A
globalização da pobreza está a processar-se durante um período de rápidos
avanços tecnológicos e científicos. Enquanto estes últimos contribuem para o
incremento substancial da capacidade potencial do sistema Econômico de produzir
os bens e serviços necessários, os níveis acrescentados de produtividade não se
traduzem numa correspondente redução dos níveis de pobreza global. No início de
um novo milênio, este declínio global do nível de vida das populações não
resulta de uma escassez de recursos produtivos.
Pelo
contrário, o downsizing, a reestruturação corporativa e a transferência da
produção para locais de mão-de-obra barata no Terceiro Mundo têm vindo a
conduzir ao aumento do desemprego e à redução dos salários dos trabalhadores
urbanos e rurais. Esta nova ordem econômica sustenta-se com a pobreza humana e
com a mão-de-obra barata : os altos níveis de desemprego nacional, tanto em
países desenvolvidos como em países em vias de desenvolvimento, contribuíram
para fazer baixar os salários reais. O desemprego foi internacionalizado, com o
capital migrando de um país para outro numa busca contínua de fontes de
mão-de-obra mais barata. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT),
o desemprego afeta mil milhões de pessoas a nível mundial, ou seja, cerca de um
terço da força de trabalho global. Os mercados de trabalho nacionais deixaram
de ser segregados: os trabalhadores de diferentes países encontram-se em clara
concorrência uns com os outros. Com a desregulamentação dos mercados de
trabalho, os direitos dos trabalhadores são anulados.
O
desemprego global funciona como uma alavanca reguladora dos custos trabalhistas
a nível mundial: a abundância de mão-de-obra barata no Terceiro Mundo e no
ex-Bloco de Leste contribui para o abaixamento dos salários nos países
desenvolvidos. Praticamente todas as categorias da força de trabalho (sem
excluir os trabalhadores altamente qualificados, os profissionais liberais e os
cientistas) são afetadas; simultaneamente, a concorrência pelos postos de
trabalho fomenta divisões sociais baseadas em classe social, grupo étnico, sexo
e idade.
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