1- Introdução: Qual a
finalidade do estudo geográfico no contexto atual da sociedade?
ESTUDAR GEOGRAFIA é a
forma de compreendermos o mundo em que vivemos. Por meio desse estudo, podemos
entender melhor tanto o local em que moramos - seja uma cidade, seja uma área
rural - quanto o nosso país, assim como os demais países da superfície
terrestre. O campo de preocupação da geografia é o espaço da sociedade humana,
onde os homens e as mulheres vivem e, ao mesmo tempo produzem modificações que
o (re) constroem permanentemente. Indústria, cidades, agricultura, rios, solos;
climas, populações: todos esses elementos - além de outros constituem o espaço
geográfico, isto é, o meio ou a realidade material onde a humanidade vive e do
qual ela própria é parte integrante.
Tudo nesse espaço depende do
ser humano e da natureza. Esta última é a fonte primeira de todo o mundo real.
A água, a madeira, o petróleo, o ferro, o cimento e todas as outras coisas que
existem nada mais são que aspectos da natureza. Mas o ser humano reelabora
esses elementos naturais ao fabricar os plásticos a partir do petróleo, ao
represar rios e construir usinas hidrelétricas, ao aterrar pântanos e edificar
cidades, ao inventar velozes aviões para encurtar as distâncias. Assim, o
espaço geográfico não é apenas o local de moradia da sociedade humana. mas
principalmente uma realidade que é a cada momento (re) construída pela
atividade do ser humano.
As modificações que a
sociedade humana produz em seu espaço são hoje mais intensas que no passado. Tudo
o que nos rodeia se transforma rapidamente. Com a interligação entre todas as
partes do globo, com o desenvolvimento dos transportes e das comunicações,
passa a existir um mundo cada vez mais unitário. Pode-se dizer que, em nosso
planeta, há uma única sociedade humana, embora seja, uma sociedade plena de
desigualdades e diversidades. Os "mundos" ou sociedades isoladas, que
viviam sem manter relações como restante da humanidade cedeu lugar ao espaço
global da sociedade moderna.
Na atualidade, não existe nenhum
país que não dependa dos demais, seja para o suprimento de parte das suas
necessidades materiais, seja, pela internacionalização da tecnologia, da arte,
dos valores, da cultura afinal. Uma guerra civil, forte geadas com perdas
agrícolas, a construção de um novo tipo de computador, a descoberta de enormes
jazidas petrolíferas, enfim, um acontecimento importante que ocorra numa parte
qualquer da superfície terrestre provoca repercussões em todo o conjunto do
globo. Muito do que acontece em áreas distantes acaba nos afetando de uma forma
ou de outra, mesmo que não tenhamos consciência disso. Não vivemos mais em
aldeias relativamente independentes, como nossos antepassados longínquos, mas
num mundo interdependente e no qual as transformações se sucedem numa
velocidade acelerada.
Para nos posicionarmos
inteligentemente em relação a este mundo temos de conhecê-lo bem. Para nele
vivemos de forma consciente e crítica, devemos estudar os seus fundamentos,
desvendar os seus mecanismos. Ser cidadão pleno em nossa época significa antes
de tudo estar integrado criticamente na sociedade participando ativamente de
suas transformações. Para isso, devemos refletir sobre o nosso mundo,
compreendendo-o do âmbito local até os âmbitos nacional e planetário. E A
GEOGRAFIA É UM INSTRUMENTO INDISPENSÁVEL PARA EMPREENDERMOS ESSA REFLEXÃO,
REFLEXÃO QUE DEVE SER A BASE DE NOSSA ATUAÇÃO NO MUNDO. (VESENTINI, J. Willian)
2-
Origem da Geografia
Considerada
por alguns como uma das mais antigas disciplinas acadêmicas, a geografia surgiu
na Antiga Grécia, sendo no começo chamada de história natural ou filosofia
natural.
