Líbia
Protestos
contra o regime de Muamar Khadafi deixaram um número não confirmado de mortos e
feridos desde o dia 16 de fevereiro. O grupo de defesa de direitos humanos
Human Rights Watch afirmou que 233 pessoas morreram no país desde o início dos
protestos, mas o governo afirma que os relatos são "exagerados.
Benghazi,
segunda maior cidade do país, foi o principal foco de revoltas e de violência.
Testemunhas afirmaram que forças de segurança usaram metralhadoras e artilharia
pesada contra multidões.
Os
protestos se espalharam para a capital, Trípoli, no dia 20 de fevereiro. O
filho de Khadafi, Saif al-Islam, advertiu em pronunciamento pela TV para o
risco de uma guerra civil poderia atingir o país.
O
governo bloqueou a internet e vem dificultando o trabalho da mídia estrangeira,
o que torna difícil ter uma idéia da proporção real dos distúrbios no país.
Protestos
são proibidos na Líbia, mas a revolta foi detonada pela prisão de um advogado
conhecido por ser um crítico aberto do governo.
Khadafi
é o líder há mais tempo no poder na África e no Oriente Médio - desde 1969 - e
um dos mais autocráticos.
Bahrein
A
monarquia sunita que governa o país ofereceu diálogo com representantes da
maioria xiita do Bahrein, após dias de protestos na principal praça da capital,
Manama.
Após
usar tropas para dispersar manifestantes da Praça Pérola no dia 17 de fevereiro
- em uma operação que deixou quatro mortos ao menos - o governo parece ter
recuado, permitindo que os manifestantes reocupassem a praça.
O
presidente dos EUA, Barack Obama, pediu calma ao Bahrein, que é um país
estrategicamente importante para os EUA.
O rei
Hamad pediu a seu filho mais velho, o príncipe regente Salman, que dê início a
um "diálogo nacional" para pôr fim à revolta.
Representantes
de alto escalão do principal grupo político xiita do país, Wefaq, pediram a
renúncia do governo. Entre outras demandas está a libertação dos presos
políticos e conversas sobre uma nova Constituição. Manifestantes xiitas
reclamam de problemas econômicos, falta de liberdade política e discriminação
no mercado de trabalho a favor de sunitas.
Marrocos
O
principal grupo de oposição do Marrocos afirmou que a "autocracia"
será varrida do país, se reformas econômicas profundas não forem implementadas.
O país
enfrenta vários problemas econômicos. O governo anunciou um aumento nos
subsídios do Estado para tentar conter o aumento no preço das commodities.
No
começo do ano, a reputação do Marrocos foi atingida quando o site Wikileaks
revelou documentos com acusações de corrupção na família real e entre pessoas
próximas ao rei Mohammed 6º.
O rei
diz que a luta contra a pobreza no país é uma prioridade, o que lhe valeu o
epíteto de "guardião dos pobres". A liberalização da economia atraiu
investimentos estrangeiros, e as autoridades afirmam que estão realizando
melhorias em favelas e áreas rurais do país.
Mas
organizações não-governamentais dizem que pouco mudou, que a pobreza e o
desemprego ainda são grandes no país. O Marrocos vem sendo atingido por greves,
nos setores público e privado.
O Marrocos,
como Egito e Argélia, dá pouco espaço para a liberdade de expressão e até agora
tem sido capaz de conter protestos maiores. Assim como a Jordânia, o país é uma
monarquia, que tem apoio de grandes setores da população.
Argélia
Protestos
esporádicos vêm acontecendo no país desde o começo de janeiro, com
manifestantes pedindo a renúncia do presidente Abdelaziz Bouteflika.
Grupos
de manifestantes se uniram em seu movimento contra o governo, incluindo
pequenos sindicatos e partidos políticos menores.
O gatilho
para os protestos parece ter sido principalmente econômico - em particular o
aumento acentuado no preço dos alimentos.
No
começo de fevereiro o presidente Bouteflika prometeu suspender o estado de
emergência - em vigor no país desde 1992 - em um "futuro próximo",
mas ainda não o fez.
O
governo da Argélia conta com riqueza considerável vinda de suas exportações de
petróleo e gás, e tenta responder a reclamações econômicas e sociais com um
grande programa de gastos públicos.
Tunísia
Protestos
continuam na Tunísia apesar da decisão do presidente Zine al-Abidine Ben Ali de
renunciar em janeiro.
Ele
deixou o país após semanas de manifestações e choques entre manifestantes e a
polícia.
O
gatilho foi o ato desesperado de um jovem desempregado, no dia 17 de dezembro.
Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo, quando autoridades de sua cidade
impediram-no de vender legumes nas ruas de Sidi Bouzid sem permissão.
O gesto
detonou protestos que se espalharam pelo país. A resposta violenta das autoridades
- com a polícia abrindo fogo contra manifestantes - parece ter exacerbado a ira
da população e fomentado novos protestos, que terminaram levando à derrocada do
presidente.
O
presidente do Parlamento, Foued Mebazaa, foi empossado como presidente
interino, e pediu ao premiê Mohammed Ghannouchi, chefe do governo desde 1999,
para formar uma coalizão nacional. O premiê também prometeu abandonar o poder
após eleições, que deverão ser realizadas dentro de seis meses.
