4- Introdução:
A Globalização adquiriu
importância na economia capitalista mundial a partir dos anos 1970, com
impactos em todas as regiões do mundo, definindo uma nova organização do espaço
geográfico e uma nova política econômica, o neoliberalismo. Algumas de suas
consequências são a concentração de riqueza nas mãos de poucas pessoas e em
poucos países; a expansão econômica de países como a China e Índia; e a
intensificação das trocas comerciais e financeiras. Para o Brasil, as
transformações foram profundas; a integração econômica ao MERCOSUL; o processo
de privatização de empresas estatais; a desnacionalização da economia; e o
aumento da dependência de investimentos estrangeiros são alguns exemplos.
Os efeitos da crise econômica de
2007/2008 abalaram alguns pilares da globalização e evidenciaram a sua
fragilidade. Atualmente países europeus são os que mais têm sentido os efeitos
dessa crise, iniciada na principal potência econômico-financeira do globo; os
Estados Unidos.
4.1- Globalização:
Globalização é um conjunto de
transformações na ordem política e econômica mundial visíveis desde o final do
século XX. Trata-se de um processo de aprofundamento da integração econômica,
social, cultural e política, que tornou o mundo interligado, uma Aldeia Global.
O processo de globalização é a
forma como os mercados de diferentes países interagem e aproximam pessoas e
mercadorias. A quebra de fronteiras gerou uma expansão capitalista onde foi
possível realizar transações financeiras e expandir os negócios - até então
restritos ao mercado interno - para mercados distantes e emergentes.
Podemos definir o neoliberalismo
como um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a
não participação do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver
total liberdade de comércio (livre mercado), pois este princípio garante o
crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país.
4.1.1- Globalização Econômica
Expansão das Multinacionais e de Investimentos. • Avanços no meio de Transporte
e Comunicação. • Intensas transformações tecnológicas • Terceira revolução
Industrial. • Desigualdade na distribuição.
4.1.2- Revolução técnico-científica
A Revolução Técnico-científico ou
Terceira Revolução Industrial entrou em vigor na segunda metade do século XX,
principalmente a partir da década de 1970, quando houve uma série de
descobertas e evoluções no campo tecnológico.
Essa nova etapa de produção está
vinculada à inserção de uma enorme quantidade de tecnologia e informação. Essa
revolução, por sua vez, está ligada diretamente à informática, robótica,
telecomunicação, química, uso de novos materiais, biotecnologia, engenharia
genética, entre muitos outros, que recentemente fazem parte de praticamente todos
os segmentos produtivos que marcam essa etapa, assim como outros fatos marcaram
as revoluções industriais do passado.
Essa revolução é um dos
principais combustíveis para o desenvolvimento do capitalismo moderno e
especialmente do processo de globalização que visa uma flexibilidade de
informações, além de um acelerado dinamismo no fluxo de capitais e mercadorias.
Diante dessa afirmativa, veja a seguir alguns itens indispensáveis na economia
contemporânea.
4.2- As Redes Geográficas
Os fluxos de globalização ocorrem
através de redes, que abarcam o mundo inteiro, mas não todo o espaço
geográfico. Eles atingem principalmente os lugares mais bem equipados com
infraestrutura de transportes, comunicações, hospedagem, etc. Esses lugares
forma os pontos de interconexões das redes globais.
O espaço geográfico é composto
por um denso emaranhado de redes, por meio das quais ocorrem fluxos dos mais
variados tipos .Há redes de comunicação(televisão, radio, telefone,
computadores, ligados por satélites e cabos de fibras ópticas), redes de
rodovias, ferrovias, hidrovias e aerovias, pelas quais flui mercadorias e
pessoas, e muitas outras. Essas redes podem abranger o espaço geográfico local,
nacional, regional e mundial.
4.3- Fluxo de Informações
As pessoas estão cada vez mais,
descobrindo na Internet uma maneira rápida e eficiente de entrar em contato com
pessoas de outros países, ou, até mesmo, de conhecer aspectos culturais e
sociais de várias partes do planeta. Junto com a televisão, a rede mundial de
computadores quebra barreiras e vai, cada vez mais, ligando as pessoas e
espalhando as ideias, formando assim uma grande Aldeia Global. Saber ler, falar
e entender a língua inglesa torna-se fundamental dentro deste contexto, pois é
o idioma universal e o instrumento pelo qual as pessoas podem se comunicar.
A globalização produtiva ocorreu
com o crescimento e a expansão das multinacionais. Elas estão presentes em
todos os países do mundo e atualmente passam por incorporações e fusões, com a
ampliação do seu ramo de atuação.
