SOLO:
O solo é um importante recurso
natural, apresentando várias possibilidades de exploração econômica, o que
torna sua preservação muito importante para a manutenção do seu
equilíbrio socioambiental. Em áreas de exploração mineral ou agrícola, é importante
reduzir as agressões ambientais causadas por essas atividades.
O solo é a base para o desenvolvimento das plantas e de diversos animais,
incluindo a espécie humana. É nele que:
- As plantas fixam suas raízes e obtém a água, o ar e os nutrientes
utilizados no processo da fotossíntese;
- A água é armazenada originando as nascentes que formam os rios e
lagos e abastecem as cidades;
- Fazemos o alicerce das casas, dos prédios e de outras obras que
construímos.
A erosão dos solos compromete a
produção agrícola, causa assoreamento nos rios, represas e zonas portuárias. A
retirada de vegetação e ocupação dos solos por moradias em encostas íngremes
provoca os escorregamentos frequentemente noticiados pela imprensa, que causam
muitas mortes e danos materiais.
Erosão
do solo - um dos principais problemas decorrente do mau uso do solo.
A ação humana no ambiente por meio de
práticas agrícolas e formas de ocupação urbana sem planejamento ou preocupação
com a conservação dos solos, acelera muito a degradação e compromete a
sustentabilidade ambiental, social e econômica.
A FORMAÇÃO DO SOLO
Os diferentes conceitos de solo estão
relacionados às atividades humanas que nele se desenvolve e às ciências
que o estudam. Para a mineração, solo é um detrito que deve ser
separado dos minerais explorados e depois removido; para algumas ciências, como
a ecologia, é um sistema vivo composto por partículas minerais e
orgânicas que possibilita o desenvolvimento de diversos ecossistemas. A geografia,
em particular a pedologia (ciência que estuda a formação,
desenvolvimento e composição dos solos), considera solo a parte natural e
integrada à paisagem que dá suporte às plantas que nele se desenvolvem; para
a edafologia (ciência que estuda os solos, relacionando-os
com as possibilidades de aproveitamento agrícola) define solo como um meio
natural no qual o homem cultiva plantas, interessando-se pelas características
ligadas à produção agrícola.
O solo é formado, num processo
contínuo, pela desagregação e decomposição das rochas. Quando expostas à
atmosfera, as rochas sofrem a ação direta do calor do Sol e da água da chuva,
entre outros fatores, que modificam seus aspectos físicos e a composição química
dos minerais que as compõem. Em outras palavras, sofrem a ação do intemperismo
físico e químico. Em regiões tropicais e úmidas, são necessários, em média, 100
anos para a formação de apenas dois centímetros de solo. Em áreas de clima frio
e seco, esse período é ainda maior.
O solo que resulta do
intemperismo químico e físico das rochas e da adição de matéria orgânica em sua
superfície se organiza em camadas com características diferentes que são
denominadas horizontes. Os horizontes são identificados por letras e vão se
diferenciando cada vez mais da rocha mãe à medida que aumenta sua distância em
relação a ela. Ao processo que origina os solos e seus horizontes dá-se o nome
de pedogênese.
Os horizontes O, A e B são os mais
importantes para a agricultura dada a sua fertilidade: quanto maior a
disponibilidade equilibrada de certos elementos químicos, como o potássio, o
nitrogênio, o sódio, o ferro e o magnésio, maior é sua fertilidade e o seu
potencial de produtividade agrícola. Esses horizontes também são importantes
para o ecossistema, por causa da densidade e variedade de vida em seu interior.
O processo de formação dos
solos, assim como a erosão, são modeladores do relevo. Ao longo do tempo
geológico e em condições propícias, as rochas que sofreram intemperismo vão se
transformando em solo e a sua porosidade (porcentagem de espaços vazios em
relação ao volume do material sólido) permite a penetração de ar e água,
criando condições favoráveis para o desenvolvimento de organismos vegetais e animais,
bem como de microrganismos. Esses organismos passam a agir intensamente,
acelerando a ação do intemperismo e fornecendo a matéria orgânica que participa
da composição do solo, aumentando cada vez mais sua fertilidade.
