Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Problemas Ambientais Urbanos


As áreas urbanas são as que mais expressam as intervenções humanas no meio natural. Problemas como a presença de aterros sanitários, a ocupação de áreas inadequadas para moradia, a impermeabilização dos solos, o desmatamento, a poluição da atmosfera e dos cursos de água e a produção de calor geram diversos efeitos sobre os aspectos do ambiente; efeitos estes decorrentes no Brasil e no mundo. Além disso, outros fenômenos que contam com grande participação da natureza também dificultam a vida nos centros urbanos. Não existe fórmula mágica para evitar as consequências sentidas pela população, mas algumas mudanças na estrutura dos grandes centros urbanos podem minimizar o efeito destas.
A urbanização se intensificou com a expansão das atividades industriais, fato que atraiu e ainda atrai milhões de pessoas para as cidades. O desenvolvimento e o crescimento desses centros urbanos muitas vezes não ocorrem de maneira planejada, provocando mudanças drásticas na natureza e desencadeando diversos problemas ambientais.
A expansão da rede urbana sem o devido planejamento ocasiona problemas ambientais também nas cidades brasileiras. No estado de São Paulo, metade dos municípios ainda utiliza aterros sanitários. Esse fato é muito preocupante, uma vez que o Cho rume, resíduo altamente tóxico produzido pela decomposição do lixo urbano, pode facilmente penetrar no subsolo e, consequentemente, contaminar os recursos hídricos. A contaminação e a escassez da água decorrem também da ocupação irregular e caótica das áreas de mananciais pela população de baixa renda. Na Grande São Paulo, essas áreas abrigam quase 2 milhões de pessoas. A ocupação de áreas inadequadas para a moradia resulta, também, em catástrofes como o deslizamento de encostas e enchentes, ocasionando a destruição de casas e um grande número de vítimas fatais.
Além da degradação da água, outras formas de poluição têm assumido graves proporções no Brasil. Uma delas é a poluição atmosférica, muito comum nas regiões mais industrializadas do Sudeste. Além dos efeitos nocivos à saúde, a poluição do ar é responsável pela chuva ácida, produzida pela reação química dos vapores de água com os resíduos lançados pelas fábricas e automóveis.
Na cidade de São Paulo ocorre também, com frequência, um fenômeno físico conhecido como ilha de calor, caracterizado pelo aquecimento exagerado do centro urbano. Esse fenômeno é causado, sobretudo, pelas emissões de gases pelos automóveis e fábricas. Esses gases retêm calor, gerando grande diferença térmica entre as áreas centrais e a periferia.
Por fim, deve ser destacado o fenômeno físico denominado inversão térmica outro problema típico das grandes cidades e muito frequente no inverno. Nesse caso, o ar quente, constituído de gases emitidos por automóveis e fábricas e carregado de poluentes, fica retido por uma camada superior de ar frio.
Recorrentes no Brasil, esses e outros problemas urbanos são causados pela característica eminentemente mercantil dos empreendimentos imobiliários.
Enchentes
Além dos mais variados problemas causados pelo homem que assolam as grandes cidades, outros fenômenos que contam com grande participação da natureza também dificultam a vida nos centros urbanos: as enchentes.
Todo rio ou corpo d’água tem uma área em todo seu entorno que costuma inundar em determinadas épocas do ano ou quando há um índice de precipitação muito grande, aumentando a vazão e causando um transbordamento. Ou seja, quando o leito natural de um rio ou córrego recebe uma quantidade de água, proveniente da chuva, maior do que sua capacidade de comportá-la, ele transborda, ocasionando a enchente. Portanto, essas inundações são muito comuns e são fenômenos naturais que ocorrem em todos os corpos d’água. Essa consequência do processo de urbanização teve como causa principal a construção de casas, indústrias e vias marginais nas áreas de várzeas dos rios e proximidades e é, atualmente, um problema constante nos períodos chuvosos dos principais centros urbanos.
