Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Crescimento Populacional: tendências e dilemas

4- Introdução:
A questão populacional é polêmica. Alguns defendem a ideia de que o crescimento populacional é o grande responsável pela deterioração do ambiente e da qualidade de vida, ou até  que é uma barreira ao desenvolvimento.
Outros defendem que os grandes problemas da humanidade, como a degradação ambiental, a pobreza, a desnutrição e a fome, ocorrem devido á desigualdade gerada pelo sistema capitalista. Argumentam que esse sistema exige uma produção crescente de mercadorias que, por sua vez, depende da constante ampliação dos padrões de consumo e gera desperdício.
Outras questões relacionadas à dinâmica populacional latentes no mundo atual refere-se às migrações, aos refugiados e à distribuição de recursos etc. Essas questões guardam estreita relação com o processo de globalização da economia, o grau de desenvolvimento dos países e os conflitos internacionais.

4.1- Crescimento da População Mundial
Os diferentes aspectos demográficos, tais como: população absoluta, densidade demográfica, crescimento demográfico, crescimento populacional, distribuição geográfica da população, estrutura etária, estrutura profissional e migrações, entre outros, costumam ser alvos de estudo e preocupação dos diversos especialistas.
A análise de dados demográficos e sua comparação com dados socioeconômicos permitem aos dirigentes de um Estado o conhecimento da realidade quantitativa e qualitativa da população e a elaboração de medidas de ordem prática.
A população mundial em 2013 é de aproximadamente 7,2 bilhões de habitantes.
Antes de iniciar o estudo dos principais aspectos demográficos, vamos apresentar alguns conceitos fundamentais, que facilitarão esse estudo.

4.1.1- População absoluta e densidade demográfica ou população relativa
População absoluta (é o número total de habitantes de um lugar (país, cidade, região, etc.). Quando um determinado lugar possui um grande número de habitantes, dizemos que é populoso ou
de grande população absoluta; quando possui um pequeno número de habitantes, dizemos que é pouco populoso ou de pequena população absoluta.
Os dez países mais populosos do mundo no ano 2010, em milhões de habitantes:
1- China - 1.321.851.888 hab.
2- Índia - 1.029.033.066 hab.
3- Estados Unidos - 280.444. hab.
4- Indonésia - 214.889263 hab.
5- Brasil - 191.480.630 hab.
6- Paquistão - 160.604.504 hab.
7- Rússia - 146.653.453 hab.
8- Bangladesh - 131.394.170 hab.
9- Japão - 126.904.730 hab.
10- Nigéria - 114.091857 hab.

Densidade relativa ou densidade demográfica é a média de habitantes antes por quilômetro quadrado (Km²). Para obtê-la , basta dividir a população pela área. Quando um determinado território possui elevada densidade demográfica, dizemos que ele é densamente povoado; quando possui baixa densidade demográfica, dizemos que é fracamente povoado.
Alguns exemplos de países densamente e fracamente povoadas, respectivamente:
( Mônaco ( 16.500 hab/Km² ) 
( Cingapura ( 5.380 hab/Km² ) 
( Vaticano ( 2.273 hab/Km² )
( Mongólia ( 2 hab/Km² )
( Islândia ( 3 hab/Km² ) 
( Canadá ( 3 hab/Km² ).

Observe que os países populosos não são necessariamente densamente povoados. Apesar de terem uma população absoluta elevada, muitos países possuem grande área territorial. Por outro lado, nem todos os países densamente povoados são necessariamente populosos.
Alguns países são ao mesmo tempo populosos e povoados é o caso da Índia, que, apesar de ter uma área territorial grande (3.287.263 Km²), é muito populosa, contanto com 1.186.185.625 habitantes, é densamente povoada (360,84 hab/Km²). Outros países não são sem populosos nem povoados, como é o Canadá, que conta com 9.970.610 Km² e 34.019.000 habitantes, apresentado, portanto, uma densidade demográfica de 3,41 hab/Km².
Apesar de ser bastante difundida e utilizada, saber a densidade de um país é uma informação bastante vaga. Por se tratar de uma média, a partir dela nada podemos concluir a respeito da distribuição efetiva da população do país pelo território.

