Astrônomos
descobriram uma estrela muito primitiva, que não deveria existir, de acordo com
uma teoria amplamente aceita pela ciência, segundo um estudo publicado na
revista científica Nature.
Situada
na constelação de Leão, a estrela, com massa menor que o sol, é constituída
quase que totalmente de hidrogênio e hélio, com a menos densa quantidade
conhecida de elementos químicos mais pesados que os astrônomos chamam de
"metais".
"Segundo
uma teoria amplamente aceita, estrelas como esta com uma massa pouco densa e
quantidades extremamente pequenas de metais, não deveriam existir",
explicou a principal autora deste estudo, Elisabetta Caffau, da Universidade de
Heidelberg, na Alemanha, e do Observatório de Paris.
"Foi
uma surpresa descobrir, pela primeira vez, uma estrela nesta 'zona
interdita'", acrescentou a pesquisadora, em um comunicado, evocando a
necessidade de "rever certos modelos de formação das estrelas".
Segundo
cosmólogos, somente os elementos químicos mais leves - hidrogênio e hélio -
foram criados pouco após o Big Bang, assim como alguns traços de lítio.
Outros
elementos - entre os quais o oxigênio, o carbono e o ferro - foram formados
mais tarde, no coração das estrelas, e disseminados em sua explosão, de forma
que cada geração de estrelas enriqueceu-se dos elementos produzidos pela
precedente. Assim, a proporção de metais de uma estrela revela a sua idade.
A
estrela que desafia esta teoria pode ter mais de 13 bilhões de anos.
Ela é
"muito primitiva. Pode se tratar de uma das estrelas mais velhas já
descobertas", declarou Lorenzo Monaco, do Observatório Europeu Austral
(ESO), no Chile, onde as observações foram feitas graças ao telescópio VLT
(Very Large Telescope).
Descoberta
no halo em torno da nossa galáxia, esta pequena estrela com apenas 80% da massa
do Sol e 20.000 vezes menos "metais" não poderia se formar na
ausência do carbono e do oxigênio, que servem para resfriar a nuvem de gás
inicial que se aquece à medida que se comprime.
"Quanto
mais quente o gás, maior a pressão", que pode deter a dissipação da nuvem,
explicou Piercarlo Bonifacio, do Observatório de Paris. Para conseguir esta
compressão, "é preciso um mecanismo que possa resfriar o gás", como
aquele fornecido pelo oxigênio e o carbono, capazes de fazer sair o calor, sob
a forma de radiação.
Outra
surpresa: como esta estrela primitiva pode conter uma taxa de lítio cinquenta
vezes mais fraca que aquela do universo na época de sua formação? Segundo os
astrônomos, para desaparecer, a matéria da estrela deve ter sido aquecida a
dois milhões de graus.
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