A tendência de separar
ciências dos homens e da natureza, de certa forma atrapalhava as pretensões da
geografia de se afirmar como um saber científico. A alternativa para garanti-la
como o status científico, estava na síntese dos fenômenos naturais e humanos
dados em uma determinada região (ou área, como alguns apontavam). Este impasse
metodológico seria então resolvido a partir do momento em que a Geografia
assumisse como seu objetivo o estudo de fenômenos diversos em uma determinada
unidade espacial, que se configurava como ideal para se compreender a
totalidade dos fenômenos, ou ainda, a pluralidade das coisas. Desta forma, a
geografia garantia seu status de “ciência do singular”, e a perspectiva
cronológica tornava-se o método ideal para tal finalidade, pois dava unidade à
diversidade dos fenômenos estudados pela geografia. Assim, a esta ciência
caberia o papel de localizar, definir, descrever e comparar lugares, abarcando
fenômenos de origens distintas. Podemos perceber que a geografia tentou
responder especialmente sobre onde estavam os fenômenos que lhes interessava.
Feita esta primeira constatação, partia-se para o método da observação e
descrição, e mais tarde para a comparação. O fundamento que ordenava esse
pensamento foi chamado, num primeiro momento de corografia.
O
termo corografia, que pode ser entendido como a descrição de regiões ou ainda
escrita das regiões, foi amplamente utilizado entre os séculos XVII e XVIII,
tendo em Varenius um dos principais responsáveis por sua divulgação. Ao usar
este termo, Varenius pretendia reforçar, sobretudo, a característica de
delimitar e descrever regiões individuais da Terra. Claramente não há também
uma distinção entre o uso da palavra região ou área. O termo chòros, de origem
grega, é usado por estes geógrafos como sinônimo de área, lugar, região, ou
seja, uma unidade espacial qualquer. Assim, podemos notar que aquilo que
interessava para eles era a descrição, o estudo, a análise de partes da
superfície terrestre, que eles denominavam de diferentes formas.
O
positivismo é uma linha teórica da sociologia, criada pelo francês Auguste
Comte (1798-1857), que começou a atribuir fatores humanos nas explicações dos
diversos assuntos, contrariando o primado da razão, da teologia e da
metafísica. Para Comte, o método positivista consiste na observação dos
fenômenos, subordinando a imaginação à observação.
Geografia
é o estudo da superfície da Terra. Sua denominação procede dos vocábulos gregos
geo ("Terra") e graphein ("escrever"). A superfície
terrestre, que compreende a atmosfera, a litosfera, a hidrosfera e a biosfera,
é o habitat, ou meio ambiente, em que podem viver os seres humanos.
A
área habitável da superfície terrestre apresenta várias características, das
quais uma das mais importantes é a complexa interação dos elementos físicos,
biológicos e humanos, como relevo, clima, água, solo, vegetação, agricultura e
urbanização. Outra característica é a grande variabilidade do ambiente de um
lugar para outro, dos trópicos às frias regiões polares, de áridos desertos a
úmidas florestas equatoriais, de vastas planícies a montanhas escarpadas, de
superfícies geladas e desabitadas a metrópoles densamente povoadas. Outra
característica ainda é a regularidade com que se registram determinados
fenômenos, como os climáticos, o que permite generalizações sobre sua
distribuição espacial. Os exemplos mais óbvios são as medidas de temperatura e
precipitação, principais elementos climáticos para a agropecuária e outras
atividades humanas. A geografia se preocupa particularmente com a localização
espacial (especialmente a relação entre a sociedade e a terra, da mesma forma
que a ecologia e afinidades), com a regionalização e com a distribuição das
áreas. Pesquisa a respeito dos lugares onde as pessoas vivem, sobre a
superfície da Terra e os fatores (ambientais, culturais, econômicos recursos
naturais) que influem nessa distribuição. Tenta responder a questão e a
possibilidade de reconhecer uma região sobre a qual vive uma população, meio de
vida, cultura e relações que ocorrem entre os diferentes lugares.
