Geografia da Amizade

Geografia da Amizade

Amizade...Amor:
Uma gota suave que tomba
No cálice da vida
Para diminuir seu amargor...
Amizade é um rasto de Deus
Nas praias dos homens;
Um lampejo do eterno
Riscando as trevas do tempo.
Sem o calor humano do amigo
A vida seria um deserto.
Amigo é alguém sempre perto,
Alguém presente,
Mesmo, quando longe, geograficamente.
Amigo é uma Segunda eucaristia,
Um Deus-conosco, bem gente,
Não em fragmentos de pão,
Mas no mistério de dois corações
Permutando sintonia
Num dueto de gratidão.
Na geografia
da amizade,
Do amor,
Até hoje não descobri
Se o amigo é luz, estrela,
Ou perfume de flor.
Sei apenas, com precisão,
Que ele torna mais rica e mais bela
A vida se faz canção!

"Roque Schneider"



Quem sou eu

Salvador, Bahia, Brazil
Especialista em Turismo e Hospitalidade, Geógrafa, soteropolitana, professora.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

CHINA- uma potência.

Economia e história da potência

A China está em evidência. É capa de jornais e revistas e tema de documentários em toda parte do mundo. Não é à toa, pois o crescimento econômico chinês e seus impactos atraíram, nas últimas duas décadas, toda a atenção mundial. O PIB chinês, em 2006, superava o do Reino Unido, França, Itália e Canadá, países do G-7. As taxas de crescimento econômico chinesas, há mais de 20 anos, têm sido as mais elevadas do mundo.

A China vive o impacto de profundas transformações sócio-culturais. O cenário é de uma economia moderna. Nas ruas circulam carros importados e pessoas agarradas em seus telefones celulares. As lojas expõem mercadorias em abundância e chineses dispostos a comprar atropelam-se em grandes magazines e shopping centers. Butiques de grife, redes de fast-food também formam a moldura da paisagem urbana.

O início das transformações

A morte de Mao Zedong, em 1976, selou a trajetória socialista chinesa, que não chegou a completar 30 anos. Neste período, o socialismo em todo o mundo já começava a dar sinais de esgotamento e a China foi pioneira na promoção das mudanças que levariam à transição para a economia capitalista. Não foi uma transição simples. As disputas foram acirradas entre aqueles favoráveis às reformas e a ala minoritária e conservadora do Partido Comunista Chinês.
O grupo reformista, liderado por Deng Xiaoping, assumiu a liderança. A China de Deng implementou a economia de mercado, permitiu a propriedade particular para o desenvolvimento das atividades econômicas, nas Zonas Econômicas Especiais (ZEE) e nas Zonas de Comércio Aberto (ZCA). As Zonas de Comércio Aberto são regiões que, além do livre mercado, estão abertas ao comércio exterior e à entrada de multinacionais, desde que respeitadas as restrições de associarem-se ao governo ou a empresários chineses por meio de joint ventures. As empresas são atraídas pelos baixos impostos, facilidades burocráticas para exportação e importação, mão-de-obra industrial muito barata com longa jornada de trabalho, o que torna os preços dos produtos de baixo aporte tecnológico imbatíveis no mercado internacional. A partir da década de 1990, instalaram-se montadoras de automóveis, como Volkswagen e General Motors, as de equipamentos elétrico-eletrônicos e de hardwares.
Hoje a China lidera as exportações mundiais de vestuário, calçados, brinquedos, produtos eletrônicos e já ameaça o mercado mundial de produtos químicos, máquinas e equipamentos industriais, satélites e softwares.
A China atrai investimentos do mundo inteiro, inclusive do Brasil, e a presença da nova economia chinesa no mercado mundial tem causado impactos no mercado de trabalho de diversos países: empresas fecharam suas unidades produtivas e as deslocaram para lugares que oferecem menor custo e maior rentabilidade. A China tem sido o destino preferencial destas empresas, inclusive algumas brasileiras.