Jordânia
Milhares
de jorndanianos saíram às ruas ao longo das últimas cinco semanas, pedindo
melhores perspectivas de emprego e redução nos preços de alimentos e
combustível.
Em
resposta, o rei Abdullah 2º demitiu o primeiro-ministro Samir Rifai, acusando-o
de promover reformas lentas. Marouf al-Bakhit, ex-general do Exército e
embaixador do país em Israel, foi nomeado em seu lugar.
Um novo
gabinete com 26 integrantes foi empossado no dia 10 de fevereiro.
O Reino
Hachemita da Jordânia é um país pequeno, com poucos recursos naturais, mas desempenha
um papel crucial na luta por poder no Oriente Médio.
A morte
do rei Hussein, que governou por 46 anos, deixou a Jordânia na briga pela
sobreviência econômica e social, assim como pela paz regional.
Seu
filho, Abdullah, que o sucedeu no trono, enfrenta o desafio de manter a
estabilidade e atender a demandas por reforma.
Um
plano para mudanças políticas, econômicas e sociais de longo prazo - conhecido
como Agenda Nacional - ainda não foi implementado.
Egito
Centenas
de milhares de pessoas se reuniram no Cairo no dia 18 de fevereiro para marcar
uma semana da queda do presidente Hosni Mubarak
O líder
de 82 anos renunciou no dia 11 de fevereiro, após 18 dias de protestos. Ele
estava no poder desde 1981.
O Egito
há muito vinha sendo um centro de estabilidade em uma região volátil, mas isso
mascarava problemas, que vieram à tona nas demandas de manifestações populares
contra o governo de 30 anos de Mubarak, no dia 25 de janeiro.
Os
principais gatilhos foram pobreza, inflação, exclusão social, raiva contra a corrupção
e o enriquecimento da elite política do país.
Com
Mubarak fora do jogo, as Forças Armadas do país assumiram o poder através de um
Conselho Militar, que governará pelos próximos seis meses, até que eleições
sejam realizadas.
O grupo
islamista conservador Irmandade Muçulmana tem chances de ter um bom desempenho
em quaisquer eleições livres e justas, mas temores de que o timão político no
Egito se volte para o lado do conservadorismo islâmico é a principal fonte de
preocupação do Ocidente e de Israel.
Síria
O
presidente Bashar al-Assad prometeu promover reformas políticas após herdar o
poder de seu pai, Hafez, em 2000, após três décadas de um regime autoritário.
Leis de
emergência vigoram no país desde 1963. Após a morte de Hafez al-Assad, a Síria
sofreu um certo grau de distensão. Centenas de presos políticos foram
libertados. Não ocorreram, entretanto, mudanças como o aumento das liberdades
políticas ou mudanças na economia fortemente dominada pelo Estado.
Irã
O
governo iraniano convocou uma manifestação para a sexta-feira 18 de fevereiro
para manifestar seu repúdio à oposição do país.
O
chamado se seguiu a manifestações organizadas pelas duas principais figuras de
oposição ao governo em apoio a protestos em países vizinhos. O protesto
rapidamente se transformou em uma manifestação antigoverno, que deixou dois
mortos e vários feridos.
O
sistema político complexo e incomum do Irã combina elementos de uma teocracia
islâmica com democracia.
Uma
rede de instituições não sujeitas a voto popular e controladas pelo altamente
poderoso Líder Supremo do país tem como contrapartida um presidente e um
Parlamento eleitos pelo povo.
O
presidente Mahmoud Ahmadinejad, eleito em 2005, é um adepto da linha-dura, que
prometeu reprimir qualquer protesto contra o regime.
Ele
acusou manifestantes de querer "manchar o brilhantismo nacional
iraniano".
Arábia
Saudita
Um dos
países mais insulares e pios do Oriente Médio, a Arábia Saudita deixou de ser
um reino desértico e pobre para tornar-se uma das nações mais ricas da região,
graças a seus vastos recursos petrolíferos.
Mas
seus governantes enfrentam a tarefa delicada de responder a pressões por
reforma e, ao mesmo tempo, combater o problema crescente da violência extremista
islâmica. A família real saudita sempre tentou preservar a estabilidade na
região e reprimir extremistas islâmicos. Movimentos de oposição são proibidos
no país.
Regionalmente,
o país é importante, com o rei Abullah Bin-Abd-al-Aziz Al Saud visto no mundo
árabe como um defensor dos interesses árabes.
Foi
para a Arábia Saudita que o líder deposto da Tunísia, Zine al-Abidine Ben Ali,
fugiu em janeiro.
Manifestantes
em Sanaa, capital do Iêmen
Iêmen
Após
dias de protestos, o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, anunciou, no dia
2 de fevereiro, que não concorreria a outro mandato, após três décadas no
poder.
Ele
também disse ao Parlamento que não passaria o poder a seu filho, afirmando:
"Nenhuma extensão, nenhuma herança, nenhum cronômetro zerado".
Mas os
protestos continuam, com pessoas saindo às ruas nas cidades de Sanaa, Aden e
Taiz.
Manifestantes
antigoverno pedindo reformas políticas entraram em choque com grupos leais ao
governo, e a polícia foi enviada para reprimir manifestações.
O Iêmen
é o país mais pobre do mundo árabe, onde quase metade da população vive com
menos de US$2 por dia.