O
documento, publicado anualmente desde 2003, traz um balanço sobre o consumo de
substâncias ilícitas no mundo e ressalta que a situação, apesar de preocupante,
é estável e pode ser considerada um avanço das políticas de controle de drogas.
O aumento
no número absoluto de usuários de 2006 para 2007 foi de aproximadamente 8
milhões de pessoas (na comparação com dados do relatório apresentado em 2006, que
indicava cerca de 200 milhões usuários) e é considerado proporcional ao
crescimento da população mundial no período. Com o índice de consumidores
oscilando em torno de 4,7% a 5% nos últimos anos, o cenário registrado é de
estabilidade pelo quarto ano consecutivo.
O UNODC
compara os dados do relatório ao consumo de drogas lícitas, como álcool e
tabaco, para mostrar que os resultados do controle de drogas são positivos.
Segundo o texto, o cigarro afeta até 25% da população adulta e provoca cerca de
5 milhões de mortes ao ano, enquanto o álcool mata 2,5 milhões de pessoas no
mesmo período.
"Embora
o abuso de heroína, de cocaína e de drogas sintéticas seja devastador para os
indivíduos, essas drogas não tiveram, comparativamente, um impacto tão grave
sobre a saúde pública mundial como o álcool e o tabaco", disse o
diretor-executivo do UNODC, Antonio Maria Costa.
O
documento, ao mesmo tempo, traz perspectivas sombrias. O aumento repentino no
plantio de ópio no Afeganistão e de coca na Colômbia coloca em risco a
estabilidade constatada pela ONU e atrapalha o verdadeiro avanço, que é a
diminuição significativa da oferta e da demanda por drogas.
Por isso,
Costa aponta três caminhos a serem traçados a partir de 2008 pelas políticas de
controle de substâncias ilícitas: investir em saúde pública tanto quanto em
segurança pública e aplicação das leis; atuar nos países produtores
(especialmente Afeganistão, Colômbia e Mianmar), fortalecendo governos capazes
de combater o tráfico de drogas, o crime organizado, a corrupção e o
terrorismo; e garantir os direitos humanos em países que ainda adotam penas
severas para usuários, como China e Indonésia. "A dependência de drogas é
uma questão de saúde e que deve ser tratada dessa maneira, com prevenção e
tratamento", ressalta.
Produção
crescente
A produção
de ópio no Afeganistão atingiu um nível sem precedentes e dobrou entre 2005 e
2007, alcançando 8,87 mil toneladas no ano passado. Também houve aumento de 22%
no cultivo de papoula no sudeste da Ásia, depois de seis anos consecutivos de
queda, e de 29% em Mianmar.
A Colômbia,
maior produtora de cocaína do mundo, viu sua plantação de coca aumentar 27%,
chegando a 99 mil hectares. Peru e Bolívia também registraram aumento no
cultivo -- 4% e 5%, respectivamente. A colheita, no entanto, não rendeu o
esperado e a produção dos três países subiu apenas 1%, somando 992 toneladas da
droga.
Outro dado
assustador é o tamanho do mercado consumidor de maconha e haxixe, o maior entre
as drogas. O UNODC estima que cerca de 166 milhões de pessoas usaram esses tipo
de droga em 2006 - 3,9% da população mundial adulta. A Oceania lidera com 14,5%
da população usuária, seguida da América do Norte (10,5%) e da África (8%). A
produção foi 8% mais baixa em 2007 que em 2004, somando 41,4 toneladas, mas o
Afeganistão passou a ser um grande produtor de haxixe e nos países
desenvolvidos o cultivo em lugares fechados tem gerado tipos mais potentes de
maconha.
Já a
produção mundial de estimulantes tem permanecido ente 450 e 500 toneladas desde
2000. Cerca de 0,6% da população (24,7 milhões de pessoas) consome anfetaminas
e 0,2% (9 milhões de pessoas) consomem ecstasy no mundo. Mais da metade dos
usuários de anfetaminas está na Ásia.
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