Introdução
Enquanto o Brasil foi colônia de Portugal (1500 a 1822) não
houve desenvolvimento industrial em nosso país. A metrópole proibia o
estabelecimento de fábricas em nosso território, para que os brasileiros
consumissem os produtos manufaturados portugueses. Mesmo com a chegada da
família real (1808) e a Abertura dos Portos às Nações Amigas, o Brasil
continuou dependente do exterior, porém, a partir deste momento, dos produtos
ingleses.
Começo da
industrialização
Foi somente no final do século XIX, (a partir de 1880) que
começou o desenvolvimento industrial no Brasil. Muitos cafeicultores passaram a
investir parte dos lucros, obtidos com a exportação do café, no estabelecimento
de indústrias, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Eram fábricas de
tecidos, calçados e outros produtos de fabricação mais simples. A mão-de-obra
usada nestas fábricas era, na maioria, formada por imigrantes italianos.
Porém, foi a partir do processo de independência do Brasil
que iniciaram pequenas mudanças econômicas, principalmente, na segunda metade
do século XIX (1880), com o desenvolvimento da economia cafeeira em que os
altos lucros propiciaram investimentos em outras atividades econômicas, como a
indústria.
Foi nesse cenário dos grandes lucros da economia cafeeira que
surgiram empresários como Irineu Evangelista de Souza (o Barão de Mauá),
preocupados com o desenvolvimento das estradas de ferro, das cidades e de toda
infraestrutura necessária para o crescimento do país. Contudo, as primeiras
indústrias foram surgindo de maneira paulatina, no final do século XIX e início
do XX, elas representavam ainda uma baixa participação na economia nacional. Em
1881, havia 46 fábricas têxteis através do país: 12 na Bahia, 11 no Rio de Janeiro,
9 em São Paulo, 9 em Minas Gerais, e 5 em outras províncias.
Mediante a isso, o Brasil importava praticamente todos os
produtos industrializados, pois suas indústrias não haviam desenvolvido o
suficiente. A Europa, como a região do globo que mais se industrializava, não
queria o desenvolvimento industrial brasileiro, pois perderia mercado
consumidor. O Brasil, portanto, dependeu exclusivamente da economia agrícola
até a metade do século XX e, por isso, enfrentou sérios problemas econômicos e
políticos.
Só a partir da Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918) que o
Brasil passa por um processo significativo de desenvolvimento industrial, a
Guerra na Europa influenciou decisivamente os rumos da política financeira do
Governo Federal e, em longo prazo, provocou importantes transformações
econômicas no país. O advento do conflito armado na Europa levou à
desorganização do mercado mundial, mas gerou prosperidade e enriquecimento nos
países da América Latina. Ocorreu também uma expressiva queda das importações
de manufaturados, porque os países em guerra deixaram de produzi-los em grande
quantidade. Desse modo, a economia brasileira foi estimulada a produzir
internamente os produtos que deixaram de ser importados dos outros países. O
resultado foi um vigoroso crescimento do setor industrial.
A expansão do setor industrial levou inevitavelmente ao
crescimento da classe operária. Esse crescimento pode ser constatado ao
observarmos que em 1880, o país contava com 54 mil operários; em 1920 esse
número salta para 200 mil. Por volta de 1919 as fábricas de tecidos, roupas,
alimentos, bebidas e fumo eram responsáveis por 70% da nossa produção
industrial. A mão-de-obra nessas fábricas era na maioria formada por imigrantes
italianos.
Café e industrialização
Na realidade a queda do café teve seu início por volta de
1920, devido ao contínuo, descontrolado e excessivo aumento da safra de café
que chegava a espantosos 21 milhões de sacas para um consumo mundial de 22
milhões, período onde o governo federal (Presidente Wenceslau Braz) adotou uma
política financeira austera, e foi responsável pela queima de três milhões de
saca de café que estavam estocadas para evitar a queda nos preços do produto.