Países menos populosos do mundo
1° Vaticano (Europa): 990 habitantes.
2° Nauru (Oceania): 9.771 habitantes.
3° Tuvalu (Oceania): 11.093 habitantes.
4° Palau (Oceania): 20.397 habitantes.
5° San Marino (Europa): 31.359 habitantes.
6° Mônaco (Europa): 32.020 habitantes.
7° Liechtenstein (Europa): 35.010 habitantes.
8° São Cristóvão e Névis (América Central): 46.111 habitantes.
9° Ilhas Marshall (Oceania): 54.065 habitantes.
10° Dominica (América Central): 70.382 habitantes.

Taxa de natalidade
É a relação entre o número de nascimentos ocorridos em um ano e o número de habitantes. Obtemos esta taxa tomando os nascimentos ocorridos durante um ano multiplicando-os por 1.000 e dividindo o resultado pela população absoluta:

Nº de nascimento ∙ 1.000 = taxa de natalidade
   Nº de habitantes

Taxa de mortalidade
É a relação entre o número de óbitos ocorridos em um ano e o número de habitantes.
Obtemos essa taxa tomando os óbitos ocorridos durante um ano multiplicando-os por 1.000 e dividindo o resultado pelo número de habitante:

Nº de óbitos ∙ 1.000 = taxa de mortalidade
Nº de habitantes

Devemos observar que esse é a taxa de mortalidade geral e que, além dela, existe a taxa de mortalidade infantil, que é o número de crianças que morrem antes de completar o primeiro ano de vida. A taxa de mortalidade infantil é um importante indicador do nível de desenvolvimento de um país.

Mortalidade infantil x 1.000
 Crianças nascidas vivas

Crescimento vegetativo
É a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade: CV = TN – TM.

Expectativa de vida
É o tempo médio de vida que uma pessoa poderá viver. Abaixo estão os países que apresentam maior taxa.



Taxa de fecundidade
É o número médio de filhos que uma mulher poderá ter.

Crescimento demográfico
Diferentemente do que ocorreu em marcas anteriores (nos 5 e nos 6 bilhões) e do que estava previsto (foi citada uma criança indiana como símbolo), nenhum bebê foi escolhido pela ONU para representar a data. Alguns países, porém, podem eleger seus próprios bebês-símbolo. Ao longo da evolução da humanidade a população mundial tem crescido de modo contínuo, porém com intensidades e proporções diferentes.
Tomando como base o ano de 8.000 a.C. a população mundial era de ~ 5 milhões de habitantes. Decorridos 9.800 anos (98 séculos), em 1800 o crescimento da população ainda era inferior a 1 bilhão de habitantes. Em compensação, nos 160 anos seguintes (1800 – 1960) ela triplicou, em 1925 ela atingiu o 2 bilhão e em 1958, o terceiro bilhão e, finalmente, nos últimos 44 anos, ela dobrou, atingindo 6 bilhões.
Portanto, em um século a população mundial praticamente quadruplicou o número de habitantes da Terra. Em 9.900 anos ela só atingiu 1,6 bilhão de habitantes. Essa aceleração demográfica denominada explosão demográfica ocorreu principalmente nos países subdesenvolvidos.
Um país com taxa de crescimento vegetativo de 4% ao ano terá sua população duplicada em apenas 18 anos, ao passo que para um crescimento de 0,5% ao ano ela duplicará em 139 anos.

4.2- Revolução Industrial e crescimento demográfico
O crescimento populacional era pequeno antes do período da Revolução Industrial porque as taxas de natalidade e mortalidade estavam bastante elevadas. Então se nasciam muitas pessoas, muitas também morriam  e esse comportamento da população impedia um maior crescimento demográfico.
Problemas das altas taxas de mortalidade: doenças, péssimas condições sanitárias, baixo nível educacional, baixa produtividade de alimentos e poucos hábitos de higiene.
Após a chegada dos avanços da era industrial (séc. XVIII e XIX) as taxas de mortalidade na Europa caíram vertiginosamente provocando provavelmente o primeiro surto de crescimento populacional do planeta.

4.2.1-Qual a relação da Revolução Industrial com o crescimento demográfico?
A Revolução Industrial foi uma melhora não só dos meios de produção, como a máquina a vapor, ela atingiu diversas áreas do conhecimento científico e marcou esse período com grandes descobertas e mudanças na demografia.

