Nos países em vias de desenvolvimento, a totalidade
de algumas áreas da indústria fornecedora do mercado interno é empurrada para a
falência, em cumprimento de ordens do Banco Mundial e do FMI. O sector urbano
informal — que, tradicionalmente, desempenha um papel importante na criação de
emprego — foi minado, em conseqüência da desvalorização de divisas, da
liberalização das importações e da política de dumping. Na África subsaariana,
por exemplo, o sector informal da indústria do pronto-a-vestir foi
completamente destruído e substituído pelo mercado de roupas em segunda mão
(importadas do Ocidente a 80 dólares a tonelada).
Contra este pano de fundo de estagnação econômica
(com taxas negativas de crescimento registradas na Europa de Leste, na ex-União
Soviética e na África subsaariana), as maiores empresas mundiais beneficiam de
um crescimento sem precedentes e da expansão do seu quinhão do mercado global.
No entanto, este processo desenrolou-se em grande medida através do afastamento
dos sistemas produtivos preexistentes — ou seja, à custa dos produtores locais,
regionais e nacionais. A expansão e o «lucro» das maiores empresas mundiais
assentam numa contração global do poder de compra e no empobrecimento de vastos
setores da população mundial. Por sua vez, as reformas do «mercado livre»
contribuíram de forma brutal para a abertura de novas fronteiras econômicas,
simultaneamente garantindo o «lucro» através da imposição de salários
baixíssimos e da desregulamentação do mercado de trabalho. Neste processo, a
pobreza é um fator positivo da oferta. A gama de reformas do FMI--Banco
Mundial-Organização Mundial de Comércio imposta ao nível mundial desempenha um
papel decisivo na regulamentação dos custos do trabalho em nome do capital corporativo.
Trata-se da lei da sobrevivência do mais forte:
as empresas com as tecnologias mais avançadas, ou as que podem impor salários
mais baixos, sobrevivem numa economia mundial marcada pela produção excedente.
Embora o espírito do liberalismo anglo-saxônico se empenhe na «promoção da
concorrência», na prática as medidas políticas macroeconômicas do G-7 (através
de controles fiscais e monetários apertados) têm promovido uma onda de fusões corporativas e de aquisições, assim como a
falência de pequenas e médias empresas.
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