Um dos fatores que contribui para o agravamento das enchentes, principalmente nas grandes cidades, é o fato de que a maior parte do solo é impermeabilizada pelo asfalto e pelo concreto, diminuindo a quantidade de água que poderia ser infiltrada e aumentando ainda mais a vazão dos corpos d’água. Junta-se a isto, o fato de que a maioria da população joga lixo nas ruas entupindo os sistemas artificiais de escoamento projetados pelas prefeituras, tendo-se um quadro típico do período de chuvas no Brasil: dezenas de cidades alagadas e pessoas desabrigadas.
Outro fator que agrava a situação das enchentes são as mudanças climáticas. O aumento de temperatura nos centros urbanos intensifica a evaporação; além disso, o material particulado (poluentes) em suspensão favorece a formação de núcleos de condensação na atmosfera. O resultado é o aumento da quantidade de chuvas. Nas áreas urbanas, a quantidade de chuva anual é 5% maior e, em dias de chuva, a precipitação é 10% superior se comparada com as áreas rurais. Em algumas regiões que possuem um clima regular permanecem a maior parte do ano sem receber chuva que, posteriormente, cai de maneira torrencial causando as enchentes. Só este ano mais de 190 mil pessoas foram afetadas por enchentes apenas na região nordeste do país, onde o fator se aplica, tendo sido gastos mais de 540 milhões de reais.
Em alguns lugares ainda, têm ocorrido enchentes pela necessidade de abertura repentina de vertedouros em determinadas barragens devido ao fato de estas se encontrarem acima do seu limite de armazenamento. Chamadas de cheias artificiais são provocadas por erros de operações de comportas ou por erros de projetos de obras hidráulicas como bueiros, pontes e diques.
A questão das enchentes no Brasil, ou em qualquer lugar do mundo onde haja falta de planejamento, deixa de ser uma questão puramente ambiental e passa a ser também, social, econômica, estrutural e até mesmo política. As enchentes representam uma ameaça para a população, especialmente nas áreas periféricas, onde há deficiência de coleta e tratamento de esgoto. Em épocas de inundações, a população tem contato com a água contaminada, contribuindo para a propagação de doenças como a leptospirose. O processo de urbanização no Brasil, atualmente, ocorre de forma intensa e, na maior parte dos casos, sem planejamento. Áreas inteiras são ocupadas e loteadas, de forma clandestina, ou não, contribuindo para os processos de erosão. Esta urbanização desmesurada também leva a população a ocupar áreas dos leitos de rios ou de mananciais.
Tudo isso só faz agravar a problemática das enchentes nos grandes centros urbanos. As soluções encontradas para conter, da maneira que é possível, as enchentes seguem uma linha imediatista na tentativa de alcançar a resolução do problema em um período curto de tempo. Dentre as ações, destacam-se as obras de desassoreamento dos rios (retirada dos sedimentos depositados pela água) e, consequentemente, o aprofundamento do leito, com canalização e construção de reservatórios regularizadores de vazão.
Enxurradas
As Enxurradas ocorrem quando uma quantidade substancial de água, proveniente das chuvas torrenciais, incide sobre áreas propensas à ocorrência. Em geral elas estariam elevando níveis de rios ou de córregos em regiões de bacias, mas o desmatamento e a ocupação populacional acabam interferindo nesta ação.
Nas cidades, as atividades pluviométricas superiores a 40 mm já são suficientes para provocar inundações regionalizadas. Quando uma região onde existiu um rio ou corredeira no passado, tiver sido povoada, ela estará propensa a perceber a descida das águas de áreas mais elevadas, que se avolumam na estreita faixa da antiga corredeira, dando origem à enxurrada. Ela prossegue com ação natural da lei gravitacional nas áreas de declínio do solo tendo deste modo, uma força maior quando proveniente de áreas montanhosas e menores para áreas de bacia.
Em terrenos inclinados, sem cobertura vegetal, as enxurradas podem desenhar desde sulcos superficiais até outros mais profundos, chamadas ravinas. No Brasil, a ação combinada das enxurradas e das águas subterrâneas causa as voçorocas, enormes buracos que destroem trechos de terra cultiváveis, prejudicando a agricultura. Não é raro ocorrerem enxurradas que, pela sua força, consigam arrastar veículos, pessoas, animais e mobílias para as corredeiras e rios.