Mudanças / Avanços nas áreas:
- Ciência (medicina);
- Higiene;
- Condições sanitárias;
- Vacinas (Varíola);
-Migração do campo para a cidade;
- O trabalho infantil na Rev. Ind. estimulou um aumento no nº de filhos nas famílias.
Esses avanços impactaram diretamente a demografia europeia que diminuiu as taxas de mortalidade/aumentaram a expectativa de vida.

4.3- Teorias demográficas e desenvolvimento socioeconômico

4.3.1- Teoria de Malthus
Exposta em 1798, pelo economista Thomas Robert Malthus (1766 – 1834), preocupado com os problemas socioeconômico enfrentados por seu país durante a Revolução Industrial (êxodo rural, desemprego, aumento populacional, etc.). Malthus expôs sua famosa teoria a respeito do crescimento demográfico.
Para Malthus, a principal causa dos problemas que afetava seu país era o grande crescimento populacional, especialmente dos mais pobres. Sua teoria, que se fundamenta na relação crescimento populacional e meios de subsistência, apoia-se nas seguintes premissas:
Caso não seja detida por obstáculos (guerras, epidemias, etc.), a população tende a crescer segundo uma progressão geométrica.
Os meios de subsistência, na melhor das hipóteses, só podem aumentar segundo uma progressão aritmética.
Assim, para evitar o caos, Malthus propunha a erradicação da pobreza e da fome por meio do controle da natalidade, sendo que o referido controle deveria basear-se na sujeição moral do homem, como casamento tardios, número de filhos compatível com os recursos dos pais, abstinência sexual, etc. Sua tarefa é, portanto, nitidamente antinatalista e conservadora.
Decorridos quase dois séculos, o tempo pôde demonstrar que ela carecia de uma sólida fundamentação científica. De forma resumida, seus principais pontos de crítica são:
ü  O crescimento geométrico da população previsto por Malthus não ocorreu. A produção alimentar mundial ultrapassou os 3% e a média do crescimento populacional anual ficou em torno de 2%;
ü   A Europa e as demais áreas desenvolvidas do mundo mostraram que o desenvolvimento econômico, reformas e bem estar- social são a fórmula para deter o crescimento populacional;
ü  A emancipação progressiva da mulher tem sido decisiva no controle da natalidade;
ü   A maior parte das terras agrícolas dos países subdesenvolvidos é utilizada para culturas de exportação, nem sempre atendendo às necessidades alimentares das populações locais;
ü   O desenvolvimento científico e tecnológico ocorrido no campo da agropecuária e da genética tornou possível produzir alimentos suficientes para suprir as necessidades de toda a humanidade.
Parece evidente, portanto, que não se pode responsabilizar apenas o crescimento populacional pelo estado de miséria e de fome em que se encontram muitos países. As causas da fome são, na realidade, políticas e econômicas.

4.3.2-Teoria Neomalthusiana ou alarmista
A explosão demográfica do período pós-Segunda Guerra Mundial ressuscitou as ideias de Malthus. Os neomalthusianos, temerosos diante desse quadro assustador dos países subdesenvolvidos, passaram a responsabilizar estes e o elevado crescimento demográfico como os culpados pelo referido quadro de horror.
Para os neomalthusianos a solução estava na implantação de políticas oficiais de controle de natalidade mediante o emprego de pílulas anticoncepcionais, abortos, ligação das trompas, vasectomia, etc. Apesar de vários países terem adotados essas medidas, a situação de fome e de miséria continua existindo.
Um programa de planejamento familiar deve não apenas ser parte integrante de um plano de desenvolvimento socioeconômico. Ele requer a existência de uma série de condições favoráveis, como educação, saúde, atendimento médico-hospitalar, consciência e aprovação popular.

4.3.3- Reformistas ou marxista
Estes consideram a própria miséria como sendo a responsável pelo acelerado crescimento da população. Por isso defendem a necessidade de reformas socioeconômicas que permitem a elevação do padrão de vida, melhorando, entre outras coisas, a distribuição de renda e de alimentos e propiciando um aumento da escolaridade, que resultariam num planejamento familiar e na diminuição da natalidade e do crescimento vegetativo.
Na realidade, os países não se tornaram desenvolvidos apenas por redução de sua taxa de natalidade. No entanto, existem muitos exemplos de países cujo desenvolvimento econômico e social propiciou acentuada redução espontânea da natalidade e do crescimento populacional.