O modelo chinês

A China explica que o seu sistema econômico adapta mecanismos de mercado ao socialismo, através do da forte presença do Estado que fomenta a economia e o desenvolvimento social. Um capitalismo controlado pelo Partido Comunista.
As fazendas coletivas foram distribuídas aos camponeses e foi permitida a produção para o mercado. No entanto, o poder sobre as terras pertence ao Estado e a posse pode ser transferida para outro agricultor.
Mesmo nas áreas urbanas a propriedade do solo permanece do Estado. Ser dono de um imóvel na China é ser proprietário das construções realizadas sobre o solo e adquirir o direito de utilizar o terreno por um prazo de 90 anos.
Difícil encaixar a China atual num determinado sistema econômico. É melhor usar o termo sistema chinês. A constituição chinesa afirma que a China é um socialismo de mercado. Outros afirmam que o que existe de fato é um sistema capitalista controlado pelo Estado. De fato, a economia de mercado está em contradição com o controle estatal.
Por outro lado, o socialismo teve origem no combate às desigualdades econômicas e sociais produzidas pelo mercado e, embora parcela significativa da população chinesa tenha sido beneficiada pelo crescimento econômico, os contrastes sociais são muito mais evidentes.
A contradição entre economia socialista (planificada pelo Estado) e economia capitalista (baseada no mercado) passou a ser vista pelo governo chinês como uma besteira. Deng Xiaoping chegou a declarar a esses respeito que: "Não importa a cor do gato, importa que ele pegue o rato".
O Estado foi o principal instrumento da modernização acelerada que transforma diariamente a paisagem da China. O ritmo da economia chinesa exige construções permanentes ou reaparelhamentos de portos, rodovias, estradas de ferro, aeroportos e usinas de energia.

Repressão e censura

As conquistas econômicas não foram acompanhadas por reformas democráticas e maior participação política. O controle do PCC (Partido Comunista Chinês) permanece inabalável.
Em 1989, uma ampla manifestação estudantil pró-democracia foi esmagada com tanques e fuzis. Sindicatos e greves são proibidos e qualquer manifestação é violentamente reprimida. Muitos militantes por direitos civis exilaram-se. A liberdade de expressão é inexistente e as críticas ao governo chinês são severamente punidas com prisão ou morte.
O conteúdo da internet é totalmente controlado pelas autoridades locais através de filtros que bloqueiam o acesso a determinados sites na Web. A Google, para entrar neste mercado, teve que se adaptar à regulamentação e ao controle das autoridades e restringir seus conteúdos de busca disponíveis. Além disso, não hospedará blogs nem correios eletrônicos.
De acordo com a Anistia Internacional, a China foi responsável por 80% das aplicações da pena de morte realizadas no mundo no ano de 2005, e faz parte da lista dos países em que alguns condenados tem menos de 18 anos de idade.

País é considerado a oficina do mundo

Em outubro de 2009, a China, ou Império do Meio (Tchong-Kouo), relembrará 60 anos da revolução comunista. Mao Tse-Tung, líder do PCCh (Partido Comunista Chinês), enquanto viveu, até 1976, defendeu a política como prioridade superior à economia - o igualitarismo social era mais importante que a produtividade. Depois de sua morte, assumiu Den Xiaoping, em 1978, que passou a dar prioridade à produtividade. Essa tendência ficou famosa com a seguinte frase de Xiaoping: "Não importa se o gato é branco ou preto, o que importa é que apanhe os ratos".

Em pouco tempo, graças à implantação das Zonas Econômicas Especiais instaladas ao longo da orla marítima, a China passou a atrair um número cada vez mais crescente de empresas e investimentos estrangeiros diretos ou em forma de joint venture, tornando-se uma dos maiores potências exportadoras mundiais, inundando o mundo com produtos diversos.
Todavia, a confirmação da China - que conta com uma população de 1,3 bilhão de habitantes e é o terceiro maior território do mundo - como a principal potência emergente do século 21 depende não apenas de sua pujança econômica, mas também de mudanças políticas - que garantam direitos trabalhistas e liberdade de expressão - e da solução de graves problemas ambientais.