Mais uma vez a política de valorização do café foi aplicada como desejavam as oligarquias
cafeicultoras.
.Por volta de 1928, tínhamos uma enorme safra e nesse período
tivemos uma queda nas nossas exportações em torno de 11%, Os EUA, França,
Itália, Holanda e Alemanha, que compravam 84% da nossa produção, passaram a
comprar de outros países, pois a nossa fama era péssima, uma vez que
misturávamos pedras, terra e gravetos para aumentar o peso das sacas, além de
incluirmos café de qualidade inferior adulterando o produto final. Para piorar
o contexto, em outubro de 1929 os fazendeiros ainda estavam exportando a safra
de 1927 e a safra de 1928 estava toda estocada em armazéns.
A crise nos EUA começou 19/10/1929 e como já vivíamos uma
crise com o café, essa só fez se alarmar.
Causas da crise
Com a diminuição das exportações para a Europa, as indústrias
norte-americanas começaram a aumentar os estoques de produtos, pois já não
conseguiam mais vender como antes. Grande parte destas empresas possuíam ações
na Bolsa de Valores de Nova York e milhões de norte-americanos tinham
investimentos nestas ações.
Efeitos da crise
Em outubro de 1929, percebendo a desvalorizando das ações de
muitas empresas, houve uma correria de investidores que pretendiam vender suas
ações. O efeito foi devastador, pois as ações se desvalorizaram fortemente em
poucos dias. Pessoas muito ricas passaram, da noite para o dia, para a classe
pobre. O número de falências de empresas foi enorme e o desemprego atingiu
quase 30% dos trabalhadores.
A crise, também conhecida como “A Grande Depressão”, foi a maior de toda a história dos Estados
Unidos. Como nesta época, diversos países do mundo mantinham relações
comerciais com os EUA, a crise acabou se espalhando por quase todos os
continentes.
Efeitos no Brasil
A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados Unidos
eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste
produto diminuiu muito e os preços do café brasileiro caíram. Para que não
houvesse uma desvalorização excessiva, o governo brasileiro comprou e queimou
toneladas de café. Desta forma, diminuiu a oferta, conseguindo manter o preço
do principal produto brasileiro da época. Por outro lado, este fato trouxe algo
positivo para a economia brasileira. Com a crise do café, muitos cafeicultores
começaram a investir no setor industrial, alavancando a indústria brasileira.
Muitos cafeicultores passaram a investir em estabelecimentos
industriais, principalmente no eixo São Paulo e Rio de Janeiro. A Indústria
brasileira nasceu principalmente do capital proveniente do ciclo do café, os
bancos brasileiros funcionavam como agentes financiadores da instalação de
novas indústrias no Brasil, emprestando parte do dinheiro depositado pelos
Barões do café aos empreendedores industriais.
A política industrial do governo federal era a de substituir
as importações, visando à obtenção de um superávit cada vez maior na Balança
Comercial (regista, portanto, as importações e as exportações de bens e
serviços entre os países, quando as exportações são maiores que as importações registram-se
um superávit na balança, e quando as importações são maiores que as exportações
registram-se um déficit).
GOVERNO VARGAS E A
POLÍTICA DE "SUBSTITUIÇÃO DE IMPORTAÇÕES"
De 1930 a 1956, a
industrialização no país caracterizou-se por uma estratégia governamental de
implantação de indústrias estatais nos setores de bens de produção e de
infraestrutura: siderurgia (Companhia Siderúrgica Nacional - CSN), petroquímica
(Petrobras) e bens de capital (Fábrica Nacional de Motores - FMN, que além de
caminhões e automóveis, fabricava máquinas e motores), e também da extração
mineral (Companhia Vale do Rio Doce - CVRD) e da produção de energia
hidrelétrica (Companhia Hidrelétrica do São Francisco - Chesf). A implantação
desses setores industriais e de infraestrutura estratégica necessitava de investimento
inicial muito elevado. Como o retorno do capital era muito lento, essas
atividades, na época, eram pouco atraentes ao capital privado, fosse ele
nacional ou estrangeiro.
