O processo de independência das nações latino-americanas,
ao longo do século XIX, deu origem a uma série de Estados independentes em sua
maioria influenciados pelo ideário iluminista. No entanto, a obtenção dessa
soberania política não foi capaz de dar fim à dependência econômica que
submetia tais países aos interesses das grandes potências econômicas da época.
Ao mesmo tempo, a consolidação da democracia ainda era prejudicada pela ação de
governos tomados por uma elite conservadora e entreguista.
No século XX, a desigualdade social e a exclusão econômica
ainda eram questões que permaneciam pendentes nas várias nações
latino-americanas. Contudo, a ascensão de forças reformistas e nacionalistas
passou a se contrapor à arcaica hegemonia caudilhista das elites. A insistência
em manter as classes populares excluídas do jogo político e, ao mesmo tempo,
preservar a economia nacional atrelada aos interesses dos grandes centros
capitalistas começou a sofrer seus primeiros abalos.
Após a Segunda Guerra Mundial, a instalação da
ordem bipolar e o sucesso do processo revolucionário cubano inspiraram diversos
movimentos de transformação política no continente americano. Em contrapartida,
os Estados Unidos – nação que tomava a dianteira do bloco capitalista –
preocupava-se com a deflagração de novas agitações políticas que viessem a
abalar a hegemonia política, econômica e ideológica historicamente reforçada
nos combalidos Estados latino-americanos.
Nesse contexto, ao longo das décadas de 1960 e
1970, os diversos movimentos de transformação que surgiram em nações americanas
foram atacados pelo interesse das elites nacionais. Para tanto, buscavam o
respaldo norte-americano para que pudessem dar fim aos movimentos
revolucionários que ameaçavam os interesses da burguesia industrial responsável
por liderar essas ações golpistas. Com isso, a ingerência política dos EUA se
tornou agente fundamental nesse terrível capítulo da história americana.
A perseguição política, a tortura e a censura às
liberdades individuais foram integralmente incorporadas a esses governos autoritários
que se estabeleceram pelo uso da força. Dessa forma, os clamores por justiça
social que ganhavam espaço no continente foram brutalmente abafados nessa nova
conjuntura. Ainda hoje, as desigualdades sociais, o atraso econômico e a
corrupção política integram a realidade de muitos desses países que sofreram
com a ditadura.
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