3-
Principais Geógrafos
3.1- Bernhardus Varenius:
Uma importante figura da retomada dos estudos de geografia, cuja Geographia
generalis (1650; Geografia geral) foi várias vezes revisada e permaneceu como
principal obra de referência durante um século ou mais. Também era de Flandres
o cartógrafo mais importante do século XVI, Gerardus Mercator (Gerard de
Cremer), que criou um novo sistema de projeções, aprimorando os que usavam
longitudes e latitudes.
3.2- James Cook: James
Cook fixou novos padrões de precisão e técnica em navegação. Realizou viagens
com fins científicos e, na segunda delas, a mais famosa, de 1772 a 1775,
circunavegou o globo. Na França surgiu a primeira pesquisa topográfica
detalhada de um grande país, levada a cabo entre os séculos XVII e XVIII por
quatro gerações de astrônomos e pesquisadores da família Cassini. Em seu
trabalho se baseou o Atlas nacional da França, publicado em 1791.
3.3- Alexander Von Humboldt:
Como muitos que o antecederam, se propôs conhecer outras partes do mundo,
mas acabou se distinguindo pela cuidadosa preparação que antecedia suas
viagens, pelo alcance e precisão de suas observações. São de especial interesse
seus estudos sobre os Andes (feitos durante uma viagem às Américas Central e do
Sul, entre 1799 e 1804), em que pela primeira vez se fez uma descrição
sistemática e inter-relacionada da altitude, temperatura, vegetação e
agricultura em montanhas situadas em regiões de baixa latitude. Surgimento da
geografia moderna. Humboldt lançou as bases da geografia moderna, com ênfase na
observação direta e nas medições acuradas como base para leis gerais.
3.4- Immanuel Kant: Definiu
satisfatoriamente o lugar da geografia entre as diferentes disciplinas: afirmou
que a geografia lida com os fenômenos associados no espaço da mesma forma que a
história lida com os fatos que ocorrem durante uma mesma época. Foi Kant que
primeiro utilizou o termo "Geografia Física" e que relacionou a
Geografia ao espaço e a Historia ao tempo. Tanto Kant quanto Humboldt lecionou
geografia física e foram contemporâneos de Carl Ritter, que ocupou a primeira
cadeira de geografia criada numa universidade moderna.
3.5- Ferdinand Paul
Wilhelm, Barão de Richthofen, escreveu um monumental estudo de cinco
volumes sobre a geografia chinesa e influenciou o desenvolvimento da
metodologia geográfica na Alemanha e em outros países.
3.6- Friedrich Ratzel:
Escreveu trabalhos pioneiros em geografia humana e política. Criador da
antropogeografia, o geógrafo e etnógrafo alemão é autor do ensaio tido como
ponto de partida da geopolítica, no qual introduziu o conceito de espaço vital.
Posteriormente, essa noção foi distorcida pelo nazismo para justificar suas
pretensões expansionistas. Apesar de admirar as concepções evolucionistas de
Darwin e Haeckel, Ratzel criticou-as pelo mecanicismo. Expôs, em suas obras
Anthropogeographie (1882-1891; Antropogeografia) e Politische Geographie (1897;
Geografia política), os princípios de seu pensamento. Na primeira, desenvolveu
a tese de uma relação causal entre as características do meio-ambiente natural
e as realizações humanas. Na segunda, estabeleceu uma analogia biológica entre
os mecanismos de contração e expansão dos países, ou seja, a tendência dos
povos a limitarem ou ampliarem fronteiras segundo as necessidades de espaço
vital (Lebensraum). Esse conceito, na interpretação do cientista político sueco
Rudolf Kiellén, foi usado como justificativa para o expansionismo nazista do
III Reich.
3.7- Paul Vidal de La
Blache: Foi um dos principais responsáveis pelo surgimento da geografia
moderna na França. Deve-se a ele a definição do campo da geografia regional,
com ênfase no estudo de áreas pequenas e relativamente homogêneas. Foi o
primeiro professor de geografia da Sorbonne e planejou uma obra monumental, que
cobria a geografia regional em todo o mundo, mas não viveu o bastante para
concluí-la. Géographie universelle (1927-1948) foi completada por seu aluno Lucien
Gallois e é uma das mais bem-sucedidas publicações sobre o tema.