4.4- A dinâmica demográfica no mundo desenvolvido
O estudo sobre a dinâmica populacional do mundo não é algo recente. Remonta-se a um período anterior ao século XVIII, em que se formularam teorias sobre o crescimento populacional utilizadas até os dias atuais. Cada uma dessas teorias correspondia a uma visão de sociedade e do próprio movimento histórico que se seguia. Embora houvesse essas distinções, todas as teorias formuladas até então se preocupavam em explicar o crescimento da população e seus impactos sobre a natureza e a organização da sociedade.
Assim, para conseguir responder às duvidas sobre o futuro das sociedades o estudo sobre a dinâmica populacional elencou três tipos de indicadores, que funcionariam como padrões a serem analisados: mortalidade, natalidade e fecundidade.
A mortalidade é calculada a partir da relação entre o número de óbitos em um determinado ano e a população total neste mesmo ano; a seguir, multiplica-se o resultado por mil (para evitar excesso de decimais). Já a mortalidade infantil é calculada a partir da multiplicação por mil do número de crianças, com menos de um ano, que morreram em um determinado ano; a seguir, divide-se o resultado pelo número de crianças nascidas vivas naquele mesmo ano.
Os números oferecidos por estas equações matemáticas devem ser interpretados, ou seja, obter somente o número não é revelador da situação em que a sociedade está submetida. Por isso, alguns pensadores argumentam que a elevação dos números relativos à mortalidade indicaria a super exploração do trabalhador, uma vez que seria o reflexo da redução de salários e acesso à saúde e cuidados básicos.
A natalidade é calculada com base na multiplicação por mil do número de nascimentos em um dado ano, dividindo-se o resultado pela população total no ano e local considerados na análise. A fecundidade, por sua vez, relaciona o número de crianças com menos de cinco anos ao número de mulheres em idade reprodutiva (este dado varia conforme o país, podendo ser de 15 a 44 anos; 14 a 49 anos ou 20 a 44 anos).
A taxa de fecundidade sofreu alterações com a consolidação da industrialização, uma vez que as mulheres adentraram ao mercado de trabalho, demorando mais tempo para engravidar e constituir família. Vale destacar que os índices de natalidade também vem sofrendo reduções em função das melhores condições de vida de uma parcela significativa da sociedade, como também, por causa de um novo entendimento sobre o papel da família na contemporaneidade.

4.5- Teoria da Transição Demográfica
A concepção da transição demográfica é uma proposição mais atual que afirma que todos os países, cedo ou tarde, apresentarão padrões gerais no que diz respeito à ordem do crescimento demográfico.
A transição demográfica considera que a explosão demográfica é um fenômeno transitório, geralmente causado pelo desenvolvimento econômico e social das nações, o que resulta na queda imediata das taxas de mortalidade, o que eleva o número de habitantes. Por outro lado, a natalidade também diminui, mas em um ritmo mais lento, o que faz com que a explosão demográfica inicial seja substituída gradativamente por uma diminuição no ritmo de crescimento do número de habitantes.
Foi assim, por exemplo, que ocorreu na Europa, que hoje apresenta baixíssimos crescimentos populacionais. No Brasil também não foi diferente, pois a população aumentou rapidamente ao longo do século XX, mas teve seu crescimento diminuído nas últimas décadas. O principal efeito disso – e também o principal motivo de preocupações – é o envelhecimento populacional.
O Brasil, até pouco tempo atrás, era considerado um país jovem, com boa parte da população com média de idades baixas. Atualmente, passou a ser considerado um país adulto, com potencial para tornar-se um país idoso nas próximas décadas. Na Europa, o envelhecimento populacional já é uma realidade, o que ocasiona uma série de problemas relacionados com a previdência social e com a diminuição da PEA (população economicamente ativa).
Ironicamente, no continente europeu, o problema atual é exatamente o contrário imaginado por Malthus, pois não é o crescimento acelerado da população a principal tônica da questão, mas o crescimento moderado além da conta. Em países como França e Alemanha, políticas de incentivos à natalidade são realizadas, incluindo o pagamento de bolsas e benefícios para casais que tiverem um terceiro filho.

