4- Introdução:
A questão populacional é
polêmica. Alguns defendem a ideia de que o crescimento populacional é o grande
responsável pela deterioração do ambiente e da qualidade de vida, ou até que é uma barreira ao desenvolvimento.
Outros defendem que os grandes
problemas da humanidade, como a degradação ambiental, a pobreza, a desnutrição
e a fome, ocorrem devido á desigualdade gerada pelo sistema capitalista.
Argumentam que esse sistema exige uma produção crescente de mercadorias que,
por sua vez, depende da constante ampliação dos padrões de consumo e gera
desperdício.
Outras questões relacionadas à
dinâmica populacional latentes no mundo atual refere-se às migrações, aos
refugiados e à distribuição de recursos etc. Essas questões guardam estreita
relação com o processo de globalização da economia, o grau de desenvolvimento
dos países e os conflitos internacionais.
4.1- Crescimento da População Mundial
Os diferentes aspectos
demográficos, tais como: população absoluta, densidade demográfica, crescimento
demográfico, crescimento populacional, distribuição geográfica da população,
estrutura etária, estrutura profissional e migrações, entre outros, costumam ser
alvos de estudo e preocupação dos diversos especialistas.
A análise de dados demográficos e
sua comparação com dados socioeconômicos permitem aos dirigentes de um Estado o
conhecimento da realidade quantitativa e qualitativa da população e a
elaboração de medidas de ordem prática.
A população mundial em 2013 é de aproximadamente
7,2 bilhões de habitantes.
Antes de iniciar o estudo dos
principais aspectos demográficos, vamos apresentar alguns conceitos
fundamentais, que facilitarão esse estudo.
4.1.1- População absoluta e densidade demográfica ou população
relativa
População absoluta (é o número total de habitantes
de um lugar (país, cidade, região, etc.). Quando um determinado lugar possui um
grande número de habitantes, dizemos que é populoso ou
de grande população absoluta;
quando possui um pequeno número de habitantes, dizemos que é pouco populoso ou
de pequena população absoluta.
Os dez países mais populosos do
mundo no ano 2010, em milhões de habitantes:
1- China - 1.321.851.888 hab.
2- Índia - 1.029.033.066 hab.
3- Estados Unidos - 280.444. hab.
4- Indonésia - 214.889263 hab.
5- Brasil - 191.480.630 hab.
6- Paquistão - 160.604.504 hab.
7- Rússia - 146.653.453 hab.
8- Bangladesh - 131.394.170 hab.
9- Japão - 126.904.730 hab.
10- Nigéria - 114.091857 hab.
Densidade relativa ou densidade demográfica é a
média de habitantes antes por quilômetro quadrado (Km²). Para obtê-la , basta dividir
a população pela área. Quando um determinado território possui elevada
densidade demográfica, dizemos que ele é densamente povoado; quando possui
baixa densidade demográfica, dizemos que é fracamente povoado.
Alguns exemplos de países
densamente e fracamente povoadas, respectivamente:
( Mônaco ( 16.500 hab/Km² )
( Cingapura ( 5.380 hab/Km² )
( Vaticano ( 2.273 hab/Km² )
( Mongólia ( 2 hab/Km² )
( Islândia ( 3 hab/Km² )
( Canadá ( 3 hab/Km² ).
Observe que os países populosos
não são necessariamente densamente povoados. Apesar de terem uma população
absoluta elevada, muitos países possuem grande área territorial. Por outro lado,
nem todos os países densamente povoados são necessariamente populosos.
Alguns países são ao mesmo tempo populosos
e povoados é o caso da Índia, que, apesar de ter uma área territorial grande (3.287.263
Km²), é muito populosa, contanto com 1.186.185.625 habitantes, é densamente
povoada (360,84 hab/Km²). Outros países não são sem populosos nem povoados,
como é o Canadá, que conta com 9.970.610 Km² e 34.019.000 habitantes, apresentado,
portanto, uma densidade demográfica de 3,41 hab/Km².
Apesar de ser bastante difundida
e utilizada, saber a densidade de um país é uma informação bastante vaga. Por
se tratar de uma média, a partir dela nada podemos concluir a respeito da
distribuição efetiva da população do país pelo território.
Países menos populosos do mundo
1° Vaticano (Europa): 990
habitantes.
2° Nauru (Oceania): 9.771
habitantes.
3° Tuvalu (Oceania): 11.093
habitantes.