Ilha de Calor
Ilha de calor é um fenômeno climático que ocorre a partir da elevação da temperatura de uma área urbana se comparado a uma zona rural, por exemplo. Isso quer dizer que nas cidades, especialmente nas grandes, a temperatura é superior a de áreas periféricas, consolidando literalmente uma ilha climática.
Essa anomalia ocorre devido à junção de diversos fatores, como: a poluição atmosférica; a alta densidade demográfica; a pavimentação e diminuição da área verde, irradiando 50% a mais de calor; a construção de prédios barrando a passagem do vento e impedindo que este refresque as regiões centrais; a grande quantidade de veículos e indústrias que, com a poluição, tornam as cidades mais abafadas; entre outros fatores que contribuem para o aumento da retenção de calor na superfície.
Estudos realizados mostram que na cidade de São Paulo a temperatura varia em até 12 graus Celsius entre um bairro e outro. Ao mesmo tempo em que a região da Serra da Cantareira apresenta 20 graus Celsius, a Rua 25 de Março, no centro, sofre com um calor de 32 graus. Nos últimos 30 anos, a temperatura média da cidade sofreu um acréscimo de 1,6 graus. Dados recentes mostram que a região metropolitana terá um aumento da temperatura média entre 2 e 3 graus Celsius neste século. É apontada também a ocorrência de um maior número de chuvas volumosas. Antes de 1950, precipitações acima de 50 mm ao dia eram raras na cidade. Atualmente, acontecem de duas a cinco vezes por ano.
Um mapeamento das ilhas de calor do Rio de Janeiro revela que as temperaturas mais elevadas estão localizadas no núcleo metropolitano, que inclui a área central da cidade do Rio de Janeiro, a zona norte (Leopoldina, Bonsucesso, Ramos e Penha), parte da zona sul (Glória, Catete, Flamengo e Botafogo) e as áreas centrais de Niterói e São Gonçalo.
Mesmo em centros urbanos circundados por florestas, como a cidade de Manaus, a maior da região Norte, a temperatura pode se elevar em até 3 graus Celsius, quando comparada em relação a áreas vizinhas.
O fenômeno de formação de ilhas de calor em centros urbanos ao redor do mundo contribui para o aquecimento global, ao mesmo tempo em que a elevação das temperaturas no planeta intensifica a concentração de calor já existente nessas regiões. Além disso, a intensificação das ilhas de calor afeta a saúde da população e das cidades. Aumenta a concentração de gases tóxicos, o que pode levar a um aumento da mortalidade por doenças respiratórias, além de afetar a pressão arterial, aumentar os níveis de estresse e alterar mecanismos de regulação endócrina. Também faz com que se desenvolva um maior índice de chuvas, que, combinado com a impermeabilização dos solos, pode resultar em enchentes catastróficas.
Para evitar a formação das ilhas de calor é necessária a preservação das áreas verdes nas cidades, arborizar regiões desmatadas, reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera e planejar a expansão urbana e o uso do solo.
Inversão Térmica
A inversão térmica é um fenômeno atmosférico muito comum nos grandes centros urbanos industrializados, sobretudo naqueles localizados em áreas cercadas por serras ou montanhas. Durante o dia, o ar próximo do chão é aquecido pelo calor da superfície do solo. Por ser menos denso e mais leve esse ar quente sobe. À noite, o solo esfria rapidamente e a temperatura do ar que está mais próximo da superfície também diminui. Forma-se, então, uma camada de ar frio abaixo da camada de ar aquecida durante o dia. No dia seguinte, a camada de ar frio, mais densa e pesada, não consegue subir, porque o ar quente funciona como um "tampão": é a inversão térmica. Ou seja, esse processo ocorre quando o ar frio e mais denso é impedido de circular por uma camada de ar quente menos denso, provocando uma alteração na temperatura.
É importante ressaltar que a inversão térmica é um fenômeno natural, sendo registrada em áreas rurais e com baixo grau de industrialização. No entanto, sua intensificação e seus efeitos nocivos se devem ao lançamento de poluentes na atmosfera, o que é muito comum nas grandes cidades.
