A imposição de reformas macroeconômicas e de transações comerciais sob a
supervisão do FMI, do Banco Mundial e da Organização Mundial de Comércio (OMC)
destina-se a recolonizar certos países de forma «pacífica» através da manipulação
deliberada das forças de mercado. Embora não requeira explicitamente o uso de
força, a aplicação brutal de reformas econômicas constitui, no entanto, uma
forma de guerra. Os perigos da guerra, a um nível mais geral, devem ser
compreendidos. A guerra e a globalização não são questões estanques.
O que
acontece aos países que se recusam a «abrir-se» aos bancos ocidentais e às
empresas multinacionais em cumprimento das ordens da Organização Mundial de
Comércio? Os serviços de informação das potências militares ocidentais e dos
seus vários órgãos burocráticos têm contactos rotineiros com o poder financeiro
instituído. O FMI, o Banco Mundial e a OMC — que policiam as reformas
econômicas ao nível de país — colaboram igualmente com a NATO nas suas várias
missões de «manutenção de paz», já para não referir o financiamento de
reconstrução «pós-conflito» sob os auspícios das instituições de Bretton Woods.
No
início do terceiro milênio, a guerra e o «mercado livre» andam de mãos dadas. A
guerra não necessita da OMC ou de um tratado de investimento multilateral (ou
seja, um MAI — Multilateral Investment Treaty) entrincheirado no direito
internacional. A guerra é o «MAI» de último recurso. A guerra destrói
fisicamente o que não foi desmantelado através da desregulamentação, da
privatização e da imposição de reformas do «mercado livre». A total colonização
através da guerra e a instalação de protetorados ocidentais equivalem à
concessão de «tratamento nacional» aos bancos ocidentais e às empresas
multinacionais (como estipulado pela OMC) em todos os setores de atividade. A
«diplomacia dos mísseis» é uma réplica da «diplomacia dos canhões» utilizada
para implementar o «comércio livre» no século XIX. A Missão Cushing dos EUA à
China em 1844 (na seqüência das Guerras do Ópio) foi um aviso ao governo
imperial chinês de que «a recusa em ceder às exigências americanas poderia
considerar-se uma declaração de guerra».
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