Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Turismo e Hospitalidade: O saber-ser e o desenvolvimento da competência social do profissional do turismo.



Vânia de Amorim Schaffer Torres

O estudo do comportamento humano, é quase tão antigo quanto à própria humanidade, começou com os filósofos gregos, que se dedicaram à análise das ações humanas e das suas causas. Sabemos também que na pré-história, os primeiros humanos foram nômades, aquele que não tem habitação fixa, ou ainda refere-se às tribos ou etnias que não se fixam em lugares durante muito tempo, isso devido à busca de alimentos, fuga a animais ferozes, ou simplesmente curiosidade em desbravar um espaço desconhecido. Isto nos leva para a palavra turismo, originada, tem seu nome derivado do Francês tour, “volta, circuito, volta ao redor”, de tourner, “fazer a volta”, do Latim tornare, “fazer dar a volta, polir, girar um torno”, que veio de uma fonte Indo-europeia ter-, “dar voltas, dobrar”. O agente deste giro é denominado Turista, que segundo a ONU, “refere-se a todo o visitante temporário que permanece no local visitado mais de 24 horas”. Atualmente, a globalização, o tempo livre, a fuga à rotina, a rapidez dos meios de transporte, a moda das viagens, levam estudiosos de ambos os lados a perceber as motivações que levam os indivíduos a deslocar-se de um local para outro. Percebemos já o cruzamento entre ação humana e deslocações pelo território, ou seja, pode ver-se aqui uma relação entre a psicologia e o turismo. A psicologia estuda o ser humano, nas suas relações consigo, com os outros e com o meio. É a palavra, interação, que põe em contato, a psicologia com o turismo, e aqui todos concordamos que turismo é um espaço privilegiado, de encontro entre indivíduos, povos, culturas e civilizações. As relações entre os indivíduos implicam pensamentos e emoções. Hoje quer os indivíduos, os turistas, quer os agentes turísticos, precisam avaliar e cruzar as suas necessidades, expectativas, a cada momento, porque nós humanos, mudamos a cada instante, em consequência das nossas experiências, contatos, emoções e pensamentos. O que a psicologia procura enfatizar é que o homem é um ser social por natureza, que busca uma vida agradável e que lhe ofereça diversidade de atividades, por isso o sucesso de um negócio turístico depende, em grande parte, da capacidade de resposta, às necessidades e preferências dos consumidores. Este é o papel importante da psicologia, ajudar a entender a mente humana, os seus anseios e particularidades, para criar novos modos de satisfação dessas necessidades e ajustar as já existentes. Em síntese podemos afirmar que o homo turísticus, valoriza a ideia do “giro”, do “círculo”, da viagem, em busca de novos encontros novas realidades, novas gentes. Para que isso ocorra satisfatoriamente é necessário, fazer com que eles voltem mais vezes e, também, que o turista se envolva se apaixone tanto pelo destino que seja capaz de convencer outras pessoas a visitá-lo também.
Em consequência disso, no contexto atual, os debates sobre a formação do profissional de turismo, indicam a configuração de um novo paradigma de formação, deslocando o foco de análise da dimensão técnica (saber-fazer) para a discussão na dimensão das atitudes (saber-ser), explicitando o sentido das experiências nas aprendizagens profissionais. Significa refletir sobre a necessidade de articulação entre teoria e prática, compreendendo a trajetória profissional, vivenciada no contexto, no dia-a-dia da trajetória profissional.
De acordo com Gondim & Cols (2003, p.119-152.), “o saber-ser está relacionado com características pessoais que contribuem para a qualidade das interações humanas no trabalho e a formação de atitudes de autodesenvolvimento”. 
O primeiro requisito do profissional de turismo é gostar de cuidar das pessoas, ou seja, atender bem seu passageiro, saber se ele está sendo bem servido, bem acolhido, bem tratado. Para isso, é preciso paciência, tolerância, persistência, conhecimento sobre as diversas culturas, muita ética para lidar com questões delicadas de seus turistas, principalmente as de cunho pessoal, com que ele deve evitar se envolver. O profissional de turismo está sempre viajando, participando do lazer, mas não poderá nunca esquecer que está sempre a trabalho. 
Sabemos que, no turismo, o epicentro do fenômeno é de caráter humano, pois são os homens que se deslocam, e não as mercadorias, o que impõe complexidades ao esforço de uma argumentação sistemática dessa realidade. De saberes específicos que não são únicos, no sentido de que não compõem um corpo acabado de conhecimentos, pois os problemas da prática do profissional de turismo não são meramente instrumentais, mas comportam situações problemáticas que requerem decisões num terreno de grande complexidade, incerteza, singularidade e de conflito de valores, produzindo modos de ser e de agir essenciais no desenvolvimento de suas ações profissionais.
Saber apenas é importante para que se enxergue a melhor maneira de executar o trabalho com conhecimento e direcionamento. No entanto, saber-ser é parte do triângulo do sucesso, falta-lhe ser acompanhado pala afetividade, intensidade e qualidade.
No saber-ser colocamos afetividade, intensidade, e quando fazemos isso, significa colocar paixão em tudo que se faz, para fazer sempre melhor, procurar saber cada vez mais e querer alcançar os melhores resultados. Contudo não podemos esquecer-nos de acrescentar a qualidade, pois essa pode ser descrita como o aperfeiçoamento do saber, a compreensão aprofundada a respeito da motivação e a melhoria dos métodos e procedimentos. Quando o triângulo se forma e nele se investe tal qualidade, é possível avaliar a evolução resultante e se reforçar permanentemente.
O saber-ser (atitudes) implica comprometimento e compromisso social do trabalhador em relação à sua realidade, reconhecendo-se como sujeito capaz de transformar e melhorar essa realidade. A formação de competência social dos profissionais de turismo é um dos três objetivos primordiais da Psicologia do turismo, permitindo que esse profissional torne-se um sujeito capaz de pensar e decidir por si mesmo, livremente, sem preconceitos, preferindo o bem social e acentuando a personalidade e a capacidade de cada um. Esse profissional precisa aprender a enfrentar, a criar, a praticar os conhecimentos e não apenas absorvê-los. O profissional de turismo precisa saber lidar com gente, com seus sonhos e expectativas, pois é isso que move a atividade.
Hoje o fator crítico posiciona-se já numa fase mais avançada do ciclo de vida da pessoa, reside agora em cada profissional do turismo, em concreto, na sua atitude perante a oportunidade de fazer mais e melhor que os outros, na sua capacidade de gerar valor, de inovar, de a todo o momento ter a perspicácia na identificação da solução ou de uma solução. 

Referências Bibliográficas
Gondim, S. M. G. e Cols. (2003). Perfil Profissional, Formação Escolar e Mercado de Trabalho segundo a Perspectiva de Profissionais de Recursos Humanos. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, 3 (2), pp 119 – 152.

TRIGO, Luiz Gonzaga Godoi. Turismo e Qualidade Tendências Contemporâneas. Campinas: Pampirus, 2002.

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