Na economia, o maior mérito do governo petista foi a manutenção da política dos governos anteriores. Crítico do Plano Real, Lula, ao chegar ao Planalto, deu continuidade ao programa que controlou a inflação. A medida assegurou a estabilidade econômica e possibilitou que outras questões importantes, como saúde, educação e segurança pública, fossem discutidas.
O PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma de todas as riquezas de um país, teve um crescimento médio anual de 4,0% nos dois mandatos. O índice é quase o dobro do registrado no período de 1981 a 2002 (2,1%). Assim, o Brasil passou de 12º lugar para 8º no ranking das maiores economias do mundo.
Neste contexto, a redistribuição de renda foi o principal destaque. Programas sociais como o Bolsa Família, a expansão do crédito e o aumento de empregos formais e do salário mínimo (que passou de R$ 200 em 2002 para R$ 510, em 2010) permitiram a ascensão de classes mais pobres.
O efeito também foi sentido no setor empresarial: a maior renda do trabalhador converteu-se em compras. A alta no consumo, por sua vez, estimulou investimentos no comércio e na indústria, inclusive em contratações, realimentando o ciclo. O resultado foi a redução em 43% do número de pobres (brasileiros com renda per capital mensal inferior a R$ 140), que caiu de 50 milhões para 29,9 milhões desde 2003.
Política externa
Na diplomacia, a posição do governo em relação a regimes ditatoriais como Cuba e Irã abalou a imagem do país no exterior. O próprio Lula contribuiu para isso. Primeiro, ele comparou os protestos no Irã com queixas de um time derrotado. Depois, em visita a Cuba quando da morte de um preso político em greve de fome, comparou os dissidentes a presos comuns. Foram também vergonhosas as posturas do Brasil em fóruns internacionais com respeito a área de direitos humanos, como no caso da iraniana condenada a pena de morte, e no apoio ao projeto nuclear do Irã.
“Mensalão”
As denúncias derrubaram o principal ministro de Lula, José Dirceu (Casa Civil), e toda a cúpula do PT. No segundo mandato, Lula refez sua base política e “construiu” a candidata Dilma Rousseff para sucedê-lo no cargo. Atualmente, 38 envolvidos no caso respondem a processos por diversos crimes.
Na seqüência, houve a Operação Sanguessuga da Polícia Federal, que expôs políticos que desviavam verbas públicas destinadas à compra de ambulâncias. Ás vésperas das eleições de 2006, outra “bomba”: um grupo de petistas, chamados pelo próprio presidente de “aloprados”, foi flagrado tentando comprar um falso dossiê contra o candidato tucano José Serra.
No segundo mandato ocorreram novos escândalos, como o caso dos cartões corporativos – funcionários do Planalto que faziam uso irregular de cartões de crédito oficiais – e um suposto esquema de tráfico de influência envolvendo a família da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra.
Saldo
Na Educação, 14 milhões de brasileiros com idade acima de 15 anos são analfabetos. Na Saúde, faltam leitos hospitalares, médicos e o país enfrenta uma epidemia de dengue que contaminou, somente este ano, quase 1 milhão de pessoas. Em pleno século 21, 56% dos domicílios não possuem rede de esgoto, e a infraestrutura deficitária (estradas, ferrovias, portos e aeroportos) ainda é um entrave para o desenvolvimento.
Lula também deixou de fazer reformas importantes, como a da previdência, a agrária e a tributária. O legado contabiliza ainda um Estado mais caro em razão de contratações feitas para atender interesses políticos e partidários. Em resumo, Lula continuou o projeto de um país socialmente mais justo e de moeda estável. Mas, ao mesmo tempo, manteve o que há de pior na política brasileira.
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