Muitas multinacionais já são mais
ricas que países. Em 1999, as dez maiores corporações mundiais General Motors,
Wal-Mart, Exxon Móbil, Ford, DaimlerChrysler, Mitsui, Mitsubishi, Toyota,
General Electric e Itochu venderam US$ 1,4 trilhão. Essas empresas possuem 50%
dos seus ativos no exterior, mais de 60% das vendas são para o mercado
internacional e 60% dos empregados são mantidos fora do país sede.
A globalização das comunicações
tem sua face mais visível na internet, a rede mundial de computadores, possível
graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de
telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de ideias
e informações sem critérios na história da humanidade. Outra característica da
globalização das comunicações é o aumento da universalização do acesso a meios
de comunicação, graças ao barateamento dos aparelhos, principalmente celulares
e os de infraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e
incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica. Hoje uma inovação
criada no Japão pode aparecer no mercado português ou brasileiro em poucos dias
e virar sucesso de mercado. Um exemplo da universalização do acesso a
informação pode ser o próprio Brasil, hoje com 42 milhões de telefones
instalados, e um aumento ainda maior de número de telefone celular em relação a
década de 1980, ultrapassando a barreira de O Brasil terminou Jan/15 com 281,7
milhões de celulares e 138,3 cel/100 hab. Redes de televisão e imprensa multimídia
em geral também sofreram um grande impacto da globalização. Um país com
imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, alguma vezes por televisão por
assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro.
Pode-se dizer que este incremento
no acesso à comunicação em massa acionado pela globalização tem impactado até
mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação a democracia,
ajudando pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de radiodifusão de
informação a terem acesso a informação de todo o mundo, mostrando a elas como o
mundo é e se comporta .
Mas infelizmente este mesmo livre
fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinados governos ou
entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem gasto enorme quantidade
de recursos para limitar o tipo de informação que seus cidadãos têm acesso.
4.3.1- Redes Sociais
Redes Sociais são estruturas
sociais virtuais compostas por pessoas e/ou organizações, conectadas por um ou
vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns na internet.
Estrutura social refere-se à
colocação e à posição de indivíduos e de grupos dentro desse sistema. Em outras
palavras, Segundo Brown e Barnett, “o agrupamento de indivíduos, de acordo com
as posições que resultam dos padrões essenciais de relações de obrigação,
constitui a estrutura social de uma sociedade”. E são virtuais, obviamente,
porque se refere às comunicações via Internet que extrapolam as quatro paredes
convencionais.
As redes sociais têm transformado
a forma de comunicar das pessoas, tamanha a capacidade do seu alcance mundial,
influenciando opiniões, mobilizando e criando grupos e trazendo informações em
questão de segundos.
4.4- Fluxos de Capitais
No mundo globalizado em que
vivemos existe um grande fluxo de capital (transações financeiras, como compra
e venda de ações de empresas, títulos e moedas), esse tipo de atividade ocorre
a partir de evoluções que aconteceram nos meios de comunicação. O mundo
atualmente está interligado por meio de uma complexa rede de comunicação, como:
telefonia móvel e fixa, satélites, internet e etc. Esses permitem que bilhões
de dólares sejam transferidos entre os mais variados países do mundo em um
único dia. Através de um mouse um brasileiro pode investir milhões de reais em
outra parte do mundo, isso é um exemplo claro de fluxo de capital.
Operações dessa natureza são
executadas entre distintos países quase que em tempo real, isso é possível
entre nações integradas no mercado financeiro internacional. Em minutos
vultosos negócios sucedem e inúmeros outros são abertos, e envolvem um volume
gigantesco de capitais (dinheiro), sendo que as negociações movimentam no
planeta em um único dia aproximadamente 1 trilhão de dólares.
O lugar onde grande parte dessas
negociações ocorre é nas bolsas de valores espalhadas por diferentes pontos do
planeta, e essas se encontram interligadas. Atualmente, as principais bolsas
estão localizadas em cidades de países desenvolvidos, entre as quais podemos
citar: Nova Iorque (Estados Unidos), Londres (Inglaterra), Paris (França) e Tóquio
(Japão). Além daquelas localizadas em países em desenvolvimento, como: São
Paulo (Brasil), Buenos Aires (Argentina). Incluindo ainda nações
subdesenvolvidas industrializadas, como: Jacarta (Indonésia) e Seul (Coreia do
Sul).
Tais cidades abrigam também sedes
administrativas ou filiais de multinacionais, principais bancos e instituições
financeiras, entre outras de renomes internacionais. Isso quer dizer que essas
cidades são centros financeiros, incluídas na rota global de capitais,
geralmente as mesmas possuem o “status” de cidades globais ou mundiais.