O solo é constituído de: Partículas
minerais: apresentam composição e tamanhos diferentes, dependendo da
rocha que lhe deu origem. Quanto ao tamanho, as partículas podem ser
classificadas em frações: argila, silte, areia fina, areia grossa e cascalho
(variando do menor ao maior tamanho).
Cascalho
Matéria orgânica: formada por restos vegetais e
animais não decompostos e pelo produto desses restos depois de decompostos por microrganismos.
O produto resultante dessa decomposição é o húmus.
Húmus
Água: fica retida por tempo determinado nos poros
do solo. Sua reposição é feita, principalmente, pela chuva ou pela irrigação. A
água do solo contém sais minerais, oxigênio e gás carbônico, constituindo um
importante veículo para fornecer nutrientes aos vegetais.
Muita
água no solo prejudica a colheita
Ar: ocupa os poros do solo não preenchidos pela
água. É essencial para as plantas, que, por meio das raízes, absorvem oxigênio;
além disso, em abundância, favorece a produção de húmus.
FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS
O material de origem, o clima, o
relevo, os organismos e a ação do tempo são os fatores determinantes para a
origem e a evolução dos solos.
Material de origem: sob as mesmas condições
climáticas, cada tipo de rocha dá origem a um tipo de solo diferente,
dependendo de sua constituição mineralógica. Assim, os solos podem se desenvolver
de materiais derivados de rochas ígneas ou metamórficas claras, como os
granitos e os quartzitos, de rochas ígneas escuras, como o basalto, de
materiais derivados de sedimentos consolidados, como os arenitos e as rochas
calcárias, e de sedimentos não consolidados, como as dunas de areia e cinzas
vulcânicas. Os materiais derivados do arenito podem originar solos arenosos; se
o arenito for pobre em calcário, o solo será quimicamente pobre.
Solo
de terra roxa - origina-se a partir do derramamento de lavas vulcânicas
Clima: a temperatura e a umidade regulam
a velocidade, a intensidade, o tipo de intemperismo das rochas, a distribuição
e o deslocamento de materiais ao longo do perfil. Quanto mais quente e úmido
for o clima, mais rápida e intensa será a decomposição das rochas, pois o
aumento da temperatura e da umidade acelera a velocidade das reações químicas.
Em
áreas de clima semiárido predomina o intemperismo físico
Relevo: com suas diferentes formas,
proporciona desigual distribuição de água da chuva, de luz e calor, além de
favorecer ou não os processos de erosão. A chuva, a princípio, é igual em uma
área relativamente pequena, mas as diferenças da topografia facilitam o
acúmulo de água em áreas mais baixas e côncavas. As vertentes mais expostas à
insolação tornam-se mais quentes e secas que outras faces menos iluminadas,
que, no Hemisfério Sul, volta-se predominantemente para a direção sul.
Relevo
- outro fator essencial na formação do solo
Organismos: compreendem os microrganismos
(bactérias, algas e fungos), os vegetais e animais. Agem na decomposição dos
restos vegetais e animais e na conservação do solo.
Tempo: período de exposição da superfície terrestre às condições da
atmosfera. Solos jovens são normalmente mais rasos que solos mais velhos.
Solos
jovens - geralmente estão próximos à superfície
CONSERVAÇÃO DOS SOLOS
A perda anual de milhares de
solos agricultáveis, sobretudo em consequência da erosão, é um dos mais graves
problemas ambientais e o que abrange as maiores extensões terrestres. A
principal causa da erosão, notadamente em países de clima tropical, é a
retirada total da vegetação (muitas vezes feita por meio de queimadas) para
implantação das culturas agrícolas e das pastagens.