4° Palau (Oceania): 20.397
habitantes.
5° San Marino (Europa): 31.359
habitantes.
6° Mônaco (Europa): 32.020
habitantes.
7° Liechtenstein (Europa): 35.010
habitantes.
8° São Cristóvão e Névis (América
Central): 46.111 habitantes.
9° Ilhas Marshall (Oceania):
54.065 habitantes.
10° Dominica (América Central):
70.382 habitantes.
Taxa de natalidade
É a relação entre o número de nascimentos
ocorridos em um ano e o número de habitantes. Obtemos esta taxa tomando os nascimentos
ocorridos durante um ano multiplicando-os por 1.000 e dividindo o resultado
pela população absoluta:
Nº de nascimento ∙ 1.000 = taxa de
natalidade
Nº de habitantes
Taxa de mortalidade
É a relação entre o número de
óbitos ocorridos em um ano e o número de habitantes.
Obtemos essa taxa tomando os
óbitos ocorridos durante um ano multiplicando-os por 1.000 e dividindo o
resultado pelo número de habitante:
Nº de óbitos ∙ 1.000 = taxa de mortalidade
Nº de habitantes
Devemos observar que esse é a
taxa de mortalidade geral e que, além dela, existe a taxa de mortalidade
infantil, que é o número de crianças que morrem antes de completar o primeiro
ano de vida. A taxa de mortalidade infantil é um importante indicador do nível
de desenvolvimento de um país.
Mortalidade infantil x 1.000
Crianças nascidas vivas
Crescimento vegetativo
É a diferença entre a taxa de
natalidade e a taxa de mortalidade: CV = TN – TM.
Expectativa de vida
É o tempo médio de vida que uma
pessoa poderá viver. Abaixo estão os países que apresentam maior taxa.
Taxa de fecundidade
É o número médio de filhos que
uma mulher poderá ter.
Crescimento demográfico
Diferentemente do que ocorreu em
marcas anteriores (nos 5 e nos 6 bilhões) e do que estava previsto (foi citada
uma criança indiana como símbolo), nenhum bebê foi escolhido pela ONU para
representar a data. Alguns países, porém, podem eleger seus próprios
bebês-símbolo. Ao longo da evolução da humanidade a população mundial tem
crescido de modo contínuo, porém com intensidades e proporções diferentes.
Tomando como base o ano de 8.000
a.C. a população mundial era de ~ 5 milhões de habitantes. Decorridos 9.800
anos (98 séculos), em 1800 o crescimento da população ainda era inferior a 1
bilhão de habitantes. Em compensação, nos 160 anos seguintes (1800 – 1960) ela
triplicou, em 1925 ela atingiu o 2 bilhão e em 1958, o terceiro bilhão e,
finalmente, nos últimos 44 anos, ela dobrou, atingindo 6 bilhões.
Portanto, em um século a
população mundial praticamente quadruplicou o número de habitantes da Terra. Em
9.900 anos ela só atingiu 1,6 bilhão de habitantes. Essa aceleração demográfica
denominada explosão demográfica ocorreu principalmente nos países subdesenvolvidos.
Um país com taxa de crescimento vegetativo
de 4% ao ano terá sua população duplicada em apenas 18 anos, ao passo que para um
crescimento de 0,5% ao ano ela duplicará em 139 anos.
4.2- Revolução Industrial e crescimento demográfico
O crescimento populacional era
pequeno antes do período da Revolução Industrial porque as taxas de natalidade
e mortalidade estavam bastante elevadas. Então se nasciam muitas pessoas,
muitas também morriam e esse comportamento
da população impedia um maior crescimento demográfico.
Problemas das altas taxas de
mortalidade: doenças, péssimas condições sanitárias, baixo nível educacional,
baixa produtividade de alimentos e poucos hábitos de higiene.
Após a chegada dos avanços da era
industrial (séc. XVIII e XIX) as taxas de mortalidade na Europa caíram
vertiginosamente provocando provavelmente o primeiro surto de crescimento
populacional do planeta.
4.2.1-Qual a relação da Revolução Industrial com o crescimento
demográfico?
A Revolução Industrial foi uma
melhora não só dos meios de produção, como a máquina a vapor, ela atingiu
diversas áreas do conhecimento científico e marcou esse período com grandes
descobertas e mudanças na demografia.