4.4.1- Qual a diferença entre capitais especulativos e capitais
produtivos?
Capitais especulativos são
aqueles aplicados apenas no mercado financeiro: uma massa de capitais que
"migra" de país para país em busca de taxas de juros e remunerações
de papéis oficiais (letras do tesouro, bônus da dívida externa etc.) mais
atraentes. Por isso, boatos e especulações que fazem essa remuneração flutuar
levam os investidores a fugir, vender seus ativos e buscar outras oportunidades
de lucro. É um capital volátil, que se movimenta rapidamente. Já os capitais
produtivos são aqueles aplicados na produção diretamente: investimentos para
que a economia produza, as fábricas se desenvolvam, o comércio siga em frente.
É um capital mais estável e de longo prazo, sendo mais atraente para os países.
4.5- Espaço Geográfico e Redes de Produção e Distribuição
O meio geográfico é cada vez mais impregnado de técnica, ciência e informação, o que nos permite falar na formação de um meio técnico-científico-informacional neste período histórico da
globalização, conforme os pressupostos defendidos pelo geógrafo Milton Santos.
O meio técnico-científico-informacional constitui o meio geográfico característico do atual período histórico e, como o próprio nome indica, é
composto de sistemas de objetos (estradas, aeroportos, fábricas, redes de
internet) altamente modernizados, que permitem uma grande fluidez ou mobilidade aos produtos e aos fluxos de informação das grandes corporações
transnacionais.
Cabe à Geografia, pesquisar e
interpretar esse padrão de produção e distribuição de mercadorias ao nível mundial. Quais teriam sido as causas do aumento extraordinário de fluxos
comerciais e por que apenas algumas regiões do planeta se destacam quando o
assunto é comércio internacional?
O aumento na demanda em todos os
países por todo tipo de produto
No período técnico-científico-informacional em curso, ocorreu um expressivo aumento
populacional - de 2,5 bilhões de habitantes, em 1950, o mundo passou a contar
com 7,8 bilhões em 2011. Em parte, o acréscimo de mais de 4 bilhões de pessoas
no mundo, durante esses 59 anos, explica o aumento do comércio internacional.
Contudo, é importante salientar que, além do crescimento da população mundial, houve também, em algumas regiões do mundo, uma melhoria da qualidade de vida, principalmente nos países do centro da economia capitalista: Estados Unidos,
alguns países da Europa Ocidental e Japão, além de um incremento do consumo em
todos os níveis. A expansão do meio técnico-científico-informacional permitiu
que essas regiões se industrializassem ainda mais e diversificassem a sua
produção, propiciando o assalariamento da maioria da população e, em
consequência, a sua entrada no consumo de massa. Além das diferentes
características naturais (presença ou não de petróleo, minerais etc.) e
diferentes tipos de sistemas produtivos, visto que algumas regiões são
essencialmente agrícolas, outras mais industriais e outras especializadas no
setor de serviços, há uma tendência para que se ampliem as trocas comerciais
entre essas regiões, pela diminuição dos custos dos transportes.
Em princípio, a complementaridade
entre as regiões (cada uma exporta aquilo que produz em excesso e importa o
que não produz ou o que não produz o suficiente) cria uma interdependência
entre elas, típica da atual fase da globalização. Essa interdependência não é
neutra, isto é, como, no mundo capitalista, as trocas comerciais acabam sempre
favorecendo um conjunto de certas regiões em detrimento (prejuízo) de outras.
Desse modo, tais desigualdades são resultantes da divisão internacional do
trabalho, porque certas regiões, com sistema produtivo mais moderno, conseguem
exportar produtos com maior valor agregado, forçando as regiões menos modernizadas
(principalmente os países em desenvolvimento) a produzir apenas alguns tipos de
mercadorias, em especial aqueles de origem agrícola ou mineral. Ao produzirem
somente bens do setor primário (carvão, petróleo, minerais e produtos
agrícolas), cujos preços no mercado internacional, no geral, têm declinado,
essas regiões são forçadas a aumentar a produção e a venda desses produtos para
poder adquirir mercadorias mais modernas, como aviões, computadores e
aparelhos eletrônicos.
4.5.1- Multinacionais
A globalização produtiva ocorreu
com o crescimento e a expansão das multinacionais. Elas estão presentes em
todos os países do mundo e atualmente passam por incorporações e fusões, com a
ampliação do seu ramo de atuação. Várias multinacionais industriais apresentam
lucro maior no setor financeiro que na produção industrial.