4-
Desmistificando os paradigmas da Geografia
“A
geografia é um saber, um saber difícil porque integrador do vertical e do
horizontal, do natural e do social, do aleatório e do voluntário, do atual e do
histórico e sobre a única interface da qual dispõe a humanidade” .
5-
Divisão da Geografia (Para efeito didático)
Costuma-se
dividir a Geografia, pelo menos para efeito didático, em dois grandes ramos, a
Geografia Geral e a Geografia Regional. Muitos admitem que esta divisão é o
resultado apenas da escala adotada, de vez que o geral se refere a grandes
áreas - os continentes ou países de grande extensão - e o regional a pequenas
áreas - as regiões. A Geografia Geral costuma ser dividida em dois grandes
ramos, a Física e a Humana. A
primeira estuda e analisa a ação dos fatores físicos e a segunda analisa e
interpreta a ação dos fatores humanos.
5.1-
Divisão da Geografia
A
geografia pode ser dividida em dois ramos fundamentais:
A Geografia geral, que
estuda os elementos humanos e físicos da Terra de maneira individual e a
Geografia Regional, que estuda as regiões da Terra com o objetivo de entender
ou definir suas particularidades.
No
campo de estudo da Geografia Geral inclui-se a Geografia Física e a Geografia
Humana.
5.1.1- A Geografia
Física
estuda as características naturais existentes na superfície terrestre. Suas
principais categorias são:
Geomorfologia
– estuda as formas da superfície da Terra.
Hidrografia
– estuda as águas do Planeta.
Climatologia
– estuda os climas.
Glaciologia
– estuda as geleiras.
Biogeografia
– estuda a distribuição dos seres vivos no espaço.
Geografia
astronômica – estuda a superfície dos planetas.
5.1.2- A Geografia
Humana
estuda e descreve a interação entre a sociedade e o espaço. Suas principais
categorias são:
Geografia
econômica – estuda as atividades econômicas.
Geografia
Social – estuda os fatos sociais e sua manifestação espacial.
Demografia
– estuda a dinâmica populacional humana.
Geografia
Política – estuda a interação política e territorial.
Geografia
Cultural – estuda a distribuição das manifestações culturais.
5.2- Áreas Suportes
da Geografia:
Cartografia
Geologia
Pedologia
Oceanografia
Meteorologia
Antropologia
Sociologia
Filosofia
Estatística
6-
A Ciência Geográfica e seus princípios
Durante
muito tempo dominou a ideia de que a Geografia era uma ciência que visava
apenas dar aos estudantes um pouco de cultura geral, sem interesses
pragmáticos. Quando se começou a utilizar o conhecimento geográfico de forma
sistemática no planejamento e a se falar em geografia aplicada, houve
cientistas que reagiram, achando que esta não era a função da Geografia. Esta
ideia, porém, é falsa, de vez que a Geografia vem sendo utilizada, desde os
primeiros tempos, com fins pragmáticos. Assim, ela foi utilizada pelos países
europeus em sua expansão colonial, quando procuravam conhecer as várias regiões
que desejavam conquistar para avaliar a rentabilidade das mesmas. E esta
função, entregue no início do desenvolvimento da expansão capitalista (Séculos
XVI, XVII e XVIII) a cronistas isolados (leia as obras dos cronistas do período
colonial a respeito do Brasil e de suas possibilidades econômicas), foi
transferida, no Século XIX, para as sociedades de geografia que financiavam e
promoviam expedições de exploradores às regiões pouco conhecidas. Hoje ela é
controlada pelo Estado, através dos serviços de informação. A Geografia tem sido utilizada ainda para
organizar a exploração do espaço e contribuir para obras de transformação do
meio natural, tornando-o mais acessível à exploração agrícola ou mineral, bem
como para orientar os problemas estratégicos e as formas de conduzir a guerra. Vários
problemas espaciais, como o de fronteiras políticas, de delimitação de áreas de
influência econômica dos centros polarizadores ou de distribuição pelo espaço
geográfico, de povos e nações, têm sido objeto de estudo e de participação de
geógrafos. Mais modernamente, eles têm dado a sua colaboração também nos estudos
e planejamentos dos órgãos estatais e das grandes empresas transnacionais. As
Forças Armadas dos mais diversos países têm sempre um serviço geográfico, com
preocupações ligadas, sobretudo à Cartografia, a informações, à geopolítica é à
geoestratégia.
