O mundo não vai
acabar em 2012, dizem os cientistas, contrariando interpretações obtusas do
Calendário Mesoamericano. Este ano, porém, será decisivo para alguns dos principais
líderes mundiais, que devem enfrentar o veredicto das urnas em mudanças que,
estas sim, terão impacto sobre o planeta.
Para se ter uma
ideia da importância dos pleitos do ano, dos cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança da ONU – um dos mais prestigiados e poderosos
órgãos internacionais –, apenas o Reino Unido não terá seu governante, o premiê
britânico David Cameron, submetido ao teste de fogo do eleitorado. Todos os
demais integrantes do conselho, Estados Unidos, França,Rússia e China,
realizarão eleições cruciais para o futuro político de presidentes e
primeiros-ministros.
Dois presidentes, o
americano Barack Obama e o francês Nicolas Sarkozy, devem tentar
a reeleição. Mas ambos estão com a popularidade em baixa, por conta da crise
financeira nos Estados Unidos e na Zona do Euro.
Na Rússia, os
planos de sucessão do premiê Vladimir Putin, há mais de uma década no
poder, ficam cada vez mais improváveis diante das manifestações contra a
corrupção que agitam Moscou. E na China, o regime comunista prepara
uma renovação de 70% da cúpula partidária que governa o país há 62 anos.
Casa Branca
A disputa pela
Casa Branca já começou e será acirrada. O processo eleitoral nos Estados
Unidos é complexo (começa um ano antes das eleições) e polarizado entre dois
partidos, o Democrata e o Republicano.
Neste ano, dois
fatores tornam a escolha imprevisível. De um lado, os índices de aprovação de
Barack Obama têm oscilado, gerando incertezas quando ao voto de confiança do
eleitorado americano para mais um mandato.
Quando foi eleito,
há três anos, havia muitas expectativas quanto às mudanças de rumo do país,
sobretudo na área econômica, afetada por gastos militares com duas guerras no
Iraque e no Afeganistão. A estagnação econômica e a falta de soluções em curto
prazo abalaram a reputação do democrata.
Já os republicanos
(segundo fator) não possuem, ainda, um nome forte para concorrer à Presidência.
Na primeira prévia, realizada no Estado de Iowa em 3 de janeiro, dois
pré-candidatos saíram como os mais cotados para concorrer ao cargo: Mitt
Romney, ex-governador de Massachusetts, e Rick Santorum, ex-senador pelo Estado
da Pensilvânia.
Em agosto, o Partido Republicano indicará o candidato de oposição e os
democratas devem confirmar a candidatura de Obama. A eleição será em 6 de
novembro. Além de presidente, os americanos escolherão senadores e deputados
federais (Câmara dos Representantes).
Direita
A política também
deve dominar Paris, onde, em meio à crise dos débitos na Europa, os franceses
elegerão presidente e representantes da Assembleia Nacional. As eleições
presidenciais acontecem em 22 de abril e 6 de maio, e as Legislativas, em 10 e
17 de junho.
Sarkozy foi eleito em 2007 pelo partido União por um Movimento Popular (UMP),
de centro-direita, após derrotar os socialistas. O cenário político começou a
mudar em setembro do ano passado, quando o governo perdeu a maioria no
Legislativo. Foi a primeira vez, desde 1958, que a esquerda francesa conseguiu
175 das 348 cadeiras do Senado.
Em outubro, o socialista François Hollande foi escolhido candidato pela
oposição, após a candidatura de Dominique Strauss-Kahn ter desmoronado em razão
do escândalo sexual envolvendo o ex-diretor do FMI.
Desde então, as
pesquisas de opinião têm dado vantagem a Hollande, apesar de a diferença ter
diminuído nos últimos meses. O maior inimigo de Sarkozy nas urnas, entretanto,
é a crise na Eurozona, que já derrubou nove governantes.
Outro líder que
pode estar com os dias contados é Vladimir Putin. Desde dezembro, o Kremlin é
alvo de protestos em razão de denúncias de fraudes nas eleições parlamentares.
O partido de Putin (Rússia Unida) saiu vitorioso sobre os comunistas, mesmo com
o aumento de cadeiras ocupadas pela oposição na Duma (parlamento russo).
Há 12 anos no poder, Putin era o favorito para as eleições presidenciais de 4
de março, quando apenas trocaria de cargo com o presidente Dmitri Medvedev.
Protestos contra a corrupção no governo podem agora decretar o fim da hegemonia
do Rússia Unida.
China
Nada de votos nem
debates públicos. Na China, a alternância de poder será consolidada no 18o
Congresso do Partido Comunista Chinês, realizado entre outubro e novembro
próximos.
Nessa ocasião, o presidente Hu Jintao e primeiro-ministro Wen Jiabao serão
substituídos no comando do partido por, respectivamente, Xi Jinping e Li
Keqiang. E, a partir de maio de 2013, sucedidos também em seus respectivos
cargos políticos. Um total de sete dos nove membros do alto escalão devem ser
trocados.
A mudança na cúpula
partidária na China é esperada com expectativa pelo Ocidente. O PC chinês
sobreviveu à derrocada do comunismo no final dos anos 1980, adotando a economia
capitalista. Mas, diferente da Rússia, manteve o Estado centralizador, alvo de
constantes críticas por parte das nações democráticas.
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