Muitas multinacionais já são mais
ricas que países. Em 1999, as dez maiores corporações mundiais (General Motors,
Wal-Mart, Exxon Móbil, Ford, DaimlerChrysler, Mitsui, Mitsubishi, Toyota,
General Electric e Itochu) venderam US$ 1,4 trilhão. Essas empresas possuem 50%
dos seus ativos no exterior, mais de 60% das vendas são para o mercado
internacional e 60% dos empregados são mantidos fora do país sede.
4.5.2- Mão-de-obra barata
A cadeia produtiva se fragmentou
e as empresas dividem as etapas de produção em vários países, de acordo com
suas vantagens comparativas (mão-de-obra barata, localização mais próxima da
matéria-prima ou do mercado consumidor, leis ambientais brandas, disponibilidade
de energia barata etc).
As atividades mais criativas
(como o desenvolvimento do projeto e da tecnologia e o marketing) e de comando
se concentram na matriz, geralmente em um país desenvolvido.
As atividades repetitivas de
montagem, com baixo conteúdo tecnológico, se concentram em países não
desenvolvidos que oferecem incentivos fiscais, mão-de-obra barata e subsídios.
Em países que adotaram o neoliberalismo nas relações de trabalho
(flexibilização e desregulamentação), as vantagens são ainda maiores.
4.5.3- O caso Nike
Várias indústrias têxteis dos EUA
não conseguiam concorrer com produtos similares produzidos na Ásia, por causa
do alto custo da mão-de-obra americana. Com a criação do Nafta, elas
transferiram a linha de produção para o norte do México, onde a mão-de-obra é
muito mais barata. Depois, o produto acabado é reexportado para os EUA.
A Nike americana não possui
nenhuma fábrica nos EUA e mais de 90% da sua produção ocorre no sul e sudeste
da Ásia, cabendo à matriz o desenvolvimento do projeto e o marketing.
4.5.4- Fusões
As fusões e incorporações marcam
este período de globalização. As grandes empresas estão se associando para não
quebrar ou para aumentar a sua competitividade.
A Mercedes Benz (alemã) comprou a
Chrysler (americana), criando a DaimlerChrysler, que exportava mais que a
África do Sul. Em seguida, essa nova empresa comprou 34% da Mitsubishi Motor
Cars (japonesa). Essa é uma tendência generalizada. Em 1999, dos US$ 865
bilhões investidos pelas multinacionais, 83% destinavam-se a compras e fusões.
As corporações financeiras também
crescem e espalham seus investimentos especulativos pelo globo. Os fundos de
investimentos recebem bilhões de dólares de pequenos investidores. Por exemplo,
um especulador médio como Edward Jones maneja US$ 225 bilhões e a Merrill Lynch
algo como US$ 1
trilhão.
4.6- O Estado na Economia Globalizada
No sistema capitalista, o Estado
sempre desempenhou funções fundamentais à manutenção desse sistema: manter a
lei e a ordem, preservar a propriedade privada, resolver conflitos entre grupos
sociais e econômicos, defender as fronteiras do país, estabelecer e controlar
as regras comerciais e econômicas, estabelecer relações políticas e comerciais
com outros Estados. Com algumas variações de país para país, o Estado foi
agregando uma série de outras funções, como vemos a seguir:
- Instalação de
empresas estatais, ligadas principalmente ao setor de infraestrutura, como
o siderúrgico e o petroquímico;
- Construção e
manutenção de equipamentos de infraestrutura (rodovias, ferrovias,
viadutos, portos, aeroportos, usinas e redes de distribuição de energia
elétrica etc.);
- Participação
acionária em empresas dos mais variados setores;
- Investimento em
educação, saúde, moradia e pesquisa;
- Criação do
sistema de aposentadorias, pensões e seguro-desemprego;
- Controle da
circulação da moeda;
- Realização de
empréstimos a juros baixos e isenção de impostos para determinados grupos
econômicos ou sociais (subsídios);
- Estabelecimento
da taxa de juros, que serve de base para as atividades financeiras,
inclusive as bancárias.
Na década de 1980. abriu-se uma
nova discussão sobre o papel do Estado, por causa das crises
econômico-financeiras existentes em vários países subdesenvolvidos e dos
elevados déficits públicos de muitos países. Para os teóricos das organizações
financeiras internacionais (Banco Mundial e FMI) e o governo dos EUA, a crise e
a nova economia globalizada exigiam um Estado que não interferisse no livre
comércio, facilitasse a atuação das grandes empresas, cobrasse menos impostos e
reduzisse seus gastos, inclusive nos setores sociais (saúde, educação, moradia,
previdência). Essas ideias e propostas foram chamadas de NEOLIBERAIS.