7-
Princípios
Desde
a segunda metade do século passado até os primeiros anos do Século XX,
consolidou-se a ideia de que o método geográfico e baseava nos cinco princípios
enunciados por eminentes mestres alemães, como Alexandre Humboldt, Karl Ritter,
Frederico Ratzel - os fundadores da geografia científica - e pelo não menos
ilustre geógrafo Jean Brunhes. Assim, em um trabalho de pesquisa geográfica
devia o estudioso aplicar, sucessivamente, os seguintes princípios:
7.1-
Princípio da Extensão: enunciado por Frederico Ratzel, segundo o qual o geógrafo, ao estudar um dos fatores
geográficos ou uma área, deveria, inicialmente, procurar localiza-la e
estabelecer os seus limites, usando os mapas disponíveis e o conhecimento
direto da área;
7.2-
Princípio da Analogia ou da Geografia Geral: enunciado por Karl Ritter, segundo o qual, delimitado e
observado uma área em estudo, deveria ser a mesma comparada com o que se
observa em outras áreas, estabelecendo as semelhanças e as diferenças
existentes;
7.3- Princípio da
Causalidade: enunciado por Alexandre Humboldt,
segundo o qual, observado os
fatos,
se deverão procurar as causas que o determinaram, estabelecendo relações de
causa e efeito;
7.4-
Princípio da Conexidade ou Interação: enunciado por Jean Brunhes, onde ele chamava a atenção para o fato de que os
fatores físicos e humanos, ao elaborarem as paisagens, não agiram separados e
independentemente, havendo uma interpenetração na ação dos vários fatores
físicos entre si, e ainda dos dois grandes grupos de fatores. Na elaboração das
paisagens, nenhum dos fatores físicos ou humanos age isoladamente; a ação é
sempre feita de forma integrada com outros fatores;
7.5-
Princípio da Atividade: também enunciado por Jean
Brunhes, no qual o mestre francês assinala o caráter dinâmico do fato
geográfico, de vez que o espaço está em perpétua reorganização, em constante
transformação, graças à ação ininterrupta dos vários fatores.
8-
Termos que permitem uma concepção de mundo que engloba as transformações e a
dinâmica da sociedade
8.1-
Primeira Natureza: A
primeira natureza é a natureza que não passou pela transformação do homem.
Atualmente já não temos mais a primeira natureza, na verdade não há lugar algum
no mundo, hoje, que não tenha passado pelas transformações das mãos do homem.
8.2-
Segunda Natureza: A
segunda natureza é essa natureza que conhecemos hoje, é a natureza que se
transformou com as mãos do homem.
8.3-
Espaço Geográfico: O
Espaço geográfico é o palco das realizações humanas, no entanto, abriga todas
as partes do planeta possíveis de serem analisadas, catalogadas e classificadas
pelas inúmeras especialidades da ciência geográfica. Que se refere a muitos
espaços, como por exemplo, todo o espaço físico, ruas, casas, etc. O espaço
geográfico foi criado para calcular longitudes e latitudes da terra. Em geral,
o espaço geográfico é o espaço ocupado e organizado pelas sociedades humanas.
Ele é poligênico - sendo que para seu entendimento é necessário o estudo de
todo o processo histórico de sua formação. Espaço geográfico é o espaço
concreto ou físico inserido na interface
"litosfera-hidrosfera-atmosfera". É o espaço de todos os seres vivos,
não só o espaço do homem. O espaço geográfico foi formado a 4,5 bilhões de anos
quando a Terra foi formada. De lá para cá houve mudanças profundas na sua
estrutura, composição química e na paisagem geográfica. Oceanos apareceram,
oxigênio ficou abundante, devido o papel das algas e plantas superiores. Quando
o homem surgiu na Terra ele já estava formado. Com o tempo a humanidade começou
a modifica-lo através da tecnologia.