Portanto, a ação do Estado foi decisiva para impulsionar e
diversificar o parque industrial do país, combatendo os principais obstáculos
ao crescimento econômico. Além de fornecer os bens de produção e os serviços de
que os industriais privados necessitavam em suas indústrias de bens de consumo,
o Estado cobrava por tudo isso preços mais baixos que aqueles que seriam
cobradas pelas empresas privadas, fossem elas nacionais ou estrangeiras. Essa
medida visava ao fortalecimento do parque industrial brasileiro. Era uma
política fortemente nacionalista.
Embora a expressão substituição de importações possa ser
utilizada desde que a primeira fábrica foi instalada no país, permitindo
substituir a importação de determinado produto, foi o governo Getúlio Vargas
(1930-1945) que iniciou a adoção de medidas fiscais e cambiais que
caracterizaram uma política industrial voltada à produção interna de
mercadorias que até então eram importadas.
As duas principais medidas adotadas foram à desvalorização da
moeda nacional (réis até 1942 e, a seguir, o cruzeiro) em relação ao dólar, o
que tornava o produto importado mais caro (desestimulando as importações), e a
implantação de leis e tributos que restringiam, e às vezes proibiam, a
importação de bens de consumo e de produção que pudessem ser fabricados
internamente.
Getúlio Vargas - o presidente que mudou o rumo da economia do
Brasil
Getúlio Vargas assumiu o poder durante a recessão mundial
decorrente da crise mundial de 1929. Foi o presidente empossado pela Revolução
de 1930, de cunho modernizador. Até então, o mundo capitalista acreditava no
liberalismo econômico, ou seja, que as forças do mercado deveriam agir
livremente para promover maior desenvolvimento e crescimento econômico. Com a
crise, iniciou-se um período em que o Estado passou a intervir diretamente na
economia para evitar novos sobressaltos do mercado. Essa prática de
intervencionismo estatal na economia ficou conhecida como Keynesianismo.
Em 1934, Getúlio Vargas promulgou uma nova Constituição, que
incluiu a regulamentação das relações de trabalho. Entre as principais medidas
que beneficiaram o trabalhador, figuravam a criação do salário mínimo, as
férias anuais e o descanso semanal remunerado. Com essa atitude, que garantia o
apoio da classe trabalhadora, e com o apoio das elites agrária e industrial,
Vargas conseguiu aprovar uma nova Constituição, em 1937, que o manteve no poder
como ditador até o fim da Segunda Guerra em 1945.
Nesse período, conhecido como Estado Novo (1937-45) houve repressão à oposição e manipulação das
notícias por intermédio de severa censura aos meios de comunicação e muitos
investimentos estatais. Foram criados órgãos estatais de regulamentação da
atividade econômica, encabeçados pelo CNE (Conselho Nacional de Economia).
Foram criadas também indústrias em setores estratégicos,
visando combater os obstáculos ao crescimento econômico. A intervenção estatal
no setor de base da economia (petroquímica, siderurgia, energia elétrica e
indústria de cimento), foi priorizada.
Devido à afinidade ideológica de Getúlio Vargas com o nazi
fascismo, que foi derrotado na Segunda Guerra, as oposições liberais se
fortaleceram e, em 1945, conseguiram depor o presidente. Vargas retornou ao
poder em 1951, dessa vez eleito pelo povo.
O GOVERNO DUTRA E O
PLANO SALTE
Com sua saída, assumiu a presidência o general Eurico Gaspar
Dutra, em 1946, que instituiu o Plano Salte, destinando investimentos aos
setores de saúde, alimentação, transportes, energia e educação. Até 1950,
quando terminou seu mandato, o Brasil passou por grande incremento da
capacidade produtiva.