- O Estado, na
concepção neoliberal, deve intervir pouco na economia, procurando eliminar
barreiras ao comércio internacional, atrair investimentos estrangeiros, privatizar
empresas públicas, manter o equilíbrio fiscal (diferença entre arrecadação
de impostos e gastos) e controlar a inflação.
- Para os
neoliberais, não é papel do Estado extrair petróleo ou minérios,
administrar refinarias e siderúrgicas nem participar de qualquer outro
tipo de atividade econômica.
- Cabe ao Estado
estimular a pesquisa tecnológica para apoiar a iniciativa privada,
assegurar a estabilidade econômica e facilitar o livre funcionamento do
mercado.
- A produção de mercadorias é papel das
empresas particulares.
4.7- A Crise Financeira e Econômica iniciada em 2007/2008
A crise que afeta o mercado
financeiro nos EUA e arrasta os negócios no mundo teve origem nas hipotecas
americanas. Com o baixo juro e as boas condições de financiamento, muitas
pessoas compraram imóveis e se endividaram. O juro subiu, a economia desaqueceu
e a inadimplência aumentou. Os bancos que emprestaram dinheiro começam a
mostrar o rombo. Além disso, o preço dos imóveis caiu. Pagando uma prestação
mais alta e com o valor do bem menor, os norte-americanos reduziram o consumo.
Às portas da recessão, os EUA anunciaram a maior reforma no sistema de
regulamentação financeira desde 1929. O plano vai mudar a forma como o governo
regulamenta milhares de negócios.
4.7.1- As causas da Crise
As causas da crise estão
relacionadas à expressiva expansão dos financiamentos para compra de imóveis
nos Estados Unidos, em razão dos juros baixos, que o governo norte-americano
vinha mantendo desde o início do século. Isso gerou uma forte valorização no
preço dos imóveis que inclusive estimulava as pessoas que haviam contraído
financiamentos (mutuários) a refinanciar suas dívidas. Nesse refinanciamento,
os mutuários recebiam uma diferença em dinheiro, em geral utilizada para
consumo. Diversos bancos criaram títulos que tinham como garantia os
financiamentos para compra de imóveis (títulos garantidos com hipotecas).
Investidores que adquiriram esses títulos emitiram, por sua vez, outros títulos
que tinham como garantia os títulos anteriores. Isso se espalhou por todo o
sistema financeiro.
No entanto, com o consumo em
alta, a inflação aumentou. Para frear esse aumento, o governo dos Estados
Unidos elevou os juros, o que afetou também as mensalidades dos financiamentos
dos imóveis, que ficaram mais caros. Como consequência, centenas de milhares de
proprietários deixaram de pagar os financiamentos, os preços dos imóveis
despencaram e os títulos se desvalorizaram acentuadamente.
4.7.2- A Crise e o estado neoliberal
Com a crise, a desregulamentação
do sistema financeiro internacional, um dos pilares do neoliberalismo, passou a
ser fortemente questionada. A necessidade de fiscalização, de controle mais
rigoroso da economia por parte do Estado e de investimentos públicos em saúde,
educação, infraestrutura e saneamento básico, entre outros setores, passaram a
ser novamente discutidos, com o objetivo de discutir quais as melhores
políticas econômicas a serem adotadas
dentro do sistema capitalista. Com
efeito, é cada vez maior o volume de dinheiro aplicado nos bancos e nas bolsas
de valores, sendo que boa parte dele circula em busca de melhores ganhos e
lucros. Se em 1980, o PIB mundial era de US$ 10 trilhões, o volume aplicado no
mercado financeiro e de ações era de US$ 12 trilhões. Já em 2007, enquanto o
PIB era de US$ 48 trilhões, os investimentos em títulos e ações atingiam US$
167 trilhões. Com isso, as possibilidades de intensa especulação, de riscos e
de crises são maiores.
Os países em desenvolvimento
tiveram um desempenho econômico muito superior ao dos países desenvolvidos
durante a crise. O crescimento econômico da China foi de 8,5% em 2009,
reduzindo em apenas 0,5% em relação a 2008. A Índia teve um crescimento no PIB
de 5,4% em 2009, frente a 7,3% de 2008. Em 2008, o Brasil tinha apresentado um
crescimento econômico de 5,1%, e com a crise, em 2009, o país recuou 0,7%,
fechando em 4,4%.
Os Estados Unidos, com a crise,
cresceu apenas 1,6% em 2008, e em 2009 o país teve um crescimento negativo de
3,1%. A Rússia, após crescer 5,6% em 2008, teve uma queda de 7,5% na sua
economia em 2009.
Obrigado pela colaboração na postagem sobre o assunto, foi muito produtivo pra nós, espero que continuem atualizando o site.
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