Mudanças / Avanços nas áreas:
- Ciência (medicina);
- Higiene;
- Condições sanitárias;
- Vacinas (Varíola);
-Migração do campo para a cidade;
- O trabalho infantil na Rev.
Ind. estimulou um aumento no nº de filhos nas famílias.
Esses avanços impactaram
diretamente a demografia europeia que diminuiu as taxas de mortalidade/aumentaram
a expectativa de vida.
4.3- Teorias demográficas e desenvolvimento socioeconômico
4.3.1- Teoria de Malthus
Exposta em 1798, pelo economista Thomas
Robert Malthus (1766 – 1834), preocupado com os problemas socioeconômico enfrentados
por seu país durante a Revolução Industrial (êxodo rural, desemprego, aumento populacional,
etc.). Malthus expôs sua famosa teoria a respeito do crescimento demográfico.
Para Malthus, a principal causa
dos problemas que afetava seu país era o grande crescimento populacional,
especialmente dos mais pobres. Sua teoria, que se fundamenta na relação
crescimento populacional e meios de subsistência, apoia-se nas seguintes
premissas:
Caso não seja detida por
obstáculos (guerras, epidemias, etc.), a população tende a crescer segundo uma
progressão geométrica.
Os meios de subsistência, na
melhor das hipóteses, só podem aumentar segundo uma progressão aritmética.
Assim, para evitar o caos, Malthus
propunha a erradicação da pobreza e da fome por meio do controle da natalidade,
sendo que o referido controle deveria basear-se na sujeição moral do homem,
como casamento tardios, número de filhos compatível com os recursos dos pais,
abstinência sexual, etc. Sua tarefa é, portanto, nitidamente antinatalista e conservadora.
Decorridos quase dois séculos, o
tempo pôde demonstrar que ela carecia de uma sólida fundamentação científica.
De forma resumida, seus principais pontos de crítica são:
ü
O crescimento geométrico da população previsto por Malthus não
ocorreu. A produção alimentar mundial ultrapassou os 3% e a média do
crescimento populacional anual ficou em torno de 2%;
ü
A Europa e as demais áreas
desenvolvidas do mundo mostraram que o desenvolvimento econômico, reformas e
bem estar- social são a fórmula para deter o crescimento populacional;
ü
A emancipação progressiva da mulher tem sido decisiva no controle
da natalidade;
ü
A maior parte das terras
agrícolas dos países subdesenvolvidos é utilizada para culturas de exportação,
nem sempre atendendo às necessidades alimentares das populações locais;
ü
O desenvolvimento
científico e tecnológico ocorrido no campo da agropecuária e da genética tornou
possível produzir alimentos suficientes para suprir as necessidades de toda a
humanidade.
Parece evidente, portanto, que
não se pode responsabilizar apenas o crescimento populacional pelo estado de
miséria e de fome em que se encontram muitos países. As causas da fome são, na
realidade, políticas e econômicas.
4.3.2-Teoria Neomalthusiana ou alarmista
A explosão demográfica do período
pós-Segunda Guerra Mundial ressuscitou as ideias de Malthus. Os
neomalthusianos, temerosos diante desse quadro assustador dos países subdesenvolvidos,
passaram a responsabilizar estes e o elevado crescimento demográfico como os
culpados pelo referido quadro de horror.
Para os neomalthusianos a solução
estava na implantação de políticas oficiais de controle de natalidade mediante
o emprego de pílulas anticoncepcionais, abortos, ligação das trompas,
vasectomia, etc. Apesar de vários países terem adotados essas medidas, a situação
de fome e de miséria continua existindo.
Um programa de planejamento
familiar deve não apenas ser parte integrante de um plano de desenvolvimento
socioeconômico. Ele requer a existência de uma série de condições favoráveis,
como educação, saúde, atendimento médico-hospitalar, consciência e aprovação popular.
4.3.3- Reformistas ou marxista
Estes consideram a própria
miséria como sendo a responsável pelo acelerado crescimento da população. Por
isso defendem a necessidade de reformas socioeconômicas que permitem a elevação
do padrão de vida, melhorando, entre outras coisas, a distribuição de renda e
de alimentos e propiciando um aumento da escolaridade, que resultariam num
planejamento familiar e na diminuição da natalidade e do crescimento
vegetativo.
Na realidade, os países não se
tornaram desenvolvidos apenas por redução de sua taxa de natalidade. No
entanto, existem muitos exemplos de países cujo desenvolvimento econômico e social
propiciou acentuada redução espontânea da natalidade e do crescimento populacional.
