Por
muitas décadas se acreditou que hidrelétricas são fontes de energia limpa, mas
hoje se sabe que tanto o impacto ambiental gerado a partir da inundação que
liquida espécies e interfere diretamente no ecossistema, quanto o gás metano
gerado a partir da decomposição da vegetação que fica submersa, fazem com que
as hidrelétricas não sejam tão viáveis para a sustentabilidade do planeta.
Ainda
assim, o governo atual, conseguiu tirar do papel um projeto que vem desde os
primórdios da ditadura e pretende construir a terceira maior hidrelétrica do
mundo na região do oeste do Pará, próximo a cidade de Altamira, no rio Xingu.
Para que as obras se iniciam, o governo só
precisa da licença ambiental emitida pelo Ibama. E o que se sabe até agora é
que os conflitos gerados a partir de uma obra desse porte fizeram com que dois
técnicos pedissem a demissão alegando pressão do governo. Estruturada dessa
maneira, acredita-se que a licença sairá em fevereiro deste mesmo ano. (Alguma
dúvida?)
Acredita-se
que o investimento inicial seja de R$ 20 bilhões, mas como sabemos o valor
tende a ser bem maior. O reservatório da Usina tomará uma área que condiz com o
tamanho das cidades de Recife e Fortaleza juntas. A obra será maior que a do
Canal do Panamá e para ser concluida estima-se que necessite de 10 anos.
O
local, como não seria diferente, inlui áreas de preservação ambiental e
indíginas. Várias pessoas precisarão ser desalojadas e outras tantas migrarão
para as proximidades interessadas nos tantos empregos diretos e indiretos que
uma obra desse porte deve gerar, o que definitivamente pode se transformar num
caos sócioambiental.
A capacidade de geração de Belo Monte
anunciada pelo governo é de 11.233 MV, o que a coloca realmente em terceiro
lugar, mas a verdade é que essa geração é a máxima e isso não ocorrerá durante
o ano inteiro. Em épocas de seca (ou seja, na metade do ano) a geração de
energia cai para 4.700 MW. A Eletrobrás garante que a geração de energia de um
semestre garantirá o abastecimento anual e que a usina pode ficar parada o restante
do ano por que já terá cumprido sua missão. (Uma obra deste tamanho que
funcionará exatamente como os modelos públicos brasileiro: muito dinheiro e
pouco trabalho)
Segundo
o governo a função da hidrelétrica é dar segurança energética ao Brasil e os
próximos capítulos envolvem uma briga de gigantes no leilão que definirá a
empresa responsável pela construção e operação da usina. (mais uma vez quem
pagar mais, leva)
Outros
pontos de vista:
“A região da Volta Grande do Xingu ficará
praticamente seca com a construção da usina. A exemplo do que aconteceu com a
cachoeira de Sete Quedas na construção da usina de Itaipu, também Belo Monte
destruirá ou modificará cem quilômetros de uma sucessão de cachoeiras,
corredeiras, canais naturais, e, além do enorme, trágico, irresponsável e
irreversível desastre ambiental, a população que ficará na região não terá água
suficiente para suas necessidades.”, afirma Dom Erwin Kräutler, bispo do Xingu,
sobre a construção da obra. “Nós nunca impedimos o desenvolvimento sustentável
do homem branco, mas não aceitamos que o governo toma uma decisão de tamanha
irresponsabilidade e que trará conseqüências irreversíveis para esta região e
nosso povos, desrespeitando profundamente os habitantes ancestrais deste rio e
o modelo de desenvolvimento que defendemos” ( trecho da Carta dos povos
indígenas ao presidente Lula contra a construção da Usina Hidrelétrica Belo
Monte.)
Mais
uma frase infeliz de um ministro: “Estamos quase mendigando para o Meio
Ambiente liberar a autorização para a construção da terceira maior hidrelétrica
do mundo”, disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, na cerimônia de
posse de diretores da Aneel, no último dia 23. O governo esperava ainda para
2009 a liberação da licença e chegou a marcar o leilão para o dia 21 de
dezembro de 2009, antes da concessão da licença prévia.
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