Com a atividade industrial e a numerosa frota de veículos dessas regiões, a camada de ar frio começa a concentrar os poluentes. Sendo assim, a dispersão desses poluentes fica extremamente prejudicada, formando uma camada de cor cinza, oriunda dos gases emitidos.
Nos dias frios o clima fica propício para inversões térmicas. Forma-se uma camada de ar frio em baixas altitudes, essa massa de ar não consegue subir e a qualidade do ar piora por causa da fumaça emitida por veículos e indústrias. Já nos dias quentes, os raios de sol aquecem a superfície terrestre e o chão transfere o calor para o ar acima dele. Esse ar aquecido, menos denso e mais leve, sobe e carrega os poluentes. Por isso o nível de poluição do ar costuma ser maior no inverno do que no verão; além do índice pluviométrico também ser menor durante o inverno, fato que dificulta a dispersão dos gases poluentes.
Se a inversão durar vários dias, a concentração de poluentes pode elevar-se a níveis perigosos. Em Londres, em dezembro de 1952, morreram cerca de 4000 pessoas em consequência de uma prolongada inversão térmica devido à combustão excessiva de carvão contaminado com enxofre.
Doenças respiratórias, irritação nos olhos e intoxicações são algumas das consequências da concentração de poluentes na camada de ar próxima ao solo. Entre as possíveis medidas para minimizar os danos gerados pela inversão térmica estão à utilização de biocombustíveis, fiscalização de indústrias, redução das queimadas e políticas ambientais mais eficazes.
Chuva Ácida
A chuva contém um pequeno grau natural de acidez, no entanto, não gera danos à natureza. O problema é que o lançamento de gases poluentes na atmosfera por veículos automotores, indústrias e usinas termelétricas tem aumentado à acidez das chuvas.
A chuva ácida é um dos grandes problemas ambientais dos locais onde ocorre a poluição atmosférica decorrente da liberação de óxidos de nitrogênio, dióxido de carbono e do dióxido de enxofre, sobretudo pela queima do carvão mineral e de outros combustíveis de origem fóssil.
O dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre reagem com as partículas de água presentes nas nuvens, sendo que o resultado desse processo é a formação do ácido nítrico e do ácido sulfúrico. Ao se precipitarem em forma de chuva, neve ou neblina, ocorre o fenômeno que, em virtude da ação das correntes atmosféricas, também pode ser desencadeado em locais distantes de onde os poluentes foram emitidos.
Grandes cidades como Nova York, Berlim e até Atenas, já sofrem com os efeitos da chuva ácida há muito tempo. A maior ocorrência de chuvas ácidas até os anos 1990 era nos Estados Unidos da América. Contudo, esse fenômeno se intensificou nos países asiáticos, principalmente na China, que consome mais carvão mineral do que os EUA e os países europeus juntos. No Brasil, a chuva ácida é mais comum nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.
Entre os transtornos gerados pela chuva ácida está à destruição de lavouras e de florestas, modificação das propriedades do solo, alteração dos ecossistemas aquáticos, contaminação da água potável, danificação de edifícios e corrosão de veículos e monumentos históricos. De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza, cerca de 35% dos ecossistemas do continente europeu foram destruídos pelas chuvas ácidas.
Algumas ações são necessárias para reduzir esse problema, tais como a redução no consumo de energia, sistema de tratamento de gases industriais, utilização de carvão com menor teor de enxofre e popularização de fontes energéticas mais limpas.
CONCLUSÃO
Conclui-se que a expansão e ocupação da rede urbana sem o devido planejamento ocasionou e ainda ocasiona vários problemas ambientais para a população que a habita. Esses transtornos são causados por diversos fatores antrópicos, diretamente ligados à expansão das atividades industriais e ao êxodo rural. Frente aos problemas elucidados, é necessário um planejamento urbano coerente, bem como a elaboração e aplicação de políticas ambientais eficazes, além da conscientização da população. A implantação de medidas preventivas tende a evitar os prejuízos vistos atualmente, com os quais toda a sociedade tem que arcar.

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