4.4- A dinâmica demográfica no mundo desenvolvido
O estudo sobre a dinâmica
populacional do mundo não é algo recente. Remonta-se a um período anterior ao
século XVIII, em que se formularam teorias sobre o crescimento populacional
utilizadas até os dias atuais. Cada uma dessas teorias correspondia a uma visão
de sociedade e do próprio movimento histórico que se seguia. Embora houvesse essas
distinções, todas as teorias formuladas até então se preocupavam em explicar o
crescimento da população e seus impactos sobre a natureza e a organização da
sociedade.
Assim, para conseguir responder
às duvidas sobre o futuro das sociedades o estudo sobre a dinâmica populacional
elencou três tipos de indicadores, que funcionariam como padrões a serem
analisados: mortalidade, natalidade e fecundidade.
A mortalidade é calculada a
partir da relação entre o número de óbitos em um determinado ano e a população
total neste mesmo ano; a seguir, multiplica-se o resultado por mil (para evitar
excesso de decimais). Já a mortalidade infantil é calculada a partir da
multiplicação por mil do número de crianças, com menos de um ano, que morreram
em um determinado ano; a seguir, divide-se o resultado pelo número de crianças
nascidas vivas naquele mesmo ano.
Os números oferecidos por estas
equações matemáticas devem ser interpretados, ou seja, obter somente o número
não é revelador da situação em que a sociedade está submetida. Por isso, alguns
pensadores argumentam que a elevação dos números relativos à mortalidade
indicaria a super exploração do trabalhador, uma vez que seria o reflexo da
redução de salários e acesso à saúde e cuidados básicos.
A natalidade é calculada com base
na multiplicação por mil do número de nascimentos em um dado ano, dividindo-se
o resultado pela população total no ano e local considerados na análise. A
fecundidade, por sua vez, relaciona o número de crianças com menos de cinco
anos ao número de mulheres em idade reprodutiva (este dado varia conforme o
país, podendo ser de 15 a 44 anos; 14 a 49 anos ou 20 a 44 anos).
A taxa de fecundidade sofreu
alterações com a consolidação da industrialização, uma vez que as mulheres
adentraram ao mercado de trabalho, demorando mais tempo para engravidar e
constituir família. Vale destacar que os índices de natalidade também vem
sofrendo reduções em função das melhores condições de vida de uma parcela
significativa da sociedade, como também, por causa de um novo entendimento
sobre o papel da família na contemporaneidade.
4.5- Teoria da Transição Demográfica
A concepção da transição
demográfica é uma proposição mais atual que afirma que todos os países, cedo ou
tarde, apresentarão padrões gerais no que diz respeito à ordem do crescimento
demográfico.
A transição demográfica considera
que a explosão demográfica é um fenômeno transitório, geralmente causado pelo
desenvolvimento econômico e social das nações, o que resulta na queda imediata
das taxas de mortalidade, o que eleva o número de habitantes. Por outro lado, a
natalidade também diminui, mas em um ritmo mais lento, o que faz com que a
explosão demográfica inicial seja substituída gradativamente por uma diminuição
no ritmo de crescimento do número de habitantes.
Foi assim, por exemplo, que
ocorreu na Europa, que hoje apresenta baixíssimos crescimentos populacionais.
No Brasil também não foi diferente, pois a população aumentou rapidamente ao
longo do século XX, mas teve seu crescimento diminuído nas últimas décadas. O
principal efeito disso – e também o principal motivo de preocupações – é o
envelhecimento populacional.
O Brasil, até pouco tempo atrás,
era considerado um país jovem, com boa parte da população com média de idades
baixas. Atualmente, passou a ser considerado um país adulto, com potencial para
tornar-se um país idoso nas próximas décadas. Na Europa, o envelhecimento
populacional já é uma realidade, o que ocasiona uma série de problemas
relacionados com a previdência social e com a diminuição da PEA (população
economicamente ativa).
Ironicamente, no continente
europeu, o problema atual é exatamente o contrário imaginado por Malthus, pois
não é o crescimento acelerado da população a principal tônica da questão, mas o
crescimento moderado além da conta. Em países como França e Alemanha, políticas
de incentivos à natalidade são realizadas, incluindo o pagamento de bolsas e
benefícios para casais que tiverem um terceiro filho.