Desmatamento
e queimadas - um dos principais causadores da erosão
Caso predomine a erosão hídrica, quanto
maior a velocidade de escoamento e o volume de água, maior a capacidade de
transportar material em suspensão; quanto menor a velocidade, mais intensa a
sedimentação e intensidade da erosão. Por sua vez, a velocidade e o volume do
escoamento dependem da declividade do relevo, da quantidade e intensidade de
chuva, da densidade da cobertura vegetal e do tipo de solo, fatores que podem
facilitar ou dificultar a infiltração. Em uma floresta essa velocidade é baixa,
pois a água encontra muitos obstáculos (como raízes, troncos e folhas) e fica
maior tempo em contato com o solo, o que favorece a infiltração. Em uma área
desmatada, a velocidade de escoamento superficial é alta e a água transporta
muito material em suspensão, o que intensifica a erosão e diminui a quantidade
de água que se infiltra no solo.
O
desmatamento gera problemas não só no campo, mas também nas cidades.
Toda atividade agrícola provoca a
degradação dos solos, mas a intensidade varia, dependendo do tipo de cultura e
das técnicas utilizadas (uso de agroquímicos, espaçamento entre fileiras,
cobertura do solo, prática de queimadas, entre outras).
Algumas práticas possibilitam a
quebra da velocidade de escoamento das águas das chuvas e
consequentemente diminuem a erosão. São elas:
Terraceamento: consiste em fazer cortes nas
superfícies íngremes para formar degraus - terraços. Esse procedimento
possibilita a expansão de áreas agrícolas em regiões montanhosas e populosas,
por isso é muito comum em países asiáticos como a China, Japão, Tailândia e
Filipinas.
Sistema
de terraceamento na Indonésia
CURVAS DE NÍVEL: prática que consiste em arar o
solo e depois semeá-lo seguindo cotas altimétricas do relevo (curvas de nível
ou isoípas), o que por si só já reduz a velocidade de escoamento superficial da
água da chuva. Para reduzi-la ainda mais, é comum a construção de obstáculos no
terreno, espécies de lombadas, com terras retiradas dos próprios sulcos
resultantes da aração. Com esse método simples, a perda de solo agricultável é
sensivelmente reduzida.
Cultivo
em curvas de nível
ASSOCIAÇÃO DE CULTURAS: em cultivos que deixam boa parte
do solo exposto à erosão (como algodão e café), é comum plantar, entre uma
fileira e outra, espécies leguminosas, como o feijão, que recobrem bem o
terreno. Além de evitar a erosão, essa prática favorece o equilíbrio orgânico
do solo.
Associação
de culturas - uma prática de evitar o desgaste do solo
CULTIVO DE ÁRVORES: em regiões onde os ventos são
fortes e a erosão eólica é intensa, podem-se cultivar árvores em linha para
formar uma barreira que quebre sua velocidade e, consequentemente, reduza a
capacidade erosiva.
Os
quebra-ventos, uma forma de reduzir a erosão eólica.
Alguns cuidados podem manter ou
até mesmo melhorar a fertilidade do solo, o que contribui para a sua
conservação. É importante adequar as culturas aos tipos de solo, respeitando
seu limite de possibilidade de uso; adubar o solo, tanto para corrigir uma
deficiência como para repor o que a cultura lhe retira, e revezar culturas, já
que cada uma delas tem exigências diferentes em relação aos nutrientes do solo.
Adubação
- uma das formas de cuidar do solo
VOÇOROCAS
As chuvas fortes também podem originar
sulcos no terreno. Se não forem controlados, podem se aprofundar a cada nova
chuva e, com o escoamento que ocorre no subsolo, resultar em sulcos de enormes
dimensões, chamados voçorocas (ou boçorocas). Em
alguns lugares as voçorocas chegam a atingir dezenas de metros de largura e
profundidade, além de centenas de metros de comprimento, impossibilitando o uso
do solo tanto para atividades agrícolas como urbanas.