Hipertrabalho

No contexto da Nova Divisão Internacional do Trabalho, a China aparece como fornecedora de mão-de-obra barata e abundante para as multinacionais. Mas segundo o entendimento dos trabalhadores dos países desenvolvidos, o modelo chinês é responsável pela destruição de milhares de empregos no Ocidente.
Para se ter uma ideia da situação, um trabalhador médio estadunidense, que trabalha em torno de 8 horas por dia, recebe um salário de 3 mil dólares por mês, enquanto um trabalhador médio chinês, que, muitas vezes, trabalha mais de 10 horas por dia, ganha 160 dólares mensalmente. Isso vale também para os trabalhos que exigem um melhor nível de qualificação profissional: enquanto um designer de hardware dos Estados Unidos ganha 300 mil dólares anuais, um chinês não recebe mais do que 24 mil dólares por ano.
A China conta com uma população economicamente ativa (PEA) de 700 milhões de pessoas - um verdadeiro "exército industrial de reserva" -, que continuarão dispostas a trabalhar por horas a fio em troca de poucos dólares. Porém, são cada vez mais visadas pela opinião pública internacional as grandes empresas multinacionais que usam (ou apóiam) os chamados sweatshops ("fábricas do suor"), nos quais ocorre a exploração extrema dos trabalhadores, chegando a ceifar vidas - o que os chineses chamam de guolaosi (morte súbita por hipertrabalho).
A economia chinesa vem despertando a atenção da comunidade internacional há quase três décadas, devido a seu intenso crescimento, na casa dos 10% ao ano. Para se ter uma idéia do gigantismo, em 2007, às portas da crise financeira, o PIB (Produto Interno Bruto) chegou a 4,3 trilhões de dólares, o que a coloca como a terceira maior economia do mundo (atrás do Japão e dos EUA), com a previsão de que, em 2030, se tornará a primeira economia mundial.

Centralismo político

Mas seria uma atitude simplista crer que o modelo econômico chinês se baseia apenas na mão-de-obra abundante e barata. Primeiro, não se pode desconsiderar que inexiste uma política sindical independente do PCCh, o que, sem dúvida, dificulta qualquer ação no sentido de mudança nas péssimas condições de trabalho. Em segundo lugar, não se pode esquecer que a admissão da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2001, mais do que afirmá-la definitivamente como mais um player no mercado globalizado, demonstra, antes de tudo, que o mundo compactua com seu modelo. Em terceiro lugar, mais do que uma aparente centralização da economia chinesa por parte do governo central, são os governos municipais de importantes cidades que conduzem a economia, realizando acordos ou associações com empresas estrangeiras na forma de joint ventures.
O governo central centraliza com mão de ferro as questões de ordem política, que pouco foram alteradas desde a época maoísta. De um lado, é essa política que reprime jovens manifestantes sedentos de maior abertura política. De outro lado, tal política centralizada conduz o planejamento estratégico chinês, garantindo o positivo crescimento econômico.
Exemplos do centralismo governamental são o controle do câmbio e a desvalorização da moeda (1 dólar equivale a cerca de 8 yuans), apesar das críticas dos EUA. Esse câmbio garante um nível elevado de exportações e, em 2007, assegurou um superávit comercial de 260 bilhões de dólares - e, portanto, um afluxo considerável de capitais. É assim que a China possui hoje uma grande reserva internacional, da ordem de 2 trilhões de dólares.
Essa grande disponibilidade de crédito interno permite uma aceleração do processo de modernização, a multiplicação de obras de infraestrutura (portos, aeroportos, rodovias, estradas de ferro, metrôs, pontes, hidrelétricas) e a intensificação do processo de urbanização de muitas cidades.

Desafios

Quanto aos desafios que a China deve enfrentar a partir de agora, salientemos:
a) a necessidade de repensar questões ligadas à liberdade e à democracia;
b) direito dos trabalhadores a condições mais digna de vida;
c) diminuição das desigualdades sociais - apesar de a China ter retirado cerca de 250 milhões de pessoas da pobreza, há ainda 200 milhões de pessoas abaixo da linha da miséria (que sobrevivem com menos de 1 dólar por dia);
d) conter o intenso êxodo rural, pois se acredita que, nos próximos anos, cerca de 200 milhões de trabalhadores chineses migrarão para as cidades em busca de emprego - muitos deles, inclusive, de forma ilegal, pois a migração tem de ser autorizada pelo governo;
e) repensar a questão ambiental, pois a tendência é de que, em 20 anos, a China ultrapasse os EUA na emissão de gases do efeito estufa.
 

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