4.6- Crescimento da População Brasileira
O primeiro censo demográfico brasileiro ocorreu em 1872, a execução desse tipo de trabalho é de extrema importância para compreender a evolução da população, além disso, é a partir da análise dos dados coletados que são desenvolvidos todos os projetos e suas execuções por parte do poder público.
Entender e ter conhecimento da configuração e características da população é indispensável para que o governo possa assim destinar os serviços públicos que são realmente necessários (saúde, habitação, educação, alimentação e segurança). Por exemplo: se um prefeito não tem conhecimento de que a população de sua cidade é composta, em sua maioria, por adultos e idosos ele poderá investir verbas construindo várias escolas, creches, clubes, deixando de investir no que realmente seria necessário à população.
No primeiro censo demográfico (1872) constatou-se que a população daquela época era de 10 milhões de habitantes, mais tarde, em 1900 o número de habitantes saltou para 17,4 milhões e em 1940 atingiu 41,2 milhões de pessoas. No século XX, o número de pessoas no Brasil aumentou em cinco vezes o seu total.
A partir disso ocorreu uma crescente, em 1970 já eram 93 milhões, 1980 a população era de 119 milhões, em 1991 atingiu 146,8 milhões e nos primeiros anos de 2.000 já havia alcançado o elevado número de 165,7 milhões de habitantes. Atualmente (2013), o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking dos países mais populosos do mundo, totalizando 204,109.817 milhão ‎(População brasileira às 10:12:58 de 14/4/2015) habitantes.
O intenso crescimento brasileiro se deve, sobretudo da cultura de famílias com um grande número de filhos, dos fluxos migratórios que ocorreram ao longo do processo de povoamento do país, a melhoria das condições médico-sanitárias, além da criação de vacinas e métodos de tratamento de doenças.
Porém, esse grande crescimento populacional desacelerou na década de 1970, pois a partir desse momento houve uma modificação nesse processo decorrente de vários fatores, entre eles se destacam: o fluxo de pessoas da zona rural para as cidades, fato que favorecia o aumento nos custos de sobrevivência, o acesso aos métodos anticoncepcionais.
Esse período marcou também uma nova realidade da mulher brasileira, pois muitas deixaram apenas de cuidar dos serviços domésticos para se tornarem profissionais e começaram a trabalhar fora, ajudando no orçamento da casa, tais mudanças fizeram que essas não tivessem tanto tempo para ter muitos filhos, passaram a considerar os altos custos para a criação e educação dos mesmos.
Ao passo que a população diminuía o seu crescimento e ficava mais velha, ocorriam no campo informacional descobertas científicas que favoreceram o controle de natalidade, melhoria na qualidade de vida, aumento na expectativa vida e acesso a vacinas e tratamentos médicos.
A urbanização, a queda da fecundidade da mulher, o planejamento familiar, a utilização de métodos de prevenção à gravidez, a mudança ideológica da população são todos fatores que contribuem para a redução do crescimento populacional.
Nos anos de 1960, as mulheres brasileiras tinham uma média de 6,3 filhos, atualmente essa média é de 1,9 filhos, que está abaixo da média mundial, que é de 2,6.
Conforme estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística  (IBGE), em 2050, a população brasileira será de aproximadamente 259,8 milhões de pessoas, nesse mesmo ano a taxa de crescimento vegetativo será de 0,24, bem diferente da década de 1950, que apresentou taxa de crescimento vegetativo positivo de 2,40%.
Apesar dessa queda brusca no crescimento vegetativo, a população brasileira não irá reduzir rapidamente, pois a expectativa de vida está aumentando, em virtude do desenvolvimento de novas tecnologias medicinais, além de cuidados e preocupação com a saúde, o que não ocorria com tanta frequência nas décadas anteriores. Ocorrerá, sim, o envelhecimento da população.