Voçoroca
em Avaré – SP
Para impedir a formação das
voçorocas, a primeira ação deve ser o desvio do fluxo de água. Se a topografia
do relevo não permitir esse desvio, deve-se controlar a velocidade e o volume
da água que escorre sobre o sulco. Isso pode ser feito com o plantio de grama
(se a declividade das paredes do sulco não for muito acentuada) ou com a
construção de taludes - degraus responsáveis pela diminuição da velocidade de
escoamento da água.
Outra solução bastante utilizada e difundida é a construção de uma
barragem e o consequente represamento da água que escoa tanto pela superfície
quanto pelo subsolo. Esse represamento faz com que a voçoroca fique submersa e
receba sedimentos trazidos pela água, que com o tempo a estabilizam.
Fazer
o plantio de árvores é uma das soluções para conter as voçorocas
MOVIMENTOS DE MASSA
Em encostas que apresentam
declividade acentuada, os movimentos de massa são fenômenos naturais, ou seja,
fazem parte da dinâmica externa da crosta terrestre e são agentes que
participam da modelagem do relevo ao longo do tempo.
Os movimentos de massa devem ser
analisados considerando-se basicamente dois fatores: a natureza do material
movimentado (solo, detritos ou rocha) e a velocidade do movimento. Nos
extremos, podem ocorrer quedas ou rolamentos de grandes blocos de rocha
montanha abaixo ou escoamento lento de solo em vertentes de baixa declividade,
mas os movimentos mais frequentes e que causam mais impactos sociais e
ambientais são os escorregamentos de solo em encostas.
Construções em encostas - um dos
grandes problemas das áreas urbanas
No Brasil, onde existem muitas regiões
serranas sujeitas a elevados índices pluviométricos, os escorregamentos de
solos nas encostas são muito frequentes, principalmente no verão, quando as
chuvas são abundantes e tornam o solo mais saturado e pesado. Esse fenômeno faz
parte da dinâmica da natureza e acontece independente da intervenção humana.
Deslizamento de terra em
Petrópolis- RJ
Há, entretanto, um grande número
de movimentos de massa provocados pela ação antrópica. Geralmente estão
associados ao desmatamento e ao peso acumulado sobre o solo, como pedreiras e
depósitos de lixo.
CONSERVAÇÃO DOS SOLOS EM FLORESTA
Em uma floresta, as árvores servem de
anteparo para as gotas de chuva que escorrem pelos seus troncos, infiltrando-se
no subsolo. Além de diminuir a velocidade de escoamento superficial, as árvores
evitam o impacto direto da chuva no solo. A retirada da cobertura vegetal
prejudica o solo, expondo-o aos fatores de intemperismo e erosão, cujas
consequências são graves, como:
- Aumento do processo erosivo e empobrecimento do solo;
- Assoreamento de rios e lagos, resultante do aumento no volume de
sedimentos, o que provoca desequilíbrio nos ecossistemas aquáticos,
enchentes e, muitas vezes, prejudica a navegação;
- Extinção de nascentes: o rebaixamento do lençol freático,
resultante da menor infiltração da água das chuvas no subsolo, pode
provocar problemas de abastecimento de água nas cidades e na agricultura;
- Possível diminuição nos índices pluviométricos e da
evapotranspiração;
- Elevação das temperaturas locais e regionais, como consequência da
maior radiação de calor para a atmosfera por causa do solo exposto;
- Agravamento dos processos de desertificação e arenização graças à combinação
dos fenômenos como diminuição de chuvas, elevação das temperaturas,
empobrecimento dos solos e acentuada diminuição da biodiversidade;
- redução ou fim das atividades extrativas vegetais e a
inviabilização do turismo ecológico;
- proliferação de pragas e doenças pelos desequilíbrios nas cadeias
alimentares.
Preservar
as florestas é a melhor forma de conter a erosão do solo
FONTE: SENE, Eustáquio de. Geografia
geral e do Brasil, volume 1: espaço geográfico e globalização: ensino médio/
Eustáquio de Sene, João Carlos Moreira. - São Paulo: Scipione, 2011.
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