Durante a Segunda Guerra, o país exportou diversos produtos
agrícolas, industriais e minerais para os países europeus em conflito, obtendo
enorme saldo positivo na balança comercial. Esse saldo, porém, foi utilizado no
decorrer do governo Dutra, com importação de máquinas e equipamentos para as
indústrias têxteis e mecânicas, com o reequipamento de sistemas de transportes
e com incremento da extração de minerais metálicos, não metálicos e
energéticos.
Além disso, houve
forte mudança na política econômica do país com a abertura à importação de bens
de consumo, o que contrariava os interesses da indústria nacional. Boa parte das reservas cambiais acumuladas ao
longo da Segunda Guerra foi utilizada na importação de pastas de dente,
geladeiras, óleos lubrificantes, chocolates, brinquedos, artigos decorativos e
muitos outros produtos que agradavam à classe média. Ao utilizar as reservas, essa mudança obrigou o governo a desvalorizar
o cruzeiro em relação ao dólar e emitir papel-moeda, o que levou à inflação e
consequente queda de poder aquisitivo dos salários.
O RETORNO DE GETÚLIO E
DA POLÍTICA NACIONALISTA
Ao retornar à
presidência em 1951, eleito pelo povo, Getúlio Vargas retomou seu projeto
nacionalista: passou a investir em setores que deram suporte e impulsionaram o
crescimento econômico - sistemas de transportes, comunicações, produção de
energia elétrica e petróleo - e restringiu a importação de bens de consumo.
Apoiado por um grande movimento nacionalista popular, Getúlio dedicou-se à
criação da Petrobras e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
No confronto entre os getulistas, defensores da política
nacional-desenvolvimentista, e os liberais, que preferiam promover a abertura
da economia aos produtos e capitais estrangeiros, o projeto de Getúlio acabou
sendo derrotado. Os liberais argumentavam que, com a economia fechada, a
modernização e a expansão do parque industrial nacional ficavam dependentes do
resultado da exportação de produtos primários.
No segundo período, em que foi eleito por voto direto,
Getúlio governou o Brasil como presidente da república, por 3 anos e meio: de
31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando se matou.
JUSCELINO KUBITSCHEK E
O PLANO DE METAS
Durante o governo de
Juscelino Kubitschek (1956-1961), houve um grande crescimento econômico em
consequência da implantação do chamado Plano de Metas. Tratava-se de um amplo
programa de desenvolvimento que previa maciços investimentos estatais em
diversos setores da economia - agricultura, saúde, educação, energia,
transportes, mineração e construção civil - tornando o Brasil um país atraente
aos investidores estrangeiros. Embalado por uma ideologia desenvolvimentista, o
governo divulgava o objetivo de fazer o país crescer "50 anos em 5".
Foi nessa época que a capital federal foi transferida do litoral para o
interior, com a construção de Brasília, inaugurada em 1960.
Na execução desse plano, 73% dos investimentos dirigiram-se
aos setores de energia e transportes. Isso permitiu um grande aumento da
produção de hidroeletricidade e de carvão mineral, forneceu o impulso inicial
ao programa nuclear, elevou a capacidade de prospecção e refino de petróleo,
pavimentação e construção de rodovias (14.970 km), além de melhorias nas
instalações e serviços portuários e reaparelhamento e construção de pequena
extensão de ferrovias (827 km).
Paralelamente, devido aos investimentos estatais em obras de
infraestrutura e incentivos do governo, houve expressivo ingresso de capital
estrangeiro, responsável por grande crescimento da produção industrial, principalmente
nos setores automobilístico, químico-farmacêutico e de eletrodomésticos. O
parque industrial brasileiro passou, assim, a contar com significativa produção
de bens de consumo duráveis, o que sustentou e deu continuidade à política de
substituição de importações.
