Motoristas
de ônibus, operadores de centrais de teleatendimento, mecânicos de automóveis.
Todas estas profissões são consideradas “empregos verdes” pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) -- mesmo que muitos dos profissionais que as
exerçam nunca tenham se dado conta disso.
“Qualquer
ocupação que possa ter um impacto positivo em termos de reduzir emissões de
carbono e impactos ambientais pode ser considerada um emprego verde”, explica
Paulo Sérgio Muçouçah, coordenador do Programa de Trabalho Decente e Empregos
do escritório brasileiro da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Portanto,
o motorista de ônibus dá sua contribuição ao fazer com que menos pessoas usem
carros, enquanto o operador de telefonia presta atendimento a clientes que, de
outra maneira, teriam de se deslocar para usar determinado serviço, gastando
combustível. O mecânico de automóveis, por sua vez, colabora com o meio
ambiente ao aumentar a vida útil dos carros, evitando que sejam trocados por
novos.
Setores
Os
dados mais recentes da OIT, referentes a 2010, indicam que atualmente há 2,9
milhões de trabalhadores ocupando “empregos verdes” no país, 6,6% do mercado
formal. O setor de transportes coletivos e alternativos aos meios rodoviário e
aéreo é responsável por 857 mil dessas vagas.
Ao
evitar deslocamentos de clientes, atendente telefônico contribui com
sustentabilidade. (Foto: Reprodutção/TV Globo)
A geração e distribuição
de energia renovável também é um setor relevante dentro do total de empregos
verdes, respondendo por 580 mil vagas. Ele é especialmente grande no Brasil,
graças ao setor produtor de etanol, mais desenvolvido aqui que em outros
países.
Depois, por ordem de
tamanho, vêm os setores de manutenção e recuperação de materiais, com 498 mil,
telecomunicações e teleantendimento, com 485 mil, e saneamento e gestão de
resíduos, com 335 mil.
Produção e manejo
florestal, ramo que poderia ser considerado um símbolo do “emprego verde”,
entra com 149 mil postos de trabalho. “Em qualquer atividade econômica você
pode ter uma série de procedimentos para aumentar a eficiência energética”,
explica Muçouçah.
“Até a arquitetura dos
prédios, por exemplo, com adoção de ventilação natural, pode contribuir”,
menciona, ao explicar que o setor de construção, ao lado da agricultura, são os
que mais consomem recursos naturais e têm grande potencial para se tornarem
mais verdes.
Verde com orgulho
“Você se sente
importante de trabalhar numa empresa que desenvolve tecnologia que ajuda as
pessoas a proteger o meio ambiente”, orgulha-se Helvecio Gomes, que
supervisiona uma linha de montagem de reservatórios na Heliotek, indústria de
aquecedores solares de água em Barueri, na Grande São Paulo.
Os trabalhadores
muitas vezes não percebem que atuam num emprego sustentável. “Quando vim para
esse trabalho, não sabia desse lado ambiental. Com o tempo fui me interessando
mais, até pesquisando a respeito na internet”, explica Jânio Freitas, operador
de empilhadeira e colega de Gomes.
Apenas o ramo de
aquecimento solar de água, segundo a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar
Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), já emprega 30 mil pessoas no
Brasil. “Saber que estou num trabalho verde dá mais ânimo, até de pensar nas
futuras gerações”, diz Freitas.
A criação de mais
empregos verdes e a transição da economia global para um modelo mais
sustentável serão discutidos na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento
sustentável, Rio+20, que acontece este mês no Rio de Janeiro.
Relatório
internacional publicado recentem pela Iniciativa Empregos Verdes, parceria
entre OIT, Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), Organização
Internacional de Empregadores (OIE) e a Confederação Sindical Internacional
(CSI), aponta que essa transição para uma economia mais verde pode gerar entre
15 e 60 milhões de novos empregos nas próximas duas décadas, tirando dezenas de
milhões de pessoas da pobreza.
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