8.4-
Paisagem: A
paisagem é considerada, pela maioria das correntes do pensamento geográfico, um
conceito-chave da Geografia. O termo paisagem é polissêmico, ou seja, pode ser
utilizado de diferentes maneiras e por várias ciências. Essa categoria
geográfica consiste em tudo aquilo que é perceptível através de nossos sentidos
(visão, olfato, tato e audição), no entanto, a análise da paisagem é mais
eficaz através da visão. Nesse sentido, a Geografia moderna, que priorizava os
estudos dos lugares e das regiões, utilizou-se da fisionomia dos lugares para
atingir êxito em suas abordagens geográficas, observando as transformações no
espaço geográfico em decorrência das atividades humanas na natureza. A paisagem
é formada por diferentes elementos que podem ser de domínio natural, humano,
social, cultural ou econômico e que se articulam uns com os outros. A paisagem
está em constante processo de modificação, sendo adaptada conforme as
atividades humanas. Para Oliver Dolfuss, geógrafo francês, as paisagens são
fruto da ação humana no espaço e as classifica em três grandes famílias, em
função das modalidades da intervenção humana:
-
Paisagem natural: não
foi submetida à ação do homem.
-
Paisagem modificada: é
fruto da ação das coletividades de caçadores e de coletores que, mesmo não
exercendo atividades pastoris ou agrícolas, em seus constantes deslocamentos,
pode modificar a paisagem de modo irreversível, através do fogo, derrubadas de
árvores etc.
- Paisagens organizadas: são
aquelas que representam o resultado de uma ação consciente, combinada e
contínua sobre o meio natural, como, por exemplo, as cidades, praças etc.
A
paisagem é um dos objetos de análise da Geografia, sendo constituída através
das relações do homem com o espaço natural. Sua observação é muito importante,
pois retrata as relações sociais estabelecidas em um determinado local, onde
cada observador seleciona as imagens que achar mais relevante, portanto,
diferentes pessoas enxergam diferentes paisagens.
8.5-
Lugar: Lugar
é uma parte do espaço geográfico onde vivemos e interagimos com uma paisagem.
Mas o conceito de lugar recebe várias definições na geografia, a depender da
tendência de pensamento geográfico considerada. A geografia humanista foi a
primeira vertente da geografia a fazer uso da palavra lugar como um conceito
científico. De fato, esse foi um dos conceitos fundamentais para os propósitos
dessa corrente, interessada em pesquisar as relações subjetivas do homem com o
espaço e o ambiente. Os geógrafos humanistas destacam a importância de estudar
o cotidiano como forma de compreender os valores e atitudes que as pessoas
comuns elaboram a respeito do espaço e do ambiente em que vivem. O conceito de
lugar é apropriado para esse tipo de pesquisa por dizer respeito aos espaços
vivenciados pelas pessoas em suas atividades cotidianas de trabalho, lazer,
estudo, convivência familiar, etc. Por esse motivo, a geografia existe. Ele
tem, portanto, o mesmo conteúdo que os fenomenologistas atribuem ao conceito de
mundo, isto é, o conjunto das vivências individuais e subjetivas dos sujeitos;
“aquilo que em primeiro lugar aparece à consciência”.
