Fevereiro de 1989, Altamira (Pará): cerca de 3 mil
pessoas (entre eles, 650 índios) participaram do I Encontro dos Povos Indígenas
do Xingu. Os participantes reclamavam da política da construção de barragens na
região do Xingu (sudeste do Pará) e das decisões tomadas na Amazônia sem a
participação dos índios (o que contradiz a Constituição).
O evento foi marcado por uma imagem: a índia kaiapó
Tuíra encosta seu facão no rosto do então presidente da Eletronorte, José
Antônio Muniz Lopes, em advertência contra o projeto de construção de um
complexo de cinco hidrelétricas no Xingu. A primeira delas seria a usina de
Belo Monte.
Registro do I Encontro de 1989: Mobilização
Maio de 2008, Altamira (Pará): Durante um evento
organizado pela Arquidiocese de Altamira e o Instituto Socioambiental (ISA), o
engenheiro da Eletrobrás Paulo Fernando Rezende, coordenador dos estudos de
Belo Monte, convidado para falar sobre o aproveitamento hidrelétrico do
projeto, foi agredido por (supostamente) um grupo de índios kaiapós.
O engenheiro foi ferido com facões e teve
atendimento médico. O procurador federal Felício Pontes Júnior, que participou
do evento, disse que o que aconteceu ao engenheiro mostra que os índios irão
resistir fisicamente à instalação de Belo Monte, se for preciso. Felício alegou
inclusive que os índios da região do Xingu (que serão fortemente afetados com a
barragem) ainda não foram ouvidos e o projeto, ainda assim, continua
caminhando.
Belo Monte
O projeto da Usina Belo Monte gera polêmicas desde
sua criação, na década de 80. Os dois fatos relatados acima mostram como os
anos passam e as questões continuam as mesmas. Os índios não são ouvidos, os
estudos de impacto ambiental são controversos e o governo parece fazer o que
lhe convém.
Belo Monte foi colocada em pauta durante o governo
FHC (com o programa “Acelera Brasil”), criticada por Lula em sua campanha
presidencial (dizia que projetos como esse prejudicavam o meio ambiente e
populações indígenas e ribeirinhas) e retomada por um Lula presidente, em seu
segundo mandato. Atualmente, o projeto da usina que terá capacidade média de 11
mil megawatts (MW) é uma das obras prioritárias do PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento), o carro-chefe do governo Lula.
Tudo isso gira em torno de questões que já são
intrínsecas da cultura brasileira: A enorme necessidade de se fazer justiça e
“redimir” o passado com os índios de maneira errônea (vide casos como esse de
Belo Monte e outros, como a demarcação absurda de terras da Reserva Raposa
Serra do Sol) e a dependência brasileira de energia (que os governantes sempre
tentam sanar por meio de hidrelétricas, um dos meios mais degradantes de se
produzir energia elétrica).
Localização de Belo Monte no Rio Xingu
Ora, por que não pensar em fontes alternativas de
energia? Esse é um debate a muito tempo levantado no Brasil e que, infelizmente
parece não haver espaço nas câmaras e mesas políticas. Além disso, é preciso
criar novas políticas de relacionamento com os povos indígenas. A FUNAI passa
por graves problemas faz algum tempo e muitas comunidades indígenas já não a veem
com bons olhos como antigamente.
Especialistas da área de energia indicam que com
tamanha energia gerada por Belo Monte, o Brasil estaria livre de um novo apagão
(previsto para breve), como houve em 2001. Mas será que esse é o melhor jeito
de se evitar um apagão? Não seria mais simples, barato e menos prejudicial
educar a população e conscientizá-la da importância de se economizar energia?
E você, o que acha desses problemas que afetam
nosso país? Os direitos dos índios estão sendo violados ou eles estão agindo na
contramão do desenvolvimento do país? O que você acha da atual situação dos
índios no Brasil? E as políticas de geração de energia do Brasil, estão
corretas? Será que Belo Monte é a única saída para o risco iminente de um novo
apagão?
Um assunto que certamente continuará sendo cobrado
nos vestibulares é a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, que será a
terceira maior usina hidrelétrica do mundo, atrás de Três Gargantas, na China,
e de Itaipu, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Sua localização é o Rio
Xingu, próximo ao município de Altamira, no norte do Pará. Quando ficar pronta,
em 2015, a Usina de Belo Monte deve gerar 41,6 milhões de megawatts por ano, o
suficiente para atender ao consumo de 20 milhões de pessoas durante um ano.
As cidades de Altamira e Vitória do Xingu terão
grandes áreas inundadas, o que pode prejudicar os agricultores locais e a
população ribeirinha. Por outro lado, a construção da usina pode ajudar no
desenvolvimento econômico da região, com a criação de empregos. As terras
indígenas de Paquiçamba e Arara da Volta Grande do Xingu serão afetadas pela
diminuição da vazão do rio, causando prejuízos para uma população que depende
do rio para pesca, plantação e transporte. A questão das terras indígenas e o
impacto ambiental são as principais polêmicas que envolvem a construção da
usina.
Os vestibulares podem cobrar questões que envolvem
a geografia física da região, os benefícios econômicos vinculados à construção
da usina, assuntos relacionados aos grandes projetos de integração do
território nacional – já que a energia que será produzida no Norte do Brasil
pode beneficiar outras regiões – e perguntas relacionadas às questões
socioambientais. “Os vestibulandos precisam saber, por exemplo, quais seriam os
prejuízos ambientais gerados pela construção da usina, e como as populações
amazônicas tradicionais (ribeirinhos e indígenas) seriam atingidas por essa
construção”.
o tema pode ser cobrado de forma interdisciplinar e
até mesmo de forma específica em questões de outras disciplinas que não
geografia. Na biologia, por exemplo, a construção da usina pode ser relacionada
à preocupação com a flora e a fauna local, à mudança do comportamento da vida
aquática devido ao represamento e a questões ligadas à reprodução de peixes.
Nas provas de física podem aparecer questões de energia potencial, pressão,
transformação de energia mecânica em energia elétrica. “Até mesmo a matemática
pode ter relação com a construção da usina, trazendo problemas de área, volume
e vazão”.
O tema também pode ser cobrado nas provas de
redação, o que exige do candidato bastante informação sobre o contexto da
construção da usina. Dificilmente a proposta de redação pedirá para o
vestibulando defender diferentes posicionamentos. Certamente se exigirá a
exposição de uma posição fortemente sustentada por argumentos consistentes.
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