4.6- Crescimento da População Brasileira
O primeiro censo demográfico
brasileiro ocorreu em 1872, a execução desse tipo de trabalho é de extrema
importância para compreender a evolução da população, além disso, é a partir da
análise dos dados coletados que são desenvolvidos todos os projetos e suas
execuções por parte do poder público.
Entender e ter conhecimento da
configuração e características da população é indispensável para que o governo
possa assim destinar os serviços públicos que são realmente necessários (saúde,
habitação, educação, alimentação e segurança). Por exemplo: se um prefeito não
tem conhecimento de que a população de sua cidade é composta, em sua maioria,
por adultos e idosos ele poderá investir verbas construindo várias escolas,
creches, clubes, deixando de investir no que realmente seria necessário à
população.
No primeiro censo demográfico
(1872) constatou-se que a população daquela época era de 10 milhões de
habitantes, mais tarde, em 1900 o número de habitantes saltou para 17,4 milhões
e em 1940 atingiu 41,2 milhões de pessoas. No século XX, o número de pessoas no
Brasil aumentou em cinco vezes o seu total.
A partir disso ocorreu uma
crescente, em 1970 já eram 93 milhões, 1980 a população era de 119 milhões, em
1991 atingiu 146,8 milhões e nos primeiros anos de 2.000 já havia alcançado o
elevado número de 165,7 milhões de habitantes. Atualmente (2013), o Brasil
ocupa o quinto lugar no ranking dos países mais populosos do mundo, totalizando
204,109.817 milhão (População brasileira às 10:12:58 de 14/4/2015) habitantes.
O intenso crescimento brasileiro
se deve, sobretudo da cultura de famílias com um grande número de filhos, dos
fluxos migratórios que ocorreram ao longo do processo de povoamento do país, a
melhoria das condições médico-sanitárias, além da criação de vacinas e métodos
de tratamento de doenças.
Porém, esse grande crescimento
populacional desacelerou na década de 1970, pois a partir desse momento houve
uma modificação nesse processo decorrente de vários fatores, entre eles se
destacam: o fluxo de pessoas da zona rural para as cidades, fato que favorecia
o aumento nos custos de sobrevivência, o acesso aos métodos anticoncepcionais.
Esse período marcou também uma
nova realidade da mulher brasileira, pois muitas deixaram apenas de cuidar dos
serviços domésticos para se tornarem profissionais e começaram a trabalhar
fora, ajudando no orçamento da casa, tais mudanças fizeram que essas não
tivessem tanto tempo para ter muitos filhos, passaram a considerar os altos
custos para a criação e educação dos mesmos.
Ao passo que a população diminuía
o seu crescimento e ficava mais velha, ocorriam no campo informacional
descobertas científicas que favoreceram o controle de natalidade, melhoria na
qualidade de vida, aumento na expectativa vida e acesso a vacinas e tratamentos
médicos.
A urbanização, a queda da
fecundidade da mulher, o planejamento familiar, a utilização de métodos de
prevenção à gravidez, a mudança ideológica da população são todos fatores que
contribuem para a redução do crescimento populacional.
Nos anos de 1960, as mulheres
brasileiras tinham uma média de 6,3 filhos, atualmente essa média é de 1,9
filhos, que está abaixo da média mundial, que é de 2,6.
Conforme estimativas do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em 2050, a população brasileira será de aproximadamente 259,8
milhões de pessoas, nesse mesmo ano a taxa de crescimento vegetativo será de
0,24, bem diferente da década de 1950, que apresentou taxa de crescimento
vegetativo positivo de 2,40%.
Apesar dessa queda brusca no
crescimento vegetativo, a população brasileira não irá reduzir rapidamente,
pois a expectativa de vida está aumentando, em virtude do desenvolvimento de
novas tecnologias medicinais, além de cuidados e preocupação com a saúde, o que
não ocorria com tanta frequência nas décadas anteriores. Ocorrerá, sim, o
envelhecimento da população.
4.6.1- Composição etária e questões socioeconômicas e envelhecimento
da população
Os padrões demográficos gerais de
um país ou região ( natalidade, mortalidade, migrações) determinam a
estruturação da população em faixas etárias. Ao mesmo tempo resulta do estágio
de desenvolvimento socioeconômico, a distribuição da população em faixas
etárias causa impacto na economia e na divisão dos recursos em saúde, educação,
formação profissional e outros.