4.6.1- Composição etária e questões socioeconômicas e envelhecimento da população
Os padrões demográficos gerais de um país ou região ( natalidade, mortalidade, migrações) determinam a estruturação da população em faixas etárias. Ao mesmo tempo resulta do estágio de desenvolvimento socioeconômico, a distribuição da população em faixas etárias causa impacto na economia e na divisão dos recursos em saúde, educação, formação profissional e outros.
Não existe um critério único para a distribuição da população por faixa etária. O mais adotado (inclusive pelo IBGE, atualmente) divide a população em Jovens ( 0 – 14 anos), Adultos (15 – 65 anos) e Idosos ( acima de 65 anos).
Esse critério não corresponde a realidade plena, uma vez que entre a camada social pobre, o trabalho infantil ainda persiste e onde muitos idosos são obrigados a trabalhar até morrer ou serem incapacitados por motivo de doenças.

4.6.1.1- Pirâmide Etária
É uma representação gráfica da composição da população de um lugar em função da idade e do sexo, em um ano determinado.
Com a finalidade de planejamento econômico-social costuma-se dividir a população em três faixas etárias principais: jovem, adulta ou madura e velha ou senil. Essa divisão, porém, apresenta diferenças quanto aos intervalos de idade de acordo com a conveniência do país ou do organismo interessado.
A pirâmide etária pode ser compreendida ou interpretada a partir de suas três partes:
a) A base - É a parte inferior da pirâmide, onde está relacionada a população jovem (0 - 14 anos ou 0 - 19 anos).
b) O corpo - É a porção intermediária da pirâmide, onde está representada a população adulta (15 a 59 anos ou 20 a 59 anos).
c) O cume, o ápice ou o pico - É a porção superior da pirâmide, onde está representada a população idosa ou velha (igual ou acima de 60 anos).
Entre os dados mais importantes de uma população, encontra-se a composição por idades e por sexo. Seu estudo possibilita uma interpretação situacional da população para planejamento socioeconômico. Esses dados sobre a estrutura etária informam a administração de uma cidade ou de um país, por exemplo, quantos empregos precisam ser criados anualmente para que se possa absorver o contingente de mão-de-obra que, a cada ano, chega ao mercado. Podem, ainda, interferir no crescimento demográfico, ora estimulando, caso haja necessidade, ora desestimulando o crescimento por meio de políticas públicas.
A pirâmide de idade da população brasileira reflete a dinâmica populacional. Assim, a redução da base da pirâmide indica a queda na taxa de natalidade e de fecundidade. Até 1980, a base da pirâmide ainda era bastante larga. Na pirâmide de 1996, percebe-se uma redução significativa do percentual de jovens que corresponde à faixa etária de 0 a 14 anos (46,5%) e um aumento percentual das pessoas adultas, de 15 a 64 anos (46,5%), e idosas, com mais de 64 anos (7,1%). O aumento significativo do percentual de idosos corresponde ao aumento da expectativa de vida. A pirâmide de idade reflete o processo de envelhecimento da população. O crescimento da população idosa exige novos investimentos do estado, principalmente no que se refere ao sistema previdenciário e ao atendimento médico e social.
As mudanças ocorridas na pirâmide etária do Brasil é consequência da revolução urbano-industrial do país, pois nestas condições é natural que os índices de natalidade sejam baixos.
A partir da década de 80, o uso de métodos contraceptivos tornou-se muito intenso, e foi uma contribuição considerável para a redução da taxa de natalidade. Nos anos 90, a base da pirâmide reduziu-se com intensidade, devido a redução percentual do contingente de jovens na população total. Assim, em 1996 a pirâmide etária brasileira foi marcada pela transição demográfica de um país jovem para um país maduro.
A expectativa de vida do brasileiro, hoje, já ultrapassou os 74,9 anos de idade (IBGE, 2013), o que corresponde à média mundial.