O sucesso do Plano de Metas resultou num significativo
aumento da inflação e da dívida externa. O afastamento da capital federal do
centro econômico e populacional do país e a opção pelo transporte rodoviário,
sistema não recomendável em países territorialmente extensos, como o nosso,
marcaram economicamente o Brasil de forma duradoura. Esses problemas
estruturais, que diminuíram a competitividade dos produtos brasileiros no
mercado internacional e influenciaram negativamente a nossa economia, foram
identificados já a partir de meados da década de 1960 e têm consequências até
os dias atuais.
O GOVERNO JOÃO GOULART
E A TENTATIVA DE REFORMAS
João Goulart, conhecido como Jango, foi um político ligado ao
trabalhismo que exerceu o cargo de Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas e se
elegeu duas vezes como vice-presidente, nos mandatos de JK e Jânio Quadros. Na
época, era permitido votar em presidente e vice-presidente de partidos ou
coligações diferentes. No decorrer do seu governo, o Brasil passou por uma
grande crise política, iniciada em 25 de agosto de 1961, com a renúncia do
presidente Jânio Quadros, empossado poucos meses antes. A crise agravou-se com
os problemas econômicos herdados do governo JK, como a dívida externa e,
sobretudo, a inflação.
A posse de Jango, em 25 de setembro de 1961, ocorreu após a
instauração do parlamentarismo, que reduziu os poderes do chefe do executivo.
Essa manobra política foi à solução encontrada para resolver uma crise
institucional que abalava a unidade dos setores militares: os três ministros
das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) pressionavam o Congresso a
votar pela desqualificação de Jango como presidente por motivos de
"segurança nacional" (no contexto da Guerra Fria, uma forma de desqualificar
um governante aos olhos dos setores conservadores da sociedade era taxá-lo de
comunista). Contudo, vários comandantes regionais, encabeçados pelo III
Exército (Rio Grande do Sul), defendiam a posse do vice-presidente para que a
Constituição não fosse violada.
Durante o período parlamentarista do governo João Goulart
(até início de 1963), como o presidente não conseguiu estruturar uma diretriz
de política econômica, houve aumento da inflação e do desemprego e redução nas
taxas de crescimento, problemas que haviam provocado várias greves em 1962.
Nesse contexto, fortaleceu-se a posição dos que defendiam a realização de um
plebiscito pelo qual a população poderia optar entre a continuação do regime
parlamentarista ou o retorno ao presidencialismo.
Em 6 de janeiro de 1963, o retorno ao presidencialismo foi
aprovado com 82% dos votos, o que conferiu amplos poderes ao presidente,
permitindo encaminhar as reformas de base. Propunha-se uma ampla reforma dos
sistemas tributários, bancário e eleitoral, a regulamentação dos investimentos
estrangeiros e da remessa de lucros ao exterior, além da reforma agrária e de
investimentos maciços em educação e saúde. Tal política, de caráter claramente
nacionalista, foi tachada como comunista pelos setores mais conservadores da
sociedade civil e militar, proporcionando as condições para o golpe militar ocorrido em 31 de março de
1964.
O PERÍODO MILITAR
Em 1° de abril de 1964, após um golpe de Estado que tirou
João Goulart do poder, iniciou-se no país o regime militar, de caráter
ditatorial. O Brasil possuía o 43° PIB do mundo capitalista e uma dívida
externa de 3,7 bilhões de dólares. Em 1985, ao término do regime, o Brasil
apresentava o 9° PIB do mundo capitalista e sua dívida externa era de
aproximadamente 95 bilhões de dólares, ou seja, crescemos à custa de um pesado
endividamento. O parque industrial cresceu de forma bastante significativa e a
infraestrutura nos setores de energia, transportes e comunicações se
modernizou. Porém, embora os indicadores econômicos tenham evoluído
positivamente, a desigualdade social foi muito ampliada nesse período,
concentrando renda nos estratos mais ricos da sociedade. Segundo o IBGE e o
Banco Mundial, em 1960 os 20% mais ricos da sociedade brasileira dispunham de
54% da renda nacional, em 1970 passaram a contar com 62% e em 1989, com 67,5%
dela.
