos.
Seu
amplo quadro define ações para atender às necessidades imediatas das populações
vulneráveis. Estas incluem a assistência alimentar, as intervenções de
nutrição, o desenvolvimento de redes de segurança e mudanças nas políticas
comercial e fiscal. Outras ações visam criar em longo prazo um sistema global
de alimentos e nutrição mais resiliente. Estas incluem medidas de proteção
social, o apoio ao pequeno agricultor local e a regulação do papel dos
investimentos especulativos nos mercados de alimentos internacionais.
Os
membros mais ativos do Sistema da ONU no combate a esta crise, bem como as
ações que estão tomando, são os seguintes:
O
Programa Mundial de Alimentos (PMA), através da sua Resposta Global aos Preços
Altos de Alimentos, está aumentando a disponibilidade de alimentos nutritivos
para crianças, mães e outros grupos particularmente vulneráveis. Também está
incluindo novos e melhores produtos às suas rações alimentares e promovendo a
produção local e a compra de alimentos e produtos alimentares nutritivos.
O Novo
Acordo na Política Global de Alimentos do Banco Mundial trabalha a curto, médio
e longo prazo, através de redes de segurança tais como merenda escolar,
alimentos por trabalho e transferências condicionais de dinheiro. Ele promove o
aumento da produção agrícola, a compreensão do impacto dos biocombustíveis e
uma redução nos subsídios que distorcem o comércio e as barreiras. Seu novo
mecanismo de financiamento rápido de 1,2 bilhão de dólares, o Programa Global
de Resposta Alimentar, acelera a assistência aos países mais necessitados.
A
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) direcionou
quase 59 milhões de dólares em 2008 para auxiliar os países mais prejudicados
durante épocas de plantio. A Iniciativa sobre o aumento dos Preços dos
Alimentos da FAO envolve o fornecimento de análises de políticas e assistência,
e aumentou o acesso a adubos, sementes e ferramentas. Ela promove a
reabilitação da infraestrutura, inclusive por meio de irrigação. Também lida
com a melhoria da produção, mercados agrícolas, redução da perda de colheitas,
gestão de riscos de desastres, apoio à coordenação e assistência técnica.
O Fundo
Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) disponibilizou 200 milhões de
dólares, como um primeiro passo, para impulsionar a produção agrícola nos
países afetados. Os fundos apoiam o aumento da produção por pequenos produtores
e agricultores familiares. E ajudam a fornecer crédito para a compra de insumos
agrícolas, para a distribuição de sementes e para a multiplicação de sementes
por organizações de agricultores. O FIDA concede assistência para ajudar os
agricultores a aumentarem a produção de alimentos básicos, incluindo grãos e
produtos lácteos básicos. Ele ajuda a melhorar a fertilidade da terra e a gestão
sustentável da terra e da água.
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