46.2- Países de elevado crescimento demográfico
O crescimento da população está ligado a vários fatores – taxa de mortalidade, taxa de natalidade, taxa de fecundidade, expectativa de vida – que, por sua vez, dependem de condições de saúde, educação e acesso a recursos naturais e econômicos das sociedades.
O total de habitantes de um lugar tem como principal fator de aumento o crescimento natural ou crescimento vegetativo, também chamado de movimento vertical da população. O crescimento vegetativo consiste na diferença entre o número de nascimentos e o de mortes em determinado período (geralmente, um ano).
A relação entre o número de nascimentos ocorridos no período de um ano e o total de habitantes de uma cidade, um estado, país ou continente, define a taxa de natalidade. Para chegar a essa taxa, multiplica-se por 1 000 o número de nascimentos ocorridos durante um ano e divide-se o resultado pelo número que representa a população absoluta. Por exemplo, uma taxa de natalidade de 25% significa 25 nascimentos em um grupo de 1 000 pessoas. A taxa de natalidade de uma população está ligada à taxa de fecundidade, isto é, o número de filhos por mulher em idade reprodutiva dessa população.
A relação entre o número de óbitos ocorridos em um ano e o número de habitantes do lugar define a taxa de mortalidade. Para chegar a essa taxa, multiplica-se por 1000 o número de óbitos ocorridos durante um ano e divide-se o resultado pelo número que representa o total da população. Por exemplo, uma taxa de mortalidade de 10% significa 10 mortes em um grupo de 1 000 pessoas.
Calculando o crescimento vegetativo (CV) com base nos dados exemplificados acima, temos:
                                              
                                              CV = 25% - 10% = 15%
                                                          CV = 1,5

Relacionadas às taxas de mortalidade e de natalidade, temos duas outras importantes variáveis que também influem no crescimento populacional: a taxa de mortalidade infantil, que diz respeito ao número de crianças mortas antes de completar o primeiro ano de vida, e a expectativa de vida, que se traduz pelo número de anos que um recém-nascido poderá viver considerando-se o conjunto de recursos da sociedade da qual ele faz parte.
O crescimento vegetativo pode ser positivo, negativo ou até mesmo nulo. É positivo quando o número de nascimentos supera o número de mortes, o que ocorre, por exemplo, no Brasil e na China. É negativo quando as mortes superam os nascimentos, caso da Itália; e nulo, quando o número de mortes é igual ao de nascimentos, como aconteceu na Romênia, no período de 1980 a 2002.

Ao analisar o crescimento da população mundial, vamos levar em consideração dois aspectos:

O aumento puro e simples do número total de habitantes, isto é, a população absoluta.
O aumento das taxas de crescimento demográfico que determinam a maior ou menor velocidade do crescimento populacional. Quando as taxas de crescimento populacional são altas, o total de habitantes aumenta mais depressa do que quando essas taxas são baixas. Também é preciso considerar a população absoluta, ou seja, a população total da região analisada, pois se esta é expressiva, mesmo com taxas de crescimento baixas, a população aumentará bastante. É o caso da China, que, mesmo conseguindo uma redução em suas taxas de crescimento demográfico, tem um progressivo aumento populacional por causa de sua alta população absoluta.
A população mundial teve um extraordinário crescimento no século XX. De 1901 a 2000, o número de habitantes da Terra passou de 1,6 bilhão para 6,1 bilhões. Esse aumento foi maior a partir da década de 1950 (cerca de 150%). Somente no período de 1987 a 1997, a população mundial aumentou em 1 bilhão de pessoas. O acréscimo de 86 milhões de pessoas verificado no fim dos anos 1980 (1989-1990) foi o maior da história da humanidade. 