Entre 1968 e 1973, período conhecido como "milagre
econômico", a economia brasileira desenvolveu-se em ritmo acelerado. Esse
ritmo de crescimento foi sustentado por grandes investimentos governamentais
que promoveram grande expansão na oferta de alguns serviços prestados por
empresas estatais, como energia e comunicações. No entanto, várias obras tinham
necessidade, rentabilidade ou eficiência questionável, como as rodovias
Transamazônica e a Perimetral Norte e o acordo nuclear entre Brasil e Alemanha.
O setor de comunicações também foi beneficiado nesse período. Os investimentos
foram feitos graças à grande captação de recursos no exterior, o que elevou a
dívida externa, pois boa parte desse capital foi investida em setores não
rentáveis da economia.
Outro aspecto importante na questão do crescimento econômico
no período militar foi o dos investimentos externos. O capital estrangeiro
penetrou em vários setores da economia, principalmente na extração de minerais
metálicos (projeto Carajás, Trombetas e Jari), na expansão das áreas agrícolas
(monoculturas de exportação), nas indústrias química e farmacêutica e na
fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos) utilizados pelas
indústrias de bens de consumo.
A taxa de lucro dos empresários foi ampliada com a diminuição
dos salários reais, ou seja, reduzindo-se o poder aquisitivo dos trabalhadores.
Aumentava-se, assim, a taxa de reinvestimento dos lucros nos setores que
geravam empregos, principalmente para os trabalhadores qualificados e excluindo
os pobres, o que deu continuidade ao processo histórico de concentração da
renda nacional.
Diante dessa nova
realidade, a saída imposta pelo governo para obter recursos que permitissem
honrar os compromissos da dívida se resumiu na frase: "Exportar é o que
importa". Porém, como tornar os produtos brasileiros internacionalmente
competitivos? Tanto em qualidade como em preço, as mercadorias produzidas em um
país em desenvolvimento como o Brasil, que quase não investia em tecnologia,
enfrentavam grandes obstáculos.
As soluções encontradas foram desastrosas para o mercado
interno de consumo:
- Arrocho salarial;
- Subsídios fiscais para exportação (cobrava-se
menos imposto por um produto exportado que por um similar vendido no
mercado interno);
- Negligência com o meio ambiente;
- Desvalorização cambial (a valorização do dólar em
relação ao cruzeiro, moeda da época, facilitava as exportações e
dificultava as importações);
- Combate à inflação por meio da diminuição do poder
aquisitivo.
A consequência dessa medida foi à redução
da competitividade do parque industrial brasileiro frente ao exterior ao longo
dos anos 1980. Os industriais não tinham capacidade financeira para importar
novas máquinas e, por causa da falta de competição com produtos importados, não
havia incentivos à busca de maior produtividade e qualidade dos produtos. Com
isso, as indústrias, com raras exceções, foram perdendo a competitividade no
mercado internacional e as mercadorias comercializadas internamente tornaram-se
caras e tecnologicamente defasadas em relação às estrangeiras.
Outro aspecto negativo da política econômica do período
militar merece destaque: se as medidas adotadas tinham como objetivo o
crescimento do PIB a qualquer custo, o que fazer com as empresas ineficientes,
à beira da falência? A solução encontrada para esse problema foi à estatização.
O Estado brasileiro adquiriu empresas em quase todos os setores da economia
utilizando recursos públicos, em parte acumulado com o pagamento de impostos
por toda a população. O crescimento da participação do Estado na economia, de
1964 a 1985, foi muito grande. em 1985, cerca de 20% do PIB era obtido em
empresas estatais, enquanto os serviços tradicionalmente públicos, como saúde e
educação, estavam se deteriorando por causa da falta de recursos, que eram
redirecionados dos setores sociais para os produtivos.
O fim o período militar ocorreu em 1985, depois de várias
manifestações populares a favor de eleições diretas para presidente. Os
problemas econômicos herdados do regime militar foram agravados no governo que
se seguiu, o de José Sarney, e só foram enfrentados efetivamente nos anos 1990,
quando aumentam no mundo as práticas do processo de globalização.
