O ano de 2010 trouxe algumas novidades
surpreendentes, além velhos conhecidos – tragédias naturais, aquecimento
global, tráfico de drogas e violações dos direitos humanos. O certo é que o
modo como a história foi escrita, neste ano, irá influenciar nossas vidas nos
próximos.
No Brasil, a política foi o grande destaque em
2010. Depois de oito anos, a "era Lula" termina com a eleição de
Dilma Rousseff. Inexperiente nas urnas, a ex-ministra da Casa Civil chegou ao
Palácio do Planalto amparada pela popularidade recorde do presidente Lula.
Nem mesmo os sucessivos escândalos de corrupção
envolvendo o PT abalaram a confiança dos eleitores. A vitória da petista foi um
reflexo da estabilidade econômica do país e dos avanços na área social. Em
2011, ela terá que governar com autonomia para resolver problemas deixados pela
gestão anterior, sobretudo nas áreas de educação, saúde e infraestrutura.
Para boa parte dos brasileiros, contudo, o ano será
lembrado pelo fiasco da seleção brasileira na Copa do Mundo na África do Sul. A
teimosia do técnico Dunga custou uma derrota nas quartas de final para o
futebol holandês, adiando os sonhos do hexacampeonato para a Copa no Brasil, em
2014.
Fora dos campos, a população teve preocupações bem
mais sérias. As chuvas provocaram enchentes e deslizamentos de terras que
mataram dezenas de pessoas no Estado do Rio de Janeiro, nos meses de janeiro e
abril.
Tráfico
A violência no Rio foi notícia, mais uma vez, na
imprensa internacional. Primeiro em julho, com a prisão do goleiro Bruno, astro
do Flamengo envolvido na morte da ex-amante Eliza Samúdio.
Depois, entre os dias 25 e 28 de novembro, com a
retomada de áreas controladas por facções criminosas no Complexo do Alemão.
Agora, o governo tem pela frente o desafio de manter a segurança nos morros,
rompendo uma tradição de décadas de descaso político.
A Justiça também foi elogiada pela rápida resposta
no caso da morte da menina Isabella Nardoni, 5 anos, ocorrida em março de 2008.
O casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foi condenado em 27 de março
por um júri popular, num dos julgamentos mais esperados de 2010.
EUA x China
Nos Estados Unidos, este será provavelmente um ano
que o presidente Obama gostaria de esquecer. No meio do mandato, restava pouco
da vitória triunfante do primeiro negro na Casa Branca. Os pacotes de estímulo
à economia não surtiram efeito e ele ainda perdeu a maioria democrata na Câmara
dos Deputados, nas eleições legislativas de novembro.
Porém, uma promessa de campanha foi cumprida: os
Estados Unidos começaram a retirar as tropas de combate do Iraque. A guerra,
que já dura sete anos, deixou mais de 4 mil soldados mortos e custou bilhões de
dólares aos cofres públicos.
Já no final do ano, o ex-hacker Julian Assange roubou
a cena, divulgando em seu site, o Wikileaks, 250 mil documentos secretos da
diplomacia norte-americana e causando a maior “saia justa” em Washington.
A China, que neste ano ultrapassou o Japão e se
tornou a segunda maior economia mundial, foi outra oponente de peso ao Império
Americano. Os conflitos ocorreram no campo das finanças, com a “guerra fiscal”,
e no ciberespaço, com o ataque de hackers.
Para Pequim, a posição de destaque no mercado veio
acompanhada de cobranças em política, meio ambiente e direitos humanos. O
recado mais contundente foi a indicação do Prêmio Nobel da Paz para o
dissidente Liu Xiaobo. Preso, ele não pode receber a condecoração no dia 10 de
dezembro. Foi representado por uma cadeira vazia.
As críticas também foram duras contra o Irã. O
governo de Mahmoud Ahmadinejad teve que voltara trás e adiar a condenação da
iraniana Sakineh Mohammadie Ashtiani, que seria apedrejada até morte por crime
de adultério.
Haiti
2010 ainda emocionou o mundo por duas tragédias na
América Latina. Em 12 de janeiro, um dos terremotos mais violentos da história
devastou a capital do Haiti, Porto Príncipe, matando 230 mil pessoas. Na
sequência, uma epidemia de cólera se espalhou pelo país mais pobre do
continente, que não conseguiu se reerguer dos escombros.
Já a segunda tragédia deve um final feliz. O
resgate de 33 mineiros presos em uma mina no Chile, em 13 de outubro, foi
acompanhado por meios de comunicação de todo o mundo. Eles ficaram 60 dias
soterrados a 700 metros de profundidade e se tornaram celebridades
internacionais. Para o bem ou para o mal, foi um ano inesquecível.
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