4.7- Desigualdades entre gêneros
Nenhuma desigualdade entre as pessoas faz parte da natureza humana. Infelizmente, entre homens e mulheres ainda é possível constatar profunda discrepância de direitos, mesmo com alguns avanços consideráveis nos últimos anos.
Há uma parte importante de avanço que é o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho. Isso é relevante do ponto de vista da autonomia econômica das mulheres. Segundo o IBGE (2011), as mulheres são 45,4% da população ocupada e 46,1% da população economicamente ativa. Por outro lado, persistem muitas desigualdades: as mulheres continuam ganhando menos, cerca de 70% do que os homens ganham, mesmo considerando que as mulheres hoje são mais escolarizadas do que os homens; ainda são exceção em cargos importantes e de decisão, embora seja crescente o número de mulheres em algumas ocupações; e a mulher continua em setores considerados femininos que são mais desvalorizados. No Brasil, o emprego doméstico é o principal mercado de trabalho principalmente para as mulheres negras. Apenas 28% têm carteira assinada e, destas, 72% ganham menos que o salário mínimo. Temos visto também que, em relação às mulheres negras, persiste a desigualdade de menores salários e ocupações mais desvalorizadas em relação às mulheres brancas.
Em relação à proteção da mulher, hoje já existem leis que a amparam, como é o caso da Lei Maria da Penha, na questão da violência. Porém, apesar dos avanços e das leis, quando olhamos a realidade, vemos que ela é bastante complexa e que a lei sozinha é insuficiente para mudar a situação de violência contra a mulher. A respeito da Lei Maria da Penha, um avanço é o aumento das denúncias, mas o Brasil continua como um dos países considerados muito violentos, segundo o Mapa da Violência/2012. O Brasil, entre os 84 países do mundo pesquisados, consta como o sétimo em homicídios. Inclusive está em curso no Brasil uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da violência contra a mulher, que o Senado propôs para investigar o descaso em relação a este tipo de violência que ocorre no Brasil. Existe uma lei importante de proteção à mulher, mas ela não está implementada integralmente. Observa-se, inclusive, uma grande omissão dos estados em relação à implementação dessa lei, seja na aquisição de equipamentos, seja na questão orçamentária para o combate à violência contra as mulheres. Conclui-se, então, que falta investimento para implementar a lei e colocar em prática uma política, primeiro de prevenção contra a violência e, depois, de atendimento integral à mulher vítima da violência. Porque os dados a respeito disso no Brasil são bastante alarmantes. Segundo pesquisa nacional da Fundação Perseu Abramo, a cada dois minutos, cinco mulheres sofrem violência.
As mulheres estão ocupando cada vez mais o mercado de trabalho, mas a sociedade ainda funciona como se todas as mulheres fossem donas de casa simplesmente, com tempo integral em casa. As mulheres continuam fazendo a maior parte do trabalho doméstico, do cuidado das crianças, dos idosos etc. Um dos grandes problemas, que inclusive tem sido motivo de discussão em períodos eleitorais, é a questão da ampliação do número de vagas em creches. No Brasil, somente 18% das crianças têm acesso à creche. Isso é um problema impeditivo para a mulher acessar o mercado de trabalho, e muitas vezes implica para a mulher tomar decisões com relação à vida profissional, redução de carga horária com redução de salário. Ou seja, a mulher acaba tendo que conciliar sua vida particular com a vida profissional. Além do que, isso ocasiona sobrecarga de trabalho. Existe outra discussão, que é a questão do tempo social. Quando a responsabilidade fica com a mulher, como se fosse obrigação somente dela, e fica com quase todo o seu tempo voltado para o trabalho, isso significa menos tempo para participação social, para o lazer etc. Temos o grande desafio de romper essa divisão sexual do trabalho. Hoje mais de um terço das famílias são sustentadas pelas mulheres. Os homens não são os únicos provedores. O trabalho doméstico e de cuidado precisa ser assumido na sociedade através das políticas públicas e pelos homens.
O relatório anual de Abismo de Gênero elaborado pelo Fórum Econômico Mundial traz uma péssima notícia para o Brasil: o país caiu 9 posições no ranking que avalia como 142 nações distribuem recursos e oportunidades de desenvolvimento social e econômico entre homens e mulheres.

Na edição de 2014 do relatório, o Brasil ficou na 71º posição, entre 142 países, exatamente no meio do caminho para a  igualdade entre os gêneros.

A nota geral obtida pelo país foi de 0,694 pontos. Quanto mais perto de 1, mais igualitário é o país; quanto mais perto de zero, maior a desvantagem das mulheres em relação aos homens.

O Brasil teve melhor desempenho em educação e saúde. Nestes quesitos, o Brasil ficou em primeiro lugar no ranking. Já nos itens que avaliam a participação econômica e o empoderamento político das mulheres, o país ficou bem atrás: na 81ª e na 74ª posições, respectivamente.
O país ficou atrás de países como Nicarágua, Ruanda, Moçambique e Cuba. Além, é claro, dos países nórdicos que ocupam as primeiras posições.

4.8- Expectativa de vida da população por sexo

Há pouco mais de um século, havia equilíbrio entre o número de homens e o9 de mulheres na composição da população mundial. Porém desde o final do século XIX, os recenseamentos vem acusando um aumento progressivo no número de mulheres, onde encontramos um número maior de mulheres na faixa etária de idosos.

FONTE: Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia: ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio Mendonça. - 3. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013.

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