Não existe um critério único para
a distribuição da população por faixa etária. O mais adotado (inclusive pelo
IBGE, atualmente) divide a população em Jovens
( 0 – 14 anos), Adultos (15 – 65 anos) e Idosos ( acima de 65 anos).
Esse critério não corresponde a
realidade plena, uma vez que entre a camada social pobre, o trabalho infantil
ainda persiste e onde muitos idosos são obrigados a trabalhar até morrer ou
serem incapacitados por motivo de doenças.
4.6.1.1- Pirâmide Etária
É uma representação gráfica da
composição da população de um lugar em função da idade e do sexo, em um ano
determinado.
Com a finalidade de planejamento
econômico-social costuma-se dividir a população em três faixas etárias
principais: jovem, adulta ou madura e velha ou senil. Essa divisão, porém,
apresenta diferenças quanto aos intervalos de idade de acordo com a
conveniência do país ou do organismo interessado.
A pirâmide etária pode ser
compreendida ou interpretada a partir de suas três partes:
a) A base - É a parte inferior da pirâmide, onde está relacionada a população jovem (0 - 14 anos
ou 0 - 19 anos).
b) O corpo - É a porção intermediária da pirâmide, onde
está representada a população adulta (15
a 59 anos ou 20 a 59 anos).
c) O cume, o ápice ou o pico - É a porção superior da
pirâmide, onde está representada a população
idosa ou velha (igual ou acima de 60 anos).
Entre os dados mais importantes
de uma população, encontra-se a composição por idades e por sexo. Seu estudo
possibilita uma interpretação situacional da população para planejamento
socioeconômico. Esses dados sobre a estrutura etária informam a administração
de uma cidade ou de um país, por exemplo, quantos empregos precisam ser criados
anualmente para que se possa absorver o contingente de mão-de-obra que, a cada
ano, chega ao mercado. Podem, ainda, interferir no crescimento demográfico, ora
estimulando, caso haja necessidade, ora desestimulando o crescimento por meio
de políticas públicas.
A pirâmide de idade da população
brasileira reflete a dinâmica populacional. Assim, a redução da base da
pirâmide indica a queda na taxa de natalidade e de fecundidade. Até 1980, a
base da pirâmide ainda era bastante larga. Na pirâmide de 1996, percebe-se uma
redução significativa do percentual de jovens que corresponde à faixa etária de
0 a 14 anos (46,5%) e um aumento percentual das pessoas adultas, de 15 a 64
anos (46,5%), e idosas, com mais de 64 anos (7,1%). O aumento significativo do
percentual de idosos corresponde ao aumento da expectativa de vida. A pirâmide
de idade reflete o processo de envelhecimento da população. O crescimento da
população idosa exige novos investimentos do estado, principalmente no que se
refere ao sistema previdenciário e ao atendimento médico e social.
As mudanças ocorridas na pirâmide
etária do Brasil é consequência da revolução urbano-industrial do país, pois
nestas condições é natural que os índices de natalidade sejam baixos.
A partir da década de 80, o uso
de métodos contraceptivos tornou-se muito intenso, e foi uma contribuição
considerável para a redução da taxa de natalidade. Nos anos 90, a base da
pirâmide reduziu-se com intensidade, devido a redução percentual do contingente
de jovens na população total. Assim, em 1996 a pirâmide etária brasileira foi
marcada pela transição demográfica de um país jovem para um país maduro.
A expectativa de vida do
brasileiro, hoje, já ultrapassou os 74,9 anos de idade (IBGE, 2013), o que
corresponde à média mundial.
46.2- Países de elevado crescimento demográfico
O crescimento da população está
ligado a vários fatores – taxa de mortalidade, taxa de natalidade, taxa de
fecundidade, expectativa de vida – que, por sua vez, dependem de condições de
saúde, educação e acesso a recursos naturais e econômicos das sociedades.
O total de habitantes de um lugar
tem como principal fator de aumento o crescimento natural ou crescimento
vegetativo, também chamado de movimento vertical da população. O crescimento
vegetativo consiste na diferença entre o número de nascimentos e o de mortes em
determinado período (geralmente, um ano).
A relação entre o número de
nascimentos ocorridos no período de um ano e o total de habitantes de uma
cidade, um estado, país ou continente, define a taxa de natalidade. Para chegar
a essa taxa, multiplica-se por 1 000 o número de nascimentos ocorridos durante
um ano e divide-se o resultado pelo número que representa a população absoluta.