Indústria
Contemporânea no Brasil
A Indústria no Brasil está se
desenvolvendo e ocupando um lugar de destaque no cenário internacional.
O Brasil durante muito tempo
ocupou destaque somente no setor primário, com a agropecuária e o extrativismo
(vegetal mineral e animal). Após consecutivas crises econômicas, atualmente o
Brasil é considerado um dos mais industrializados países, por isso ocupa o
décimo quinto lugar nesse segmento em escala global.
A intensificação da indústria
brasileira faz com que o país possua um enorme e variado parque industrial que
produz desde bens de consumo à tecnologia de ponta.
A configuração como país
industrializado não reflete na realidade nacional, isso porque a
industrialização não ocorre de forma homogênea no país, ou seja, ela se
encontra irregularmente distribuída no território, onde algumas áreas são
densamente industrializadas e outras praticamente desprovidas dessa atividade
econômica.
A maior concentração de
indústrias brasileiras está situada na Região Sudeste, principalmente em São
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, estados onde o processo de
industrialização teve início. Os estados citados detêm parques industriais
modernos e diversificados que atuam com maior destaque na produção de produtos
químicos, além da indústria automobilística e tecnologia de ponta.
Outra região que ocupa grande
destaque no cenário nacional é a Região Sul. Segundo lugar em industrialização,
essa porção do país desenvolve indústrias que atuam especialmente no
beneficiamento de produtos primários, atividade denominada de agroindústria,
que desempenha um importante papel na economia nacional. A Região Sul sobressai
também na produção de peças e metalurgia.
No Sudeste, a base industrial
encontra-se vinculada a produtos tradicionais, como a produção têxtil, de
álcool e açúcar. Entretanto, recentemente o parque industrial dessa região tem
ingressado em um processo de modernização e diversificação da indústria.
O Norte e o Centro-Oeste são as
regiões de menor expressão no setor industrial do país, pois se encontram
limitados à agroindústria e ao extrativismo.
Nos últimos anos, a economia
brasileira ficou marcada pela privatização das empresas estatais nas áreas de
mineração, bancária e telecomunicações. Apesar de o Brasil enfrentar diversos
problemas sociais, o país está desenvolvendo e ocupando um lugar de destaque no
cenário internacional.
O Brasil tem se destacado no
cenário internacional, visto que houve uma intensa expansão da área de atuação
de suas empresas. Durante a década de 1970, existia cerca de 70 filiais de
empresas brasileiras instaladas no exterior e, em 2010, esse número chegou a
350.
A estabilidade política e econômica,
além do fortalecimento da moeda nacional (Real), foram fatores determinantes
para o sucesso das empresas brasileiras em terras internacionais. Em 2008, os
investimentos brasileiros no exterior foram de 152 bilhões de dólares, sendo
superior aos investimentos estrangeiros aplicados no país. De acordo com o
Banco Central, o Brasil ocupa o 12° lugar no ranking dos maiores investidores
do mundo, estando à frente de nações como a Austrália, Países Baixos, China e
Federação Russa.
As empresas transnacionais do
Brasil atuam em vários segmentos: alimentício, aviação, construção civil,
celulose, cosméticos, peças de automóveis, máquinas e equipamentos, tecnologia
da informação, logística, mineração, etc.
Entre as principais
representantes do Brasil no mercado internacional estão: Vale (mineração),
Petrobras (petróleo e gás), Gerdau (aço), Embraer (aviação), Votorantim
(diversificada), Camargo Corrêa (diversificada), Odebrecht (construção e
petroquímica), Aracruz (celulose e papel), Tigre (construção), ALL (logística),
Perdigão (alimentícia), Natura (cosméticos), Sadia (alimentícia), Itautec
(tecnologia da informação), Sabó (peças de automóveis), WEG (máquinas e
equipamentos), etc.