8.6-
Território: O
território é considerado pela maioria das correntes do pensamento geográfico,
um conceito-chave da Geografia. Contudo, sua análise não é exclusiva da
Geografia, sendo, portanto, abordado por outras ciências, o que o torna um
termo polissêmico. Na análise do território, os aspectos geológicos,
geomorfológicos, hidrográficos e recursos naturais, por exemplo, ficam em
segundo plano, visto que sua abordagem privilegia as relações de poder
estabelecidas no espaço. A concepção mais comum de território (na ciência
geográfica) é a de uma divisão administrativa. Através de relações de poder,
são criadas fronteiras entre países, regiões, estados, municípios, bairros e
até mesmo áreas de influência de um determinado grupo. Para Friedrich Ratzel, o
território representa uma porção do espaço terrestre identificada pela posse,
sendo uma área de domínio de uma comunidade ou Estado. Nesse sentido, o
conceito de território abrange mais que o Estado-Nação. Qualquer espaço
definido e delimitado por e a partir de relações de poder se caracteriza como
território. O território não se restringe somente às fronteiras entre
diferentes países, sendo caracterizado pela ideia de posse, domínio e poder,
correspondendo ao espaço geográfico socializado, apropriado para os seus
habitantes, independentemente da extensão territorial.
8.7-
Tempo histórico e Tempo geológico: Considera-se tempo geológico aquele
transcorrido através de fenômenos naturais desde a formação da Terra até os
dias de hoje, o tempo histórico se
inicia com o surgimento dos primeiros ancestrais do ser humano e é muito curto
em comparação com o tempo geológico.
O
tempo geológico tem início com a formação da Terra, há cerca de 4,5
bilhões de anos. Durante esse tempo muitas mudanças ocorreram no nosso planeta,
continentes se formaram, surgiram e desapareceram oceanos, o clima se
modificou, surgiram e desapareceram várias espécies de animais, etc. As
mudanças no decorrer do tempo geológico normalmente não são perceptíveis para
algumas gerações de seres humanos, sabemos delas através de evidências
científicas. Dentro desse tempo, também temos ocorrências relativamente
recentes como o surgimento das grandes montanhas (Andes, Himalaia, Alpes, etc.)
e a extinção dos dinossauros. Outros eventos são antigos, como a formação das
primeiras rochas e o surgimento dos oceanos.
O tempo histórico se
inicia por volta de dois milhões de anos quando apareceram os primeiros
ancestrais do ser humano. É o tempo no qual os seres humanos, podemos dizer
assim, deixou marcas. Ele é muito
recente se comparado ao tempo geológico, o ser humano não assistiu grandes
alterações no planeta Terra, do ponto de vista geológico. Pois quando ele
surgiu à configuração geológica do planeta era praticamente a mesma.
8.8-
Estado: refere-se
ao conjunto de instituições que regulam e de apoio que têm soberania ao longo
de um território definido e população. É um país politicamente organizado,
sendo composto pelo território, governo e povo.
8.9-
Nação: denota
um povo que acredita-se que a partilha ou considerados aduaneira comum, origens
e história. No entanto, os adjetivos nacional e internacional também se referem
a questões relacionadas ao que é estritamente Estado, como na capital nacional,
o direito internacional.
8.10-
Povo: Do
ponto de vista do Direito Constitucional moderno (a partir do século XVIII), o
povo é o conjunto dos cidadãos de um país, ou seja, as pessoas que estão
vinculadas a um determinado regime jurídico, a um estado. Um povo está
normalmente associado a uma nação e pode ser constituído por diferentes etnias.
Na linguagem vulgar, a palavra povo pode referir-se à população de uma cidade
ou região, a uma comunidade ou a uma família; também é utilizada para designar
uma povoação, geralmente pequena.
8.11-
Pátria: é
o país ou estado em que a pessoa nasceu (terra natal) e que faz parte como
cidadão.
8.12-
Soberania: Relaciona-se
à autoridade suprema, geralmente no âmbito do país. É o direito exclusivo de
uma autoridade suprema sobre um grupo de pessoas — geralmente uma nação.
8.13-
Fronteiras: é
o limite entre duas partes distintas, por exemplo, dois países, dois estados,
dois municípios. As fronteiras representam muito mais do que uma mera divisão e
unificação dos pontos diversos. Elas determinam também a área territorial
precisa de um Estado, a sua base física.
As fronteiras podem ser naturais a, geométricas ou
arbitrárias; sendo delimitações territoriais e políticas que, através da
proteção que garante aos seus estados, representa a autonomia e a soberania
desses perante os outros.
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