Por exemplo, uma taxa de natalidade de 25% significa 25 nascimentos em um grupo
de 1 000 pessoas. A taxa de natalidade de uma população está ligada à taxa de
fecundidade, isto é, o número de filhos por mulher em idade reprodutiva dessa
população.
A relação entre o número de
óbitos ocorridos em um ano e o número de habitantes do lugar define a taxa de
mortalidade. Para chegar a essa taxa, multiplica-se por 1000 o número de óbitos
ocorridos durante um ano e divide-se o resultado pelo número que representa o
total da população. Por exemplo, uma taxa de mortalidade de 10% significa 10
mortes em um grupo de 1 000 pessoas.
Calculando o crescimento
vegetativo (CV) com base nos dados exemplificados acima, temos:
CV = 25% - 10% = 15%
CV = 1,5
Relacionadas às taxas de
mortalidade e de natalidade, temos duas outras importantes variáveis que também
influem no crescimento populacional: a taxa de mortalidade infantil, que diz
respeito ao número de crianças mortas antes de completar o primeiro ano de
vida, e a expectativa de vida, que se traduz pelo número de anos que um
recém-nascido poderá viver considerando-se o conjunto de recursos da sociedade
da qual ele faz parte.
O crescimento vegetativo pode ser
positivo, negativo ou até mesmo nulo. É positivo quando o número de nascimentos
supera o número de mortes, o que ocorre, por exemplo, no Brasil e na China. É
negativo quando as mortes superam os nascimentos, caso da Itália; e nulo,
quando o número de mortes é igual ao de nascimentos, como aconteceu na Romênia,
no período de 1980 a 2002.
Ao analisar o crescimento da
população mundial, vamos levar em consideração dois aspectos:
O aumento puro e simples do
número total de habitantes, isto é, a população absoluta.
O aumento das taxas de crescimento
demográfico que determinam a maior ou menor velocidade do crescimento
populacional. Quando as taxas de crescimento populacional são altas, o total de
habitantes aumenta mais depressa do que quando essas taxas são baixas. Também é
preciso considerar a população absoluta, ou seja, a população total da região
analisada, pois se esta é expressiva, mesmo com taxas de crescimento baixas, a
população aumentará bastante. É o caso da China, que, mesmo conseguindo uma
redução em suas taxas de crescimento demográfico, tem um progressivo aumento
populacional por causa de sua alta população absoluta.
A população mundial teve um
extraordinário crescimento no século XX. De 1901 a 2000, o número de habitantes
da Terra passou de 1,6 bilhão para 6,1 bilhões. Esse aumento foi maior a partir
da década de 1950 (cerca de 150%). Somente no período de 1987 a 1997, a
população mundial aumentou em 1 bilhão de pessoas. O acréscimo de 86 milhões de
pessoas verificado no fim dos anos 1980 (1989-1990) foi o maior da história da humanidade.
4.7- Desigualdades entre gêneros
Nenhuma desigualdade entre as
pessoas faz parte da natureza humana. Infelizmente, entre homens e mulheres
ainda é possível constatar profunda discrepância de direitos, mesmo com alguns
avanços consideráveis nos últimos anos.
Há uma parte importante de avanço
que é o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho. Isso é relevante
do ponto de vista da autonomia econômica das mulheres. Segundo o IBGE (2011),
as mulheres são 45,4% da população ocupada e 46,1% da população economicamente
ativa. Por outro lado, persistem muitas desigualdades: as mulheres continuam
ganhando menos, cerca de 70% do que os homens ganham, mesmo considerando que as
mulheres hoje são mais escolarizadas do que os homens; ainda são exceção em
cargos importantes e de decisão, embora seja crescente o número de mulheres em
algumas ocupações; e a mulher continua em setores considerados femininos que
são mais desvalorizados. No Brasil, o emprego doméstico é o principal mercado
de trabalho principalmente para as mulheres negras. Apenas 28% têm carteira
assinada e, destas, 72% ganham menos que o salário mínimo. Temos visto também
que, em relação às mulheres negras, persiste a desigualdade de menores salários
e ocupações mais desvalorizadas em relação às mulheres brancas.
