O
Ártico está derretendo mais rápido que o esperado e pode aumentar o nível do
mar em 1,5 metro, de acordo com um estudo do Programa de Avaliação e
Monitoramento do Ártico (AMAP, da sigla em inglês), que contém os dados mais
abrangentes dobre as alterações climáticas no Ártico. Estudos anteriores
indicavam uma elevação de até 59 cm no nível do mar.
O
relatório completo será entregue para ministros dos oito países do Ártico na
próxima semana, mas um resumo incluindo os principais resultados foi obtido
pela Associated Press nesta terça-feira (3).
O
resumo destaca que as temperaturas do Ártico nos últimos seis anos foram as
mais elevadas desde que as medições começaram em 1880 e que mecanismos de
feedback apontam para o início de uma aceleração do aquecimento do clima.
Um dos
mecanismos envolve a maior absorção de calor pelo oceano quando não está
coberto por gelo. O gelo reflete a energia do sol, ao contrário do oceano que é
mais escuro e absorve esta energia. Este efeito foi antecipado por cientistas
"mas a evidência clara só foi observada no Ártico nos últimos cinco
anos", afirmou o estudo da AMAP.
O
relatório também contesta algumas das previsões feitas, em 2007, pelo Painel
Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC/ONU). A cobertura de gelo
do mar no Ártico, por exemplo, está encolhendo mais rápido que o projetado pelo
painel da ONU. O nível de cobertura de gelo no verão tem sido igual ou próximo
do recorde a cada ano desde 2001, disse o relatório, prevendo que o oceano
Ártico estará praticamente livre de gelo durante o verão em 30 ou 40 anos.
De
acordo com a avaliação da AMAP, o painel da ONU foi muito conservador ao
estimar quanto o nível do mar vai subir - um dos aspectos mais vigiada do
aquecimento global por causa do impacto potencialmente catastrófico sobre as
cidades costeiras e países-ilha.
O
derretimento das geleiras e calotas polares do Ártico, incluindo o gelo da
Groenlândia, está projetado para elevar o nível global do mar de 90 a 160 cm
até 2100, de acordo com a AMAP.
Isto é
mais que a projeção feita pelo IPCC, em 2007, cuja elevação seria entre 19 e 59
cm, e que não considerava a dinâmica das calotas polares no Ártico e na
Antártida.
“As
mudanças observadas nos últimos 10 anos no gelo marinho do Oceano Ártico, na
massa de gelo da Groenlândia e nas calotas polares são dramáticas e representam
uma alteração óbvia nos padrões de longo prazo”, afirmou o estudo da AMAP.
A
principal função da organização é assessorar as nações ao redor do Ártico -
EUA, Canadá, Rússia, Dinamarca, Noruega, Suécia, Islândia e Finlândia - sobre
as ameaças ao ambiente ártico.
O
relatório da AMAP afirmou que o derretimento de geleiras e camadas de gelo em
todo o mundo tem se tornado o maior responsável pelo aumento do nível do mar.
Sozinha, a Groenlândia corresponde por mais de 40% dos 3,1 milímetros de elevação
do nível do mar observado anualmente entre 2003 e 2008. A perda de massa de
gelo da Groenlândia, que cobre uma área do tamanho do México, aumentou de 50
gigatoneladas entre 1995-2000 para mais de 200 gigatonelas entre 2004-2008.
Cientistas
ainda estão debatendo quanto da mudança observada no Ártico se deve às
variações naturais e quanto ao aquecimento causado pela emissão de dióxido de
carbono e outros gases causadores do efeito estufa. A AMAP projetou que a média
das temperaturas de inverno e outono no Ártico vai subir de 3 a 6º C até 2080,
mesmo que as emissões de gases com efeito de estufa sejam menores que na década
passada.
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