A mobilização popular contra regimes ditatoriais e
governos considerados antidemocráticos ganhou destaque em 2011, com
manifestações em países como Líbia, Turquia e Egito.
A “Primavera Árabe”, nome pelo qual tais
mobilizações ficaram conhecidas, se propagou com muita rapidez e eficiência,
graças às redes sociais. Em síntese, podemos dizer que os objetivos dos
manifestantes eram: o direito ao voto, o respeito aos direitos femininos, o
direito à educação e à liberdade de imprensa e expressão.
Desde o dia 11 de maio, manifestações contrárias ao
monopólio do poder pelos membros do Partido Revolucionário Institucional (PRI)
no México estão sendo chamadas de Primavera Mexicana. As graves denúncias de
corrupção contra o governo, seguidas da repressão aos meios de comunicação, tem
ampliado o movimento que começou com o protesto dos estudantes da Universidade
Iberoamericana, localizada na Cidade do México, durante a visita de Peña Nieto,
candidato do PRI à presidência.
Nieto tem contra si toda a impopularidade de seu
partido e também a acusação de ter sido o responsável pelo massacre de Atenco,
ocorrido há seis anos. Na época, forças policiais reprimiram brutalmente
manifestantes da “Frente de Povos em
Defesa da Terra”, que protestavam contra
a construção de um aeroporto em Texcoco. De acordo com a CNDH (Comissão
Nacional de Direitos Humanos), a repressão resultou na morte de dois jovens, na
prisão de mais de duzentos manifestantes e no estupro de quarenta e sete mulheres por membros das forças
repressoras.
O candidato do PRI à presidência acusa os líderes
dos protestos de estarem ligados ao partido de Andrés Manuel López Obrador,
candidato à presidência pelo PRD (Partido da Revolução Democrática), seu
principal adversário eleitoral. Peña afirmou ainda que os manifestantes não seriam
estudantes e que foram pagos pelos seus opositores esquerdistas. Diante dessas
acusações, os universitários gravaram um vídeo no qual 131 jovens mostram a
carteira de identificação da universidade. A partir de então, teve início o
movimento #yosoy132 (“eu sou o 132”). Ganhando força nas redes sociais e se
espalhando rapidamente pelo país, o movimento opositor possui até um site:
yosoy132.mx.
Além dos estudantes da Universidade Iberoamericana,
universitários de outras instituições se juntaram ao movimento e se organizam
por meio do Twitter, Facebook e Youtube. Entre as manifestantes já há
jovens da UNAM, do Instituto Politécnico
Nacional, da Universidade Autônoma Metropolitana, da Universidade Autônoma da
Cidade do México, do Claustro de Sor Juana, da TEC de Monterrey, do ITAM e da
ANÁHUAC.
Desde o início das manifestações, Peña Nieto já
caiu quatro pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto, diminuindo
sua diferença com relação ao segundo colocado Andrés Manuel López Obrador.
Os próprios dirigentes estudantis definem o
movimento, "Primavera Mexicana", como uma luta "em que os jovens
florescem e espalham suas ideias como pólen, no qual os corações se incendeiam,
as mentes se abrem e se fazem tangíveis as ilusões".
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