Em relação à proteção da mulher,
hoje já existem leis que a amparam, como é o caso da Lei Maria da Penha, na
questão da violência. Porém, apesar dos avanços e das leis, quando olhamos a
realidade, vemos que ela é bastante complexa e que a lei sozinha é insuficiente
para mudar a situação de violência contra a mulher. A respeito da Lei Maria da
Penha, um avanço é o aumento das denúncias, mas o Brasil continua como um dos
países considerados muito violentos, segundo o Mapa da Violência/2012. O
Brasil, entre os 84 países do mundo pesquisados, consta como o sétimo em
homicídios. Inclusive está em curso no Brasil uma Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) da violência contra a mulher, que o Senado propôs para
investigar o descaso em relação a este tipo de violência que ocorre no Brasil.
Existe uma lei importante de proteção à mulher, mas ela não está implementada
integralmente. Observa-se, inclusive, uma grande omissão dos estados em relação
à implementação dessa lei, seja na aquisição de equipamentos, seja na questão
orçamentária para o combate à violência contra as mulheres. Conclui-se, então,
que falta investimento para implementar a lei e colocar em prática uma
política, primeiro de prevenção contra a violência e, depois, de atendimento
integral à mulher vítima da violência. Porque os dados a respeito disso no
Brasil são bastante alarmantes. Segundo pesquisa nacional da Fundação Perseu
Abramo, a cada dois minutos, cinco mulheres sofrem violência.
As mulheres
estão ocupando cada vez mais o mercado de trabalho, mas a sociedade ainda
funciona como se todas as mulheres fossem donas de casa simplesmente, com tempo
integral em casa. As mulheres continuam fazendo a maior parte do trabalho
doméstico, do cuidado das crianças, dos idosos etc. Um dos grandes problemas,
que inclusive tem sido motivo de discussão em períodos eleitorais, é a questão
da ampliação do número de vagas em creches. No Brasil, somente 18% das crianças
têm acesso à creche. Isso é um problema impeditivo para a mulher acessar o
mercado de trabalho, e muitas vezes implica para a mulher tomar decisões com
relação à vida profissional, redução de carga horária com redução de salário.
Ou seja, a mulher acaba tendo que conciliar sua vida particular com a vida
profissional. Além do que, isso ocasiona sobrecarga de trabalho. Existe outra
discussão, que é a questão do tempo social. Quando a responsabilidade fica com
a mulher, como se fosse obrigação somente dela, e fica com quase todo o seu
tempo voltado para o trabalho, isso significa menos tempo para participação
social, para o lazer etc. Temos o grande desafio de romper essa divisão sexual
do trabalho. Hoje mais de um terço das famílias são sustentadas pelas mulheres.
Os homens não são os únicos provedores. O trabalho doméstico e de cuidado
precisa ser assumido na sociedade através das políticas públicas e pelos
homens.
O relatório anual de Abismo de
Gênero elaborado pelo Fórum Econômico Mundial traz uma péssima notícia para o
Brasil: o país caiu 9 posições no ranking que avalia como 142 nações distribuem
recursos e oportunidades de desenvolvimento social e econômico entre homens e
mulheres.
Na edição de 2014 do relatório, o
Brasil ficou na 71º posição, entre 142 países, exatamente no meio do caminho
para a igualdade entre os gêneros.
A nota geral obtida pelo país foi
de 0,694 pontos. Quanto mais perto de 1, mais igualitário é o país; quanto mais
perto de zero, maior a desvantagem das mulheres em relação aos homens.
O Brasil teve melhor desempenho
em educação e saúde. Nestes quesitos, o Brasil ficou em primeiro lugar no
ranking. Já nos itens que avaliam a participação econômica e o empoderamento
político das mulheres, o país ficou bem atrás: na 81ª e na 74ª posições, respectivamente.
O país ficou atrás de países como
Nicarágua, Ruanda, Moçambique e Cuba. Além, é claro, dos países nórdicos que
ocupam as primeiras posições.
4.8- Expectativa de vida da população por sexo
Há pouco mais de um século, havia
equilíbrio entre o número de homens e o9 de mulheres na composição da população
mundial. Porém desde o final do século XIX, os recenseamentos vem acusando um
aumento progressivo no número de mulheres, onde encontramos um número maior de
mulheres na faixa etária de idosos.
FONTE:
Lucci, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: geografia:
ensino médio, volume 3 / Elian Alabi Lucci, Anselmo Lázaro Branco, Cláudio
Mendonça. - 3. ed. - São Paulo: Saraiva, 2013.
Me ajudou muito
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